Capítulo único



Eram nove horas da manhã. Draco Malfoy estava na estação de trem com uma mala exageradamente grande ao seu lado. Ele estava sentado em um banco de onde ele podia ver a porta da estação King’s Cross. Desde que se formara em Hogwarts o garoto não usara mais a estação, o que fora há mais ou menos um ano e meio atrás, e desta vez não viera pegar o expresso de Hogwarts e sim um trem trouxa.

Ele olhava de um lado para outro pensando: “Será que ela vai aparecer?” mas logo depois sua mente era invadida por um outro pensamento: “ela me odeia, é claro que não virá. Ela deve estar feliz por eu estar indo embora”. Enquanto esperava o trem que chegaria às dez horas, Draco ficou relembrando os últimos anos de sua vida... os únicos bons anos de sua vida...

*****


Era mais uma tarde chuvosa em Hogwarts. Draco estava andando em volta do lago, ignorando a chuva fraca que caía e ensopava suas roupas e seu cabelo. Não havia nada de especial naquela tarde a não ser, talvez, o fato de ser uma das últimas que passaria em Hogwarts. Faltava uma semana para o encerramento das aulas e ele estava no sétimo ano. Andava distraído enquanto pensava sobre o seu futuro como comensal da morte. Ele não tinha escolhido ser um comensal, aliás, ele não tinha escolha. O seu pai, Lucio Malfoy, havia decidido isso quando ele estava no quarto ano. Talvez não fosse má idéia, mas e se Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado falhasse de novo? Ele seria perseguido como seu pai fora... Esse era um risco que ele tinha que correr. Principalmente pela recompensa que teria. Ver, finalmente, o Potter Perfeito, a Granger Sangue-ruim e o Weasley Pobretão mortos.

Estava começando a escurecer quando ele entrou no castelo. O salão estava cheio, ele passou rapidamente e seguiu em direção as masmorras. Naquele ano o prof. Dumbledore o nomeara Monitor Chefe, junto com a Granger, mas ele não exercera suas funções da maneira correta. Normalmente ele acobertava os alunos da Sonserina, enquanto arrumava qualquer desculpa para tirar pontos das outras casas.

Estava passando por um corredor escuro e barulhento agora. Conforme se aproximava, os sons iam ficando mais claros... era um choro?!

- Quem está aí? – perguntou Draco enquanto se aproximava da porta de um armário de vassouras – Vou perguntar só mais uma vez antes de invadir esse armário... QUEM ESTÁ AÍ? – mais uma vez ele ouviu só o choro – Tudo bem, se é assim que quer...

Ele lançou um Alohomora na fechadura do armário que ricocheteou na parede, numa armadura próxima e finalmente rasgou o quadro de um homem mal vestido, que sumiu. “Ótimo...” pensou ele “proteção contra feitiços.” Ele resolveu tentar algo óbvio, que nem tinha passado pela sua cabeça. Puxou a porta e... ela abriu. Ao mesmo tempo em que abriu a porta ele ouviu um grito:

- NÃO ABRA! – e a porta se fechou.

Agora ele sabia porque não deveria abrir. Estava trancado com alguém dentro do armário de vassouras (já que havia algum feitiço anti-magia no armário e nenhuma maçaneta), estava totalmente escuro e ele deixara sua varinha do lado de fora quando a porta o empurrara pra dentro.

- Ótimo! Quer me dizer o que está acontecendo aqui? – perguntou para o escuro, de onde ele podia ouvir uma respiração ofegante.

- Merda! Como se não fosse o bastante estar presa, ainda preciso estar presa com alguém! – uma voz feminina respondeu com raiva.

- Ah, pois saiba que isso não é nada agradável pra mim também. – disse Draco com desdém – O que você faz aqui no armário?

- Estou testando as vassouras! – disse a menina com mais raiva na voz – o que acha que eu faço no armário?! – ela parou por um momento e depois continuou mais calma – Me prenderam aqui e lançaram um feitiço que eu não conheço pra me trancar. Não há como sair até amanhã, quando o feitiço vai se desfazer.

- Ah é? Pois me diga quem foi e eu, como monitor chefe, vou tirar uns cem pontos da casa desses idiotas! – disse Draco com uma voz firme.

