Menos um Ladino



Ele seguiu pelos corredores, de rosto fechado, subiu as escadas até o quarto sem falar com ninguém. Tentava pensar, mas aquela ñ era hora de pensar, era hora de jogar tudo o que via na parede, sentar na cama colocar a mão na cabeça tentar pensar e se irritar de novo. Ficou sentado bufando de raiva, sozinho, pois Sam e Eddy estavam no treino, treino esse do qual não podia participar porque defendeu Nina! Ela tinha o traído! Nina!
-QUE RAIVA!!! – gritou Scot.

Diggory correu, consultou o relógio o efeito estava passando. Nina acordou do nada, olhou para os lados e não viu ninguém.
-Nossa, nem vi que já estava aqui. – disse ela seguindo até o fim do corredor onde ficava a biblioteca. Entregou os livros e seguiu sorridente até o sala comunal. Quando chegou lá ñ viu Scot, então ela subiu as escadas em direção ao quarto dos meninos.
-Em fim sós! – disse ela se sentando ao lado de Scot na cama e sem perceber a acara fechada dele, isso até ele dar um pulo.
-O que pensa que está fazendo? – perguntou ele se levantando raivoso, e Nina ali parada, sem entender patafinas (nada).
-Scot você ta bem? – perguntou ela se levantando também e meio que rindo.
-Não se faça de desentendida! Sua falsa! – gritou ele apontando para ela muito serio e raivoso.
-Brincadeira sem graça Scot! – disse ela em um tom um pouco mais alto, mais nada que passasse o de Scot, já mais séria.
-O que estava fazendo agora!? – gritou ele novamente bufando.
-Fui à biblioteca! Você sabe disso! – disse ela já mais exaltada.
-Durante quarenta e cinco minutos!? – gritou Scot.
-Não demorei tanto assim! – gritou ela irritada.
-Agora também ñ saber ver horas! – gritou Scot debochado.
-Como assim quarenta e cinco minutos!? Nunca demorei tanto assim! – disse ela olhando o relógio – Essa porcaria deve ter quebrado.
-Imagino que o resto dos relógios também!? – disse Scot mostrando o da parede e jogando o dele em cima da cama.
-Ta calma aí! – disse Nina tentando se acalmar - Você está bravo por que eu me distraí e ñ vi o tempo passar?
-Não deve ter visto mesmo. – disse Scot já em um tom mais baixo, mas debochado – E então Diggory beija bem?
-EU Ñ BEIJEI O DIGGORY! – gritou Nina com raiva.
-Eu vi Carolina...
-Não me chame assim! – gritou ela.
-É O SEU NOME! – gritou Scot com raiva pela interrupção – EU TE VI BEIJANDO O DIGGORY! VI COM MEUS OLHOS! Pouco me importa se gosta dele. – mentiu Scot – O que me irrita é você dizer que ñ o beijou depois de que eu disse que vi, e ter me traído.
-Scot o que você está falando? – perguntou Nina com raiva e sem entender – EU NUNCA BEIJARIA O DIGGORY!
-Então você se distraiu e ñ viu o Diggory te beijar?! – gritou ele debochado.
-CLARO QUE Ñ! – gritou ela.
-Encare os fatos! – disse ele – Não tem como mentir! Você esteve fora por quarenta e cinco minutos, e durante esse tempo eu te vi beijando o Diggory! Seu papo de que se distraiu ñ cabe!
-Você ñ acredita em mim ñ é? – perguntou ela sem gritar.
-Não tem como acreditar! – gritou ele.
-Então não merece o sangue que tem! Um maroto acreditaria no outro. – disse ela.
-NÓS Ñ SOMOS OS MAROTOS CAROLINA! NÃO SOMOS! – gritou ele – E Ñ TEM COMO ACREDITAR NO QUE DIZ, eu tento, mas os fatos vão contra!
-Fatos! Fatos! Você é um bruxo! Vivemos em um mundo onde tudo é possível! – gritou ela.
-PARA CAROLINA! – ordenou ele – Não adianta, ñ vai me fazer acreditar em você. Eu vi, sei o que vi e tenho certeza do que vi!
-Você me decepcionou. – disse ela com uma lágrima no rosto e caminhando até a porta.
-EU TE DECEPCIONEI? EU? – indagou ele aos berros fazendo-a parar – EU Ñ BEIJEI OUTRA GAROTA!
-Se ñ acredita em mim ñ é merecedor da minha amizade. – disse ela séria.
-Não quero sua amizade falsa! – gritou ele.
-Também ñ quero a sua desconfiada! – gritou ela.
-Então sai logo! Meninas ñ podem ficar no quarto dos meninos! – gritou ele apontando para porta.
-Em tempos normais, eu pouco me importaria para essa regra. Mas hoje, faço questão de segui-la!
-Que bom! – gritou Scot fechando a porta na cara de Nina.
-Bom para mim! – gritou ela chutando a porta.

