Lua Cheia:Descobertas e Mortos

Lua Cheia:Descobertas e Mortos



Hermione viu, abismada, o bruxo terminar o encantamento de Harry com um simples abanar da varinha. “Harry é muito forte! Como pode ser?!”


Os pensamentos desorientados de Hermione não a impediram de observar com olhos arregalados enquanto o bruxo não só desarmava Harry como o jogava com um feitiço Impendimenta. Sem perder um segundo ela correu em sua direção e desfez o feitiço:


- Harry! Como você chegou até aqui?


Harry a olhou com impaciência e respondeu enquanto recuperava sua varinha:


- Depois, agora me siga! - ele pegou o braço de Hermione e correndo os dois seguiram para o palco, o bruxo e Shirley por sua vez tinham corrido para bastidores. Harry se virou para juiz assustado que estava escondido entre uma fileira de cadeiras:


- Onde fica a saída nos bastidores e para onde vai? - perguntou com uma voz firme que se Hermione não conhecesse iria lhe deixar nervosa.


- F-fica no final de um corre-edor, dá para o-o bec-co que n-nos liga ao mundo dos t-trouxas. -gaguejou o bruxo extremamente assustado.


Sem nem ao menos pensar duas vezes Harry correu para a porta dos bastidores, Hermione em seus calcanhares ainda um pouco confusa.


Atravessaram os vários corredores em questão de segundos, ou foi o que pareceu para Hermione, finalmente Harry parou em frente a uma porta dupla. Ele tentou abrir:


- Não adianta Harry, foi bloqueada. - disse Hermione apontando sua varinha - Suspeito que um Alohomorra não vai ser suficiente.


Ela explodiu a porta e ambos correram para fora. O bruxo ainda tinha Shirley na mira de sua varinha, mas ela não parecia mais estar acordada. Felizmente o bruxo parecia mais preocupado em procurar a saída (não havia sinal de qualquer porta ou portal), e não percebeu quando Hermione e Harry se aproximaram. Estavam com suas varinhas prontas e apontadas, mas antes mesmo de abrirem a boca e falarem a primeira silaba de um feitiço, Hermione sentiu em seu ouvido um murmúrio que esfriou sua espinha:


- Não. Deixe eles irem. Não se meta. - a voz era gelada.

Talvez por surpresa, talvez por medo...Hermione não soube, mas ela ficou paralisada, parecia que as forças de suas pernas haviam se esvaído, agora cambaleavam precisando de apoio.


Ao ver a situação de Hermione, Harry se virou para ela, preocupado:


- Vamos! É a nossa chance. Não podemos deixar ele escapar! - ele novamente segurou o braço de Hermione, mas mesmo sentindo que ele a puxava, ela não conseguia se mexer. - Mione?


Ela abriu levemente a boca para falar, mas a voz que saiu não foi a dela, ou pelo menos não pareceu:


- É tarde demais Harry, vamos embora.


Hermione via o olhar desacreditado que ele lhe dava, mas antes que pudesse falar qualquer coisa os dois ouviram o riso de triunfo vindo do raptor, ele havia encontrado uma saída. Harry não olhou para trás quando correu em sua direção, se tivesse teria visto Hermione caída de joelhos no chão, suando frio e com os olhos virando nas órbitas. Ela não conseguiu contar o tempo, nem mesmo enxergar a sua frente, e só voltou a si quando a mão de Harry a ajudou a levantar:


- Você está bem? O que houve? - perguntou preocupado, colocando a mão em sua testa febril, Hermione, surpresa consigo mesma, desviou do toque. - O que há com você?


Sua voz agora mostrava ressentimento, mas não houve mais troca de palavras, os dois foram rodeados por “pops”. Os agentes do Ministério tinham aparatado, atrasados como sempre.



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Harry observava, impaciente, Raymond interrogar Hermione. Estavam de volta ao interior do prédio onde o incidente tinha ocorrido. Não havia mais nada para perguntar...Era óbvio o que tinha ocorrido, e era óbvio que perguntar duas vezes não ia ajudar em nada:


- E ele e a vítima sumiram? - perguntou Ray


- Isso. Não acho que tenham saído pela passagem, provavelmente ele usou o mesmo feitiço que os bruxos na festa dos Weasley. - disse Hermione.


