Conseqüências Nunca Vistas

Conseqüências Nunca Vistas



Notas Iniciais:

Estou de volta! E muito feliz por vocês tb estarem acompanhando a continuação :)! Pouca gente comentou o último cap, mas tudo bem! Eu persisto, sou brasileira e não desisto nunca! Bem, talvez... Errrr, não dessa fic! Posso é esquece-la, o que quase ocorreu... Vamos à fic!

Olho Azul Apresenta:
Euforia e Frustração


Capítulo 2 – Conseqüências Nunca Vistas


Todos os alunos terminavam suas refeições quando uma coruja negra penetrou pelo salão repleto de rostos curiosos. A ave voou até a mesa grifinória e soltou seu conteúdo entre os alunos mais velhos. Pétalas flutuaram enquanto o buquê pousava justamente sobre o espaço vazio antes ocupado pelo prato da jovem Weasley.

-QUEM FOI O BABACA?-seu irmão gritou, apontando para o belo arranjo de rosas-chá.

-Fale mais baixo...-Hermione disse, olhando ao redor. Mas era inútil, toda Hogwarts sussurrava rindo discretamente.

-Talvez algum maluco, pois pra se meter com Gina Weasley, hihihi!-Simas disse, mas logo pediu desculpas ao olhar melhor o irmão da dita-cuja.

-São lindas...-a própria declarou encantada. Nunca havia recebido flores, muito menos rosa e menos ainda publicamente. Sabia que estava bastante vermelha e que ainda era observada por todos os estudantes, mas tinha que se fingir alheia.

Cheirou-as todas e contou mentalmente. Eram 20 mimos no tom mais lindo que ela já avistara. Revirando mais um pouco achou o cartão. Retirou-o, secretamente, e exibiu o presente vitoriosa.

-São maravilhosas!-falou claramente, olhando para o irmão, Hermione e Harry, que tentavam sorrir educados.

-Que bom que tenha gostado...-Harry levantou-se. -Eu tenho que ir... Err... Estudar. Boa noite!

-Certo...-Gina respondeu, sentindo-se estranha. Mas por que era ela quem sentia aquilo enquanto quem agia de tal forma era o moreno?

-Ei!-Rony gritou - Você não acha esquisito receber isso assim do nada não, é? Tá namorando escondido de novo?

-Calma! Eu juro que posso explicar!

-Então prossiga...

-É um admirador secreto!-disse, mas logo se arrependeu. Suas bochechas coraram ao notar a bobagem que cometera e logo inventou qualquer desculpa, retirando-se.

-Você viu, Mione? Tem um idiota atrás da minha irmã e vocês duas nem me dizem nada!

-Mas... Nem eu sabia...-Hermione respondeu, vendo as costas da ruiva se afastarem cada vez mais.

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Um vulto caminhava pelas sombras, seguindo a aluna. Podia ver como suas bochechas estavam vermelhas enquanto corria deixando umas pétalas marcarem o caminho. Achou-se, por um segundo, frente a uma coleção delas e pegou um par em sua mão.

"Acho que a Maria está marcando o caminho de casa pela floresta... Não sabe que aqui tem um lobo mau faminto?" o loiro pensou com um sorriso, a única coisa que se iluminava mesmo nas trevas.

Continuou a discreta perseguição quando notou que sua presa havia parado em um canto bem isolado. Não reconhecia que lugar era aquele do castelo de Hogwarts. Conhecendo muitos esconderijos tinha que dar o louro à ruiva: aquele era bem peculiar.

Ajeitou-se a um canto e suspirou, cansado. Seus músculos estavam tensos e sua boca seca; se a moça o percebesse, não possuiria desculpa alguma escondida na manga.

"Okay, Draco, agora sem barulho... Qualquer chiado pode chamar atenção com esse silêncio mórbido," pensou, aconselhando-se. Aquela parecia ser uma torre desocupada até pelos animais noturnos. Parecia até mal assombrada. "E, também, sem pensar em coisas estranhas. Eu tenho que saber o que há com ela!"

Gina pegou um cartão e parecia lê-lo.

"Então... O que acha dele? Sente-se lisonjeada? Encantada?" Draco se perguntava, fechando os punhos frios e suados.

A moça deu um pequeno sorriso e aquilo foi o bastante para o jovem sair daquele lugar.

Tinha de encontrar o tal maldito naquela mesma hora!

Correu pelo mesmo caminho da ida e escaneou todos os lugares possíveis para o idiota se esconder. Com certeza, era o que fazia no momento: ocultando-se num local desconhecido, pois, se Malfoy o encontrasse, Malfoy o comeria vivo.

