segundo.



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#Contos de Fadas - um conto de Nah Black.








"Querido Diário,

Contarei o que aconteceu comigo, detalhe por detalhe. Talvez seja atordoante demais contar para uma pessoa e ver sua expressão confusa, ou responder às suas perguntas, mas você ficará apenar quieto e ouvirá tudo, sem reclamar nem me pressionar para que eu detalhe qualquer coisa.

São 4 da manhã e o meu sono deve estar bem longe de chegar. Bem, eu estou me sentindo péssima, então deve ser por isso. Quer dizer, é por isso. Estou muito inquieta.

Harry me beijou ontem muito de repente (e eu correspondi!), e hoje fiquei sabendo o porque. Fiquei muito confusa, tentando expremer da minha mente qualquer sentimento por ele ou coisa assim, pensando que alguma coisa entre nós poderia acontecer. Mas nós só nos olhamos, meio encabulados, e partimos, sem tocar no assunto. Sem explicar nada. Sem final feliz nenhum.

Eu soube o motivo, e por Merlin, foi pior do que eu poderia ter pensado. Ele me apostou em um jogo de xadrez. Os garotos apostam garotas em jogos de xadrez, eu sei, patético. E tem idéia do que é isso? Não, ninguém tem idéia do que é isso. Estou me sentindo um objeto sem sentimentos.

Ele não pensou duas vezes, acredito. Afinal, Harry Potter, beijando uma garota, assim? Oras, sem problemas! Mas comigo, não, Harry me machucou, e ele sabe muito bem disso. Como uma pessoa (um melhor amigo, céus!) em sã consciência pôde fazer isso? Eu achava que Harry entendia o significado de 'sentimentos', e isso me machucou mais do que eu imaginava, doeu de verdade.

Tomara que ele também tenha se machucado, se cortado profundamente. Isso me corrói mais ainda, saber que eu desejo mal para o meu melhor amigo. Ele era especial para mim (eu sei que no fundo, ainda é, mas eu vou pular essa parte para não perdoá-lo); ele e Rony. Agora não passa de um garoto insensível que só faz idiotices; um galinha imprestável. Que não vale a pena nem um pouco.

Bom, minha dor e a minha raiva não foram, realmente, passadas pro papel. Eu achava que era melhor nisso. Harry me usou... acho que já repeti estava frase milhares de vezes, mas me machucou de verdade. E isto basta. E ele não merece minhas lágrimas idiotas. Ele tem que entender, mas será difícil para alguém do nível dele.

Até um futuro talvez próximo, talvez distante,

Hermione Jane Granger"


Fechou o diário de capa dura e preta, surrada, e guardou na gaveta da escrivaninha. Era realmente um desabafo. Escrevera tudo o que sentia, e foi aliviante.


( x )



Hermione estava deitada na cama, com as pernas para o ar, lendo um livro grosso de Runas Antigas. Estava fascinada e principalmente distraída, enfiada no dormitório, sem precisar ver a cara de dois garotos que com certeza estavam lá embaixo, se divertindo.

- Mione, o Harry quer falar com você... - reconheceu a voz de Gina atrás de si, e virou-se para olhá-la.

Gina tinha uma expressão de quem falava com um tronco, sabendo que seria inútil.

- Dê uma chance à ele... - ela murmurou mais baixo, agachando-se ao lado da garota.

- Não. Diga a ele que será bem difícil ele conseguir arrancar uma única palavra minha, e que eu não o conheço mais. Ron também, estou morrendo de raiva deles e quero que desapareçam! - ela começou severamente, mas terminou a última palavra meio hesitante, fixando o olhar na janela, na qual a cortina bruxuleava.

- Olha, Hermione... - ela sentiu a mão de Gina acariciar-lhe as costas, reconfortando-a - eu sei que é bem difícil... mas... se soubesse talvez toda a verdade... talvez... entenderia...

- Não, Gin - ela continuou, sem encará-la - vocês são quem tem de entender. Eles me machucaram. Harry me usou. Isso é o bastante para mim saber que tipo de pessoa ele realmente é, ou seja, completamente diferente do que eu achava que era. Já sei o bastante.

- Hermione... foi só um beijo... - Gina disse - eu sei que ele é seu amigo e tudo, mas um beijo!

Hermione virou-se para encará-la. Não queria brigar com Gina também, mas sua vontade era responder que não era dessas garotinhas que saem dando beijos em todos por aí. Isso a ofenderia. Então, disse:

- Não, Gina. Não foi só um beijo. Um beijo não é só um beijo.

Gina parecia ter aberto um mundo de possibilidades, mas ela fechara a porta desse mundo tão bruscamente que Gina parecia zonza.

- Eu acho que entendo. - a ruiva assentiu, piscando, e então sorriu: - mas vamos sair desse dormitório, você precisa sair dessa fossa!

