Descoberta Decisiva




Capítulo 23
Descoberta Decisiva


- Ah, Hermione. – resmungou Ron. – Por favor, dá para você parar de falar nesses deveres pelo menos um instante?

- Não. Os deveres são importantes. – retrucou a garota, que parecia não estar em um bom dia.

- Mas não tão importantes! – repetiu Ron pela milésima vez. – E, olha só, melhor nós pararmos de conversar. Estamos indo em direção a uma aula de Poções, com Snape, e será catastrófica a detenção que levaremos se ele não estiver em um bom dia.

Tracy e Harry assentiram com a cabeça, mas Hermione fechou ainda mais a cara e adiantou-se na frente deles, entrando em umas das masmorras.

- Essa Hermione. O que é que... – Harry ia falando, mas parou repentinamente. Tracy e Ron também.

Em vez de Snape, Dumbledore os recebeu com muita cordialidade, cumprimentando-os e indicando cadeiras para sentarem-se.

- O que será que Dumbledore está fazendo aqui? – sussurrou Tracy para os amigos enquanto tirava o material da mochila.

- Não faço a mínima idéia. – respondeu Ron. – Será que ele vai substituir Snape?

- Tomara. – disse Harry, fazendo figa. – E tomara também que Snape tenha morrido.

Tracy e Ron sorriram levemente com o comentário do amigo.

- Ele não morreu. – falou Hermione, virando-se para eles. – Ouvi uns fantasmas conversando, parece que tinha que fazer algo importante a mando de Dumbledore.

- Algo importante a mando de Dumbledore? – sobressaltou-se Harry. – O que será isso?

- Não sei. – falou Hermione. – E, também, não quero saber. Vejam, o professor Dumbledore está pedindo silêncio.

Eles se viraram rapidamente, principalmente Tracy, para observar o professor.

- Bom dia, alunos. – ele falou. – Estou aqui hoje para substituir o professor Snape. Não sou tão bom preparador de poções quanto ele, mas lhes passarei tudo que sei e darei continuidade à matéria já começada.

- O senhor ficará por muito tempo? – indagou Dino Thomas.

- Não, só alguns dias, aleatoriamente.

- E quando o professor Snape volta? – perguntou Farway.

- Amanhã ou depois, creio eu. Mas ainda sairá por algumas poucas vezes, nas quais eu o substituirei. – ele falou sorrindo.

Os alunos aquietaram-se e logo começaram a achar que Dumbledore deveria dá-los mais aulas. Aprenderam alguns macetes na hora de fazer poções, misturaram ingredientes e fizeram divertidas experiências.

- Uau, acreditam que eu adorei essa aula de Poções? Foi a mais divertida da minha vida inteira. – comentou Ron. – Ele é ou não é o cara?

- Quem, Dumbledore? Você ainda tinha dúvidas? – perguntou Harry, rindo. – Mas, falando sério agora, o que será que Snape foi fazer que precisasse sair da escola? É estranho.

- Também acho. Que motivos ele teria para abandonar os alunos assim? – disse Tracy.

- Nós deveríamos dar uma checada. – sugeriu Ron.

- Uma checada? – indagaram Harry, Hermione e Tracy juntos.

- É, uma checada, exatamente. – respondeu Ron. – Mexer na sala dele, procurar alguma coisa. Eu, pelo menos, não estou conseguindo segurar minha curiosidade.

- Mas, Ron, se tivesse algum indício de onde ele fora não deixaria na sala, não é? – ponderou Hermione. – Levaria com ele.

- Duvido. Pode haver uma carta, um bilhete ou algo do gênero com explicações. – disse Ron.

- Mesmo não havendo – falou Harry, eufórico – quando conseguiríamos uma oportunidade tão boa para mexer nas coisas do Snape e investigá-lo?

Tracy riu.

- Vocês não estão falando sério, estão? – ela perguntou parando de rir, quando recebeu um olhar nervoso dos colegas.

- Estamos. – responderam Harry e Ron.

- É perigoso. – ela alertou.

- Não seremos encontrados. Pense bem, seremos os únicos a ousar entrar na sala de Snape. – Ron sorriu.

- Eu... Bem, sei lá! É uma idéia, hm... Empolgante! – Tracy também sorriu, animada. – Não é, Mione? Faz sentido o que Ron disse.