A distração na janta com a tal coruja negra fora o bastante para sua janta ir parar no estômago de Goyle. Aquela visita não fora nada benéfica ao seu apetite naquela hora.

Harry se encontrava no jardim, perto do campo de quadribol. Andava com os olhos nublados e a cara fechada.

"Pensativo; é, heroizinho?" o loiro saiu de sua toca e apareceu, repentinamente, em seu caminho.

-Malfoy? O que é...?-o bruxo perguntou, logo abrindo um sorriso.

-Já sabe?

-Creio que tem a ver com seus planos... Eu os estraguei.

-Quem pode dizê-lo? A ruiva pode te rejeitar.

-Ela até pode. Mas entre nós dois... Você realmente acha que ela vai cair na tua teia?

-Teia...? Não, nisso ela não cai. Não pretendo armar nada esguio para alguém tão delicada, Potter. Isso é contigo. Meu plano está indo muito bem e-

-Se o está, que faz aqui?-aquele que sobreviveu sorriu ainda mais.

O punho de Draco cerrou-se pronto a algo, mas fechou os olhos e contou até cinco.

-Eu é que não caio na sua teia, Potter... Não, mesmo -disse, também sorrindo. -Observe, bruxinho, este é o verdadeiro sorriso de vitorioso. Mas não se preocupe... Vai poder vê-lo muito ainda; uma pena que terá ocasião para usá-lo, também. - Afastou-se uns passos e, ainda de costas, gargalhou, dizendo: -Que truque furado... Um admirador secreto? Esperava mais de você, grifinório; uma coisa tão ultrapassada dessas.

Saiu, satisfeito por conseguir manter sua pose. Mesmo com o truque piegas, ele conseguira arrancar sorrisos da jovem.

-ARGH!-desabafou.

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Gina levantou-se, fez sua cama, tomou um banho refrescante, escovou os dentes, pôs uma roupa bonita e olhou-se no espelho. Sim, de fato, estava com as bochechas mais róseas que de costume.

"Há quanto tempo não me vejo tão animada?" pensou. Não era euforia, era apenas ânimo. 'Anima', alma, vida! "Estou cheia de vida; que tola sou," sorriu-se ao reflexo.

Saiu do quarto compartilhado e desceu as escadas, sentando-se em um dos sofás da sala principal de sua Casa. Olhou por toda a parte; onde estaria?

Pensou nas flores que enfeitavam seu dormitório e suspirou. Eram as mais lindas que já vira. Lindas! Alguns garotos desciam, conversando animados sobre a matéria que escolheriam para o baile.

-Harry! -a moça chamou um dos mais quietos, fazendo os outros darem discretos - ou nem tanto - risinhos.

-Gina? Errr... -ele se despediu da companhia e aproximou-se.

-Então foi você?Eu nem acreditei quando vi a assinatura!-Sabia que seu rosto queimava, mas tinha de lidar o melhor possível com a situação estranha.

-Pois é... Eu acho que me esqueci de pô-la no primeiro.

-Sim. Por que não mandou a Edwiges?

-Ah, os outros iam acabar pensando coisa errada. Já o fazem, né?

-Vamos tomar café juntos? Como falou no bilhete, faz tempo!

-Tenho toda a razão!-o rapaz brincou, acompanhando-a.

Conversaram sobre coisas banais no caminho. Era engraçado como havia se distanciado de seu primeiro amor desde que tudo esfriara. Mais ainda, o que sentia ao seu lado; uma certa excitação, a mesma de quando acordara. Fazia tempo que não se apaixonava...

-Gina -Potter mudou bruscamente o tom ordinário da prosa- Podemos fazer um desvio?-

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Draco havia acordado cedo, se é que poderia chamar de "acordar" a sua insônia. Mal ficara na sala comunal e já saíra para uma caminhada antes do café. O baile seria em uma semana e todos já falavam de seus pares. Ele tinha de convidar Gina e conseguir vencer o grifinório de olhos verdes.

Andava feito embriagado. Sua cabeça parecia estar sendo esmagada dos dois lados; era tanta pressão que temia um suco cerebral escorrer pelas suas cavidades. Doía. A única mensagem que o corpo recebia de cima era a de que a nave estava em pane.

Encostou-se a uma parede de um corredor raramente freqüentado. Som de pessoas... Aquilo fazia a vista turvar. Era a sensação de, após dias noites lendo assuntos tediosos num quarto mal-iluminado, sair frente a pleno amanhecer. Doía.