- Que fossa? - Hermione levantou-se abruptamente, sorrindo com todos os dentes.

As duas riram e saíram para os jardins.


( x )



Hermione se arrumou apressadamente, seu rosto parecia abatido e suas olheiras eram fundas, não dormia há várias noites, mesmo. Ela não entendia porque aquilo estava acontecendo: esquecia-se de Harry e do beijo dele o dia todo, mas à noite, quando deitava-se, a raiva voltava em um turbilhão de emoções, e as lágrimas a assaltavam, deixando-a sem rumo algum. Ela havia acordado cedo demais, sabia disso: o salão comunal devia estar vazio. As escadas rangeram sob seus pés. E bem, o salão não estava exatamente vazio.

- Hermione! - era Harry, que quando a avistou passar reto, sentiu uma pontada fria na orla do estômago - eu preciso... - mas ela o interrompeu bruscamente, abrindo a porta:

- Não, não precisa. - falou friamente, sem encará-lo, fechando o quadro atrás de si, as lágrimas vindo novamente em seus olhos, mas piscou-os com força, afastando-as.

Foi relativamente calma a sua ida até o grande Salão Principal, se Harry queria tanto reconciliar, porque não ia atrás dela, como nos filmes? Como nos contos de fadas? Era bem visível que ele teria uma explicação barata em termos drásticos. Faria o possível para encher a cabeça dela, mas ela não ligaria.

Sentou-se ao lado de Ron, que já se encontrava no mesmo lugar de sempre. E se Harry aparecesse ela iria embora. Simples.

- Bom dia, Mione. - ele desejou, brincando com um pedaço de presunto em seu garfo.

- Bom dia, Ron. - ela respondeu com o olhar baixo, magoada.

- Sabe, sobre o que aconteceu ante-ontem... eu... sinto muito, de verdade. Nós não sabíamos, eu e o Harry. - ele ia falar mais, mas foi interrompido:

- Não, não diga nada... - ela segurou o braço do amigo - não perca seu tempo com isso, Ron, eu já fiz minha decisão - deu um suspiro - agora, - ela soltou-o, procurando um prato - alguma novidade?

- Não... ah, sim, tem. Harry quase esmurrou um garoto ontem, que falou em v... - ele percebeu seu olhar e parou subitamente preocupado - ah, que droga, desculpa, eu esqueci.

- Sim, isto está acontecendo muito por aqui. - ela sorriu torto.

Gina se sentou ao lado dos dois, apressada.

- Que noite horrível... eu não dormi nada. - bocejou, pegando uma maçã.

- Eu que o diga, Gin... - a morena murmurou, fitando um sanduíche que havia preparado sem animação.

- Hermione, você conseguiu fazer a tarefa de Transfiguração? - Ron perguntou, tentando distraí-la quando notou que um garoto de cabelos negros e rebeldes vinha em sua direção.

Hermione percebeu a agitação do ruivo, e quando olhou para trás Harry jpa estava se sentando do seu lado, muito quieto. Ela bateu as mãos de leve sobre o prato, afastando as faíscas de pão, e falou, levantando-se:

- Perdi a fome. Bem, até mais.

E se retirou apressadamente, atraindo alguns poucos olhares de estudantes sonolentos e reclamões.

Avistou Draco Malfoy brincando com uma maçã e sem material escolar na porta do grande Salão, com umas garotas sonserinas, e passou reto, sem ao menos olhá-lo, jogando sua bolsa de couro marrom no ombro.

- Hey, Granger, que cara é essa? - ele quis saber, e a conversa na rodinha de garotas de repente ficou em silêncio, como uma censura.

- É a minha mesmo, não que isso te interesse. - ela murmurou, passando por eles.

Hermione quase não acreditou quando ele mandou um beijo para as sonserinas e a seguiu pelo corredor. Que diabos Draco Malfoy, o idiota repugnante, estava querendo?

- Ui... hoje a cobra, quer dizer, a serpente foi picada. - murmurou com um sorriso meio bobo.

- Não, ela foi esfaqueada, e não foi hoje, foi ante-ontem, ou talvez há muitos anos atrás. - ela disse, ainda sem olhá-lo, andando apressada.

- Granger, olha, não que eu me importe, mas o que aconteceu? - perguntou relutante, tentando segurar seu cotovelo quando passaram por um grupo grande de estudantes que poderiam tê-los separado.

- Não te interessa, Malfoy. - ela disse fria e pausadamente, e puxou o cotovelo para longe dele - eu nem sei porque está me seguindo, páre com isso!

Quando o grupo de estudantes se dissolveu, eles estavam sozinhos em um corredor, só os seus passos ecoando pelas paredes. Hermione suspirou:

- Eu nem sei onde eu vou parar, também, droga.

Malfoy deu um risinho. Hermione não entendeu exatamente suas intenções; ele agia como se fosse um colega qualquer, o que não era exatamente normal.

