Natal Nos Weasley

Natal Nos Weasley



O Sr. e a Sra. Weasley, de Ottery St. Catchpole , orgulhavam-se da vida que levavam. Simples e confortavelmente, residiam no interior da Inglaterra, em uma antiga e tradicional residência bruxa. A Toca, como a chamavam, era realmente um lugar muito simples e bastante aconchegante. Tinham sete rebentos, todos ruivos e sardentos. Eram bruxos puro-sangue e muitíssimo conceituados na comunidade mágica.

20 de Dezembro Nove e quarenta e cinco da manhã.

_ Vamos apresse-se Arthur! _ resmungou Molly para o marido.Calçou os sapatos de uma só vez parecendo irritada e preocupada _ Eles já deveriam ter chegado! Pelas barbas de Merlin, que diabos de horas são?
_ São apenas quinze para as dez querida, não se preocupe, eles estão bem! Você conhece o Nôitebus, provavelmente algum tipo de imprevisto ou qualquer outra coisa sem importância! Molly... amor... os seus sapatos...
_ O que tem os meus sapatos Arthur? Não há tempo para isso...
_ Você calçou o par trocado meu bem!_ sorriu satisfeito o Sr Weasley.
A Sra. Weasley, com o ar zangado, fitou os pés. Estava realmente com o par trocado, sendo um de couro vermelho, elegante, e o outro uma velha bota de camurça marrom. Balançou a cabeça negativamente e subiu em disparada para os aposentos superiores.
_ Não se preocupe mulher! Esta tudo bem! _ gritou o Sr. Weasley para que pudesse ser ouvido da escada._ Use o tempo que precisar, afinal não sairemos de casa! Não há necessidade de tanta euforia Molly querida!
_ Ora não seja besta Arthur!_ escutou-se a voz da Sra. Weasley _Não confio muito naquele ônibus! Você sabe muito bem! Ou por acaso se esqueceu da vez em que Fred e Jorge se perderam no País de Gales? Só de pensar fico com urticárias..._ bufou.
_ Acho que o ônibus não teve muito haver com o incidente querida..._ declarou o Sr Weasley_ de qualquer maneira, Harry, Rony, Hermione e Gina são bastante ajuizados, já fizeram essa viagem milhões de vezes e tenho certeza de que não sairão por ai atrás de sarna para se coçarem!
_ Como é ingênuo Arthur _ disse a Sra Weasley descendo as escadas, agora devidamente calçada. _ Vamos querido... rápido, rápido!
Harry, Rony, Hermione e Gina estavam a caminha da Toca para passarem as festividades natalinas junto aos Weasley, e a primeira viagem dos garotos sozinhos no Nôitebus perturbava a Sra. Weasley de forma absoluta.
Quando finalmente saíram de casa, ás dez em ponto, o Sr. Weasley havia desistido de acalmar a mulher. Atravessaram o quintal rapidamente, a Sra Weasley correndo na frente, o marido ao seu alcance logo atrás. Abriram o pequeno portão de madeira que beirava a estrada e puseram-se a esperar. Era um dia frio de inverno. A neve congelava lentamente nos morros ao redor de Ottery St. Catchpole, tudo perfeitamente adequado para um natal em família. Um vento frio soprava os cabelos espessos da Sra. Weasley, que tinha os braços cruzados na altura dos seios. Resmungava a todo o tempo, mordendo os lábios e sacudindo a cabeça.
_ É completamente inaceitável! Já deveriam ter chegado há uma hora!_ disse_ imagine se não tivéssemos nos atrasado! Congelaríamos aqui desde as nove e meia!
Ficaram ali por mais alguns minutos, esperando, no caso da Sra. Weasley, esperando e bufando de preocupação. As onze e quinze o Nôitebus deu seu primeiro sinal de vida. A Sra. Weasley girou os olhos para o céu esbranquiçado e torceu uma cara feia. Roxo reluzente, o Nôitebus finalmente entrara em foco. Vinha em alta velocidade, aos trancos e barrancos, sacudindo casas e objetos que ousassem entrar em seu caminho. Sua magnitude era definitivamente incontestável. Parou finalmente aos pés da Toca, fazendo a enorme lata de lixo ali deixada esquivar-se dois metros para trás. A porta foi aberta com suavidade e um jovem cujo rosto era castigado por nojentas espinhas desembarcou.
_Ottery St. Catchpole, A Toca_ disse.
_ Não me venha com formalidades seu pequeno delinqüente! Por onde esteve esse tempo todo? Ah graças ao bom Deus! Bom dia meninos! Estão todos bem ?
