Lua Cheia: Memórias e Tristeza

Lua Cheia: Memórias e Tristeza



- Preciso que você respire fundo...Visualize ele...Você sabe que ele está
aqui.


Hermione respirou fundo, René ainda segurava sua mão...Mas sua visão estava
começando a escurecer...Ela não sabia exatamente se acreditava na
iluminada...Sua respiração começou a ficar lenta...Algo lhe dizia que ele estava
ali...Hermione fechou os olhos lentamente...Quem? Quem estava lá? Não havia
agora mais nada, tudo escuro...Se era ele, porque ela não tinha visto antes? O
silêncio era total...


- Abra os seus olhos, Hermione. - sussurrou uma voz distante


Lentamente ela obedeceu, quando ambos seus olhos estavam totalmente abertos,
já não havia mais ninguém segurando suas mãos, ela ainda estava no parque,
sentada no banco...René não estava mais lá. Hermione colocou sua mão na testa,
confusa:


- Mione? - era Harry. Estava sentando ao seu lado, com cara assustada.


- Harry...Aonde foi a ....


- Depois que você fechou os olhos, ela foi embora dizendo que agora tudo
estava nas minhas e suas mãos...Isso faz quarenta minutos...


- Eu fiquei quarenta minutos de olhos fechados?!


Harry assentiu. “Como?” Não parecia ter sido tanto.


- Você está bem? Está sentindo alguma mudança?


Ela estava? Não sabia...Parou um pouco para olhar a sua volta. Estava tudo
normal...


- MISERÁVEL!!! DESGRAÇADO!!


Hermione levantou do banco assustada...Aquela pessoa gritando...Aonde estava?
Quem era? Ela olhava pelos lados procurando a origem do grito...Nada...Mas a voz
continuou:


- MISERÁVEL!!! DESGRAÇADO!!


Hermione se virou para Harry, ia perguntar se ele tinha ouvido aquilo
também...Mas no lugar dele estava sentando um homem estranho...Seu cabelo estava
desarrumado, tinha o rosto escondido por suas mãos. Hermione se manteve
imóvel...Assustada demais para sequer abrir a boca. O homem então levantou o
rosto e gritou novamente. Desta vez ela pode ver seu rosto. No lugar do olho
direito havia um buraco negro...A boca do homem tinha em seus lados sangue
seco...O olho que ainda estava lá só transmitia raiva.


- Não se assuste, ele não pode machucar você. - sussurrou uma voz conhecida
atrás dela.


Hermione se virou...E não podia acreditar no que via...Era...Era Rony em sua
frente!! Os mesmos olhos, o mesmo cabelo! A surpresa foi tão grande que ela se
sentou no banco, ignorando o homem ao seu lado que continuava a gritar:


- RONY! - ela gritou, não acreditando no que via... - Você está vivo?


- Não, e você sabe isso. Você pode me ver porque René liberou sua
habilidade...


- Rony, eu...Eu tenho tanta coisa para te dizer... - ela se levantou, mal
acreditando com quem falava. - Tanta coisa para perguntar!


Rony que estava parado desde então, virou sua cabeça lentamente indicando o
caminho por onde René veio:


- Podemos caminhar...?


- Mas e Harry?


- Harry...Harry...Ele não pode me ouvir, pelos por enquanto...


- Ele vai estranhar se eu sair daqui sem falar nada...Afinal, onde ele está?


- Continua aqui. Ele pode te ver e te ouvir...Fale com ele normalmente.


Hermione confiou na palavra de Rony, e sem certeza falou para o banco:


- Harry, eu vou caminhar um pouco...Não se preocupe comigo.


Os dois então começaram a andar lentamente, cada vez se distanciando mais do
banco, depois de um tempo, quando o banco tinha sumido de vista, Rony e ela
pararam:


- Você deve estar pensando o quanto surreal é isso... - começou Rony - Deve
estar se perguntando se tudo isso está realmente acontecendo...Eu também...Mas
por muito mais tempo que você. Eu não sei bem como cheguei a esse estado...Não
sei se esse espectro que você está falando agora é realmente Rony...Por isso
antes de falar qualquer coisa, quero te avisar isso: Eu não sei o que sou, não
sei se terei todas as respostas para suas perguntas.