- Foram uns garotos do sétimo ano da sonserina, senhor-monitor-chefe-Malfoy, ainda vai tirar cem pontos da sua casa? – perguntou ríspida.

Ele se surpreendeu por ela saber quem ele era, mas logo se recuperou. Era óbvio que ela o conhecia, ele era o monitor chefe, todos o conheciam. E também era óbvio que ela não era uma sonserina.

- Quem é você? De que casa você é? – Ele perguntou depois do silêncio que se seguiu enquanto organizava os pensamentos.

- Sou da grifinória. O meu nome não impor...

- Ah, tinha que ser... Que outro idiota iria se deixar trancar em um armário... – de repente ele parou. Ele estava trancado no armário também... O que ele dissera não fora inteligente. Dissera algo não-inteligente na presença de uma grifinória... não podia piorar! - Você tem a sua varinha aí?

- Tenho... – ela pegou a varinha – aqui – tentou alcançar para ele, mas estava muito escuro.

- Aqui, onde? – ele perguntou dando alguns passos para frente.

Os dois se esbarraram e acabaram caindo no chão do armário. A garota caiu em cima dele. Então algo pior que a repentina falta de inteligência de Draco aconteceu. Ao cair, seus rostos se aproximaram mais do que deviam e eles acabaram se beijando por acidente. Tão logo como o beijo aconteceu, ele terminou. Draco pôde sentir o gosto salgado das lágrimas da garota. Ela se levantou rapidamente e foi para o outro canto do armário. Ele continuou no chão por alguns minutos. Ele, Draco Malfoy, beijara uma grifinória. Depois de algum tempo o garoto pediu a varinha dela novamente, dessa vez tateando o escuro com a mão ao invés do corpo. Conseguiu pegá-la e passou horas testando todo o tipo de feitiço que conhecia... Ah como ele queria ter prestado atenção na última aula do prof. Flitwick! Tinha certeza que era sobre feitiços arrombadores de portas trancadas por magia.

No fim os dois tiveram que passar a noite no armário, sem trocar uma única palavra. De manhã quando acordaram, o armário já podia ser aberto. “Quando eu puser as minhas mãos nos idiotas que tiveram essa idéia do armário...” Pensava ele ao sair lá de dentro.

- Estamos com sorte, ainda é cedo, não vamos ter problemas pra voltar... WEASLEY?! – Ele estacou. Weasley! Era uma Weasley! Tinha o cabelo vermelho e as sardas, não havia dúvidas. Beijara uma Weasley.

- O que foi? Ficar preso com uma Weasley no armário é o fim do mundo pra você? Acredite, não é pior do que o que eu sinto por ter ficado presa num armário com um Malfoy! – disse isso e saiu pelo corredor.

“O que está acontecendo comigo?” pensou. “Tinha uma Weasley na minha frente e eu não a ofendi.” Ah, com certeza aqueles sonserinos malditos iam ter que pagar!

Draco se dirigiu ao dormitório da sonserina. Chegando lá acordou todos os seus colegas e perguntou quem havia prendido a Weasley no armário. Crabbe, Goyle e um outro garoto do sexto ano levantaram as mãos como bobões. Ele os levou até o mesmo armário (sem surpresa alguma, eles o seguiram sem perguntar nada), confiscou suas varinhas e os trancou lá com um simples Alohomora. Não é preciso dizer que Draco teve que destrancá-los no outro dia.

Após isso ele foi perguntar aos sonserinos do sexto ano qual era o primeiro nome da Weasley.

*****


Draco andava pelo Beco Diagonal comprando ingredientes para poções. Precisava de um maldito muco de verme, mas parecia que ele havia se evaporado das prateleiras das lojas. Resolveu ir para a Floreios e Borrões comprar um exemplar de Poções para todas as horas de Ernesto Tolkien e lá encontrou nada mais, nada menos que Gina Weasley, sim, agora ele sabia que ela se chamava Gina. Ele sentiu seu estômago revirar “está na hora do almoço” pensou. Mas não tinha nada a ver com comida. A ruiva se aproximou da prateleira em que ele estava, sem notar a sua presença. “Comprando o material pra Hogwarts” pensou ele com certa nostalgia. Havia se formado há poucos meses.