Suspirou lembrando-se de quanto tempo perdera discutindo com seu ego. Lovegood estava certa: a única forma de convidar a pequena Weasley era se aproximar dela. A lunática estava ridiculamente certa.

De início, previra chamá-la, sem revelar sua identidade, a partir da própria amiga; no entanto... Era óbvio que a moça não era tão desesperada. Pior: Potter, uma vez mais, decidira salvar o dia e meter-se em seu caminho.

Com a mente em um turbilhão de problemas, só pensava em quão pouco tempo lhe restava. Tempo... Sentia calafrios ao repetir tal palavra de novo e de novo.

"Droga! Se o corredor pelo menos parasse de rodar..." reclamou para si, olhando o caminho por onde viera, "Argh, alguém vem vindo.

O som dos saltos indicava serem meninas. O que fariam em um canto tido como mal-assombrado?

-Malfoy?- Elas haviam parado na sua frente e a voz era familiar. -Vim falar contigo; que bom que já me adiantou e veio a um local mais privado.

-Granger? O que uma sangue ruim faz perto dos Sonserinos?-ele gesticulou a direção até a sua Casa.

-Poupe-me... É urgente demais para palhaçadas.

-É um ataque e Potterman está ocupado demais com Weasley Maravilha? - perguntou, vendo Hermione virar o olho, enquanto sua acompanhante o observava intrigada.

-E quem serão esses super-heróis? Papai os adoraria em sua revista!- Luna se animava.

-Francamente! Controle-se... - A grifinória voltou-se para encará-lo com um jeito nada amigável - E, por isso mesmo, é tão urgente que consertemos a sua... burrada - explicou, deixando claro que a última palavra era somente uma versão filtrada ao gesticular coisas piores - Ouça o meu plano e tente segui-lo pra variarmos um pouco esse script.

Draco não conseguia assimilar. Incrédulo, só pôde tentar segurar a parece nas suas costas para não deslizar até o chão.

-Onde eu entro nisso?-perguntou, engolindo seco.

-Siga até onde Gina está; cá pra nós: com Harry. Se bem entendi, ele tá pra convidá-la pra uma festa...

-Maldito! - o jovem esbravejou, saindo antes de ouvir o que fora bolado pela moça.

-Malfoy! ela gritou - Conquiste-a; já é tarde para amizades...

Ele apenas virou com um sinal de "okay" na mão e foi-se de vez. Luna continuou a observar a figura que aos poucos desaparecia.

-Aquela não é a direção contrária? - perguntou a corvinal.

-Ai... Espero que tudo que arquitetei baste pra dar o troco nesse convencido. Temo que tal estupidez arruíne meu logro.

-Bem, a gente podia usar um feitiço da minha revista... Eu li que é infalível!

Hermione decidiu ignorar tal sugestão.

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A barriga de Gina continuava formigando. Desde que Harry sugerira mudarem um pouco o percurso, os pequenos insetos andavam para lá e para cá dentro de seu estômago. A animação de antes continuava, mas o silêncio desse desvio trazia um inesperado mal-estar.

"Eu sabia que essa coisa me voltaria à cabeça..." a moça pensou olhando a expressão incerta no rosto do amigo, "Ele quer algo mais e não sei se devo permitir isso".

Continuaram andando até saírem do palácio para um local aberto onde as pessoas normalmente lanchavam nos intervelos entre as aulas. No momento, não havia ninguém, mas estar num local tão público trouxe um pouco de sossego à jovem: ele só iria conversar mesmo.

Sempre tivera medo de beijos roubados. Apesar de, secretamente, haver sonhado muitas vezes com daquele rapaz, não mais se achava desejar aquilo.

Sentaram-se em um dos bancos e Harry pareceu hesitar um pouco antes de expressar o que intentava.

-Bem... - ele tentou iniciar.

-Quer me dizer algo?-foi a única resposta que Gina deu à ausência de perguntas. Por menos que quisesse ouvir o que fosse, confessava que estava muito curiosa e aquela era uma forma de mostrar sua impaciência.

-Claro. É que... Vou ser direto: quer-

Um galho voador caiu no colo do bruxo. Ele olhou atônito para o objeto e em seguida virou a cabeça para todos os lados.

-Quem está aí?-a menina gritou, levantando-se com o susto.

Um vento frio começou a soprar naquela hora e somente seu barulho foi ouvido no local.

Ela levantou sua varinha para onde achava ser a origem do galho e olhou zangada para o rapaz que dali surgia.