- Sendo o que eu sou...Só consigo lembrar de coisas relacionadas a minha
morte, entende? Sei que tenho irmãos, mas não consigo me lembrar dos rostos
deles...Sei que fui da Grifinória, mas não sei como. Nem consigo lembrar da
minha cor favorita.


- Uma das minhas primeiras memórias é meio nebulosa, mas é o começo de tudo.
O começo da minha traição e da minha morte. - Rony colocou sua mão
fantasmagórica acima da testa de Hermione - Leia os meus pensamentos, Hermione.


A partir daquele momento, Hermione sabia o que fazer, fechou os olhos e a voz
de Rony revelou segredos guardados há muito tempo:



Não me lembro exatamente a data, talvez tenha sido durante algum mês de
férias, só sei que estava sentando jogando xadrez com alguém que não me lembro,
talvez por pedido dessa pessoa me levanto e saio da sala, eu acho que é a Toca,
onde eu morava...Não tenho certeza. Eu ando até a entrada da cozinha, mas paro
porque ouço vozes conversando, é o meu pai e alguém do ministério, discutiam
sobre um perigo que poderia surgir em Hogwarts...E esse perigo era eu. Me lembro
de cada palavra:


- Eu não acredito no que você está falando! Você está acusando o MEU filho de
traição? O meu filho?!


- Só estou falando de uma possibilidade, Artur...Encare os fatos, o seu filho
tem falhas que o podem levar a traição...Todos sabem disso...Ele é um prato
cheio para Voldemort, um passo errado e o garoto pode matar Harry Potter!


- Os dois são melhores amigos! Nunca que Rony iria fazer uma coisa dessas!


- Ele é um perigo, Artur...Você precisa tirar ele de Hogwarts antes que seja
tarde demais!


Eu fiquei parado, com raiva...Fiquei com muita raiva, Hermione.Eu pensei:
“Esse homem está falando aquelas coisas sem nem ao menos me conhecer...Como ele
podia falar uma idiotice imbecil dessas? Eu nunca trairia Harry!” Mas sabe de
uma coisa, Hermione? Bem lá no fundo eu sempre tive dúvidas no que faria...Tinha
medo de ser fraco demais e trair Harry...Fraco fisicamente tinha medo de
sucumbir à dor de um Crucio...O idiota aqui nunca imaginou que o problema estava
na minha mente, eu fraco de personalidade de caráter.



- Não! - gritou Hermione abrindo os olhos, e os fixando nos de Rony - Você
realmente acredita nisso, Rony? Você acha que não teve caráter?


Ele suspirou:


- Não é questão de achar, foi o que aconteceu...Eu falhei. Por favor, eu só
quero contar o que me lembro e ajudar vocês dois a se prepararem para hoje à
noite. Tire suas conclusões depois.


Hermione fechou os olhos, mas decepcionada...Ele estava se auto-destruído:



Minha próxima memória é com você...Pode parecer bobagem, mas a maioria delas
é com você. Essa é quando estávamos conversando sobre colocar um explosivin na
cadeira do Snape...E então ele aparece, Krum...Lembro que fiquei ouvindo vocês
dois conversarem...Naquela época ainda não tinha feito a escolha mais imbecil da
minha vida, mas cada vez mais me distanciava de Harry, achava que o quanto menos
eu soubesse, quanto menos eu me importasse, mais fácil seria...Fui idiota...Isso
só me deixou com mais desconfiança e mais medo. Enquanto pensava nisso, Krum foi
embora e te deixou chorando...Essa foi uma das únicas vezes que consegui falar
com você como uma pessoa normal e não um asno incompreensível e imaturo...Eu
ainda não consegui encaixar essa memória, não sei porque me lembro
disso...Apenas sei que, por algum motivo, depois disso foi uma queda
livre...Comecei a brigar com Harry, a não conseguir dormir...Foi então que
aconteceu, não sei bem quando...Talvez você saiba...Era de tarde e você recebeu
uma coruja, estávamos você, Harry e eu fazendo juntos alguma lição...Você
levantou, abriu a carta...Era da:



- Era da mãe de Vítor - ela completou o pensamento em voz alta, ainda com os
olhos fechados.



