Parte III



Harry pegou sua vassoura, que deixara num canto da lanchonete, foi com a amiga até um beco deserto e aparataram. Hermione morava em um bairro tranquilo de Londres. Chegaram num pequeno apartamento, mas muito arrumado e confortável. As paredes eram brancas, havia uma mesa com quatro cadeiras logo na entrada, e passando por elas, dois sofás cor de vinho muito confortáveis de frente para uma televisão.

Olhando assim, parecia até um apartamento trouxa comum, mas, no canto oposto, perto da porta da cozinha, haviam pilhas e mais pilhas de pergaminho, penas organizadas pela cor e tamanho, um chapéu cônico, e um gato laranja, de pernas arqueadas e rabo com ponta em escovinha, que dormia dentro de um grande cesto.

-Bichento... – Harry falou baixinho.

-É sim... Mas o coitado já está tão velho e cansado... Passa a maior parte do dia dormindo. – Hermione suspirou. Harry passou direto pela mesa com quatro cadeiras e sentou no sofá, afundando nas macias almofadas vinho.

Hermione o olhou profundamente. Como estava lindo! Tinha um ar meio carente de quem precisava de carinho, de afago... Enquanto ela o olhava, sentiu aquela pontinha de arrependimento novamente. Você poderia estar com ele, mas foi você quem escolheu assim... ela pensou. Depois, reparando na besteira em que pensava, ela balançou a cabeça e perguntou para o amigo, que tinha os olhos fechados como se dormisse:

-Harry, vou fazer pipoca para nós dois, ok? – ela perguntou baixinho, parecendo temerosa que ele estivesse dormindo realmente. Mas ele abriu os olhos e sorriu.

-Não! Não vou deixar você trabalhar na cozinha! – ele se levantou e a puxou para perto de si no sofá. Hermione corou, parecia muito envergonhada. Harry sentiu o estômago dar voltas, muitas voltas, assim como dera há mais de quatro anos atrás. Sentiu o perfume adocicado dos cabelos da amiga.

-Não é nenhum trabalho! – ela disse baixinho, se desvencilhando dos braços do rapaz e se dirigindo para a cozinha. Ele se levantou e foi em seu encalço.

Hermione pegara uma vasilha, tocou nela com a varinha e vários flocos de pipoca já prontos apareceram dentro dela. Harry a olhou boquiaberto.

-Aprendi numa revista de culinária. – Mione disse, sorrindo – Feitiços podem ser muito úteis até na cozinha trouxa, entende... – Harry só não entendeu o porque de uma revista de culinária bruxa ensinar a fazer pipoca. Então pegou um punhado de flocos com a mão.

Hermione apanhou duas cervejas amanteigadas no armário e rumou para a sala com Harry. Ambos se sentaram no chão, e Hermione colocou o filme no DVD. Era uma comédia romântica, por isso os dois deram muitas gargalhadas, e na hora do beijo no final, Harry olhou rapidamente para Mione, e percebeu que ela estava envergonhada, olhando para a garrafa da cerveja vazia a sua frente...

-Muito bom o filme... – ela disse com um pequeno sorriso, se ajoelhando e tirando o cd de dentro do aparelho.

-Hermione, quero te perguntar uma coisa... – Harry falou, encarando as costas da amiga. Ela se virou para ele em silencio. – Porque você não tem respondido às minhas cartas? – o rapaz perguntara, meio tristonho.

-Como assim não tenho respondido, claro que tenho! – a moça parecia surpresa.

-Não, não tem... Você me escreve contando noticias superficias, mas nunca me fala da sua vida, eu sempre fico sabendo de tudo por Rony... – Hermione se calara.

-Nem se lembra mais de mim, não é? – ele perguntou, e a amiga pôde contemplar seus tristes olhos verdes.