-Malfoy?-Harry se também se erguera e o encarava.

-Pois é... Eu decidi não ficar assistindo de camarote essa demonstração patética de 'oh, meu amor'.

-E o que faz aqui?-o outro moço perguntou.

-Isso não diz respeito a sonserinos!-a rapariga falou enquanto via o garoto se aproximar cada vez mais de si.

-Mas diz a mim. Ele estava prestes a te convidar pro baile, e eu quero ser o primeiro. Vá comigo!

Gina piscou duas vezes e a ilusão não desaparecia. Esfregou as mãos em ambos os olhos fazendo movimentos circulares. Era um delírio meio absurdo, mas permanecia lá. Beliscou-se forte e, mesmo com a dor, não acordava de seu sonho. Apertou os dedos contra a pele de Draco com ainda mais força.

-Maluca! Por que fez isso? -ele respondeu, passando a mão sobre a vermelhidão.

-Você é o doido aqui, -Potter exclamou, -Gina, Malfoy está certo. E eu também pergunto: quer ir ao baile comigo?

A ruiva continuava boquiaberta; não haver tomado desjejum teria baixado sua pressão? Na sua frente estavam os garotos mais desejados da escola; sendo um o seu mais desejado da vida. Os dois a queriam? Por quê?

-Responda logo, Weasley - o loiro disse, passando a mão pelos cabelos de forma desleixada.

-Como pode pensar que eu trocaria o Harry por você?-ela disse o que primeiro veio na sua cabeça.

-Como? - respondeu, levantando uma das sobrancelhas e sorrindo maliciosamente, -Assim...

Sentiu-se puxada, firmemente, por um braço e, no próximo segundo, estava envolta num tempestuoso beijo. Era estranho aquele toque nada gentil como fora todos os anteriores. Não machucava, pelo contrário: suscitava vontades ocultas até a ela própria. Não só já retribuía com a mesma intensidade, como também segurava uma mão as vestes de Draco e com a outra os seus cabelos.

Ele apertava com força sua roupa na altura da clavícula, fazendo seus corpos se mesclarem ainda mais. Aquele contato intenso fez com que Gina até se esquecesse de que não estavam a sós. Ah, se estivessem...

Notando que Harry ainda estava ali, usou toda sua energia restante para afastar Malfoy de si e, vendo o outro bruxo pálido com o susto, soube que havia de raciocinar rapidamente: como ganhar tempo para computar o acontecido e não ter de explicar tudo?

Recuperou o fôlego, olhou apologeticamente para ambos e correu dali.

O vento batendo contra seu rosto quente era gélido. O cheiro do inverno pairava pelo ar mas os verões que começavam dentro de suas veias era muito mais intenso; muito. Sentia-se viva como nunca.

Parou repentinamente e encostou-se contra a parede externa de Hogwarts. O que era aquilo que pensava?

"Por Merlin! Fui beijada por Malfoy... E amei!"

Não acreditava no que sabia que desejava: dispensar Harry por aquele sujeito. E não tinha dúvidas... Confiava no amigo, sabia que nunca se machucaria com ele. Mas não mais se sentia assim, mesmo que ainda houvesse uma pontada a seu lado era apenas recordações da euforia de outrora.

Seu coração disparado, seu rosto em brasas, suas mãos congeladas... Era por outro! Um sonserino, uma doninha.

"Um Malfoy..." o rubro de sua face desapareceu ao perceber a gravidade do problema em que havia se metido; contudo, não planejava se livrar.

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Harry olhava para o caminho que Gina acabara de tomar; voltou-se para encarar Draco. Como aquele cara pôde se arriscar tanto?

-Estava tão desesperado assim...?-perguntou ao loiro, que ainda tentava se recuperar do que fizera.

-Não. Valeu a pena, mesmo que ela não aceite. -O rapaz sorria, ainda respirando forte.

Potter, enfim, conseguiu retornar do transe que o susto provocara e sentiu uma pontada de ciúmes.

-Pois eu acho que você perdeu, infeliz! Agora ela deve tá morta de nojo de você, assim como eu! - disse, aproximando-se do moço. -Como pôde ousar tocar Gina com essas suas mãos imundas de filho de Comensal da Morte, seu crápula? Só não chamo Rony pra me ajudar porque saber que a irmã foi maculada por um nojento como você o mataria de desgosto. Você vai ver, Malfoy!

-O que... O que vai fazer, Potter?-Draco perguntou, engolindo seco -Eu não te xinguei quando estava perdendo...

-Você ainda está, seu idiota!