Raymond anotava tudo, mas Harry sabia de que nada ia adiantar ficar ali parado, era necessário ação...Depois que já não havia nenhuma pergunta possível para ser feita Harry chamou Hermione e os dois se afastaram dos agentes, que agora interrogavam os organizadores do FAF:


- Hermione, o que houve com você? - ele perguntou sem demora.


- Eu não sei...Harry, eu não tenho idéia...De repente, era como se meu corpo não me obedecesse...Eu ouvi uma voz dizendo que devia deixar eles irem. Era uma voz familiar... - ela parou talvez temendo continuar.


Harry a olhou cada vez mais preocupado. Hermione não ia mentir, é claro, mas acreditar em vozes...No que ele estava pensando? Ele mesmo não havia escutado o basílico quando ninguém mais tinha o feito? Harry tinha que acreditar.


- Familiar? - falou Harry sem saber realmente o que seria apropriado perguntar.


Hermione olhou ele perturbada, e quando respondeu sua voz tremia:


- É...difícil dizer. Faz muito tempo que não ouço a voz dele...Sinceramente achei que tinha esquecido...Mas quando ouvi agora me pareceu certo...Pareceu que ele estava ali, como sempre esteve... - sua voz começou a se dirigir não a Harry, mas a ela mesma - Engraçado...Eu podia jurar que estava em Hogwarts, que nada daquilo tinha acontecido...Apenas um sonho ruim...Bobagem minha. - ela parou rapidamente como se voltasse de um transe e olhou para Harry com ferocidade - Era a voz do Rony.


Demorou algum tempo até que Harry percebesse de quem se tratava. E quando o fez, a simples idéia de que Hermione tivesse ouvido Rony era...absurda. Harry colocou a mão na testa de Hermione, estava febril:


- Hermione, é melhor irmos embora...Não há mais nada a fazer aqui. - disse Harry. - Vou avisar alguém, você fica aqui. Não saí, certo?


Ela balançou a cabeça positivamente. Harry seguiu ao encontro de um grupo de agentes de aparência mais importante, suas vestes eram pomposas assim como suas atitudes, quem sabe se ouvisse alguma coisa de interessante...:


- É ridículo, Engus. Não me venha com essa teoria de novo...Principalmente com tantos jornalistas por perto... - dizia um com chapéu pontudo e nariz torto enquanto Harry se aproximava.


- Acredite no que quiser, Foster. Eu tenho certeza. A ousadia, esperteza...E obviamente as máscaras! Eles são comensais! - respondeu com voracidade Engus. - Devemos chamar os Aurores! AGIR!


O restante dos bruxos parecia estar olhando Engus como se olha uma maçã podre.


- Não seja idiota, para eles só restou Azkaban ou o cemitério. Não sobrou nenhum. - outro bruxo disse abruptamente. - Eu digo que são bruxos das trevas, é claro...Mas sem relação nenhuma com...Bem...Vocês sabem quem. Pura bobagem.


Harry se afastou, aquela conversa não ia levar a nada. Ao fazer isso, ouviu a voz de alguém chamá-lo:


- Sr.Potter! Pode vir aqui um momento? - era Raymond entre uma das fileiras da platéia, Harry foi em sua direção. Havia mais dois agentes com pouco mais de 20 anos, com expressões sérias no rosto. - A srta.Hermione está bem?


“Estranho você perguntar mas...”


- Ela está bem. - respondeu Harry, mesmo duvidando disso - Por que?


Raymond indicou com a cabeça para que os outros dois bruxos saíssem de perto, ambos o fizeram. E assim que se afastaram o suficiente, o agente falou em um tom baixo:


- Ela parecia estar...delirando...Por acaso o seqüestrador lançou algum feitiço nela? - perguntou em um tom que o fez parecer a Harry, genuinamente preocupado.


- Não...


- Então...O que houve? Ela está doente? - perguntou passando a mão no cabelo


- Acredito que não. Mas eu na verdade queria de perguntar se ela e eu podemos ir? Ou será que ainda vai precisar de nós?


Ele balançou a cabeça negativamente:


- Não...Acredito que não. Qualquer coisa, entrarei em contato. - disse ele voltando ao seu estado formal - Bem, se me dá licença.


Ele se juntou aos dois agentes enquanto Harry se dirigia a Hermione, agora agindo de uma forma totalmente diferente...