Harry, Rony, Gina e Hermione haviam acabado de desembarcar, logo após Lalau, o condutor do Nôitebus Andante. Carregavam os malões para fora do veiculo com a ajuda do garoto.
_ Deus meu! Se controle Molly! _ disse o Sr. Weasley_ os garotos estão bem, deixem os pobres respirarem! E quanto a você_ dirigiu-se a Lalau_ perdoe minha esposa! Ela não faz por mal, estava muito atordoada por causa do atraso, que alias...
_O Sr.Leery teve um pequeno problema com a esposa e tivemos que contornar toda a situação_ explicou-se Lalau_ um verdadeiro pandemônio se é que me permite dizer.
O Sr. Weasley suspirou aliviado, talvez por toda a historia não se resumir em um sumiço pelas redondezas do País de Gales. Molly certamente não os deixaria em paz com o ocorrido. A Sra. Weasley conduzia os garotos ao quintal abraçando os quatro de uma só vez, como uma grande ave protetora. O Sr Weasley acertava as contas com o condutor, rindo da confusão dos Leery. Deixou Lalau e o ônibus e juntou-se aos demais ao entrarem na Toca.
A casa inteira fora decorada para as festividades natalinas, neve encantada jazia nos móveis lustrados da sala, um grande pinheiro fora enfeitado com fitas e luzes a um canto do aposento principal, iluminando todo o espaço mesmo a luz do dia. Azevinho percorria todo o teto da casa e um cheiro maravilhoso estava empreguinado no local, um cheiro doce e excitante que alegrava instantânea e inconscientemente. Harry, Rony, Gina e Hermione largaram-se nas poltronas diante a lareira.
_ E então a doida decide voltar! _ continuava Rony_ nunca vi nada parecido! Pobre Sr. Leery, com uma mulher daquelas não precisa de mais nada.
O Sr. Weasley fechou a porta, pescando o final do comentário de Rony. Riu gostosamente.
_ A situação não é para risadas papai!_ disse tirando o casaco_ gostaria de ver o senhor em situação semelhante com mamãe.
_ Ora Ronald não é pra tanto! Certamente ela agiu com precipitação e foi muito incoerente mas o que mais era esperado de uma mulher ofendida, traída e desmoralizada em publico?_ perguntou Hermione, fitando-o tranqüilamente a espera de uma resposta conveniente.
_ O que? Desmoralizada e ofendida? O coitado mal olhou para aquela mulher e a abitolada da Sra Leery pirou do nada...
_ É o suficiente Rony_ disse a Sra. Weasley recolhendo os casacos_ agora parem de discutir vocês dois antes que terminem como os Leery! Um casal tão belo e unido como vocês não é fácil de se ver! Gracinhas..._ apertou as bochechas de Rony e Hermione com um largo sorriso no rosto.Gina abafou risinhos com o rosto aterrado nas costas da poltrona
_Mamãe!_ grunhiu Rony corando.
_Certo querido!_ respondeu a Sra. Weasley_ receio que estejam famintos agora mas ainda é muito cedo para o almoço e além disso Gui e Carlinhos provavelmente estão a caminho. Quero toda a família unida esse natal!_ saiu apressada para a cozinha de braços dados com o marido.
_ Ela parece animada_ disse Harry sorrindo.
_É de se esperar, não é mesmo?_ cochichou Hermione _ é o primeiro natal que passamos juntos aqui e tudo esta aparentemente tranqüilo. Pena o Percy não ter se entendido com eles ainda, seria bom tê-lo aqui.
_ Hunft! _ queixou-se Rony _ Não me fale do bosta desgraçado! Pelo menos ficamos com o quarto dele Mione, é maior e será melhor para nós.
Harry sentiu suas bochechas corarem furiosamente. De uma certa forma ainda não se acostumara com a idéia de Rony e Hermione estarem vivendo um romance. Sabia que isso aconteceria mais dia menos dia, mas nunca pensou nas possibilidades de achar toda historia estranha e desconcertante. Volta e meia era deixado de lado ou passava por momentos embaraçosos. Era estranho vê-los sempre juntos sem ao menos atacarem um ao outro com suas costumeiras farpas e cutucadas, estava mais que acostumado com a gritaria e caras feias.
_ Vamos subir então? _ Rony convidou os dois. _ Estou morto de fome! Onde estão aqueles dois tapados? Vamos!_ gesticulou já ao pé da escada.