PLAFT!

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Gina havia passado o dia todo em transe. Tanto Harry quanto Draco a convidaram para o baile; em pensar que a falta de par costumava ser seu problema. Até aquele momento, nem havia notado que o atual -e nem mais terrível- era escolher com quem ir. A maior perturbação era o beijo.

Abriu os olhos, percebendo que em vez de sonhar, passara a noite toda raciocinando, relembrando; revivendo. Seis dias para o baile; tinha de se decidir. Não só sobre seu acompanhante, mas sobre tudo.

Ir com Harry significaria tentar algo mais; um passado. Tão passado... Passado demais para se voltar.

Com Draco... Arriscar-se a esse ponto? Não era nada certo e, sim, uma loucura. Alguém devia tê-lo enfeitiçado, ou podia ser um desafio... No entanto, algo a dizia que não podia preferir Potter quando aquele loiro a havia levado ao céu com aquele beijo.

"Por Merlin..." pensou, trocando-se e já descendo para a Sala Comunal de sua Casa.

No sofá de frente para a escada outra moça estava sentada, encarando-a. Os cabelos castanhos e seus olhos afiados tão vivos como nunca.

"Eu me sinto uma presa," concluiu, engolindo a seco. Terminou de descer os degraus e caminhou até a amiga de Casa.

-Bom dia, Hermione!-fingiu não sentir o clima pesado.

-Gina... Eu sei que algo ocorreu ontem e não me pergunte como. Aliás, você sumiu de mente ontem, né? Sequer se lembra do que fez?

-Sinceramente?-perguntou e logo viu a jovem assentir, -Não muito... Eu tava meio aérea, né?

-Meio... Isso é eufemismo, certo?-Estava séria de início, mas logo abriu um sorriso. -Eu quero detalhes!

-Do- Do quê?

-Do que tá te deixando tão rubra como agora!

A pequena Weasley olhou de esguelha para um dos espelhos do local e acreditou ver um pimentão.

-Certo... -então, cedeu. -É que... Harry me convidou para o baile.

-Só isso?-Hermione pareceu surpresa demais.

-Bem, não. Mas, bem... O resto é ignorável, né?

-E o que seria?

-O Draco me chamou também.

-Ah...

-Okay, agora você tá me fazendo te estranhar, Mione. Quem imaginaria algo assim? Não era pra tá pelo menos boquiaberta?

-Errr... Eu, bem... Eu já esperava.

-Como?

-Não sou boba. Sei ver essas coisas.

-Quais? O Harry e o Draco me chamando ao mesmo tempo? Fala sério! Nem você... É alguma pegadinha tua? Como convenceu Malfoy? Hein?

-Calma; eu só sei. Mas... Que pretende fazer?

-Eu...

-O que quer fazer, Gina?

-Eu não sei! Não posso me envolver assim com Draco, um Malfoy! E Harry...

-Não vale a pena, né?

-Claro que sim! Mas eu não quero. Não é ele... Que faço, Hermione?

-Arrisque-se, ué? Digo, faça o que quer. Se já começar com o que não deseja, como pode ser uma escolha feliz?

Weasley sentou-se no sofá, ao lado da amiga. Pondo a cabeça entre as mãos, respirou fundo. O que ela lhe pedia era loucura! Fazia idéia daquilo?

-Ele tá armando pra mim, Mione. Não posso cair na dele.

-Faça como quiser. Mas se não tomar a decisão que quer... Bem, já é crescida pra saber que não serão boas as conseqüências. Não estou falando de seguir o coração; é só simples lógica!- Ela se levantou e esticou os braços para o alto. -Além do mais, se já sabe que é uma armadilha, por que não convertê-la a seu favor? Se até Harry entrou na tua... Malfoy vai ser fichinha se pretende abrir suas defesas. Até o café!

Gina ficou a olhar para o nada por uns tempos e sorriu para si própria. Ela tinha toda a razão! Um Malfoy nunca seria páreo para uma Weasley. Quaisquer fossem suas intenções, ela já estaria precavida.

Saiu confiante da sala em direção aos infames corredores e começou a memorizar como aceitaria o convite desse. Havia de confessar o quão se sentia animada com aquilo; por mais estranho que fosse seu par, era tão bom ter um.

Ele a beijaria de novo no baile? Qual seria a expressão de seu irmão quando visse os dois juntos, abraçados? Abraçados, juntos e beijando! Gina mal podia esperar os seis dias que pareciam passar tão letárgicos.