- É, faz. – Hermione também riu. – Quando vamos?

O restante dos colegas se entreolhou espantados.

- Logo que pudermos. Parece que Snape volta ainda hoje para a escola. Quando ele voltar para o lugar em que ele está fazendo sabe-se lá o que, nós a revistamos.

- Boa idéia Harry!

Os dias passaram rapidamente, e o quarteto estava cada vez mais empolgado com a idéia de revistar a sala de Severo Snape. Era incrível como algo daquela forma animara-os tanto, até o momento estavam razoavelmente deprimidos pelo excesso de trabalhos que recebiam a cada dia.

Estavam sempre atentos, mas tão logo recebiam a notícia de que Snape havia saído, ele já havia chegado. As aulas com Dumbledore ficavam cada vez melhores e mais divertidas para todos, exceto para Tracy que jurava receber olhares estranhos do professor sempre que olhava para o mesmo. Com toda a empolgação em descobrir o que o mestre das poções saía de Hogwarts para fazer, eles acabaram esquecendo completamente do que havia acontecido com Tracy, sobre a história de Dumbledore.

Numa bela manhã de sábado, Harry havia saído para conversar com alguns integrantes do time de Quadribol sobre alguns detalhes e deixou os amigos na Sala Comunal. Chegou arfando na sala horas depois, perto do meio-dia, e correu para os amigos que faziam juntos um trabalho de Transfiguração.

- Tracy, Ron, Mione! – sussurrou Harry, eufórico. – Nossa chance chegou!

Os garotos se entreolharam, confusos.

- Chance? Que está querendo dizer Harry? – perguntou Ron.

Harry sentou-se no braço da poltrona de Hermione, pois todas as outras já estavam ocupadas. Afinal, estavam perto da lareira, e, apesar do tempo estar esquentando, ainda estava muito frio no aposento.

- Snape. Ele saiu da escola. – sussurrou Harry.

Os olhos de Ron, Hermione e Tracy brilharam. Ficaram tão eufóricos quanto Harry.

- Por que nós ainda estamos aqui? – perguntou Ron, levantando-se da poltrona e ajeitando a jaqueta. – Vamos revistar a sala dele, já!

- Espera Ron! – disse Harry, segurando o amigo pela manga. – Não dá para a gente simplesmente ir até lá e mexer nas coisas dele como se não estivéssemos fazendo nada de mais. Temos que ir com cuidado, e se alguém nos pega?

- É verdade. – concordou Tracy – Seria bom se só dois de nós fossemos até lá. Chamaria menos atenção.

- Boa idéia, Tracy! – falou Harry. – Vamos nós dois então.

Ron e Hermione escancararam as bocas.

- Ah, não! Eu também quero ir! – disse Ron.

- Olha Ron. – disse o garoto – É perigoso irmos em quatro. Eu e Tracy damos uma olhada hoje e amanhã vão você e o Ron, para fazer uma nova busca, sabe... Nós poderemos esquecer alguma coisa ou pode acontecer um imprevisto.

Ron e Hermione concordaram, emburrados.

- Mas amanhã a gente vai. – disse Ron, se jogando novamente na poltrona – E vocês não vão nos impedir.

- Não tentaremos. – assentiu Tracy. – Vamos, então, Harry? Ou você acha mais seguro irmos à noite?

- Não. À noite provavelmente haverá pessoas vigiando o castelo. Snape não seria tão burro. – falou Harry. – Vamos agora.

Ele puxou a garota pela mão e os dois subiram correndo as escadas que levavam ao dormitório masculino da Grifinória. Ao chegarem lá, Tracy sentou-se na cama de Harry, enquanto o garoto procurava algo em sua mochila.

- Mas onde é que eu fui colocar aquilo? Não posso ter perdido agora, na hora que mais preciso. – perguntou Harry para ele mesmo, baixinho.

Dino, Simas e Neville que também estavam no quarto aquela hora, se entreolharam e começaram a rir sem controle. Harry não deu atenção a eles.

- Onde está, droga? Não agora... Você não pode ter sumido agora.

Os garotos continuaram a rir muito, e Tracy os encarou, sem entender absolutamente nada.

- Achei! – gritou Harry.

Tracy sorriu, feliz. Dino parou de rir abruptamente.