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- Harry...Você não prestou atenção naquilo que eu falei lá, não? Eu estava confusa...Acho que não comi direito esses dias. Não leve a sério certo? - disse Hermione saindo da lareira de sua casa, acompanhada de Harry. Tinham acabado de voltar do FAF.


Ela estava totalmente envergonhada...Como podia ter passado papel de boba daquele jeito? Vozes? Rony? O que tinha dado nela?


- Como não levar a sério? Hermione, o que você disse...é...


- É besteira! Harry, sinceramente, você não acha realmente que eu escutei...o Rony?! Ele está morto...e você bem sabe que não virou fantasma...Nós mesmos procuramos...


Hermione observou Harry sentar no sofá de sua sala quieto. Provavelmente lembrando do tempo em que suas vidas ainda giravam em torno da morte de Rony. Finalmente ele falou:


- Ele morreu, eu me lembro, e não virou fantasma, me lembro disso também. O que foi mesmo que disseram na época? “Ronald Weasley não tem assuntos pendentes ou morreu feliz. Não houve aparições dele na Inglaterra”.Morreu feliz. - Harry falou claramente enraivecido - Mas Hermione, não importa se você ouviu Rony ou até mesmo o próprio Voldemort...Não é com isso que estou preocupado...Mas sim que você ouviu alguma coisa que ninguém mais ouviu.


- Então, o que você quer dizer é que eu estou louca? - respondeu Hermione sentida.


Harry não respondeu. Hermione se sentou no sofá à frente de Harry, se sentindo um trapo. Não só todo o ministério achava ela louca, Harry também.


- Hermione...Desculpe. Eu não quis dizer isso. - ele se levantou mudando de assunto - Eu acho melhor você ir se deitar...É tarde.


- Você vai voltar para o hotel? - perguntou Hermione, contente com a mudança no rumo da conversa - Não acha melhor passar a noite aqui?


- Eu não sei...


Hermione olhou para ele tristemente:


- Por favor, Harry. Eu não sei o que aconteceu comigo...E...


- Tudo bem. Não vou incomodar?


Hermione sorriu:


- Claro que não. Só deixe eu pegar minha varinha e conjurar alguns cobertores...Você não se importa de...


- Dormir no sofá? Não - ele sorriu - Principalmente nesse sofá, seus pais tinham bom gosto.


Hermione conjurou um travesseiro e outras roupas de cama, e enquanto arrumava o sofá falou:


- É verdade... - Hermione terminou a arrumação - Será que podemos ir até o Departamento de Execução, para ver se conseguimos descobrir algo mais?


- É uma boa idéia, não sei se eles vão dizer algo para nósnós. Mas vale a pena
tentar... - Harry andou até uma das janelas da sala, olhando atentamente para
fora.


Hermione se juntou a ele:


- Você ainda não me disse como sabia do que ia acontecer no FAF... - começou
Hermione.


Harry então contou tudo que tinha feito naquele dia, sobre as pesquisas e
sobre a visita ao cemitério:


- Então você acha que eles estão atrás de bruxos que combateram Voldemort na
primeira guerra? - perguntou Hermione depois que Harry tinha terminado.


- Estão, não. Estavam...Hyde era última na lista. - interrompeu Harry com
seriedade.


- Mas, por que? Por que eles estavam atrás dessas pessoas? Apenas Voldemort é
a ligação entre eles. Suas habilidades...Profissões, perfil e físico são
diferentes! Não faz sentido. O que vai acontecer agora que terminaram a lista?


Harry virou o rosto para a janela novamente:


- O quer que seja vai ser logo. Precisamos de alguma pista...Amanhã você
trabalha não?


Hermione encolheu os ombros, e para surpresa de Harry disse:


- Deveria, mas não sei mais. Acho que vou ir apenas para avisar que vou tirar
alguns dias de “folga”. Não que seja uma folga.


Harry não disse nada. Os dois então ouviram as badalas de um relógio
anunciando a meia-noite. Sem mais forças para manter os olhos abertos, ambos
foram dormir.


Assim que o dia amanheceu, Hermione levantou, sem ter coragem de ficar mais
que um minuto na cama. Podia ouvir a respiração suave de Harry vinda da sala.
Enquanto se trocava, não podia parar de pensar naquela voz...Claro, era uma
bobagem, mas como ela desejava que realmente fosse Rony...Quem sabe...Poderiam
se falar novamente, falar finalmente o que ela sempre quis ter dito. Descobrir o
que tinha dado de errado...Se ele estivesse vivo...