Desejava que suas pernas fossem mais rápidas e ela própria mais discreta, apressando-se pelos atalhos até o salão principal. Draco estaria lá, certo? Ou era um mimado preguiçoso? Mas sendo tão metódico como aparentava...

"Anda perninha, estique-se mais..." implorou-se, com a batata da perna queixando-se em retorno, "É tão bom me sentir assim! Mas essa espera me mata. Vai logo..."

Toda sorte de frases feitas, pelo contrário, voavam por sua mente. As situações imaginadas iam e voltavam tão rápido que não podia optar por alguma razoável. E, algumas vezes paravam, congeladas, dando lugar a uma câmera lenta do dia anterior. Sabia que muito daquilo eram só quimeras de menina adolescente, mas parecia que Draco havia descido de seu cavalo branco e a resgatado de uma torre alta de orgulho, cercada de espinhos da solidão. Agora ela reinava no país da euforia!

Em dois minutos, fizera o percurso de seis e, enfim, podia ver a mesa dos Sonserinos. Muitas cabeças conversavam coisas inteligíveis a uma ruiva ansiosa na busca daquele que sempre se destacava naquela massa disforme.

Caminhou, recuperando o fôlego. Com calma, logo o encontraria e diria que o esperava no baile. Era simples e discreto, não o deixaria saber o quanto ela se queimava por aquilo, certo?

No entanto... Onde estava seu príncipe? Príncipe? Não nas pontas, nem no meio, nem com os dois capangas - chamar aquilo de amigo era meio complicado. Fechou os olhos e voltou-se para a porta por onde ele sempre entrava. Abriu-os para nada ver - afinal, algumas meninas metidas olhando esquisito para ela, por estar a caminho da mesa errada, não era nada mesmo.

"Malfoy..."

Tanta pressa para encarar aquele atraso...

Duas mãos cobriram seus olhos, então. Seriam dele?

-Até que enfim!-Gina exclamou, virando-se e segurando ambas. Sorriu para o jovem à sua frente e quase sentiu seu queixo estatelar-se no chão.

-Estava me esperando?-Potter perguntou, com um meio sorriso.

-Err- Bem...

-Vamos pra mesa? Todos estão estranhando você tá perto dos sonserinos, hehe. Vim ver se estava tudo bem...

-Sim, tá sim,- mentiu, olhando para baixo. Não mais poderia falar com seu príncipe naquele momento. Mas ainda o veria no almoço! -Vamos?

-Ei... Você já pensou se vai comigo ao baile?

-Harry, eu...

-Calma! Eu não tô te apressando, só queria deixar claro que eu tô falando sério contigo. Pensa direitinho, viu?- Ele lhe sorriu, olhando sem jeito para suas mãos.

A ruiva deu um pulo para trás após perceber que ainda as segurava.

-Calma, não são venenosas...-o outro brincou, passando a direita, nervosamente, pelos cabelos negros.

-Eu sinto muito!

-Suas mãos são tão frias; sempre que precisar... He, he -tentou ele mais uma descontração e fez sinal para seguirem até os grifinórios.

-Certo...-Gina disse, evitando o iminente silêncio constrangedor.

As dele também eram meio frias. Comparadas às de Draco... Argh! Se não se contivesse, o príncipe mascarado ia fazer fritadinho de seu coração. Chega de besteiras!

"Mas as mãos de Harry sempre foram tão quentes..." mesmo assim pensou, sorrindo bestamente um "bom dia" a seus companheiros de Casa. E sentou-se para um café da manhã mal digerido.

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Duas moças caminhavam pelo castelo. Era horário de almoço e Hermione se apressava, puxando Lovegood pelo braço.

-Eu não acredito que Malfoy sumiu! Onde será que se meteu?

-Vai ver o Ogro da Floresta o capturou...-Luna sugeriu, mostrando a mão livre que portava a revista que seu pai sempre lhe mandava. Dizem que ele foi visto aqui por perto!

-Certo, vamos torcer então pra que o devolva vivo pra eu mesma ter o prazer de esfolá-lo! Ah, se pego aquela doninha... Adeus clã dos Malfoy! E tentarei garantir que Draco sobreviva pra ver o fim da própria família de sangue puro.

-Granger... Talvez ele esteja no salão dos Sonserinos.

-Grande idéia, mas adivinha o problema! Ou sua revista tem algum boato incluindo a maldita senha?

-Da caverna do Ogro?

-Claro... Essa também serve, -disse, parando para encostar-se a uma das paredes. Seis dias e ela já tinha convencido Gina a dar-lhe uma chance. Nunca mais contaria vitória antes do tempo; isso nunca fora algo sábio a se fazer, podia, naquele momento, comprovar.