- Harry, essa não é a hora mais propícia para fazer aq... – começou Dino, sério.

- Cale a boca, seu paspalho! – disse Harry, rindo – Vem, Tracy!

Os dois saíram do quarto e foram para o grande corredor do dormitório masculino. Harry olhou disfarçadamente para os dois lados e então tirou a capa de invisibilidade que escondera muito bem debaixo da sua jaqueta.

- Vem para perto de mim. – disse ele.

Tracy se aproximou, mas não o suficiente e, para que os dois ficassem bem escondidos, Harry passou um de seus braços pelas costas da garota.

- Caminhe bem devagar e com cuidado. – disse ele – Qualquer movimento brusco que você fizer todos poderão nos ver.

- Tudo bem. – disse ela.

- E coloque seu braço na minha cintura, senão não irá dar certo.

Pedindo assim tão diretamente, Tracy fez o que pedira. Agora, sim, tudo estava bem. Sentia-se um tanto insegura debaixo daquela capa, mas seguiu em frente.

Desceram as escadas silenciosamente e passando por Filch e Madame Norra, chegaram até a sala de Severo Snape.

- Alorromorra! – ordenou Harry, ao confirmar que o corredor estava absolutamente vazio.

Quando os dois entraram na sala e tiraram a capa, Tracy disse ofegante:

- E agora? Vamos começar por onde?

- Eu olho ali, naquela prateleira e você na do lado. Depois, podemos partir para a escrivaninha, e, se for o caso, para o quarto dele. – disse Harry.

Tracy dispensou uma gargalhada pela maliciosidade que colocara no que Harry dissera e dirigiu-se até a prateleira onde deveria procurar as pistas.

O lugar era cheio de livros velhos e empoeirados. Em todas as aulas os via ali, da mesma maneira como sempre estiveram sem nenhuma mudança. Num segundo, perguntou-se porque eles ficavam intocáveis. Desviando-se desses pensamentos inúteis e tentando concentrar-se na difícil tarefa que havia pela frente, ela tirou alguns exemplares da prateleira e folheou-os, como Harry estava fazendo. Uma quantidade exagerada de poeira saíra dali, e a garota tossiu algumas vezes.

E assim foi ela, tirando livros da prateleira, os folheando, tateando a parede a procura de algo estranho, recolocando os livros no seu devido lugar, tirando outros, olhando...

- Nada aqui. – disse Harry, de repente, quando terminara a sua prateleira. – Quer ajuda?

- Gostaria. – respondeu Tracy, entregando alguns livros velhos a Harry, que repetiu o que vinha fazendo até aquele momento. Em alguns minutos eles terminaram os livros de todas as prateleiras que havia na sala de Snape.

- Que mal lhe pergunte Harry, como sabe que Se... Snape – corrigiu-se ela – saiu da escola, hoje?

- Mural de avisos. Todas as aulas de Poções dessa semana estão canceladas, a não ser que Snape volte antes do previsto. – respondeu ele, com um sorriso. – Parece que Dumbledore também não estará, e não é qualquer um que pode substituí-los, não é?

Tracy assentiu com a cabeça.

- Vamos olhar aonde, agora? – perguntou.

- Atrás dos quadros. – falou Harry, revirando os olhos – Sei que isso é meio infantil e que pessoas normais só escondem suas coisas em lugares seguros e não atrás de quadros, mas é bom dar uma olhada mesmo assim.

Os dois então foram retirar os quadros das paredes e procurar por aberturas nelas. Logo, Harry encontrou uma porta atrás de um dos maiores quadros do local.

- Deve ser o quarto de Snape, aí. – falou Tracy – Abre, vamos!

Harry girou a maçaneta e os dois entraram. Em um dos cantos havia uma cama de solteiro empoeirada, com cobertores velhos e roídos em algumas partes. Um guarda-roupa de madeira antiqüíssima ficava oposto à cama, com um grande espelho ao lado. Um pequeno baú ficava ao lado da janela fortemente trancada, também muito velho, mas em um estado ótimo de conservação.

- Deixa que eu olho aqui, Harry. Termine os quadros e vá olhar a escrivaninha. – falou Tracy, visivelmente interessada no lugar. – Quem terminar primeiro, ajuda o outro.

- Tudo bem.