Você leu uma parte em voz alta...Dizia que ele tinha lutado bravamente e
salvado a vida dos pais, mas a custo da própria...A carta continuava falando que
o último pedido de Krum tinha sido:



- Pedir desculpas para mim, por não estar do meu lado quando me formasse -
disse triste Hermione, lembrando do dia, e deixando uma lágrima escorrer por seu
rosto.



Você então começou a soluçar e Harry e eu ficamos estáticos, sem saber o que
fazer...Ou pelo menos eu fiquei sem saber...Foi naquele momento que
parei...Pensava comigo mesmo, e agora? Ele morreu e ela amava ele...Que faço?
Por que eu não estou contente com isso? Afinal, eu odiava ele! A razão, era que
eu não odiava Krum...Eu amava você. E só naquele momento eu realmente entendi
aquilo...Mas continuei ali estático, feito bobo...Abri e fechei a boca várias
vezes esperando que alguma palavra maravilhosa saísse sozinha...


E então Harry se levantou, e te abraçou...Naquele exato momento eu vi o que
era óbvio mais ninguém via...Vocês dois estavam destinados um para o
outro...Harry sempre foi muito mais seu melhor amigo do que eu jamais tentei.
Ele sempre estava lá para você e você para ele. Eu sabia que era apenas uma
questão de tempo até que os dois descobrissem isso...Toda essa dedução não
demorou mais que dois segundos...Levantei e fui embora. Depois daquele momento,
sabia definitivamente que não tinha utilidade no “trio maravilha”, sabia que
você nunca ia gostar de mim mais do que um amigo qualquer, sabia que Harry nunca
ia precisar da minha ajudar...Meu medo passou a ser raiva, raiva de tudo...Da
minha família, da escola, de vocês, da minha inutilidade.


Naquela mesma noite procurei Malfoy, não me pergunte como eu o achei, nem eu
mesmo me lembro, acredito que ele me achou. Não trocamos palavras, ele
simplesmente me levou até Voldemort. E lá fui questionado.


Voldemort sabia quem eu era...Já me observava há algum tempo, aquele agente
não tinha sido o único a perceber o meu “potencial”...O que ele não sabia Malfoy
lhe dizia...Falei pouco durante aquela reunião escura. O que falei, porém,
trouxe gargalhadas aos comensais, e a Voldemort. Como não tinha nada a perder,
fui sincero em todos os detalhes. De qualquer forma isso garantiu me a vida por
um tempo, fui aceito no ciclo de Voldemort, me tornei um Comensal da Morte.


Minhas próximas memórias são todas de ataques que fiz parte contra você e
Harry...A verdade é que no começo a raiva era tão grande que dei realmente
informações que podiam ter matado muitos, principalmente Harry...Mas ele
escapava e depois de todos ataques mal sucedidos tinha que colocar uma máscara e
enganar vocês dois mais uma vez.


Com o tempo ganhei a confiança de cada Comensal, e ficava cada vez mais
difícil evitar Snape...Lembra? Antes de morrer ele tinha se infiltrado por ordem
de Dumbledore...


Finalmente os Malfoy acreditaram em minha “lealdade”. Certa noite Draco e eu
fomos chamados por Voldemort, apenas nós dois, mais ninguém. Éramos a nova
geração e ninguém sabia que éramos comensais...Voldemort anunciou que a guerra
estava chegando ao um fim, e nós dois seríamos a peça final.


Ele nos deu duas missões vitais. Não me lembro qual era a de Draco, a minha,
porém nunca vou esquecer. Minha missão era matar um auror. Não me lembro de seu
nome nem porque tinha que ser morto...Sei o porque disso...Era a primeira vez
que EU teria que fazer o trabalho “sujo”, eu teria que matar com as minhas
próprias mãos...Aquilo me chocou...Me virou as entranhas. Durante os dois dias
de espera do “sinal” para agir, percebi o quanto tinha ido longe...Longe demais.
Pensei no meu pai..minha mãe...E no quanto estava os decepcionado. O quanto
aquilo ia contra o que eles me ensinaram.