- Hermione? - era Harry chamando da sala. - Acho que vou com você para
ministério, tudo bem?


- Tudo bem. - disse brevemente Hermione.


Após uma breve pausa ele falou novamente:


- Eu acredito em você, Mione. Você sabe disso, não?


Hermione não respondeu. Continuou a arrumar com a varinha sua cama:


- Eu só fiquei preocupado...


- Harry o que vai querer para o café? - cortou Hermione indo para sala.


Quando entrou, viu que Harry já estava vestido, mas ela não parou lá, foi
direto para a cozinha de lá pode ouvir a resposta de Harry:


- Uma torrada seria bom...Mas não precisa se incomodar.


- Uma torrada então. *


Harry se juntou a ela na cozinha e os dois tomaram café em silêncio, quando
todas as xícaras e pratos estavam vazios Hermione deixou que mágica os lavassem,
e Harry e ela seguiram para o Ministério aparatando. Quando chegaram o
departamento de Hermione estava o que se podia chamar de caos controlado, haviam
agentes de todos os tipos verificando mesas, entrevistando funcionários e, é
claro, tomando café. Assim que Hermione pisou no lugar, com Harry logo atrás, um
agente a parou:


- E quem é a senhorita? Só pessoal autorizado pode entrar aqui.


- Trabalho aqui, Hermione Granger. - ela respondeu seca - Preciso falar com
Harley,


O homem a olhou estranho mas mesmo assim deixou ambos passarem. Hermione não
perdeu tempo, foi depressa para o escritório de seu chefe com Harry ao seu
encalço. Havia dois homens de aparência imponente conversando com Harley, mas
isso não a impediu...Interrompeu a conversa:


- Só queria avisar que hoje não vou trabalhar, problemas pessoais para
resolver. - ia ir embora, mas uma idéia lhe surgiu uma idéia - Preciso da chave
das pastas vermelhas...Agora, se possível.


Harry e Harley olhavam Hermione surpresos com sua atitude, enquanto os
agentes a observavam desconfiados. Mas que isso importava? Precisava descobrir
como aqueles loucos raptaram tanta gente, e descobrir como entraram e saíram dos
lugares, isso ajudaria com certeza, talvez eles até encontrassem os
seqüestrados, se ainda estivesse vivos.


- Ah...Certo, Granger. Se você quer assim - balbuciou Harley - Mas ainda
precisa ser interrogada por esses homens aqui...O mais rápido possível - ele
completou com um olhar de “Faça ou rua”.


- É, é...Mas agora não. E a chave?


- Hermione...? - Harry começou, mas Hermione o interrompeu.


- Depois, Harry. Quero a chave.


Harley lentamente abriu uma das gavetas de sua escrivaninha, de lá retirou um
molho de chaves de vários tamanhos e cores. Ele estendeu o braço devagar, mal
tinha terminado o movimento e as chaves já estavam na mão de Hermione, e mal
essas estavam em suas mãos e ela tinha saído da sala. Não esperou por Harry, mas
algo lhe dizia que ele estava logo atrás dela, ainda mais preocupado. O que ela
podia fazer? Nada, ele que se preocupasse. Em poucos segundos, ela estava na
porta do arquivo de pastas vermelhas, nessas pastas estavam feitiços ainda em
testes ou em desenvolvimento. Abrindo a maçaneta com rapidez ela entrou na sala,
abriu várias gavetas, procurando por qualquer coisa ou alguma coisa especifica,
ela não sabia:


- Hermione! - Harry tinha a pego pelo braço e a feito virar e ficar cara a
cara com ele - O que...por Merlin...está acontecendo!? Você deixa seu chefe em
uma situação terrível, ele estava com agentes Hermione! Agora eles vão acharam
na melhor das hipóteses que você é arrogante e falsa! E agora isso! O que está -
acontecendo?!


- Eu não sei do que você está falando, Harry...- respondeu Hermione irritada
tentando se soltar - Está tudo ótimo...Só estou procurando algumas pastas...E
veja só! Justo a pasta daquele feitiço que vimos sendo usado na Toca está
faltando...


Devagar Harry soltou seu braço, mas manteve o rosto sério:


- Quem tem autorização para entrar aqui? - ele perguntou.


- Harley, eu...E só. Mas isso não quer dizer nada, alguém pode ter roubado as
chaves e entrado. Qualquer um pode entrar na sala dele. Principalmente quando
ele vai almoçar...