Gui e Carlinhos chegaram finalmente ás treze horas. Vieram juntar-se alguns dias aos pais, os irmãos, Harry e Hermione. Suas malas foram para o antigo quarto dos gêmeos, enquanto a de Harry fora para o de Rony e a de Rony e Hermione para o antigo quarto de Percy . O almoço fora posto na sala de jantar em uma longa mesa de madeira, parecia estar sem uma utilidade própria há anos. Uma toalha branca cobria toda a sua extensão, realçando os vários pratos e travessas de comida: pato assado, torta preguiçosa, carne recheada, hiperpasteis de carne, queijo e banana, molhos de todos os tipos. Harry serviu-se de um pastel de queijo na mesa, ao lado do Sr. Weasley e Gui. Estavam conversando sobre o sexto ano letivo e suas dificuldades em Hogwarts.
_ Estou dizendo_ começou Gui_ não suportava a aula do Binns! Um completo tédio se realmente quer saber!
_ Escutem bem meninos_ disse o Sr Weasley entre uma garfada e outra de carne recheada_ se realmente querem saber, e espero que queiram, não existe uma aula monótona e sim um aluno desinteressado! Ouçam o que digo meninos!
_ O senhor não conhece o Prof. Binns Sr. Weasley_ contestou Harry_ ele realmente é um tremendo pé no saco!
_Babaca palermão!_ apoiou Gui aos risos_ Pobre Binns...
Harry e Gui gargalharam alto. O Sr. Weasley balançou a cabeça negativamente e riu timidamente.
_ A juventude de hoje em dia!_ disse_ Saibam que se um bruxo na minha época.
_ Arthur querido!_ chamou a Sra. Weasley_acho que exagerou no vinho meu bem! Uma soneca antes de concertar a porta do quarto dos fundos seria adequado para você.
_ Mas Molly... eu.. eu estou bem! Com um pouco de sono mas..._ viu o olhar tortuoso da Sra. Weasley e acabou por desistir_ esta bem querida!_ acabou o a taça de vinho em um só gole e deixou a sala.
A atenção de Harry caíra sobre Rony e Hermione, que estavam juntos do outro lado da mesa. Pareciam entretidos com alguma coisa no prato de Rony.Riam alegremente, tão próximos um do outro que se podia jurar que dividiam o mesmo assento. Faziam um casal apaixonado para os ditos românticos , porem um casal nauseante para velhos e melhores amigos.
_Eu sei o que você esta pensando_ disse Gui ao seu lado.
Harry assustou-se. Estava entretido de olhos no casal que esquecera parcialmente de Gui.
_Harry_ continuou_ vais ser bem chamativo no começo cara, mas passa. Tenho certeza. Sei que vocês três faziam o trio de melhores amigos, e ainda fazem, mas já era esperado que alguma coisa acontecesse com eles. Todas aquelas brigas não eram normais, não é mesmo? Deve ser barra pesada ter que aceitar o lance deles na boa, ser sempre deixado de lado, ser o penetra....
Era estranho ouvir Gui enumerar todas as coisas que o faziam ter vontade de matar Rony e Hermione, como se Gui, de alguma forma, estivesse em sua mente atordoada e fosse capaz de compreende-la perfeitamente. Sorriu sem graça, olhando para o chão.
_ Isso passa Harry_sussurrou Gui_ isso passa cara...
Sentiu uma imensa vontade de abraçar Gui ali mesmo. O que ouvira do garoto era o que andava precisando ouvir ultimamente.Estava completamente confuso e enciumado, precisava mais do que nunca de um ombro amigo. Sorriu mais uma vez, agora levantando os olhos na altura dos de Gui. “Não...” pensou Harry, abraça-lo ali, na mesa do almoço dos Weasley, seria estranho. Muito estranho.
Os dias seguintes não foram muito diferentes do primeiro. Rony e Hermione passavam todo o tempo que tinham juntos, chamando Harry para uma ou outra atividade, que este rapidamente recusava com a desculpa de ter algo a sua espera. A verdade é que passava os dias e noites com Gina e Gui, conversando, trocando idéias, descobrindo historias antigas da família Weasley jamais reveladas por Rony ou por nenhum outro Weasley. Era divertido estar com eles, principalmente com Gui. Conversavam sobre as mais loucas historias de caça a ouro no Gringotts, sobre criaturas das trevas raríssimas encontradas em aventuras como aquelas. Apesar da estrondosa falta que sentia do modo que tudo costumava ser entre ele, Rony e Hermione, Harry estava se divertindo em suas férias natalinas, sentia-se motivado e disposto à vida. Ainda não sabia, mas aquele natal mudaria sua vida por completo.

