Desabafos, discussões e revela



Amanheceu e nem Harry nem Ginny se aperceberam de que o sol já entrava pela janela da sala comunal há algum tempo. Apenas quando começaram a ouvir barulho vindo dos dormitórios compreenderam que Ginny tinha passado a noite em claro e Harry quase tinha feito o mesmo. Decidiram subir para tomar um duche, não sem antes trocarem um beijo carinhoso na bochecha de cada um, decidindo, interiormente, registrar aquele momento em que ambos se sentiram um pouco mais quentes que o habitual. O gesto havia sido simples, banal, mas o sentimento transmitido por ele era algo de novo, de especial.
Apenas chegando ao salão principal para o pequeno-almoço, o trio se isolou ao fundo da mesa. Harry não iria aguentar até ao fim do dia para relatar aos amigos as "novidades" reveladas por seu pesadelo. Contou tudo ao pormenor e terminou com a revelação de que Draco não era uma puro sangue. Hermione tapou a boca com as mãos em estado de choque e Ron não conseguiu evitar cuspir todo o sumo de abóbora que tinha acabado de beber.
- Como assim, não é "puro sangue"?! Você não pode estar falando sério!
- Porquê? Já sabíamos que ele não era filho dos Malfoy's, a partir daí tudo é possível. - explicou Harry.
- Ah não…mas o Draco?! Aquele abusado que faz tudo para mostrar que é um puro sangue finíssimo, chamando até aqueles nomes horríveis a Hermione, aquele imbecil…sabe que mais? Bem feito mesmo. - disse Ron.
- Devo então concluir que vocês já admitiram que o garoto em questão é o Draco, certo? - perguntou a menina ao que eles responderam com uma expressão de "óbvio" no rosto.
Um brilho em que poderiam jurar ter visto um pouco de vingança, passou pelos olhos de Hermione.
- Eu só quero ver a cara dele quando souber. - disse ela, e os três riram muito pensando na cara do loiro perante tal descoberta.
Aquele pensamento pareceu compensar todas as discussões, desaforos e outras tantas coisas mais que já tinham ouvido daquele cruel sonserino.


***

A semana terminou e o ansiado fim-de-semana apareceu. Sexta-feira à noite, na sala comunal Harry, Hermione, Ron e Ginny adiantavam alguns trabalhos.
- Vai Hermione me ajuda com a Transfiguração, por favor…
- Você é sempre a mesma coisa não é Ron? Não aprende mesmo… se eu não estivesse aqui como seria?
- Ah mas eu não posso mudar não é? É assim que você gosta de mim! - Harry e Ginny riram e Hermione sorriu. - Olha aqui, você não vai ser que nem a Mc Gonnagall, marcando montanhas de trabalhos quando for professora, vai amor?
- Eu vou ser como achar que é melhor e a Mc Gonnagall é um óptimo exemplo Ron! E não me chama de "amor".
- Txiii…Já está brava! Não gosto quando você fica brava comigo… Mas porque afinal? Você é meu amor mesmo.
- Ah, olha que lindo Harry, meu querido irmãozinho se declarando para a sua musa, isso não é coisa que se veja todos os dias mesmo, ainda mais tímido e desajeitado com ele é, mas dá um tempo, nós estamos tentando nos concentrar!
- Deixa eles Ginny.
- Você sabe que eu fico sem jeito Ron, não gosto que você me chame isso. - Hermione finalizou.
Ron apenas encolheu os ombros e os três voltaram aos seus trabalhos, com ajuda de Hermione, claro. No entanto, foram novamente interrompidos algum tempo depois por Dean Thomas.
- Ginny, será que eu posso falar com você? - e olhando para os outros acrescentou. - a sós.
- Claro.
Ela se levantou e os dois foram para um canto da sala. Dean não falou logo, apenas olhava a garota profundamente.
- Esqueceu o que queria me falar? - disse Ginny tentando quebrar aquele silêncio um pouco incómodo.
- Ah… Não é fácil Ginny, uhm…Você…você voltou a gostar do Potter? - perguntou um pouco a medo.
- Porquê isso agora Dean, o que isso te interessa?
- Porquê você não responde? - ela o olhou de lado e ele percebeu que não obteria resposta. - Eu continuo gostando de você Ginny, pronto falei!
Ela o olhou surpreendida, ficou de boca aberta e não conseguiu responder. Ele ficou vermelho mas chegou mais perto.
- Você está cada vez mais bonita, sabia? - e a beijou.
Harry que os observava de longe desviou o olhar, levantou-se e subiu para o dormitório sem uma palavra a Ron ou Hermione que o olhavam sem perceber aquela atitude.
Ginny livrou-se de Dean e esbravejou:
- Que é isso garoto, ficou louco?!
- Desculpa Ginny, você não falou nada e eu pensei…eu não resisti…desculpa.
- E daí?! Você pensa que pode sair beijando qualquer garota por causa disso?
- Mas você não é qualquer garota! Eu gosto de você, poxa!
Ginny não respondeu e virou-lhe as costas. Dean colocou a sua mão no ombro dela e falou:
- É por causa dele não é? Fala…pode dizer, é aquele Potter de novo. Vai ver nem mesmo quando nós namorávamos você esqueceu ele.
Ela registrou aquelas palavras, talvez para pensar nelas mais tarde, mas dessa vez respondeu:
- Nunca ponha em causa o que eu senti por você! Pode até ter acabado mas eu nunca te enganei, nunca te usei para esquecer o Harry.
Ele a virou e fê-la olhar para si.
- Responde a verdade Ginny, por favor, você gosta dele? Se você gostar eu não vou te forçar a nada, te deixo em paz.
Ela não falou nada, estava tentando responder àquela mesma pergunta nesse exacto momento, pois nunca havia pensado nela. A verdade é que não conseguia encontrar resposta.
- Sinceramente eu não sei Dean. Não posso dizer que não gosto do Harry e que gosto de você, mas também não posso dizer que gosto dele, eu realmente não sei.
- Tudo bem, então eu posso ter algumas esperanças? Posso tentar te "reconquistar"?
- Não garanto nada Dean, mas você é que sabe. - respondeu Ginny dando-lhe um beijo na bochecha e indo para junto dos outros.