- Weasley – disse Draco quando ela finalmente o viu – não sabia que aqui vendiam material de segunda mão – terminou ele dando o sorriso mais desdenhoso que conseguiu.

Ela não respondeu. Simplesmente se virou e foi olhar a prateleira seguinte. Ele a seguiu:

- Não cumprimenta mais os velhos amigos? – ele perguntou segurando o braço dela, fazendo com que ela se virasse.

- Que amigos? – Ah, ela o irritava... e como o irritava.

- Vai dizer que não somos amigos depois daquele beijo que você me deu? – Ele tinha um sorriso de satisfação no rosto e pela expressão dela, ele conseguira o que queria, irritá-la.

- Me deixa em paz, não foi de propósito – disse ela, corando e se afastando para uma outra prateleira.

Novamente ele a seguiu. “Ela é bonita quando está zangada”... Não, o que estava pensando? A Weasley não podia ser bonita! Estava ficando louco?! Era melhor ir embora... mas não conseguia, simplesmente não podia ir. Já era tarde demais.

- Hum, não foi de propósito, é? Eu acho que você me prendeu lá de propósito – De onde ele tirara isso? Não importa... só queria provocá-la.

- Ora, você enlouqueceu? Acha que eu ia perd... – Ela não pôde terminar a frase porque nessa hora ele a beijou. Foi um beijo intenso, ela tentou se soltar dele no início mas logo cedeu e retribuiu o beijo.

Demorou um pouco pra ele retomar a consciência. Ele beijara a Weasley de novo. Com certeza estava ficando louco. Mas ninguém precisava ficar sabendo. Ele a soltou bruscamente. Ela parecia meio tonta, assim como ele.

- O que você tem na cabeça? Não me deixe fazer isso! – disse Draco e saiu correndo porta afora.


*****


“Não vou encontrar com você, desista, eu te odeio.” Era o que dizia o bilhete trazido por uma coruja que parecia que ia cair morta a qualquer instante. “Até mesmo as corujas são de segunda mão” pensou Draco enquanto limpava o suco de abóbora que a coruja espalhou quando desmaiou na mesa. Andava de um lado para o outro da sala enquanto pensava numa boa resposta para enviar a Weasley. Não por aquela coruja semi-morta, claro.

Era Natal, ela não queria vê-lo por mais que ele insistisse. Mandara mais de cem cartas para Hogwarts durante os meses que se passaram desde que a garota voltou para lá, depois do incidente da Floreios e Borrões. Todas sem resposta. “Eu te odeio... muito original” pensou ele “ninguém beija alguém que odeia daquele jeito”.

Era inevitável, ele gostava dela. Gostava de Gina Weasley. É, Weasley. Com cabelos vermelhos e sardas no rosto. O que faria agora? Estava prestes a se tornar um comensal, faltavam só alguns meses para acabar o seu preparo. Ele estava indo bem, ou pelo menos era o que seu pai dizia, seguido de um “não me envergonhe”. Não envergonhá-lo... era até divertido pensar na cara de Lucio Malfoy ao ouvir um “eu estou apaixonado por uma Weasley” vindo dele.

Decidira. Se ela não vinha até ele, ele iria até ela. Afinal, com todo esse clima de guerra, não era seguro uma “simpatizante de trouxas” sair na rua sozinha. Era melhor que ele fosse. E foi.

A casa de Gina era realmente horrível, como se fosse desabar a qualquer instante. Até que havia sido uma boa idéia mandar o elfo doméstico seguir a coruja semi-morta, achara a casa bem rápido. Mas havia algo estranho, parecia não haver ninguém na casa. Já fazia uma hora que estava lá e não havia som. Onde poderiam estar? Draco deu uma volta pelas redondezas e depois voltou a se esconder no capim alto que crescia ao lado da casa dos Weasley. Já eram oito horas da noite e nem sinal de alguém. Estava tão frio, ele estava tão cansado de ter que ficar horas esperando. Adormeceu ali mesmo, no capim.

- Malfoy, acorda! – ele abriu os olhos, enquanto retomava a consciência notou que não estava mais no capim em que estivera antes. Estava em algum lugar com uma lareira quentinha.