- E tem outras pastas faltando?


- Além dessa, acho que duas, mas não posso me lembrar de todas que estavam
aqui. Um feitiço de barreira e outro para aumentar por tem limitado as
capacidades mágicas...Ambos não passaram do papel...O segundo foi vetado pelo
Ministro...Além de ser muito perigoso se usado por bruxo das trevas, também
afeta a mente, leva a loucura...Em teoria pelo menos.


- Isso explicaria porque eles são conseguem repelir vários feitiços -
concluiu Harry - Teria algum meio de descobrir exatamente qual feitiço eles
estão usando para se deslocarem? E quem sabe conseguir rastrear eles?


- Talvez. Sei que todos os feitiços de locomoção daqui são versões alteradas
do aparatar...E nosso padrão é fazer o feitiço em si, além de seu dispositivo de
rastreamento... - Hermione olhou a data dos armários onde faltavam pastas - Me
parece que todas as pastas faltando são de projetos recentes...Portanto, seria
lógico se fosse um feitiço recente...


Harry esperou que ela lembrar, o que não demorou:


- Hicevados... - ela disse finalmente - Com certeza...Seria um tipo de
transporte familiar, conseguiria aparatar um número razoável de bruxos. Mas no
teste, as mentes das pessoas não combinavam, cada um pensava algo...Quase que um
para da China... - terminou Hermione.


- Lembro que no dia um agente nos disse que o feitiço se aproveitava de uma
falha no PAT...Você se lembra de alguma coisa relacionada a isso?


- Bem...É possível que ao invés de aparatar um grupo para um outro local, ele
aparate em um outro tempo...Ou seja, invadiria um local com PATs, mas não
sei...Não faz sentido. Eles eram bruxos, poderiam ter entrado direto.


- Quem sabe é porque não tinham convites - sorriu Harry.


Depois de mais algum tempo revistando gavetas, Hermione não lembro de nada
mais que pudesse estar faltando. Então, fecharam a sala, devolveram as chaves
sob olhares desconfiados e foram para o Esquadrão de Execução das Leis Mágicas.
Ficavam em um outro prédio próprio, já que era enorme e possuía não só uma
delegacia como também uma prisão temporária e um tribunal. Mas os dois não
estavam ali para fazer um tour e sem demora foram procurar Raymond, o único
contato, mesmo que longínquo, que tinham ali. Uma agente os levou para a sala do
capaz, era pequena e praticamente vazia, a não ser por uma estante e uma mesa.
Raymond ficou surpreso com a visita:


- Sentem-se, por favor - ele pediu, os dois o fizeram. - O que posso fazer
por vocês?


- Será que você tem alguma novidade sobre os últimos acontecimentos? -
perguntou Harry


Raymond se mexeu na cadeira, incomodado:


- Bem...Infelizmente não. Desde o que ocorreu ontem à noite, temos agentes
por toda Inglaterra procurando suspeitos, mas nem temos uma pista sequer.
Sabemos que todos esses bruxos...tem algo em comum...


- Voldemort - interrompeu subitamente Hermione.


- Erm...É...ele - falou Raymond incomodado, percebendo a presença de Hermione
- A srta. Está bem?


- Estou, obrigada


- Se vocês sabem, com certeza a primeira coisa que fizeram é procurar por
ex-comensais, não? - perguntou Harry.


- Exato...Mas a questão é que todos morreram ou estão em Azkaban, incapazes
de falar, o que realmente os exclui.


Harry e Hermione se entreolharam:


- Gostariam de um gole de café? - Raymond perguntou - Srta. Granger, você
parece que precisa, se me permite dizer, está pálida.


- Ah...Tudo bem, eu adoraria - respondeu Hermione, parcialmente contente com
a preocupação do agente.


- Eu também agradeceria. - disse Harry.


Raymond se levantou, e saiu da sala atrás dos cafés. Logo que o fez, Harry se
levantou, encostou a porta e começou a revistar as gavetas da escrivaninha:


- Harry! - estremeceu Hermione - O que você está fazendo?


- Revistando! - respondeu Harry enquanto abriu uma segunda gaveta - Ele está
escondendo algo, Hermione, tenho certeza. Vigie a porta!