Nina correu para o quarto. Já Scot desabou ali mesmo. Ficou sentado de costas para a porta, chorando. A raiva tinha aumentado.
-“Se pelo menos Nina tivesse dito a verdade! Se ela tivesse dito que beijou sim Diggory, e desse uma explicação, eu agüentaria, a amizade estaria salva, mas ela mentiu! Mentiu para mim! Por que ela me traiu assim? O que eu fiz? Essa ñ é a Nina, mas ñ tem explicação nenhuma!” – pensava ele. Ele ficou ali parado, chorando, e cada vez mais confuso, e com mais raiva, até Sam e Eddy chegar. Eles tentaram abrir a porta, mas Scot os atrapalhou.
-Scot! Abre isso! – gritou Sam. Scot se arrastou a até a parede e deixou os meninos entrarem. Quando os meninos viram Scot chorando jogaram as coisas no chão e se abaixaram para ver o amigo.
-Que foi? – perguntou Eddy preocupado.
-A Nina... A Nina... – dizia ele soluçando – Estava... Beijando Diggory!
-A Nina? – gritaram os Eddy e Sam juntos – Você tem certeza? – perguntou Sam.
-Tenho. – respondeu Scot – Eu vi... Era ela, rindo, feliz! Um abraçado o outro!
-Nina ñ faria isso Scot! – gritou Eddy.
-Eu sei! – respondeu ele – Mas eu vi, e a explicação dela é que se atrasou porque ñ viu... O tempo passar! – respondeu ele ainda soluçando.
-Foi isso que ela te disse? – perguntou Sam ñ conseguindo acreditar.
-Foi. – respondeu Scot – E disse que eu estava inventando coisas!
-Nina ñ faria isso! – disse Eddy – Mas ta na cara que a versão dela é impossível de se acreditar!
-E se alguém jogou um feitiço nela? – perguntou Sam tentando achar uma resposta.
-Ela se lembraria quando voltasse do feitiço. – disse respondeu Scot – E teria me contado.

Scot ficou ali sendo amparado pelos amigos. Já Nina, estava sozinha, ñ tinha ninguém para conversar, Ashley e Catarina, com quem dividia o quarto ainda ñ tinham subido, e mesmo assim, não eram amigas o bastante para Nina contar nessas horas, e Nina também ñ se sentiria a vontade para conversar com elas, esse era o único problema de só ter amigos homens e ñ ter a mãe como uma amiga. Ela se deitou e ficou na cama de baixo dos cobertores, ñ iria mais chorar, ele ñ merecia suas lágrimas, agora era hora de pensar.
A primeira conclusão a qual ela chegou era de que Scot tinha razão, ela beijou Diggory, mas ñ se lembrava, descartou qualquer feitiço, mesmo que tenha sido jogado nele ou nela, eles se lembrariam depois. Tentou se lembrar de alguma poção, mas as que ela lembrava, de confusão, ilusão, imagem, mas todas precisavam de um mês e meio para ser feita no mínimo. Algo tinha acontecido, mas ela ñ descobria o que era. Mas isso ñ importava, ela era inteligente o bastante para descobrir, e jogar na cara dele, que ela era inocente. Ele iria ver, ñ acreditou nela por amizade, iria então acreditar quando ela jogasse na cara dele a verdade. Pensando um pouco chegou a conclusão que há essa hora Sam e Eddy já tinham chegado e acreditaram na versão do Scot, ela também acreditaria se estivesse no lugar deles. Nina se virou e viu sentada na beira de sua cama uma mulher, linda, de cabelos vermelhos ondulados, e lindos olhos verdes, olhos que ela já tinha visto em algum lugar.
-Quem é você? – perguntou Nina um tanto assustada se sentando.
-Um anjo. – respondeu a mulher com uma voz doce e acolhedora, sorrindo – Nina, - disse ela – Não se sinta assim, tudo, tudo vai se resolver. – dizia ela sorrindo – Scot vai cair em si mais cedo ou mais tarde...
-Não fale o nome daquele... – disse Nina com raiva.
-Nina. – disse a mulher sorrindo ainda mais – Você ñ sabe o que esta dizendo. Está fazendo o mesmo que Scot. Deixando que a raiva fale por si. Você é muito inteligente, e com ajuda do tempo tudo vai se resolver!
-Não posso esperar! – disse Nina.
-Não disse para esperar! – disse a mulher com um sorriso que Nina também já tinha visto – Às vezes o passado ajuda mais que o futuro. – e dizendo a mulher sumiu, ou melhor, Nina acordou. Tinha sido um sonho, mais a mulher tinha razão, nesse caso passado ajudaria mais que o futuro. Ela já sabia o que iria fazer, como ia resolver tudo, nem valia a pena gastar seu precioso tempo tentando tirar satisfação com Diggory. Era feriado de páscoa e ela podia ficar a semana fora se quisesse. E ela iria querer. Colocou poucas peças de roupa na mochila, e saiu correndo para pegar o expresso até a estação de King Cross. Quando chegou no topo da escada, viu os meninos lá, Scot a olhava irritado, Eddy olhava dele para ela e Sam tentava sorrir. Ela desceu as escadas de cabeça erguida. Passou por eles e seguiu até o retrato da mulher gorda.
Quando chegou em Londres já era noite, mas como morava a uma quadra da estação foi andando até em casa.

-Mãe! Mãe! Abre a porta! – disse ela batendo na porta.
-Nina! – gritou Rony – Está tarde, ñ fui te buscar porque ñ me avisou que vinha.
-Resolvi de última hora. – disse ela entrando – Boa noite mãe!
-Boa noite Nina! – respondeu Hermione, que estava sentada a mesa com vários livros abertos – Como está em Hogwarts?
-Ótimo! – mentiu Nina se sentando no sofá – Tudo indo muito bem.
-Que bom! E Scot como está? – perguntou Hermione novamente.
-Bem! – respondeu ela sorrindo.
-Você ñ avisou que vinha, não tive tempo de mudar o turno do plantão. Vai ter que ficar sozinha com seu pai. – disse Hermione
-Quer dizer que eu ñ sirvo para fazer companhia a ela? – perguntou Rony vindo da cozinha com uma tigela de biscoitos e rindo.
-Não foi o que eu quis dizer. – disse Hermione rindo também.
-Mas foi o que pareceu! – disseram Rony e Nina juntos.
-Minerva me escreveu! – disse Hermione – Disse que você teve uma melhora repentina. E Hagrid também me escreveu e disse que se tornou a melhor aluna de Hogwarts!
-Como ele é exagerado! – disse Nina rindo-se.

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