- Que? – foi tudo o que ele conseguiu dizer. Alguém o abraçou. E tinha cabelos vermelhos.

Eles ficaram assim por alguns minutos. Depois ela o soltou. Tinha um olhar zangado:

- O que deu em você? Quer morrer? – disse Gina em um tom de irritação – Acha que pode ficar dormindo por aí no inverno? Você tava congelando... – seu tom mudando de irritado para preocupado – se eu não tivesse vindo pra casa mais cedo, só Deus sabe o que ia acontecer!

Ele começara a rir. Rir não, gargalhar. Era tão engraçado. Ele estava, provavelmente, na sala dos Weasleys, com a Weasley mais nova preocupada com ele. Ela era bonita quando preocupada também... isso era um problema.

- De que você está rindo, Draco? – Perguntou a garota, mais irritada do que estivera no início da conversa.

- Não lembro de ter lhe dado intimidade o suficiente pra me chamar de Draco, Weasley... – disse isso com um sorriso, fazendo com que ela corasse. Exatamente o que pretendia – Mas se quiser continuar me chamando assim... – Ele a puxou e encostou seus lábios nos dela. Era a sua sina, beijar a Weasley.

Fazia tanto tempo desde a última vez, aquela em que ele não pôde deixar de pensar durante todos aqueles meses. Ele passava suas mão pelos cachos do cabelo dela. “Tão sedosos” ele pensou. Agora ela já não resistia, envolvera o pescoço dele com seus braços e o beijava tão intensamente quanto ele a beijava. Depois de um longo período de tempo, eles se separaram.

- Agora sim, pode me chamar de Draco, Gina.

Os dois conseguiram manter uma conversa por mais de meia hora. Era um marco.


*****


Era hoje. O grande dia. Ou o que era pra ser. Ele finalmente ia se tornar um comensal da morte, um aliado de Lord Voldemort. Mas por que Gina não saía de sua cabeça?

“Talvez a nossa última conversa...” Lembrava ele.

“- Draco... por favor... você não pode! – ela dizia aos prantos depois de ele lhe contar que iria se tornar um comensal. Ela havia acabado de convidá-lo para fazer parte de uma tal Ordem da Fênix.

- Não adianta, Gina, a escolha não é minha. A decisão já foi tomada. Daqui a uma semana eu serei um comensal.

- Você tá errado! É claro que a escolha é sua, é a sua vida!- ela chorou alto, depois continuou – É a minha vida também...

Eles estavam atrás do Três Vassouras, em Hogsmeade. Desde que Gina Voltara das férias de natal para Hogwarts, Draco ia visitá-la na vila sempre que ela lhe escrevia avisando a data. Eles estavam namorando.

- Não, Gina, eu não posso. Não posso! – disse afastando-a dele – você não entende...

- Como posso entender se você não me diz nada? Me diga! Por que você não pode escolher?!

- Esqueça isso! Eu não devia ter te contado...

- Esquecer? Eu não posso esquecer... – ela limpava as lágrimas do rosto, agora já não caíam mais – Será que... que você quer... se tornar um comensal?

- E o que importa? Eu vou me tornar um mesmo! Gina, aonde você vai?

- Vou embora. Não é isso o que quer? Se você vai estragar a sua vida desse jeito, eu não quero mais fazer parte dela.

- Você está me dando o fora?

- Você é mesmo um idiota! Eu te odeio! – e saiu correndo.”

Desde aquele dia ele não falara mais com a garota.

Agora ele estava ouvindo um sermão de seu pai sobre o que se tornar um comensal significava. Ele não estava prestando atenção. Só uma coisa não saia de sua mente... Ele, talvez, tivesse uma escolha. Nunca pensara realmente sobre isso e era estranho pensar agora, mas, curiosamente, seu cérebro trabalhava como nunca e ele via as coisas com outros olhos. Gina estava certa. O que ele estava fazendo? Lia nos jornais que alianças entre bruxos e criaturas mágicas eram feitas para poderem lutar contra Voldemort. Lembrava o que o prof. Dumbledore falara no início do seu sétimo ano em Hogwarts: “Façam suas escolhas, vocês só precisam de uma razão para permanecerem firmes. Pensem nas pessoas que vocês amam...” Haviam sido faladas mais coisas importantes aquele dia, mas seu cérebro não conseguia avançar mais. A pessoa que ele amava... Voldemort valia isso? Perder Gina? Ah, não mesmo!