- Não vai mesmo me dizer o que aconteceu? - ele insistiu, fazendo-a parar de andar em sua frente.

- Não. - disse calmamente, abraçando-se mais à sua bolsa.

- Olha, Granger, pode parecer estranho tanto para você como está sendo estranho para mim, mas eu... - ele começou, suas palavras não estavam saindo de forma congelante e fria, e sim mais calorosa - eu...

Draco se aproximou devagar dela. Hermione ficou estática, sem saber o que fazer ou pensar. Ele era Draco Malfoy. O Sonserino insuportável que adorava chamá-la de sangue-ruim, deixando-a com os nervos à flor da pele. Não podia beijar Draco Malfoy. Não podia. Mas quebrou a promessa. Sua bolsa escorregou de seu ombro e caiu no chão, um baque macio.

Ele levou uma mão para a cintura de Hermione, puxando-a, e outra para o seu rosto, segurando-o delicadamente com os dedos pálidos:

- Posso?

Ele estava sendo delicado. E aquilo chamara sua atenção. Queria ver quem era realmente Draco Malfoy por trás da fantasmagórica e rústica fantasia da qual ele sempre estava coberto.

Acenou afirmativamente e lentamente com a cabeça, incapaz de raciocinar muito bem com os olhos verdes brilhantes dele fixados nos seus. Fechou os olhos. Sentiu o roçar suave dos lábios quentes e macios dele, comprimindo-os. Aproximaram os corpos, ligados pelos lábios e pelo desejo súbito. Hermione levou uma das mãos aos cabelos loiros imaculadamente puxados para trás de Draco e bagunçou-os deliberadamente.

Eles cederam devagar, aprofundando o beijo com a lentidão de quem aprecia e sabe o que está fazendo. Depois ficou feroz, e a mão de Draco que estava em seu rosto desceu para emoldurar sua cintura, e puxá-la pelas costas.

- Que porra é essa? - a voz de Harry Potter assustou Hermione, sobressaltando-a.

Se afastou de Draco. Os estudantes curiosos haviam se aglomerado lentamente em torno deles. Harry estava parado a alguns metros deles, que se soltavam lentamente, fitando aquele par de olhos azuis pejados em ódio.

Por mais que Hermione soubesse que algum sentimento forte tinha a envolvido naquele beijo, não queria parecer que estava fazendo vingança. Seria infantil demais.

- Ora, Potter - ela começou firmemente, e foi tão difícil chamá-lo pelo sobrenome - perdeu algo?

- Perdi. Acabei de perder a Hermione que eu conheci há seis anos. - ele murmurou, olhando meio irado de Draco para Hermione.

Hermione sentiu uma costumeira pontada fria na orla do estômago.

- Você não pensou nesse Hermione antes de apostá-la, não foi, Potter? - ela disse, sarcástica, sorrindo murchamente.

Harry olhou-a, sem respostas.

- Ela foi embora, sim, Harry - ela continuou, sentindo Draco virar-se para fitá-la - foi embora junto com a amizade que eu achava que tinha por você.

O moreno passou a mão entre os fios negros e rebeldes, fitando o chão.

- Foi só um beijo. - murmurou com a voz baixa.

- Ah, essa é a sua desculpa?! - ela indignou-se.

- Hermione, eu sinto muito. - ele murmurou indefeso, crispando os lábios.

- Só que sentir não vai mudar nada. - ela disse, antes de dar as costas.

Não foi Harry quem a seguiu. Foi Draco Malfoy. Andaram lado a lado calados, por um corredor mudo e vazio. Hermione finalmente tinha sido mais que sincera com Harry, sem seus olhos marejarem nem estremecer-se. E era isso que ela precisava fazer.

- O que quer? - ela parou, irrita, os olhos fechados enquanto virava.

- Bom, você não esperava que eu te desse um beijo daqueles e virasse as costas, esperava? - ele perguntou, gesticulando, receando sua resposta.

Hermione não podia estar ouvindo isto de Malfoy, era reconfortante; remédio para as cicatrizes que Harry deixara tão agressivamente nela. Um garoto... delicado? Por trás daquela imensa máscara negra e cruel? Quem diabos era Draco Malfoy, que ela não estava reconhecendo?

- O que aconteceu com você? - perguntou em voz baixa, com um sorriso frouxo.

- Eu... - ele começou, pensativo, com um vinco na testa.

- Não, não explique. - ela aproximou-se dele, e quando seus rostos estavam a centímetros, pousou a mão um pouco abaixo de sua orelha, acariciando sua nuca - eu descubro.

Roçou seus lábios quentes no dele, que a abraçou pela cintura, sua bolsa novamente escorregou para o lado, e Hermione deixou-se entregar à um caloroso e feroz beijo.












n.a: 06/05 reewritted :)

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