Dois Rios



O céu está no chão

O céu não cai do alto

É o claro, é a escuridão




Guerra. Medo. Destruição. Ninguém estava seguro, nem trouxas nem bruxos. Chegara a hora da verdade. Depois de três anos de expectativa, de tensão, finalmente as tropas do bem e do mal estavam cara a cara. De um lado, Voldemort e seu exército de comensais da morte, destruindo tudo e espalhando a escuridão. Do outro, a Ordem da Fênix tentava restaurar a paz e trazer de volta a luz, mas as esperanças eram poucas.

Dumbledore estava morto. O lendário diretor de Hogwarts havia sucumbido na última batalha, mas deixou as coisas nas mão de Harry, ele derrotaria o bruxo malvado. Mas as coisas estavam difíceis. O exército negro parecia maior, estava levando vantagem.

Harry estava desesperado, lutava para conseguir chegar à câmara onde Voldemort se encontrava. Ele via seus amigos lutarem bravamente, sofria ao ver alguns caindo. E ele a via lutando com todas as forças. Ele não a queria ali, mas ela era teimosa, havia ido do mesmo jeito. Estava linda. Mesmo lutando daquele jeito era ela linda. Ele precisava seguir em frente, precisa seguir por ela.

Dois comensais o cercavam. A porta estava a metros de distância. Ele olhou pro lado e viu Sirius fazendo sinal de positivo, ele lhe daria cobertura. Respirou fundo e correu, chegara a hora. Ele finalmente faria o que tinha que ser feito.

- É bom te ver, Potter. Estava imaginando quanto tempo você levaria para chegar aqui – Voldemort estava sentado em uma espécie de trono bem no meio da câmara – Mas você demorou demais, eu receio. Olhe ao seu redor, Potter, você vê? Nada de estrelas, nada de lua, só a escuridão... Parece que eu consegui o poder, afinal.

- Nunca! Você não vai vencer, Voldemort, não vai.

- Ah, não? E quem vai me impedir? Você? – ele levantou-se – Hummm... Seu padrinho? Avada Kedavra! – uma jorro de luz verde atingiu em cheio algo que estava atrás de Harry, e esse viu o corpo de Sirius Black cair sem vida.

- Nããããããããão! – na hora em que Harry gritou, sentiu um Comensal chegar por trás e perfurar o seu braço direito. A dor foi tamanha que ele se ajoelhou, largando a varinha. As lágrimas caiam sem parar.





O céu que toca o chão

E o céu que vai no alto

Dois lados deram as mãos





- Pare, Mcnair – ordenou a voz fria de Voldemort, transmitindo um prazer débil – Esse eu faço questão de matar com a minha própria varinha, moleque maldito!

- Não será tão fácil, Voldemort! – Harry respondeu juntando suas forças. O braço doía, sua cicatriz doía. Mas ele não podia desistir agora, não estando tão perto de ganhar... Ele só precisava de tempo, tempo pra juntar as forças pro feitiço... Segurou sua varinha com a mão esquerda e olhou ao redor.

- Não tem ninguém pra te ajudar hoje, Potter. Sua mãezinha não está aqui, seu brilhante diretor está morto, seu padrinho está morto; e acho que seus amigos estão ocupados demais pra vir te ajudar – era verdade. Com a chegada de mais um grande número de Comensais, a situação parecia perdida.

“Eu não vou desistir, tem que haver um jeito...” Harry pensava desesperadamente. Voldemort estava na sua frente, rindo como louco. Estava acabado. A qualquer momento ele ia lançar o golpe fatal. Harry iria morrer e... Alguém se aproximou. Alguém vestido de preto; era apenas mais um comensal para rir da derrota de Harry Potter. O comensal baixou o capuz e deixou sua cabeleira loira à mostra. Ele sorria.

- Jovem Malfoy, vejo que continua vivo – Voldemort virou-se para ele – Por que baixou o capuz?

- Eu não tenho do que me envergonhar, mestre – algo no tom que ele usou essa palavra chamou a atenção de Harry – Gosto que meu oponente dê uma boa olhada no meu rosto antes de cair.

- Sabe, Malfoy, talvez você tenha futuro... Eu não botei muita fé quando você chegou aqui, mas parece que eu estava errado...

- E por que será que eu causei tão má impressão, mestre? – de novo. E dessa vez Harry teve certeza de que tinha algo estranho, Malfoy olhara para ele de forma apoiadora... Não, não era possível.

- Você começou a andar com aquela sangue-ruim, seu pai disse que você chegou a defendê-la uma vez... Isso não era bom, Malfoy. Isso era sinal de fraqueza.