- Onde está o Harry?
- Ele subiu, estava com uma cara…não entendi o que aconteceu. - respondeu o ruivo.
A garota ficou meio assustada com a ideia de que Harry poderia ter visto o beijo que Dean lhe havia dado. "Ah garota, vê se te enxerga! Talvez ele apenas tenha se sentido mal, porque ele se importaria que Dean te beijasse?"


***

Harry adormeceu pensando naquele beijo entre Ginny e Dean, sonhou com ela e acordou novamente pensando naquele beijo. Mas porquê? O facto é que estava com ciúmes de Dean, já não havia como negá-lo. Virou para a cama onde ele ainda dormia e o olhou com desprezo.
" Isso não é bom, isso não é nada bom. Você não pode gostar dela, isso não vai dar certo Harry Potter!"


Depois do pequeno-almoço no Salão, Hermione foi a primeira a se levantar para ir ter com McGonagall, enquanto os meninos perguntavam se até ao sábado ela tinha essas reuniões com a professora. Ao virar para o corredor do gabinete de McGonagall esbarrou em alguém com força e caiu.
- Vê se tem atenção por onde anda sua…sangue… - começou a voz arrastada de Draco.
Hermione se levantou e o olhou com desprezo e um certo ar de desafio, pensando se ele seria capaz de terminar aquela frase quando soubesse da verdade sobre seus pais.
- Nem ouse terminar essa frase. - disse entre-dentes.
- Uhhhh…que ameaçadora! Essa expressão brava fica bem em você, sabia? Mostra o outro lado da sabichona irritante de Hogwarts.
- É…mas um dia eu vou deixar de ficar brava com você e passar a sentir pena.
Draco apenas riu e a menina teve que lutar muito para não contar tudo sobre a mentira que era a vida daquele menino. Mais uma vez, Hermione pensou como tudo poderia ser diferente, como aquele garoto que até era bonito, mas também uma horrível pessoa, podia ser um menino bem diferente.
- O que exactamente você quer dizer com isso, Granger?
- Você não ia tomar seu pequeno-almoço? É melhor ir andando… - e continuou o seu caminho.
Ele a alcançou e a puxou pelo braço.
- Ninguém fala assim com um Malfoy e vai saindo sem explicações. - Draco sussurrou no ouvido da menina.
- Talvez você não seja um VERDADEIRO Malfoy.
Ao ficar absorvendo aquelas palavras ele diminuiu a força com que a agarrava e ela se aproveitou disso. O loiro ficou confuso mas decidiu não dar valor às palavras daquela garota insuportável que só deveria ter dito aquilo para o distrair.