Percebi o quanto tinha sido infantil e imbecil...Colocando os meus
sentimentos na frente de tudo...Não era à toa que sempre fui o elo fraco do
trio. Sabia que tinha ido longe demais. Quando Malfoy veio ao me encontro com o
sinal...Recusei a ir, falei que ele voltasse para Voldemort e enfiasse o sinal
naquele lugar. Já estava anoitecendo. A hora marcada para a morte do auror
passou e ele viveu...Fiquei com vocês, sabendo que talvez aquela ia ser a última
vez que iríamos ficar juntos. Pela primeira vez, quis contar tudo, explicar
antes que fosse tarde demais. Fui covarde...E Malfoy pediu mais um encontro.
Desta vez no terreno de Hogwarts...Era sinal que já não se importavam se eu era
descoberto ou não...Roubei a capa de Harry, e segui para fora do castelo.


Draco estava me esperando, feliz da vida. De lá fui levado até o encontro de
Voldemort, mas ao contrário do que suspeitava, ele não me matou..Sofri com o
Crucio, mas estava vivo...Voltei para Hogwarts...E então o verdadeiro castigo de
Voldemort veio...Você e Harry tinham descoberto minha traição, o encontro com
Malfoy foi uma farsa para que um de vocês visse.


Harry me encontrou e falou tudo o que eu merecia ouvir...Sabia que o plano de
Voldemort ia além de vocês dois, chegaria a minha família, a toda a
imprensa...Seria o fim. Queria que Harry tivesse me matado ali mesmo, ele não
teve coragem...Me deixou ir, e só adiou o inevitável.


Malfoy apareceu de novo atrás de mim...Desta vez a mando de seu pai. Lúcio me
odiava, sabe? Nem tenho idéia do porque. E então como se não bastasse todas as
minhas outras falhas, eu fui colocado sob o feitiço Imperio, e não consegui me
libertar...Você e Harry tirariam aquilo de letra.


Sem o controle de movimento, acabei aparatando em uma casa, a casa do auror
que deveria ter matado antes...Abri a porta com um alohomorra, apontei minha
varinha para o homem...E não fiz mais nada.


Morri naquele exato momento...Apaguei por completo...Mas sabe? Achei que era
o fim do sofrimento...Claro que não. Não mereço nada além de castigo...Depois da
sensação de nada, quando abri meus olhos estava em um cemitério...Em um
enterro...No meu enterro.


Ninguém chorou não é? Não houve uma lágrima sequer...Não posso
culpa-los...Mereci isso...


Depois daquele momento eu me tornei o que sou hoje, um simples amontoado de
memórias sem ser realmente Rony.


René Brito me ajudou a lembrar mais e mais...Mas eu ainda não conseguia sair
de perto minha sepultura...Acho que estava esperando por alguém...Alguém que
pelo menos sentisse minha falta e colocasse uma flor, nem que fosse um
botãozinho pobre...Mas ninguém nunca foi, e René me mostrou isso.


Finalmente Hermione, eu estava “livre” para voltar para a minha casa, tentar
lembrar de quem eu era realmente.


Não sei como consigo ir de um lugar para o outro. Simplesmente apareço quando
alguém se lembra de mim...E você Hermione é a que mais se lembra de mim...Há
algum tempo venho ficando ao seu lado...Acompanhando o seu dia...


Foi então que começou...Esses desaparecimentos...Percebi que algo de sério
estava acontecendo, mas você não percebia! Fiquei sem saber o que fazer...Não
podia me comunicar com ninguém a não ser René...E foi ela que me ensinou a
utilizar sonhos para mandar mensagens...Venho tentando avisar Harry há tempos,
mas os sonhos só o deixam com mais raiva de mim! Mas que podia fazer? Era a
única lembrança que tinha de Malfoy que indicasse que ele estava doente!



Hermione abriu os olhos, surpresa, confusa, triste...Tudo ao mesmo tempo,
entre tantas perguntas e afirmações ela resolveu escolher a que Rony preferiria:


- Você sabia que ele estava doente?