-Eu... eu estive muito ocupada, Harry... E às vezes te escrevo numa correria, não foi minha intenção! – a garota mentira. Sim, estivera muito ocupada, mas não foi por isso que não respondeu direito às cartas do amigo... Ela era bastante superficial, pois o medo que tinha de Harry ainda tocar no assunto daquele beijo a impedia de aprofundar sobre sua vida pessoal.

-Estava ocupada, então... – Harry parecia ainda mais desanimado. Hermione ficara em silêncio, sabia que havia desapontado o rapaz. – Bom, então acho que já vou, está ficando tarde... – ele disse secamente e se levantou.

-Harry, não vá…- Hermione suplicou com um mínimo de voz.

-Porque não? Acho que já tomei muito do seu tempo.

-A gente podia conversar... – Hermione falou meigamente, e ele se lembrou de uma cena parecida, ocorrida há quatro anos atrás.

-Conversar Mione, conversar? Eu tento há anos conversar com você, esclarecer as coisas, mas você apenas foge de mim! Apenas responde coisas vagas como, por exemplo, o jeito de fazer pipoca com o auxílio da varinha! – ele gritava irônico e nervoso.

-Harry eu... – Hermione tinha os olhos cheios de lágrimas, mas o rapaz continuou...

-Porque não conversa sobre o que realmente está nos afastando? Sim, porque eu sei que algo está! Eu resolvi entender quando se calou sobre aquele dia em que nos beijamos, mas agora não dá mais, Hermione!

Hermione pareceu realmente ofendida, enxugou algumas lágrimas que haviam escorrido, mas quando falou tinha um tom decidido na voz.

-Harry eu acho melhor você...- ela ia dizer que realmente achava melhor ele ir embora, mas fôra interrompida por uma batida na porta. Ela se virou surpresa, correu até a entrada de seu apartamento e abriu. Um homem alto, de cabelos castanhos e olhos azuis entrara na sala de estar, cumprimentando a morena com um beijinho rápido, ela sem dúvida muito desconcertada. Harry parecia petrificado observando a cena.

-Harry... esse é meu, meu...namorado, William Richardson. – ela deu um meio sorriso. Harry cumprimentou o rapaz com a cabeça, pegou o casaco que havia deixado em cima da mesa e saiu do apartamento a passos largos, batendo a porta ao passar.




Já havia se passado um mês daquela cena no apartamento de Hermione. Harry agora se encontrava na Austrália, pois voltara para a sua missão como Auror. O tempo do país estava muito úmido naquela época do ano, chovia quase o dia inteiro, era um tempo triste, o que só aumentava a melancolia de Harry.

Ele agora tinha acabado de voltar do serviço, o rosto pálido de sono e cansaço, e os olhos evidentemente tristes. Talvez, nem todos percebessem o tanto que aquele rapaz tinha tristeza, mas ela perceberia, ele pensava, ela perceberia se ao menos o visse uma vez.

Ele acabara de tomar um banho quente, morava em um espaçoso apartamento num oitavo andar de frente para a praia. Havia uma grande janela, que tomava quase toda a parede, no fundo da sala de estar. Ele andou até esta janela, vestindo o seu roupão branco, e ficou observando as águas calmas do mar a frente dele, enquanto uma fina chuva sem vento caía devagar.

Entrou e sentou-se no sofá azul marinho, olhando para uma mesinha de canto, onde se encontrava o mesmo porta-retrato de três amigos inseparáveis. Focalizou Hermione sorridente, e sentiu um arrepio triste. Queria poder esquece-la, como ela com certeza já o fizera, mas andava pensando nela constantemente. A chuva aumentara, ele foi até a janela para fecha-la rápido.

Deitou-se no sofá, com o braço sobre o rosto, e fechou os olhos. Estava quase adormecendo quando ouviu uma batida rápida na porta. Se levantou, colocou a mão no bolso do roupão certificando-se de que a varinha se encontrava ali, e caminhou até a porta. Abriu-a lentamente.