Mais quinze minutos se passaram e os dois continuavam na busca. Tracy estava olhando a última gaveta da cômoda, até ali havia encontrado apenas papéis sem importância, livros idiotas e pergaminhos antigos, provavelmente lembranças da época em que Snape estudava. Ela nem se seu ao trabalho de ler tudo isso, o que achava inútil apenas ia guardando novamente. Quando terminou de empilhar o último papel dentro da gaveta, tratou de deixar o quarto e a cama exatamente da maneira que estavam, para que não houvesse dúvidas para Snape de que tudo permanecera normal na sua saída.

- Harry. – chamou a garota enquanto fechava a porta e recolocava o quadro no lugar. – Achou alguma coisa?

Ela virou-se e viu Harry sentado no chão, lendo um livro de capa preta muito grossa e folheando-o lentamente.

- Que é isso? – perguntou-lhe, curiosa.

Harry levantou a cabeça e encarou Tracy, com um sorriso enviesado no rosto.

- Vem aqui, Tracy. É fantástico. – falou ele.

Tracy, curiosa, foi até ele rapidamente, sentando-se ao seu lado.

- Olha aqui. – falou Harry, apontando para uma lista de nomes que começam com a letra “T”.

Tracy apertou os olhos e leu, na caligrafia fina:

Nome: Tiago Potter

Motivos: ser prepotente, antipático, estúpido, mentecapto, egocêntrico, inescrupuloso, se achar o máximo, ser apanhador no Quadribol, despentear os cabelos, ser amigo de sangue-ruins, de Sirius Black, Remo Lupin, Pedro Pettigrew, ser um Maroto, achar que irá se redimir impedindo minha morte no Salgueiro Lutador, se exibir para a Evans e para todas as garotas que vê, as pessoas o amam, é preferido entre os professores, ganha detenções toda a hora, me azara sempre que pode só não na frente da sangue-ruim Evans, incomoda meus amigos, os azara,...

Pena: Morrer. Entreguei a profecia para o Lorde das Trevas e convenci Rabicho a entregá-lo em pessoa, com sua mulher e seu filho.

- Que louco isso. – comentou Tracy, não deixando Harry ler a última parte, pois sabia que a informação causaria um gigantesco impacto no garoto. – Continue olhando a escrivaninha, vou dar uma folheada nisso e depois guardar.

A garota ficou feliz por Harry concordar facilmente com aquilo, e se sentou ao chão, escorando as costas na parede. Ergueu os olhos disfarçadamente por um momento, e viu que o rapaz já estava concentrado na nova determinação. Abriu o livro na primeira página.

Livro Negro
Pertence ao Príncipe Mestiço


O livro era escrito em ordem alfabética, e havia vários nomes preenchendo quase todas as linhas. Os motivos iam de “me olhou de soslaio” até “me humilhou” ou listas enormes como a de Tiago Potter. Deu algumas olhadas rápidas nos nomes mais familiares, até que parou no marcador em que continha a letra “M”, toda floreada e grande.

Fitou alguns nomes e, ao virar a página, deparou-se com uma ficha muito apertada nas últimas linhas. Trouxe o livro mais para perto de seus olhos.

Nome: M. Evans Riddle

Motivos: achar-se melhor que os outros, achar que pode me afrontar, achar que posso obedecer a suas ordens, ser filha do Lorde das Trevas, ter mais regalias que eu no círculo íntimo de meu mestre.

Pena: Contei a Dumbledore tudo que sabia sobre o plano, a denunciei.

Tracy abafou um grito ao ver a última linha. Estava pasma com o que havia lido, com o que acabara de descobrir. Sua respiração ficou mais ofegante, mas ela tentou disfarçar ao máximo. Ao ver seu nome naquele livro lera tudo muito rapidamente deixando de pegar alguns detalhes, por isso releu todo o texto enquanto tentava se acalmar.

- Harry, acho que já fiz minha parte aqui, hoje. – ela disse. – Vou embora, se quiser continuar mais um pouco, nos encontramos depois.

- Mas já, Tracy? – perguntou ele, levantando-se.

- Já. Eu acho que acabei mesmo. – ela falou.

- E aquele livro estranho que encontrei? – pediu Harry, olhando para os lados e tentando encontra-lo.

- Já o guardei. – Tracy transfigurou o livro negro de Snape em um broche rapidamente e guardou-o no bolso da capa. – Está tudo no lugar.