Hermione não conseguiu se concentrar na conversa com McGonagall e a professora se apercebeu disso.
- Então é isso Hermione, você pode começar a dar aulas ao primeiro ano na próxima semana.
Ao ouvir estas palavras, o seu sentido de responsabilidade a despertou de seus devaneios.
- Como professora? Desculpe, não entendi…dar aulas? Mas…já? - ela disse preocupada.
- Calma Hermione eu estava brincando. Estava apenas tentando chamar sua atenção.
- Me perdoe professora, eu realmente estava distraída. Mas eu acho mesmo que deveria começar dando aulas aos 1º, 2º e 3º anos e depois, talvez no ano que vem, iniciaria os outros, se a professora concordar, é claro.
- Acho muito bom, vamos então continuar com a matéria de 1º ano. Percebi que você se recorda de quase tudo até agora, o que nos faz avançar com maior rapidez. Também tem uma grande vocação em explicar a matéria, não tenho tido que te ajudar muito nesse aspecto, reparou?
Hermione agradeceu sorrindo e se esforçou por não pensar mais na asneira que havia feito falando tudo aquilo para Draco, tinha que se controlar.



Enquanto isso Ron e Harry jogavam um pouco de xadrez e o ruivo estava levando vantagem obviamente. Ginny entrou na sala comunal, vinda do pátio, rindo com uma amiga. Tinha um sorriso lindo, Harry pensou, mas isso não o fazia esquecer o que havia se passado na noite anterior. A ruiva viu a cara de Harry e decidiu falar com ele.
- Ron, a Hermione pediu que você fosse ter com ela no gabinete da Mc Gonagall para irem dar um passeio no pátio.
- Ah mas vai ter que esperar que eu estou jogando, não está vendo?
Ela fechou a cara para ele e murmurou entre-dentes:
- Vai logo, Ron! Não vai deixar a Hermione esperando.
- Ah 'tá, 'tá! Esse jogo não estava interessante mesmo. Vê se descobre o que se passa com o Harry que ele está na lua desde que acordou. - acrescentou o ruivo falando no ouvido da irmã.

Ela sentou em frente a Harry mas não sabia o que falar. Não tinha a certeza de todo aquele mau-humor se por causa do beijo e não queria fazer figura de boba.
- E aí Harry, porquê essa cara? Meu irmão me falou que já ontem à noite você saiu de repente e esquisito daqui. - perguntou a menina.
- Nada não…devo estar num dia mau, acontece não é?
- É claro. Mas, você não estará doente ou algo do tipo?
"Talvez esteja mesmo…nem sei o que sinto por você! Só sei que os ciúmes que tenho do Dean são realmente doentios." Harry pensou.
- Harry você está chateado comigo?
- Porquê, deveria? - respondeu ele prontamente.
Ela enrubesceu instantaneamente, tinha medo de estar tirando conclusões precipitadas e afinal a razão de tudo aquilo nãos er nada do que ela pensava, mas precisava saber.
- Você viu o Dean e eu ontem? …você viu…
- Vocês se beijando? Oh sim… - Harry completou e se arrependeu de imediato de como o tinha dito. Estava dando demasiada bandeira.
- Harry eu só queria te falar que não gosto dele, quer dizer, foi ele que me beijou, eu me soltei logo em seguida, não sei se você viu… - a garota se desculpou.
- Não, Ginny, realmente eu não vi. Mas você também não tem que me dar explicações sobre nada.
- É, claro Harry, mas… nós somos amigos, eu pensei que…talvez você tivesse pensado que eu gostava dele e não tinha confiado em você o suficiente a ponto de te contar. - Ginny falou, desiludida com a reacção do garoto.
- Tudo bem Ginny, o que for bom para você, está bom para mim. Se você quer ficar com ele ou não o problema é seu. - disse se levantando.
- Olha aqui Harry, eu não estou entendendo porque você está falando assim comigo, o que aconteceu? Eu fiz algo de errado? Fala porque eu não sei! - disse Ginny nervosa.
Harry olhou para ela mas não tinha nada para dizer. Se abrisse a boca naquelas circunstâncias corria o risco de falar tudo o que sentia naquele momento, por isso resolveu subir para o dormitório, deixando a ruiva olhando, confusa e nervosa com aquela discussão.