Hermione relutantemente se levantou e entreabriu a porta, olhando para o
corredor vazio. Demoraram alguns minutos até que Harry soltasse uma exclamação
de triunfo:


- Achei! - ele segurava um pequeno bloco de notas - “Seqüestros, Voldemort,
Iluminados - investigar” - ele leu em voz alta animado. - Tem um endereço e um
nome “Madame Selene - Iluminada”


- Iluminados?


- Também não sei o que são, mas vamos descobrir. Continue vigiando a porta,
vou copiar o endereço.


O tempo de fechar todas as gavetas e sentar novamente nas cadeiras foi
rápido, mas quase não o suficiente. Raymond entrou logo em seguida com dois
copos de café. Hermione e Harry tomaram rapidamente e sem delongas se
despediram. Ao saírem do prédio, procuraram um local vazio e longe da vista de
trouxas para aparatarem. Chegando no endereço, era um tipo de acampamento de um
típico circo...Havia várias tendas e trailers. Ao perguntarem a um domador de
leões sobre o nome que encontraram na nota, o homem apontou para uma tenda de
estampa estrelada onde havia uma placa com o nome “Mortos de Selene”.




Harry e Hermione entraram na tenda, a cortina atrás deles se fechou.O lugar
era minúsculo, quase totalmente escuro, havia duas ou três velas iluminando o
local. No centro havia uma mesa circular coberta por uma toalha roxa escura, em
cima uma bola de cristal, nela podia se ver nuvens cinzas e uma lua brilhando:


- Sentem-se, por favor, irei aí em um minuto. - uma voz ressoou sem dono
aparente.


Os dois obedeceram. Se sentaram nas duas cadeiras à frente da mesa circular e
logo que o fizeram uma mulher aparatou na cadeira do outro lado. Era alta, com
os cabelos brancos presos em tranças, usava muita maquilagem escondendo os
sinais da idade, Harry deduziu que tinha por volta de 60 anos. Ela falou
novamente:


- Acredito que vocês estejam aqui para uma leitura? - ela perguntou sorrindo
para os dois - Já vou avisando que meus serviços são muito..digamos...restritos.
A comunicação com os mortos, custa caro...


Harry entendeu onde ela queria chegar e tirou do bolso 30 galeões. A
iluminada abriu um sorriso deixando seus dentes caninos aparecerem:


- Muito bem então. - disse enquanto ao toque de sua varinha fazia o dinheiro
desaparecer - Preciso do nome, idade, local da morte e...


- Não estamos aqui para nos comunicarmos com os mortos - interrompeu Hermione
cética - Queremos lhe fazer algumas perguntas sobre os Iluminados...


A atitude da iluminada mudou totalmente, o dinheiro apareceu novamente com
Harry:


- Eu não respondo perguntas sobre isso... - sua voz tremia um pouco - Agora,
se é só isso que querem sugiro que saiam, tenho outros clientes esperando...


- Ou você responde as nossas perguntas, ou simplesmente vai ser presa - disse
Harry friamente.


Ela olhou irritada para Harry, talvez pela primeira vez notando sua cicatriz.
Quando falou, sua voz estava firme:


- 50 galeões, e respondo todas suas perguntas, sr.Potter.


Harry colocou a quantia na mesa:


- É um trato então. - Harry disse enquanto ela guardava o dinheiro com a
varinha novamente. - Queremos saber o que exatamente são os iluminados.


A iluminada se ajeitou na cadeira, claramente incomodada:


- Uma seita...Uma sociedade...Uma religião...Todas se aplicam...Ninguém sabe
como começou realmente...Talvez durante aquela ridícula caça às bruxas, não sei.
O fato é que como há bruxos que entendem os céus ou conseguem enxergar uma vida
inteira em uma folha de chá, há outros que conseguem falar com os mortos...É
simplesmente uma habilidade que se nasce com. E é claro que quando é uma
habilidade só existe em uma minoria, essa minoria é ignorada, temida e...


- Exilada. - completou Harry, compreendendo as palavras da mulher.


- Exato. A única maneira de sobreviver é se unir. Foi o que eles fizeram.
Antes não tinham nomes, agora são todos Iluminados. Um nome irônico para quem
vive se escondendo.


- Mas...Falar com os mortos? Como? - perguntou Hermione.