-Acho que se observarmos bem esta foto aqui, podemos ter uma pista de onde fica...-a corvinal dizia, mostrando alguma montagem embaçada de fundo azul e um buraco mais escuro no centro.

-Já sei!

-Então vamos lá!

-Exato, você procura pelo jardim e eu vou pras masmorras. Se não o encontrarmos, denunciamos a algum professor. Afinal, ele não deve ter autorização para sair do colégio e, se tiver, saberemos, né?

-Mas o que o Ogro faria nos jardins?

-Malfoy! Procure o Malfoy e depois, se quiser, pode ir atrás do Ogro que quiser!

-Certo...

-Diga pra ele convidar Gina de novo, ouviu?-Hermione disse, já se direcionando para a sala de poções, mas a moça já havia flutuado para longe. Talvez, evaporado?

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A jovem estava sentada embaixo de sua árvore favorita. Fazia muito frio ali fora, mas o sol brilhava tão bonito que ela não podia deixar de desfrutá-lo. Qual seria a temperatura? Sentia-se triste demais...

"Droga! Tenho que me distrair..." Talvez uns cinco graus. Talvez um pouco mais... Não que se importasse, mas uma distração lhe cairia muito bem naquele momento.

Gina encarou Hogwarts, que revidava seu olhar à altura. Naquele dia não queria mais estudar ali. Assim não haveria mais baile algum, né? Nem conheceria Harry, nem Draco... O segundo nome fez seu estômago, mais uma vez, revirar-se.

Estava apaixonada? Só por causa de um beijo?

Harry... Ele a abordara durante o café, o almoço... Sempre se cruzavam. Queria uma resposta logo e o pior era que a ruiva sabia muito bem qual devia ser. Por causa do maldito beijo que Draco lhe roubara na véspera, ia desapontar um grande amigo.

Contudo, o sonserino havia sumido. Esperara o fim da aula de Poções da turma dele e nada. Hermione garantira que ele sempre ia lá, e nada! Como alguém pode desaparecer assim? Por que logo depois de lhe fazer o convite?

-DROGA! Eu não dou sorte com nada, né?-desabafou, levantando-se com um suspiro. Socou a árvore, desejando que fosse um certo loiro de olhos cinzentos. -Ai! Eu queria dando dar-lhe uma surra por bagunçar minha vida!

Até o beijo, ela podia ter suas dúvidas quanto a ser o correto ou não, mas também havia a certeza de que aceitaria acompanhar Harry. Que raiva era aquela? Que vontade latente era aquela? Malfoy... Como conseguiu transformar aquela vida pacata e solitária em algo tão inexplicável?

-Que bagunça...-concluiu, sentando-se uma vez mais e enroscando os braços nas pernas. Soltava um segundo suspiro enquanto descansava a cabeça nas coxas.

Se Draco a visse, o que diria? Debocharia. Diria que a conquistara tão fácil que perdera a graça. Que não podia crer que uma Weasley fosse tão flexível e oferecida.

-Sua calcinha de ursinho é uma graça.

A moça trocou a posição para uma mais pudica e encarou o rapaz à sua frente.

Um vento frio soprava forte e fazia os cabelos, normalmente alinhados, dançarem como que descompassados com algum ritmo. Um sorriso mais que debochado, repleto de malícia, flutuava na cútis mais clara que as nuvens do céu acima do casal.

-O que faz aqui?-Gina gritou, pegando a pedra mais próxima e arremessando-a contra o sonserino.

-Aquela garota aluada me mandou vir te ver.

-Não chame a Luna assim!

-Até você sabe de quem tô falando...

-Não quer dizer que eu concorde...-replicou, levantando-se do chão.

-E eu que não me importo nem um pouco com isso?

-Argh! Como pode ser tão irritante?

-É você que se irrita fácil, Weasley.

-Não mesmo! Quem sumiu sem deixar pistas... Tomou poção de invisibilidade ou algo assim... Aquele que esteve ausente por todo o dia foi você!-gritou, aproximando-se do moço e encerrou apontando um dedo que encostou na peitoral do outro.

-Não aponte! É falta de educação, -Draco falou, afastando seu indicador,-Que foi? Não vai me responder? Xingar? Dar um pontapé?

A rapariga apenas ficara ali quase que uma estátua. Outro vento frio soprou e ambos tremeram um pouco.