- Vou com você, não podemos sair dessa sala sem a capa de invisibilidade. – o garoto disse.

- Tudo bem. – Tracy falou, tentando manter-se normal, para não deixar vestígios. Com um aceno da varinha Harry ajeitou o que havia tirado do lugar. Pegou a capa de invisibilidade e os dois tornaram a se cobrirem com ela. Hesitantes, abriram à porta da sala de Snape e olharam para os lados, seguindo em frente.

Na frente da Sala Comunal se descobriram e guardaram a capa, entrando no aposento e indo direto falar com Ron e Hermione. Estes pareciam não terem se movido enquanto os amigos saíram, pois continuavam no mesmo lugar.

- E então, encontraram alguma coisa? – perguntou Hermione, deixando seu pesado livro de lado.

- Não, nada importante. – apressou-se Tracy a responder.

Hermione e Ron soltaram um muxoxo.

- Quando nós formos voltaremos cheios de novidades. – disse garoto.

- Tudo bem, Ron. – falou Harry. – Acho que amanhã vocês poderão ir. É só confirmarmos que Snape ainda não voltou.

- Pois é. – Tracy sorriu. – Olha, eu vou subir e tomar um banho, tudo bem? Cansei, já volto.

Eles assentiram e Tracy subiu lentamente as escadas que levavam ao seu dormitório. Não podia acreditar que Snape fizera aquilo com ela. Tentava não acreditar, colocava todos os seus músculos trabalhando para isso.

Abriu a porta do quarto e, depois de entrar, trancou-a com um feitiço. Respirou fundo e sentou-se em sua cama, fitando o broche nas mãos. Transformou-o novamente no livro negro de Snape e folheou-o rapidamente até a letra “M”.

Releu. Ainda não conseguia acreditar. Releu mais uma vez. Era impossível. Não, ele não poderia ter feito aquilo com ela. Ele não fez, ela devia estar sonhando. Lembrou-se de todo o seu dia e teve certeza que não estava sonhando. O desespero tomou conta dela, mas lágrimas não vinham aos seus olhos. Ficou com raiva. Com muita raiva. Precisava vingar todo aquele desespero, toda aquela aflição. E vingaria.

Tomou seu banho para não deixar Hermione curiosa pelo real motivo por que havia saído da Sala Comunal naquele momento e voltou para o quarto. Transformou o livro em broche novamente e guardou-o em sua gaveta. Desceu para onde os amigos estavam.

Não falou nada, apenas aproximou-se da janela e fitou o céu azul. O sol ainda tentava bravamente ultrapassar as nuvens e tornar os jardins mais quentes, mas não conseguia. Ela refletiu. Refletiu e refletiu. Chegou a uma conclusão. Contaria tudo a Voldemort, o mais rápido possível. Agora que sabia e tinha provas de quem havia os traído, contaria sem fazer cerimônia.

Esperou até a noite, quando todos já estavam dormindo. Tirou o broche, a varinha e o espelho de Duas Faces da gaveta. Caminhou pelo castelo, não se preocupando em encontrar Filch ou Madame Norra.

Tracy apressou-se pelos corredores, parando em frente a habitual parede lisa no sétimo andar. “Preciso de um lugar para conversar com um amigo, e que ninguém consiga me encontrar”, pensou a garota. Girou rapidamente a maçaneta da porta que materializou a sua frente, logo que abriu os olhos. Tirou o espelho de Duas Faces do bolso da capa e se sentou no único pufe macio que havia no meio da sala.

- Lord Voldemort. – ela chamou.

A névoa branca de sempre encobriu o espelho por alguns instantes e depois a garota observou-a sendo dispersa e dando lugar a um rosto pálido e ofídico.

- Aconteceu algo, Riddle? – perguntou Voldemort.

- Aconteceu. – respondeu a garota apreensiva. – Algo grave que... Bem, que eu achei melhor contar tudo a você.

- Vamos, conte-me logo. – ordenou Voldemort, parecendo mais pálido que antes, se é que isso fosse possível.

E Riddle contou mais uma vez, mas ainda mais detalhadamente, tudo que acontecera no escritório de Dumbledore.