- Sabia. Ele está com aquela doença desde que...bem...conheceu uma certa
trouxa...É uma longa história que não me lembro direito - disse Rony sorrindo
pela primeira vez - Ele se apaixonou por uma trouxa, sem saber que ela trouxa é
claro...E...bem...aconteceu algo...e...


Hermione ficou olhando ainda surpresa, ainda confusa...Esperando que ele
continuasse. Finalmente ele desistiu de lembrar e falou:


- Draco é o último comensal vivo capaz de dizer a vocês o que Voldemort
planejou antes de sua morte. Como não me lembrava o que era esse plano, não
podia avisar Harry ou você...


- Malfoy não fala...Já procuramos ele no hospital.


- Eu sei disso...Fui eu que pedi que Selene...A iluminada que vocês
visitaram...falasse dele. Mas ele se recusou não é? Nada mais normal...Talvez
uma vingança de última hora...Idiota seboso. Por que eu odeio ele tanto assim,
Mione? - perguntou ele fechando o sorriso.


- Eu...eu não sei - disse perturbada. - direito...Acho que...


Os dois ficaram em silêncio...Ela olhava para a visão fantasmagórica a sua
frente, ele estava pálido e semi-transparente, mas fora isso estava exatamente
como ela se lembrava...E ele...tinha dito que amava ela...Ele tinha amado ela!
Ela era razão de tudo que ele tinha feito! Foi por causa dela que ele se
transformou em um Comensal...Ela segurou as lágrimas bravamente para
acompanha-lo, enquanto ele voltava andar:


- Não te culpo por nada Hermione...E nunca vou. A culpa é toda minha, eu fiz
as escolhas erradas, eu desisti de tudo que realmente importava...Você não pode
chorar por minha causa! Não pode! - ele falava tudo aquilo sem olhar para ela,
mas ela podia sentir que ele também pensava em chorar. Os dois estavam ligados,
sentiam um ao outro. - Eu joguei tudo fora. Eu fui covarde...


- Rony...


Então ele se virou:


- É bom ouvir o meu nome de novo...Mas é melhor ouvir saindo da sua boca...


Porém algo lhe fez voltar a olhar para frente, e ele não continuou a frase.
Mudou de assuntou:


- Hoje é a noite...Eles vão atacar...Veja o céu - ele apontou para o céu
rosado - Está escurecendo...Eles vão terminar o trabalho...


- Rony...Foi você que me parou naquela hora? - disse Hermione lembrando do
último ataque no FAF.


- Foi. Você já estava se tornando uma iluminada...Consegui evitar que você
fosse levada também...


- Eu? Eles também querem me pegar?


Ele assentiu com a cabeça:


- Você e Harry fazem parte do plano...Não sei como...Voldemort me falou um
dia, mas não consigo me lembrar...Sou inútil como sempre...


- Voldemort está vivo?


- Acho que não. Você deveria saber disso melhor que eu...Não foi Harry que
matou o desgraçado?


Hermione não respondeu...Mas sentiu falta de Harry:


- E Harry? Por que não consegui ver ele? - ela perguntou lembrando do
acontecimento no banco.


Rony deu os ombros:


- Talvez você não queira ver ele.


Hermione preferiu não pensar nisso. Por que não iria querer ver Harry?


- E quanto aquele homem? Ele também é...a mesma coisa que você?


- Acho que sim...É...Só que ele não foi libertado por um iluminado ainda.


- Podemos...Podemos voltar lá? Harry pode estar correndo perigo. - ela pediu,
mesmo sem precisar de autorização.


- Se você quer...Ele ainda não vai poder me ver...Você...Vai contar tudo o
que eu falei? - perguntou Rony, inseguro do que realmente queria.


- Eu...eu não sei ainda. Eu nunca imaginei que você ia encarnar aqui na minha
frente e dizer todas essas...


Rony a interrompeu, como se um raio o tivesse atingindo:


- Encarnar?! É isso! - ele gritou, mas sua voz apenas ecoou nos ouvidos de
Hermione - Eu lembrei Mione!



Harry estava sentando naquele banco há tempo demais estava começando a ficar
muito preocupado...O que estava acontecendo com Hermione? Ela tinha ido embora
mesmo com os protestos dele...Será que a tal René na verdade era parte do grupo?
Não...Harry tinha certeza que não. Havia algo realmente entre eles, alguém.