Ele começou a andar no meio do discurso de Lucio Malfoy (o que não o deixou nada feliz). Depois de muitos xingamentos ele conseguiu sair de casa. “A Ordem da Fênix?” pensou ele “Nome esquisito...” e continuou a andar.


*********


Depois de pertencer a Ordem por mais ou menos um mês, a guerra definitiva estourou. Morte de trouxas, bruxos aterrorizados e etc. Não havia pra onde correr e nem pra onde se esconder. Precisavam lutar, juntos. Draco, a Granger, o Weasley e... o Potter. Ainda não o suportava, e parece que o sentimento era mútuo. Nunca se imaginara aliado do Potter, assim como não imaginara que o prof Snape fizesse parte da Ordem.

Inicialmente tudo o que Draco queria era reconquistar Gina, dizer o quanto a amava, não poderia viver sem ela e os demais clichês, mas esse pensamento desabou logo que soube pelo sr. Weasley que ela havia viajado para a Romênia para ajudar um dos irmãos com alguma missão. Pensara em desistir de tudo, ir pra algum lugar bem longe e esquecer da vida, mas o convenceram a se juntar a Ordem da Fênix.

*****


Ele mudara. Mudara mesmo. Queria tanto ver Gina, mas haviam perdido o contato com ela... achavam que estava perdida, ferida ou até... morta. Os pais dela estavam desesperados. Todos estavam desesperados, até Draco. Foi aí que houve um ataque de Voldemort e seus aliados. Um ataque direto. Era o início do combate.


*****************


Venceram, eles venceram! Draco, Rony, Hermione e também Harry - sim, agora ele os chamava dessa maneira. Todos venceram juntos. Fizeram uma busca para encontrar Gina... e encontraram. Ela estava viva, bem machucada, mas viva. Encontraram-na desacordada num hospital trouxa. A primeira pessoa que Gina vira ao acordar fora Draco. Ela mandou que ele fosse embora, não deixou ele falar nada nem dar nenhuma explicação. Ele foi. Não queria mais ser um peso pra ninguém. Alugou um quarto em um hotel mágico em Londres e não falou mais com a Gina. Sumiu sem deixar rastros. Ele precisava pensar e esfriar a cabeça.


Depois de alguns meses ele resolveu que iria escrever para Gina, contar tudo o que tinha feito por ela e ir embora. Escreveu uma carta imensa dizendo a ela o quanto a amava e explicando que a razão das mudanças na vida dele, era ela. Mandou a carta por uma coruja do correio e arrumou suas coisas numa mala.


*****


Faltavam quinze para às dez. Draco se levantou do banco em que estava sentado ao ouvir o apito do trem. Estivera tão absorto em suas lembranças que até esquecera de olhar as horas. No fundo ainda tinha esperança de que Gina aparecesse. De outra forma não teria posto na carta o dia, hora e o local de sua partida.

The Reason (A razão) – Hoobastank

I’m not a perfect person
(Eu não sou uma pessoa perfeita)
There’s many things I wish I didn’t do
(Há muitas coisas que eu desejaria não ter feito)
But I continue learning
(Mas eu continuo aprendendo)
I never meant to do those things to you
(Eu nunca pretendi fazer aquelas coisas pra você)
And so I have to say before I go
(E então tenho que dizer antes de ir)
That I just want you to know
(Que eu só quero que você saiba)

Estava se preparando para embarcar no trem quando ouviu duas pessoas discutindo do outro lado da estação:

- Me deixa passar! – Era Gina Weasley.

- Senhorita, por favor, o trem vai partir e a senhorita não tem uma passagem – tentava argumentar o segurança.

Draco sentia até pena do segurança que ficara estatelado no chão enquanto ela avançava correndo.

I’ve found a reason for me
(Eu encontrei uma razão para mim)
To change who I used to be
(Pra mudar quem eu costumava ser)
A reason to start over new
(Uma razão para recomeçar)
and the reason is you
(e a razão é você)

- O que você tem na cabeça? – Perguntou ela ao encontrar Draco parado em frente à entrada do trem, com uma mala enorme na mão e o queixo caído – Você só vai embora depois de falar comigo!