Domingo chegou bem depressa e, ao pequeno-almoço, Harry continuava com a cara do dia anterior. Hermione também estava esquisita, Ron tinha reparado e lhe havia perguntado o que se passava mas ela tinha decidido não falar nada sobre o incidente com Draco.
- E você Harry, ainda com essa cara? - perguntou o amigo.
Ele deu de ombros e murmurou algo como "não liga não". Ginny chegou no Salão e Ron a chamou para sentar com eles. Ela foi, relutante, pois ainda estava sentida com o modo como Harry lhe tinha falado, mas decidiu encará-lo.
- E aí Harry, mais bem disposto hoje? - disse sem olhar para ele e se servindo de sumo de abóbora.
- Claro! Todos temos nossos dias menos bons, não é? - respondeu o garoto ironicamente.
- Devo tomar isso como um pedido de desculpas como me falou ontem?
- Não propriamente…não mesmo. - respondeu o garoto cedendo ao seu orgulho.
Ron e Hermione assistiam à cena sem entender uma palavra sequer. Ginny ainda pensou em ficar e agir como se nada se tivesse passado, mas Harry estava passando as marcas.
- Muito bem…óptimo! Quando você colocar a mão na consciência, se é que você tem uma, e decidir vir falar comigo, eu estarei esperando.
Não eram exactamente essas palavras que ela queria dizer, não queria ser tão rude quanto Harry, mas não tinha conseguido se segurar. Saiu como um relâmpago em direcção ao lago para arejar as ideias.
Hermione olhou Harry com um ar de reprovação.
- Que foi?
- Vai falar com ela Harry, não vai querer ficar chateado com Ginny, vai? Seja lá qual for o motivo dessa briguinha, não deve ser nada de grande importância.
- Como você sabe que não é de grande importância? Para mim é! E eu não posso ir atrás dela…ia dar muita bandeira. - acrescentou num murmúrio.
- Dar bandeira?! Como assim Harry? Dar bandeira de quê?! - perguntou a garota com os olhos brilhando.
Ron apenas acenava afirmativamente como se quisesse dizer que estava fazendo a mesma pergunta, mas estava de boca cheia.
- Ah…não enche vocês dois! - e saiu tal e qual como Ginny, mas desta vez em direcção à sala comunal da Grifinória.
O casal ficou um bom tempo no Salão e a menina não conseguiu evitar reparar que Draco não tinha aparecido para o pequeno-almoço. "Não vai me dizer que ele ficou remoendo naquelas palavras que eu lhe disse, ou pior! Que já sabe de tudo…mas como? Ah garota deixa de ser boba, ele deve estar dormindo."


No entanto, Draco havia obtido permissão de McGonagall para sair de Hogwarts bem cedo, porque sua mãe lhe tinha pedido que fosse urgentemente a casa. Aparatou no hall da mansão dos Malfoy e reparou que era realmente muito cedo e sua mãe devia estar dormindo ainda. Ao subir as escadas se apercebeu de um diálogo que vinha do quarto de sua mãe. Se aproximou e, da porta entreaberta, viu Narcissa já falando com Bellatrix.
- E então? Conseguiu que ele viesse?
- Sim, disse para ele vir por volta das nove…não sei se terei coragem de falar tudo para ele. - respondeu Narcissa.
- Tudo o quê?! Ficou louca? Você só vai falar que vai de viagem durante um bom tempo.
- Eu sei, Bella! Mas EU sei também o que isso quer dizer e morro de medo só de pensar o que o Senhor das Trevas pode fazer com o meu menino!
Atrás da porta, Draco estremeceu, o que ele poderia ter feito para correr esse risco?
- Seu menino? Não é mais seu menino Narcissa, é bom que se convença disso. - Bellatrix chamou a irmã à razão.
- Você não entende Bella, eu posso ser má, posso ter todos os defeitos, mas eu aprendi a amar o Draco, mesmo ele não sendo meu filho de sangue. - Narcissa chorava.
Sem que tivessem apercebido, Draco voltou a descer. O ar tinha acabado para ele, não conseguia levá-lo até seus pulmões… " …mesmo não sendo meu filho de sangue"? Não podia ser verdade, ele era um Malfoy sim!
Foi interrompido pelas duas irmãs que desciam as escadas.
- Draco! Você…estava aí há muito tempo? - perguntou Narcissa visivelmente nervosa.
- Na-não mamãe…a-a-cabei de chegar. - o menino gaguejou tentando conter a raiva, a dor, e todo o restante misto de sentimentos que o assolavam naquele momento.




N/A: voltei...não que tenham dado pela minha falta mas enfim...tentei pôr um pouco mais de acção nesse cap, seguindo alguns *demasiado poucos* conselhos...espero ter conseguido melhorar um pouquinho que sejam, mas p'ra saber isso preciso que me falem!...
comenta vaiiii =D*** bjo a todos****

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.