- E o senhor não imaginou que poderia ser tudo um disfarce? Eu poderia estar querendo me aproximar da garota para conseguir informações...

- Sim, foi exatamente o que o seu pai disse... – de repente, a expressão de Draco mudou. Ele ficou sério e uma sombra de dor passou sobre os seus olhos. Mas tudo não durou mais de um segundo.

- Pois é, meu pai sempre foi um tolo. – e ele gargalhou alto – Avada Kedavra! – um jorro de luz verde saiu da varinha de Draco e acertou em cheio o coração de Voldemort, pelo menos o lugar onde este deveria estar. Harry encarou-o assustado.

- O que significa isso, Malfoy?

- Vamos, Potter, não perca tempo. Quanto mais até você poder destruí-lo? O meu feitiço o deixará desacordado por no máximo 5 minutos, e eu não podei segurá-lo por muito tempo depois que acordar.

- Por que você está fazendo isso?

- Eu percebi tarde demais, Potter, mas eu não quero viver sob a asa de um bruxo feito Voldemort. Eu quero seguir meus próprios passos, e me orgulhar deles. Eu quero ter uma vida, Potter, uma família. Quero ter tudo que eu sempre invejei em você.

Harry sentiu os olhos marejados, mas não ia chorar, não na frente do Malfoy. Este aproximou-se dele e lhe estendeu a mão, sorrindo.

- Espero que ainda não seja tarde... – Harry sorriu e apertou a mão do garoto – Agora concentre-se, não poderei ter uma vida se você não derrotá-lo. E, Harry, mais uma coisa... – Harry olhou dentro daqueles olhos cinzentos, sinceros pela primeira vez – Ela te ama.




Como eu fiz também

só pra poder conhecer

o que a voz da vida me dizer



O sol é o pé e a mão

o sol é a mãe e o pai

dissolve a escuridão




Harry fechou os olhos e sentiu o chão sumir debaixo dos seus pés. Ele concentrou-se e esqueceu do mundo ao seu redor; não ouvia mais nada. Aos poucos, imagens começaram a aparecer na sua mente. Primeiro viu Hagrid contando-lhe que ele era um bruxo, depois seu primeiro dia de aula... Lembrou-se de todas as aventuras vividas com seus melhores amigos, da sua formatura, do julgamento de Sirius... Eram todos momentos felizes que foram preenchendo cada parte de seu ser.

Ele viu o diretor e lembrou suas sábias palavras: “Use o coração, Harry. Se você quer derrotar Voldemort, precisa atacar seu ponto fraco. Livre-se do ódio e ataque com o que ele mais teme: amor, amizade, compaixão, perdão...” No dia Harry nem entendera as palavras do diretor, como também não as aceitara. Perdoar Voldemor? Mas agora Alvo Dumbledore estava morto, e tudo culpa daquele...

Harry respirou fundo. Precisava se concentrar. Lembrou as três últimas palavras que ouvira de Draco Malfoy... “Ela te ama”. Sim, ele sabia disso. E ele também a amava com todas as suas forças. Haviam brigado antes da batalha começar, mas isso só fizera Harry amá-la ainda mais. Ela queria ir pra Guerra com ele, mas ele não podia deixar, precisava protegê-la. Mandou-a ficar no castelo, mas ela disse que faria o impossível para ficar ao lado dele em momentos tão difíceis.

E ela fez. Ela estava agora lá fora, lutando. Lutando pela paz, lutando por tempos de felicidade. Lutando pra ficar com ele. E como ele a admirava...

Harry sentiu uma sensação estranha, todo o seu corpo estava formigando. Abriu os olhos e deu de cara com Voldemort. Ele o olhava horrorizado, a varinha apontada para Malfoy, que estava caído no chão, sangrando.

- Desista, Tom Riddle. Sua hora chegou. – aquela voz não parecia de Harry, apesar de sair de sua boca – Você matou meus pais, destruiu minha infância, aterrorizou minha adolescência... Matou Dumbledore, agora o Sirius... Eu tinha todos os motivos para te odiar, mas não te odeio...

- Do que você está falando, Potter? É claro que você me odeia!!! – Voldemort estava horrorizado.

- Não, eu não te odeio. Porque apesar de tudo, eu tive uma vida. Você não conseguiu evitar que eu tivesse amigos, que eu me divertisse. Posso não ter conhecido meus pais, mas o Sirius e os Weasley foram uma família para mim... E o mais importante: eu não posso te odiar porque existe algo mais importante dentro de mim, existe amor... Não há lugar para o ódio no coração de quem ama.