- Esperava não ter que ir embora depois de falar com você – disse ele tentando não sorrir. Ela veio, veio mesmo, por sua causa!

- Não quer me dizer nada? – perguntou Gina timidamente.

- Onde aprendeu a socar daquele jeito? Eu realmente não quero ter uma briga com você e acabar no chão como aquele cara...

I’m sorry that I hurt you
(Sinto se te magoei)
It’s something I must live with everyday
(é algo com que preciso conviver todo dia)
And all the pain I put you through
(e toda dor pela qual te fiz passar)
I wish that I could take it all away
(Eu desejaria poder apagar)
And be the one who catches all your tears
(e ser o único a colher todas as suas lágrimas)
That’s why I need you to hear
(é por isso que preciso que você escute)

- Eu tenho seis irmãos... – disse ela, rindo – se você brigasse comigo não seria por minha causa que estaria no chão.

- O que você veio fazer aqui? – perguntou ele mais sério.

- Saber se o que você escreveu naquela carta é verdade...

- Que parte?

- Como assim que parte?! Tem alguma parte dela em que você mente? – Gina estava ficando zangada... e corada.

- Você fica muito bonita quando está zangada.

- O que?

I’ve found a reason for me
(Eu encontrei uma razão para mim)
To change who I used to be
(Pra mudar quem eu costumava ser)
A reason to start over new
(Uma razão para recomeçar)
And the reason is you
(e a razão é você)

Houve uma pausa, então ele falou:

- Era tudo verdade.

- Então você quer dizer que... você mudou por mim? – perguntou Gina.

I´m not a perfect person
(Eu não sou uma pessoa perfeita)
I never meant to do those things to you
(Eu nunca pretendi fazer aquelas coisas pra você)
And so I have to say before I go
(E então tenho que dizer antes de ir)
That I just want you to know
(que eu só quero que você saiba)

Ele a abraçou.

I’ve found a reason for me
(Eu encontrei uma razão para mim)
To change who I used to be
(Pra mudar quem eu costumava ser)
A reason to start over new
(Uma razão para recomeçar)
and the reason is you
(e a razão é você)

Os dois estavam abraçados quando o trem foi embora e a estação se esvaziou um pouco.

- Gina, você é a razão de tudo. Tudo o que eu fiz foi por você. Você me mostrou que eu não precisava viver na sombra de alguém, que eu podia tomar minhas próprias decisões, fazer minhas escolhas. Eu escolhi você. Quero ficar com você porque eu... amo você – Draco a soltou um pouco para que pudesse vê-la.

Antes que pudesse fazer ou pensar em qualquer coisa, ela pulara em seu pescoço e o beijara. Um beijo doce, suave. Com alívio.

- Eu também amo você, Draco – disse a ruiva depois de terminar o beijo – desculpe por não ter lhe dado uma chance de se explicar antes, mas eu estava com muita raiva de você.

- Ah, esqueça – disse ele enquanto os dois se dirigiam para a saída da estação King’s Cross.

I’ve found a reason to show
(Eu encontrei uma razão para mostrar)
A side of me you didn’t know
(Um lado meu que você não conhecia)
A reason for all that I do
(Uma razão pra tudo o que faço)
And the reason is you
(e a razão é você).

- Você contou a sua família que está apaixonada por um Malfoy? – perguntou Draco num tom divertido.

- Esperava que pudéssemos fazer isso juntos – disse Gina timidamente.

- O quê?! Nem pensar, isso é problema seu! – disse rindo e andando mais rápido para se afastar dela.

- Ah, Draco, você bem que podia me ajudar... – ela também andava rápido para conseguir alcançá-lo.

- Bem que eu gostaria, mas como você disse... são seis irmãos... – começara a correr por uma das ruas de Londres com Gina ao seu encalço.

Era uma manhã ensolarada, o dia estava lindo, a vida era bela e o mundo valia a pena. Draco e Gina seguiram caminho para a lareira mais próxima e combinaram que ao chegar na Toca os dois contariam ao mesmo tempo.

FIM.


N/A.: Espero que gostem =P

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