- Diante daquela proposta ofensiva, eu saí correndo de lá, ainda tendo que ouvir aquele velho me desejar uma boa noite ironicamente. – ela concluiu, se controlando para não demonstrar toda a aflição que sentia em relação ao comportamento do Lord.

- Não acredito que você conseguiu deixá-lo saber de tudo, depois de todas as providências que tomamos. – falou ele, parecendo pronto para explodir.

- Mas, eu...

- Cale a boca, Riddle. – gritou Voldemort e depois tornou a falar, mais calmo. – E Potter também sabe disso?

- Contei a ele e aos amigos logo que os encontrei. – admitiu Riddle.

- Não! Você não fez isso! – bradou Voldemort. – Com que intuito?

- Saí desesperada do escritório de Dumbledore. – Tracy gritou também, não queria ser ainda mais ofendida. – Entenda, eu não me acalmaria tão fácil! Tinha que voltar para o dormitório antes que Filch me pegasse, me desse uma detenção e piorasse ainda mais minha situação!

- Não tente arranjar motivos! – disse ele. – Eles não existem para explicar o que você fez. Então me diga, ao menos, quais foram as reações dele.

- Inventei algumas coisas e me fiz de usada, de coitadinha. Eles caíram. Foi difícil, mas tenho absoluta certeza de que eles caíram. – explicou ela com convicção.

Voldemort ficou alguns segundos em silêncio, como se não houvesse mais nada a ser acrescentado.

- E o culpado? – ele indagou. – Já está o procurando?

- Já o achei. Há poucos minutos atrás e com a ajuda do Potter, claro, sem ele saber. – Tracy deu um sorriso vitorioso.

- Então faz quanto tempo que isso ocorreu? – os olhos de Voldemort faiscavam.

- Por volta de duas semanas, no fim de Janeiro.

- E quem foi? Quem nos entregou dessa forma a Dumbledore? – indagou Voldemort.

- Severo Prince Snape. – balbuciou ela, com os olhos encarando fielmente os vermelhos de Lord Voldemort.

Tracy observou o homem berrando do outro lado do espelho. Ele parecia extremamente furioso quando disse:

- Ele morrerá. Ele morrerá pelas suas mãos, Riddle.

- Minhas? Mas... Quer que eu o mate dentro de Hogwarts? – ela sobressaltou-se.

- Claro! Não sei o que ele anda fazendo para Dumbledore e não posso deixar que ninguém saiba que temos conhecimento de que foi ele quem contou tudo isso. – o homem falou.

- Tudo bem. Devo o matar com a maldição da morte? – indagou a garota.

- Não. Seria óbvio demais. – ele pareceu pensar. – Converse com seus amigos. Talvez eles tenham alguma idéia.

- Certo.

- Mas, antes de executá-la, lembre-se de me consultar. – alertou Voldemort. – Certas coisas não são seguras.

Tracy assentiu.

- Combinado, então. Falarei com eles amanhã mesmo. E me comunico. Agora preciso ir, antes que alguém dê pela minha falta no dormitório. – ela falou. – Adeus.

A névoa encobriu o rosto ofídico e o fez desaparecer. Tracy voltou correndo para a Sala Comunal, agradecendo a todas as divindades superiores por seus colegas terem sonos pesados.

N/A.: Olá! Tudo bem? Nossa, quantos comentários! Fiquei boba o.O Mas adorei imensamente! Adoro todo o empenho que vocês têm em me fazer postar. Continuem assim, pois funciona! Bem, quanto ao capítulo... Algumas pessoas acertaram quem foi que contou o plano ao Dumbledore! Não lembro quais foram, mas parabéns a essas!

Não foi muito fácil escrever Riddle contando o que aconteceu ao Voldemort, pois ele teria que ficar horrivelmente zangado e ao mesmo tempo acabar se acalmando. Espero ter conseguido passar essa idéia para vocês. E, espero também, que tenham gostado do capítulo!

O próximo chama-se A Última Visita e não tem nada de muito especial nele, é mais para quebrar todos esses acontecimentos de até agora. Mas, depois, volta tudo ao normal. Acho que vocês vão gostar dele. Ah, pretendo postá-lo rapidamente, mas sabem, tem que ter comentários. E eu espero muitos, hein! Votem também, por favor! Acho que sou a quadragésima oitava mais votada, com esta fic. Quero subir na lista! Ajudem-me!

Manu Riddle

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