O dia já estava escurecendo, a lua já aparecia gigantesca no céu e nada de
Hermione...O que estaria acontecendo? Deveria ele ir atrás dela? Sair correndo?


Com um impulso rápido de ansiedade ele levantou do banco, se virou para o
mesmo caminho por onde Hermione tinha ido embora, mas ao encarar-lo de frente
viu ela andando lentamente, cabisbaixa, e se aproximando.


Harry não teve paciência para esperar mais tempo. Correu até ela:


- Mione! Aonde você foi? O que aconteceu? - perguntou muito rápido.


- Harry...É difícil explicar...E não temos tempo! - ela disse levantando a
cabeça.


- Comece do começo!


- Sem tempo - ela suspirou - Harry, o que realmente importa é que Voldemort
está ainda aqui, ele não morreu por completo, parte de sua “essência” está aqui
ainda, mas não como da última vez, ele...Bem...Ele não tem mais corpo ou
alma...E para ele voltar a ter os dois precisa encarnar em alguém...Se apossar
do corpo. Entende?


Harry apenas assentiu com a cabeça.


- E apenas um iluminado consegue receber algo assim...


- Arcantos. - ele completou, deduzindo onde ela queria chegar.


- Exatamente! Ele vai ser usado em uma cerimônia que apenas alguns comensais
conheciam...Treze inimigos de Voldemort seriam levados para uma sala, eles
seriam mortos em sacrifício, depois o sangue deles seria usado como o
ingrediente principal de uma poção...Essa serviria para manter a essência de
Voldemort em Arcantos para sempre. A cerimônia precisa ser realizada na última
noite de lua cheia.


- Hoje. Mas que comensal está solto para unir um grupo novo e seqüestrar
pessoas abertamente?


- Não sei. Mas vamos descobrir isso.


- Espere...Você disse treze inimigos?


Ela assentiu:


- Isso mesmo...Parece que somos os próximos da lista.


Harry olhou para o céu. Queria saber como ela tinha descoberto tudo aquilo
apenas andando por um parque vazio...Mas o tempo estava correndo, precisavam
pensar e rápido em uma forma de parar aquele plano. Mesmo com todas aquelas
informações, não tinham como agir, não havia pista de onde eles estavam agora ou
quem eram realmente.


- Então é melhor estarmos bem preparados...Trouxe sua varinha?


- É claro. Sempre comigo.


Harry checou a sua que estava em seu bolso. Enquanto isso Hermione olhava
para os lados como se procurasse algo:


- Que foi? - ele perguntou.


- Ah nada. Acha que eles irão atacar agora?


- Não sei, Mione. Provavelmente, se realmente formos os próximos.


Hermione sentou no banco, parecia cansada...Harry aproveitou para tentar
descobrir o que tinha acontecido:


- Quando René foi embora...Eu fiquei muito preocupado...Você está bem? De
verdade?


- Não sei mais, Harry. Estou meio confusa. Ouvindo coisas...Pensando
demais...Mas passa, não vou ser uma iluminada para sempre...Foi como René disse,
não foi? Talvez nunca me torne uma de verdade.


- E isso é bom ou ruim? - ele perguntou, procurando perceber a reação dela em
detalhes.


Hermione demorou para responder...E isso preocupou Harry...Alguma coisa lhe
dizia que...R..Não...Bobagem...


- Eu... - ela começou a responder apenas para ser interrompida.


Em um piscar de olhos os dois estavam cercados por bruxos mascarados...Não
havia escapatória...Harry ainda tentou lançar um feitiço, Hermione tentou
aparatar...Mas não houve tem nem para um suspiro. Ambos foram nocauteados por
dúzias de feitiços ao mesmo tempo.


Caíram inconscientes e sangrando.



 


Nota da autora: Espero que esse capítulo não tenha sido uma porcaria! Eu sou
péssima com sentimentalismo...Please me falem o que acharam:

[email protected]
A fic está chegando ao seu final e gostaria muito de descobrir o que quem lê
está achando!


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