Está horrível!



Amanhecia no Largo Grimmauld. Um a um, Gina, Hermione, Rony, Fred e Jorge desciam para tomar o café da manhã. O cheiro que saia da cozinha era muito convidativo. Muito bom. Muito... perfeito para ser obra dos dotes culinários de Tonks. Sim, Molly Weasley já havia voltado e assumira novamente o comando da cozinha.

Tonks estava sentada à mesa. Lia um jornal de trouxas e tomava um café. Tinha insistido para ajudar Moly, mas ela delicadamente recusara. Sirius estava ao seu lado e lia as bobagens do Profeta Diário. Tonks não se assustava mais com a fama de assassino de seu primo. Primo, sim. Ele era primo de Andrômeda, mãe de Tonks. Mas a garota passara muitos anos sem saber a verdade, sem saber que Sirius não era um assassino, sem saber que ele havia sido preso injustamente. Sua mãe, como convinha ao seu "título" de prima favorita de Sirius, nunca duvidou de sua inocência, mas a filha não sabia se deveria acreditar nela ou... ou no resto do mundo. Mas agora ela sabia a verdade. E divertia-se com os irônicos comentários do primo a respeito das falsas reportagens do jornal bruxo.

Conforme entravam na cozinha e pegavam sua respectiva xícara, os garotos começavam a comentar a noite anterior. Animados, contaram a Tonks o quanto haviam gostado do filme e como a noite tinha sido maravilhosa.

- Vocês conseguiram se divertir? Com Snape? - Sirius olhou desconfiado.

- Não com Snape. Com o filme! E com a Tonks, é claro! - Hermione respondeu sorrindo.

Tonks retribuiu o sorriso:

- Não houve nenhum problema entre os garotos e Severo...

- Severo? - Sirius a interrompeu - Já o chama pelo primeiro nome.

- Como se eu não chamasse todos aqui pelo primeiro nome também. - ela respondeu, não sem hesitar um pouco.

Como se soubesse que era o assunto da conversa, Snape apareceu pela porta da cozinha. Vestia roupas de trouxas. Sua missão naquele dia envolvia passar grande tempo entre as pessoas comuns e deveria misturar-se a elas para não chamar atenção. Mas seria difícil para qualquer trouxa desviar o olhar dele. O professor estava vestindo uma bonita calça escura, sapatos que combinavam, cinto em harmonia, mas... aquela blusa! Aquela blusa roxa com brilhos e transparência! Os Weasley não entendiam muito da moda dos trouxas, mas Rony olhou curioso para Hermione, que tentava a todo custo segurar uma risada. Ela estava pensando que o Snape não ficara tão ridículo nem quando Neville enfrentou seu bicho-papão, transformado no professor, e lhe atribuiu vestido e chapéu.
Tonks ainda não tinha visto o "espetáculo". Estava de costas para a porta colocando sua xícara sobre a pia, tomando muito cuidado para não quebrar (de novo) a louça da casa.

Snape quebrou o silêncio deixado com a sua chegada e perguntou:

- E então, está bom?

Tonks virou-se. Olhou-o de cima a baixo e, sem cerimônia, soltou uma alta gargalhada:

- Está horrível!

Os garotos temeram pela amiga. Como falava assim com o terrível professor? Mas Snape não parecia furioso, não estava soltando uma série de desaforos, não estava de varinha em punho, apenas parecia confuso. Olhava para si mesmo, olhava para Tonks, olhava para si mesmo. Olhou para os alunos e aí sim eles tiveram muito medo. Mas voltou a olhar para si mesmo.

Tonks estava um pouco mais controlada. Tinha parado de rir, mas ainda estava com uma expressão divertida.

- Severo, não basta ser roupa de trouxa. Cada peça tem um momento certo, uma combinação certa, um sexo, hum, específico. Vamos, onde você achou essa blusa com certeza há alguma que realmente combine com você.

Ele seguiu-a pela escada.



***



Um dos quartos da casa servia de depósito para os membros da Ordem. O que quer que eles precisassem usar nas missões ficava lá. Isso incluía roupas de trouxas. Tonks procurou por um momento e logo achou uma blusa preta que ficaria perfeita com o resto da roupa de Snape. Além disso, manteria o ar do professor, o mesmo que ele tinha com suas vestes de bruxo. Ela estendeu a camisa para ele e virou-se de costas. Snape trocou-se.

- Espero que sua reação agora seja menos escandalosa. - disse, ao terminar.

Ela virou-se de volta.

- Agora está ótimo.

Snape olhava-se em um espelho. Não sabia o que achar. Não sabia como funcionava a moda dos trouxas.

- Não se preocupe. Sei o que estou fazendo. Você pode andar pelas ruas sem ser notado, pode misturar-se com as outras pessoas.

Tonks aproximou-se dele e ajeitou o colarinho da camisa. Soltou um dos botões para dar um ar mais jovial ao professor. Depois, olhando nos olhos dele, disse:

- Severo, obrigada por tomar meu lugar na vigilância noturna. Foi muito gentil.

- Nós somos uma equipe aqui na Ordem. - ele respondeu, tentando parecer que não via grande importância no seu ato. Nem que ele tinha algum significado além de mero coleguismo.

- Eu sei, mas ainda assim. Obrigada.

Tonks desceu as suas mãos até encontrar as dele. Segurou-as. Inclinou-se para frente e o beijou. Um beijo calmo, curto. Snape aceitou com um pouco de resistência. Há tanto tempo que ele não se envolvia com ninguém que ele não sabia o que era estar apaixonado. De olhos fechados, ele aproveitou o momento. Aproveitou para descobrir porque aquela garota o encantava. Porque ele não conseguia parar de pensar nela. Era simples, ele a amava.

Tonks afastou-se e abriu os olhos. Soltou as mãos dele e caminhou para a porta. Não queria nenhuma palavra, não queria nada que estragasse aquele momento. Antes de sair, deu um sorriso para Snape. Ele sorriu de volta. Não um dos seus sorrisos cínicos, sorriu porque tinha motivos para sorrir.

Tonks fechou a porta. Do lado de fora, desceu calmamente as escadas. Sabia que ele estaria de volta à sede pela noite, quando tivesse acabado a missão. Só não sabia o que diria a ele depois do acontecera. Mas ainda estava sorrindo.

Do lado de dentro, Snape não teve pressa para sair. Sentou-se em uma cadeira ao canto e mirou o nada. Sabia que tornaria a ver Tonks naquela noite. E mal podia esperar.



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