*

Na véspera do dia vinte e cinco, a Toca deitou-se cedo. A Sra. Weasley afirmava que tudo estava pronto e no ponto para o grande almoço de natal, sorria serenamente mandando as crianças e Arthur para a cama, afirmando que os gêmeos chegariam amanha bem cedo. Gina, Rony e Hermione subiram para os quartos, parecendo infectados pela repentina alegria da Sra. Weasley. Também sorriam e pareciam tranqüilos. Harry não desejou juntar-se ao grupo. Jogava cartas com Gui a um canto da sala, próximos ao grande pinheiro de natal.
_ Não demorem ai meninos_ bocejou a Sra. Weasley_ e façam o favor de escovarem os dentes antes de se deitarem!_ subiu as escadas ajeitando a volumosa toca de dormir nos cabelos.
_Parece que tudo continua o mesmo por aqui_ suspirou Gui.
_ O que quer dizer ?
_Olhe bem em volta! Somos os únicos! Sempre foi assim... _ constatou Gui_ sempre fui o último a me deitar por aqui. É bem monótona a vida no campo Harry...
Harry sorriu. Fitou Gui. Analisou os cabelos, ruivos e lisos espalharem-se pelo belo rosto bronzeado. Os olhos eram tão verdes quanto os do próprio Harry. Tinham alguma coisa capaz de transmitir juventude e liberdade. A boca, viva e chamativa, delineava-se por inteiro naturalmente... Harry surpreendeu-se mais uma vez naquele dia em seu transe inconsciente, em seus profundos e delirantes pensamentos. Sabia que realmente estava delirando, mas não podia deixar aquele delírio para trás. NÃO AGORA! Não agora que estava tão próximo, não agora que podia sentir a respiração de Gui aumentando junto a sua, não agora que seus olhos estavam tão bem refletidos nos profundos olhos verdes de Gui. Aqueles benditos olhos, olhos tão verdes quanto os seus, olhos que surpreendiam e que em um leve piscar, desapareciam... Agora só havia a boca, viva e chamativa, prestes a delinear-se a de Harry.

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