-O que é isso no seu rosto?-perguntou Gina, levantando o recém-afastado indicador até um dos olhos do rapaz à sua frente, -Parece meio inchado...

-Droga! Aquela maldita enfermeira não sabe nem sumir direito com um olho roxo! O dia todo pra isso? Você percebeu com um minuto de conversa... E não tem graça, ouviu?

Mas ela continuava rindo.

-Por isso desapareceu?-perguntou, tentando esconder o riso entre as duas mãos.

-Claro! Um Malfoy de olho roxo? É uma desgraça.

-Típico seu. -Então estendeu os dedos até o rosto do sonserino e acariciou de leve o local. Depois, estendeu-se, ficando na ponta do pé e beijou de leve onde sua mão estava. -Quando casar passa.

-Não tá doendo... Só é horrível.

-Eu te garanto que passa, -disse ela, com um sorriso faceiro. Voltou à altura normal e se afastou um pouco do rapaz.

-E sua mão gelada também? Ela tá um gelo, sabia? Sua família não tem dinheiro pra luva não? -Draco perguntou, mostrando a própria mão.

-Não sou muito chegada. Nem tá tão frio assim.

-Tá anoitecendo, ventando e quase nevando. Esse sol de fim de tarde tá quase gritando: "Olha a gripe aí! Também tem pneumonia... Quem vai levar?"

-Mesmo? Eu não ouço. Aliás, mudando de assunto... Que faz aqui?

-A alua- Errr... Lovegood pediu pra eu vir aqui.

-Pra quê?

-Pediu pra eu dizer algo sobre algum Ogro ter sido bonzinho comigo. Não me pergunte. Agora eu vou pra frente de uma boa lareira, já que me amo o bastante pra não ficar aqui fora por tanto tempo.

Gina observou o rapaz se virar e dar alguns passos até reunir a coragem para perguntar:

-O que houve com teu olho?

-Levei um tombo, nada de mais.

-Mentiroso!

-Você se importa tanto assim?-disse ele, encarando-a uma vez mais com seu característico sorriso.

-Claro que não! Só sou curiosa.

-Potter ficou com ciúmes e me socou por te beijar. Que descontrolado, né?

-Pare de inventar, Malfoy! Última chance...

-Como assim? Não minto. Bem, eu também vim saber se eu te busco na porta da sua Casa ou se nos encontramos no baile, -ele falou, tirando as luvas e entregando à confusa garota.

-Nenhum dos dois!

Draco franziu o sobrecenho.

-Como assim? Quer me ver em algum lugar mais privado antes, pequena Weasley?

-Eu te odeio, seu convencido mentiroso! Como ousa sumir? Logo hoje! E ainda volta com uma história cada vez mais cabeluda... Aposto que foi nesse lugar aí com alguma garota e ela notou a droga que você é! Ganhou o que merece, Malfoy!-encerrou, atirando as luvas. Em seguida, partiu pisando forte. A direção era oposta à do castelo.

O moço se deixou encostar à árvore, ainda sem entender muito daquilo. Só podia ser um belo de um mal entendido. Não se importava com ela não acreditar em quem era seu real agressor, mas achar que, um dia depois de convidá-la, havia saído para se divertir com uma qualquer? Tão baixa que lhe dera um soco no olho?

-Ela nem levou a luva... Devia ter dado o casaco; tá tão frio aqui.

Perguntava-se se era só o vento que fazia sua temperatura cair tanto. Tremia a cada batida de seu coração e o ar lhe faltava.

Sentou-se no lugar previamente ocupado por Gina, sem muito ânimo para voltar ao dormitório. Faltavam cinco dias a partir de então.

"Se Harry te contasse que eu bati nele, você acreditaria, né?" Muitos pensamentos similares lhe ocorriam, enquanto fechava os olhos com a cabeça apoiada contra o caule da árvore. "Se Harry te convida, você aceita, né?"

Seus olhos, de repente, sentiam algo quente nublá-los.

Continuará...

Anita ??/07/2005

Notas da Autora:

Nossa, esse é fim de mais um capítulo! Acho que só falta mais um, espero entregá-lo semana que vem, é só vocês pedirem hehehe.

Bem, meu e-mail de contato é e quem não se corresponder por lá, por favor, deixem um endereço pra eu agradecer, okay?

Agradeço à Miaka_ELA,à Priscilla Gilmore e à nat pelos comentários e a força. Claro, também a vocês por me suportarem até aqui e aos que ainda comentarão, ou aos que o fizeram e eu me esqueci deles. Acreditem, isso é comum O.O

Até a próxima!

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