-Hermione?! – ele se surpreendera com a visão de uma moça muito molhada, os cabelos cacheados desfeitos e grudados no rosto, aliás, o rosto era a única coisa seca que restara nela, Harry imaginou que por causa do feitiço impermeabilizador. Mas, sem dúvida, ela ainda estava muito bonita, com uma calça jeans e uma blusa amarelo clarinho, a qual Harry evitava olhar pelo fato de estar bastante transparente por causa da água.

Ele a trouxe para dentro, e percebeu que misturado com as gotas de chuva, haviam algumas lágrimas. Correu até seu quarto e pegou uma toalha branca para ela se enxugar. Hermione se enrolou na toalha, e assim que Harry se sentou de frente para ela, ansioso por ouvir o que ela tinha a dizer, ela pronunciou baixinho:

-Me desculpe... – e mais lágrimas rolaram de seus olhos

Harry a olhava preocupado com seus olhos verdes, mas parecia bastante surpreso.

-Eu queria... eu trouxe uma coisa que achei... – ela disse soluçando e procurando algo dentro da própria bolsa, e tirou um pedaço de pergaminho muito amassado, entregando-o a Harry.

-O que é isso? Hermione... você está bem? – ele parecia ainda mais preocupado agora e a olhava profundamente. Mas, para sua surpresa, a morena parou de soluçar e assumiu um ar mais calmo e sereno.

-Estou sim Harry... Hoje de manhã eu estava arrumando o meu quarto, sabe, colocando algumas coisas no lugar, e achei... achei isto, misturado com alguns livros. E isto me fez perceber o tanto que eu estava sendo burra, e resolvi consertar tudo, antes que seja tarde demais... – e mais umas lágrimas escorreram por seu rosto.- eu vim à Austrália... não se importa, não é?

Harry abriu o pergaminho calmamente, estava escrito numa letra que ele sabia que não era de Hermione. Mas ele logo percebeu que já havia visto aquele pergaminho uma vez...


Querida Hermione,

Obrigada por me responder a verdade. Agora vejo que nunca vou poder te-la ao meu lado, pois sei que nunca será feliz comigo. Saiba que ainda te amo, e por te amar é que quero ver-te sorrindo, ainda que com outra pessoa. Te desejo as melhores coisas ao lado daquele feliz que fôra escolhido por teu coração... Sim, eu não estava enganado naquele tempo em que desconfiei... E eu o invejo. Seja feliz com Harry Potter.

Adeus,

Vitor Krum.


Harry olhava profundamente para o pergaminho, como se não acreditasse.

-É esta a carta daquele dia?... daquele dia em que... – ele disse e mirou Hermione, e ela encarou o rosto do amigo. E, nesta hora, ela pôde ver o tanto que ele andava triste, estava pálido e seus olhos verdes muito abatidos. Ela não se conteve, não respondeu o que ele queria saber, apenas puxou seu rosto para perto de si e o beijou intensamente, ele correspondeu da mesma forma, abraçando-a e sentindo cada toque, e de repente, Harry percebeu que não sabia mais o que era tristeza. Os dois se soltaram sem fôlego e sorrindo.

-Desculpe por não ter tido coragem antes, Harry... Apenas hoje parece que eu percebi o tanto que havia complicado... complicado uma coisa tão simpl-....- mas nessa hora Harry a puxara de novo para perto de si, e a beijara doce e calmamente.

-Hermione? – ele perguntou, e deu-lhe outro beijo.

-Oi?- ela perguntou corada.

-Eu já lhe falei que adoro seu perfume?

A chuva caía suavemente do lado de fora...


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N/A: A idéia dessa fic surgiu de repente, eles trancados e depois alguma coisa Pós-Hogwarts...
Oh pessoal comentem vai? O comentário de vocês me deixa tão feliz e me ajuda a escrever outras fics =) Comentem please!!!!
Obrigada a todos os H/Hr que leram,
_*_Beijos Encantados_*_
da Chris.

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