- Como? Nem eu sei. Só podemos. Dizem que os espíritos com quem falamos não
morreram realmente...Ou se morreram, estão presos entre esse mundo e o
além...Podemos procura-los e deixar que eles falem por nossos corpos, mas
normalmente eles vêem a nós primeiro, principalmente quando somos crianças
ainda. Tentam nos chamar, alguns estão se sentindo sós, outros estão com
raiva...Cada um tem sua história, mas quando você é criança tem medo demais para
ouvi-las. Lembro do primeiro, foi no enterro de minha avó. Estávamos toda a
família olhando o caixão descer para dentro da terra, quando senti alguém
tocando meu ombro, tinha 5 anos, olhei para cima e apenas vi um rosto com um
sorriso aberto, ele disse “Aqui se faz, aqui se paga.” Quando contei a minha
mãe, ela achou que estava abalada com a morte, ignorou totalmente o que disse.
Por isso, srta, não sei como nem porque consigo ver e falar com eles, não são
fantasmas, não são defuntos...E provavelmente não estão no paraíso também. Eles
estão aqui...Nem eles mesmos sabem o que fazem e o que são...


- Almas perdidas... - falou Harry em voz baixa.


- Talvez.


- E quanto os Iluminados? Pode nos dar detalhes de como funciona? - perguntou
Hermione, desviando do assunto mórbido.


- A partir do momento que uma criança manifesta o dom, um homem com vestes
negras a leva para uma reunião do grupo. Aquela vai ser a primeira de muitas...O
que se passa na reunião é diferente para cada um. Eu fui iniciada com uma
explicação simples, era muito pequena para entender a importância de tudo. Em
resumo: há um conselho de cinco iluminados, é dito que suas habilidades são
infinitas. Todos devem obedecer eles, em troca, não há jornalistas nem agentes
do ministério os julgando ou acusando. E é claro, a população mágica os ignora
completamente graças à isso, viraram lendas e estórias para fazer criança
dormir. Se isso é bom, deixo a vocês decidir. As regras que os iluminados devem
obedecer asseguram que todos permanecem incógnitos. Não se pode nunca utilizar
seus poderes sem autorização, não se pode falar sobre Os Iluminados e o que
são...jamais....


Harry olhou para Hermione...Ambos pensavam a mesma coisa:


- Mas você está falando agora... - começou Hermione


A iluminada abriu um sorriso amarelo:


- Para todos os efeitos eu sou apenas uma cigana trouxa que vive do dinheiro
dos ignorantes e curiosos. Não sou mais uma iluminada, e não sigo as regras
deles. Tenho outros meios de me manter oculta.


- Encontramos você graças a uma anotação no ministério...Quem sabe para se
manter oculta você segue as regras deles agora? - sugeriu Harry.


- Acertou em cheio, sr. Potter. Em troca de algumas informações sobrevivo
fora dos papéis, e escondida. Será que respondi todas as perguntas agora?


- Ainda não. Queremos saber o que o ministério quer com você, o que eles
perguntaram a você para ser exata. - falou firmemente Hermione.


- Ah...Cinqüenta galeões não cobram isso...


- Quem sabe se perguntarmos de forma diferente. O que você sabe sobre os
seqüestros que vêem acontecendo esses últimos meses? - perguntou Harry.


A iluminada olhou desconfiada para os dois, mas mesmo assim respondeu:


- Eu apenas sei o que me contaram. Ocorreu um outro seqüestro, um dos cinco
iluminados do conselho. Talvez o mais poderoso. Foi abafado, é claro. Há
suspeita de traição de próprios iluminados...É tudo que sei. Se quiserem
descobrir mais sugiro que visitem o Hospital St.Mungus.


A mulher parecia estar sendo sincera, mas a informação não esclarecia
nada....Se o Ministério apenas sabia isso, estavam na mesma situação dele e de
Hermione, sem nenhuma pista. Também não entendia em que ir ao Hospital iria
ajudar os dois. Mesmo assim, seguro de que não havia nada mais a se fazer ali
ele se levantou, seguido por Hermione. Quando viraram as costas para a
iluminada, ela falou em uma voz estranha:


- Foi interessante falar com vocês três.


Harry se virou para ela surpreso:


- Três?


A iluminada sorriu mostrando seus dentes amarelos, depois desapareceu em
pleno ar.


Nota da autora: Quanto papo furando não? =_= Esse foi um capítulo muito chato
de fazer, exceto pela última parte...Corri muito, eu sei...Mas quem sabe isso
não é bom? O_o

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