Voldemort não teve tempo de responder. Uma forte luz dourada cobriu Harry e logo se tornou tão forte que cegou a todos. Sua cicatriz queimou e ele se ouviu dizendo:

- Que o elo que nos uniu seja a sua perdição. Que o meu sangue que corre nas suas veias lhe mostre como estou sentindo... Sinta, Voldemort, sinta o verdadeiro poder. Apesar de tudo eu tenho pena de você... Uma mente tão brilhante, e olhe só como você acabou. Que Merlim também tenha compaixão pela alma que um dia você teve.

Aquelas palavras foram demais. Voldemort ainda tentou erguer sua varinha, mas não tinha mais jeito. Aquela luz começava a penetrar em sue corpo e destruía-o por dentro. Ele sentiu dor, muita dor. Quem viu diz que em seus últimos momentos, Voldemort finalmente descobriu seu coração e se arrependeu. Mas era tarde demais...

Ele explodiu e a luz continuou a crescer. Em poucos minutos envolvia todo o mundo, passando uma sensação de conforto. Depois toda ela se concentrou em cima de Harry Potter, formando uma enorme bola, que subiu e limpou o céu da escuridão. E todos puderam ver a aurora que anunciava os novos tempos.




O sol se põe, se vai

e após se pôr

o sol renasce no Japão



Eu vi também

só pra poder entender

na voz a vida ouvi dizer




Harry acordou assustado. Estava na Ala Hospitalar de Hogwarts. Por quê? As aulas já tinham acabado, ele já tinha se formado... Algumas lembranças invadiram sua mente. Voldemort. Ele matara Voldemort!

- Harry, até que enfim! – Rony estava ao seu lado, parecendo bem aliviado – Sabe, pensei que você não fosse agüentar... Você, você foi muito corajoso e...

- Eu o matei, não foi? – Harry perguntou sentindo-se estranho. Havia matado um homem. Ta certo que era Voldemort, mas ainda assim era um homem.

- Foi necessário, Harry, você não podia fazer nada. Era ele ou todos nós. Depois que ele se foi, foi fácil controlar os comensais.

- E o Draco? Ele está bem?

- Draco? – Rony olhou-o estranho – Bem, ele escapou por pouco, ainda está se recuperando. Mas ele vai ficar bem... O que deu nele? Estão todos falando que ele é o grande herói.

- E é, Rony, e é. – eles ficaram um tempo em silêncio – Rony... E-e ela?

- Oh, bem... – Rony ficou vermelho – Harry, eu acho que te devo desculpas. Eu fui um idiota, vocês são mesmo um casal perfeito. Desculpe....

- Rony, tudo bem, tudo bem – Harry sorriu. Havia até esquecido que estava brigado com o melhor amigo, mas parecia que agora estava tudo bem – Só me diga onde ela está, ok?

- Ela foi dar uma volta, passou todos esses dias aqui ao seu lado, chorando...

- Dias?

- Bom, você está desacordado há quase uma semana e... – Harry levantou-se abruptamente da cama – Harry, volta aqui, você não pode sair, a Madame Pomfrey vai me matar.

- Meu único remédio está lá fora, esperando pra me ver... Não se preocupe.

- Ah, tudo bem... Harry! Ei, Harry! – ele virou-se – Ela te ama.

- Eu sei, Rony, eu sei... – ele sorriu e saiu porta afora




Que os braços sentem

e os olhos vêem

que os lábios sejam

dois rios inteiros

sem direção




Lá estava ela. Linda! Estava toda encolhida, tinha lágrimas nos olhos, mas ainda assim estava linda. Ele sabia que ia encontrá-la ali, era sua sala favorita. Uma salinha pequena no segundo andar, com vista para o lago. Ela estava sentada na janela, mas seus olhos pareciam desfocados.

- Hermone – ele aproximou-se e abraçou-a por trás, fazendo ela dar um pulo assustada.

- Harry! Vo-você está bem? – ela soluçava agarrada ao pescoço do garoto – Oh, Harry, eu senti tanto medo...

- Shhhhh Está tudo acabado agora. Me perdoa, Mione, me perdoa por ter sido tão idiota. Eu não podia te impedir, eu sei. Nossos caminhos sempre vão se encontrar, não importa o que aconteça.

- Eu te amo, Harry, eu te amo.

- Eu também te amo, Mione, mais do que tudo. Você é a minha força, é que me faz acordar todos os dias e querer viver. Meus olhos só vêm você, meu corpo sente o teu toque, eu fico embriagado com o teu cheiro... – ela não o deixou terminar, beijou-lhe com paixão. Logo os beijos ficaram mais intensos e eles se amaram pela primeira vez.

Um turbilhão de pensamentos passava pela cabeça deles. Demorou tanto, mas finalmente um era do outro, e dessa vez ninguém mais iria separá-los. Primeiro foi Rony e seu ciúme bobo, mesmo depois dele mesmo ter terminado o namoro com a garota. Depois veio Malfoy e suas insinuações, tentando levar Hermione pro lado do mal. E por fim Voldemort, que mesmo indiretamente havia feito-os brigar.

Mas agora eles tinham uma vida inteira para serem felizes.




E o meu lugar é esse

ao lado seu, no corpo inteiro

dou o meu lugar pois o seu lugar
é o meu amor primeiro

o dia e a noite, as quatro estações.




Os anos haviam se passado, a guerra não passava de uma lembrança distante e ruim.

- Vamos, Harry, nós vamos nos atrasar!
Harry e Hermione haviam se casado e tinham uma filha de três anos, Natallie, e há pouco tempo haviam sabido que o segundo herdeiro estava a caminho.

- Tudo bem, Sra. Potter, estou pronto – ele apareceu dando-lhe um beijo no pescoço. Ela se arrepiou toda, adorava quando ele a chamava daquele jeito.

Eles estavam indo para o casamento de Rony. Este havia se tornado jogador profissional de quadribol, um dos melhores, e viveu anos de galinhagem, nemhuma mulher resistia a ele. Mas finalmente alguém tinha conseguido fisgar aquele coração e ele estava prestes a se unir a Jackeline Boobles.

- É tão estranho, não é? O Rony se casando...

- Pois é, quem diria que aquele garanhão teria a coragem de se casar?

- Nossas vidas mudaram tanto... Lá em Hogwarts, eu podia jurar que você seria o jogador de quadribol e que o Rony já estaria com uns três filhos...

-É, muita coisa mudou. Nós fomos obrigados a crescer mais rápido, a lutar por um futuro que nem imaginávamos... – ele fechou os olhos, ainda doía lembrar daqueles tempos.

- Papai, papai, a Holly não quer “blincá” comigo... – uma jovenzinha de olhos incrivelmente verdes e cabelos castanhos veio correndo até o pai, que a pegou no colo.

- Meu amor, nós vamos sair agora, por isso a Holly não pode brincar com você – Holly era o elfo doméstico dos Potter, conseguida com muito esforço, pois nenhum outro parecia disposto a receber salário – Vamos ao casamento do tio Rony, lembra?

O rosto da menina se iluminou. Ela estava ansiosa para ver os Weasleys, ela os adorava. Todos tinham refeito suas vidas e viviam felizes agora. Os gêmeos tinham ganhado muito dinheiro com a loja, Percy se casara, Gina tinha virado uma pintora famosa... Tudo estava entrando nos eixos.

A cerimônia foi linda e todos se divertiram muito. Quando já estava tarde e os convidados começavam a sair, Harry puxou Hermione para um canto, de onde eles podiam ver Nattalie se divertindo com Fred. Acima deles as estrelas brilhavam.

- Ela é linda, não é? – perguntou Hermione maravilhada olhando pra filha.

- Tanto quanto você. – Harry sorriu – Obrigado, Mione, obrigado por me fazer tão feliz. Se há uma coisa certa que eu fiz nessa vida, foi ter pedido você em casamento.

- E a coisa de que eu mais me orgulho de ter feito é ter dito sim pra você... – ele se beijaram suavemente.

- Eu te amo, Mione. E vou te amar sempre. Meu lugar é aqui ao seu lado, ao lado da nossa, quer dizer, dos nossos filhos – ele passou a mão em sua barriga – E é por isso que eu decidi não me tornar auror...

- Oh, Harry, mas isso parecia tão importante pra você...

Há alguns anos que Harry vinha se preparando para ser auror e finalmente recebera o diploma. Mas isso implicaria em viagens pelo mundo, noites de caçada. Ele não poderia deixar a mulher, que trabalhava na seção de novos feitiços no Ministério, e os filhos sozinhos.

- Eu sei, Mione, mas eu já fiz a minha parte... Eu perdi muito tempo correndo atrás de bruxos das trevas, está na hora de deixar isso nas mãos de outras pessoas. O que eu quero é curtir você, curtir a família que eu tanto sonhei... E, bem, aparecu uma vaga de professor de Defesa contra as Artes das Trevas, quem sabe...

Mione beijou-o com prazer. Eles eram os jovens mais poderosos desse mundo, pois eles se amavam.






N/A: Apesar de eu não gostar muito desse shipper, fiz essa song em homenagem a Thais, que adora essa música e me fez pelo menos aturar esse shipper... rs... Se vcs gostarem ou não, por favor, comentem!!!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.