Confissões no Dormitório




Capítulo 19
Confissões no Dormitório


- Oi! – cumprimentou-a uma voz.

- Oi, Leo! Como vai?

O garoto alto e ruivo passou o braço esquerdo pelos ombros dela, apertando-a contra si e soltando-a algum tempo depois.

- Tudo ótimo. O que está fazendo aqui?

- Resolvi dar uma volta pelos jardins. – ela falou, e recebeu um olhar desconfiado. – Sim, eu estou passando grande parte do tempo aqui. É meio difícil você esquecer de tudo dentro daquele castelo.

- Nossa, mas do que você tanto gostaria de esquecer? – Leo brincou.

Tracy apenas riu, ficando em silêncio.

- Hm... Não vai responder, não?

- Ah, eu... Sei lá, são os deveres, as brigas, desentendimentos... Você tem que concordar, é muita pressão.

- Querida, vá se acostumando. Nem chegou o fim do ano ainda, os estudos para as provas que vão decidir se você vai passar ou não.

- Assim você me assusta. – ela comentou, rindo.

O garoto riu também, meneando a cabeça.

- Olha, agora eu vou para a Sala Comunal, está bem? – falou Tracy. – Ainda tenho algumas coisas para fazer antes de ir para a próxima aula.

- Tudo bem.

Leo a soltou, mas não antes de dar-lhe um beijo no rosto. Observou-a caminhar por alguns instantes e depois gritou:

- Tracy!

- Que foi? – gritou a garota em resposta, parando.

- Eu adoro você, sabia?

Ela riu.

- Eu também. – respondeu, desconcertada.

- É muito bom estar com você! – falou ele, mas Tracy não disse nada, estava sem palavras. – Quer guardar uma tarde inteira para passear pelos jardins comigo, qualquer dia desses?

- Ah... – ela ficou extremamente surpresa com a pergunta.

- O que me diz?

- Claro que sim! – respondeu animada.

- Nós falamos sobre isso depois, então.

- Certo. – ela respondeu baixinho.

Virou-se novamente e recomeçou a andar. Repentinamente ficou muito animada e feliz com o convite. Passou até a achar, alguns minutos depois, que demonstrara isso mais do que gostaria.



Tracy andava muito rápido por aqueles corredores. Alguns minutos antes havia recebido um bilhete de Draco por uma coruja, pedindo que ela lhe encontrasse na Sala Precisa dali a pouco. Ainda tinha que jantar, discutir uns assuntos com Hermione sobre Transfigurações e ajeitar os materiais para o dia seguinte. Tudo isso antes de, às oito e meia em ponto, ir dormir.

- Tenho algo muito importante para lhe dizer. – falou Draco, encarando a garota quando ela entrou na sala.

- É bom que seja importante mesmo, não estou a fim de perder mais um pouco de meu tempo. – ela resmungou.

- Eu e Farway estamos namorando. – ele falou feliz.

Tracy soltou uma gargalhada e depois, se recompondo, arqueou uma sobrancelha e perguntou:

- E por acaso ela sabe disso?

- Lógico que sabe. – respondeu ele, ficando de mau humor. – E concorda plenamente.

Tracy riu novamente.

- Você envenenou-a? – perguntou.

- Não. – respondeu Draco, seco. – Ela aceitou tudo de muito boa vontade.

- Desculpe se te ofendi. – disse ela, tentando ficar séria. – Mas é muito engraçado. Impossível, para ser sincera.

- Não, não é impossível. Tanto que nós estamos namorando sim, e você não vai fazer nada contra isso.

- E o que eu poderia fazer contra? – ela perguntou, o sorriso já sumindo do rosto. – O que eu gostaria de fazer contra? Quero mais é que você seja atacado e Farway morra de amores. Assim me livro dos dois de uma vez só.

Draco riu sarcasticamente.

- Está com ciúmes?

- Ciúmes eu tenho do Harry, querido. De você não quero nada. – ela disse. – E sabe o que mais? Que você e a Farway sejam muito felizes!

Fazendo essa ironia ela juntou suas coisas e saiu dali o mais rápido que pôde, não querendo absorver mais nada do que acabara de ouvir. Aquele assunto acabava ali. Sentia uma angústia inexplicável no peito, apesar das lágrimas não virem aos olhos. Não sabia sequer o motivo da tristeza que sentia. Não gostava de Draco. Mas havia o beijado, no baile. E tinha um pacto com ele.

- Isso não interessa. – resmungou para si mesma, quando encontrava com Hermione nos corredores e voltava para a Sala Comunal.



Depois de tudo feito, ela sentiu-se mais tranqüila. Odiava acumular trabalho para os dias seguintes e ficar cheia deles para fazer, roubando o tempo destinado ao descanso. Hermione já havia subido ao dormitório há alguns minutos, e Harry também. Tracy olhou para os lados, enquanto organizava todos os materiais na mochila. Viu Ron em um canto, mirando o céu perto da janela.

- Pensando no quê? – indagou.

- Em nada. – ele respondeu um pouco sobressaltado. – Só em... Sei lá, como eu sou idiota.

- Você não é idiota. – afirmou Tracy. – Mas o que deu para você pensar assim?

- Toda a minha vida eu fui um idiota. Vivi e vivo fazendo um monte de besteiras, distanciando de mim as pessoas que eu mais gosto, e... Várias outras coisas que eu prefiro nem citar.

- Tenha uma conversa com o Harry, pelo jeito faz tempo que você não faz isso. – disse Tracy. – Vou subir, está bem? Conversamos mais amanhã.

Ron assentiu com a cabeça, sem sorrir.

- Ânimo, garoto! – incentivou-o Tracy.

Sem sucesso, ela subiu os degraus que levavam ao seu dormitório, e abriu a porta, encontrando uma Hermione jogada em cima da cama lendo mais um grosso livro. Acenou para ela e tomou seu tão esperado banho, jogando-se na própria cama.

- Qual é? – ela perguntou.

- A Masmorra da Perdição - respondeu Hermione. – Resolvi deixar de estudar um pouco, e ler mais essas histórias.

- E sobre o que essa fala?

- Sobre Sr. Stubb. – ela começou a falar, animada. – Vivia em um castelo, há sete séculos atrás. O castelo era simplesmente gigantesco, e, um dia, quando resolveu fazer uma limpeza mais delicada nele, encontrou uma garrafa. Esta tinha um bilhete escrito em hieróglifos egípcios que falava sobre uma masmorra encontrada no mesmo castelo, e nela continha algo almejado por todos os seres humanos. Estou na parte em que ele acha que encontrou a tal masmorra.

- Parece interessante. – falou Tracy. – Preciso ler mais livros, também. Estou ficando para trás neles. É verdade que Dumbledore encomendou mais quinhentos e setenta da Floreios e Borrões?

- Espero que tenha, pois já li quase a biblioteca inteira. – Hermione falou, entre risinhos. – Mas não sei se é verdade.

Tracy suspirou, descansando a cabeça sobre o travesseiro, sentindo a maciez do mesmo. Puxou as cobertas mais para perto de si, e fechou os olhos. Sentiu as luzes se apagando, e lembrou-se.

- Hermione, e o nosso trabalho de Transfiguração? Que era para fazer em dupla...

- Aquele sobre os métodos mais eficazes de transformar grandes animais?

- Exatamente. Quando vamos fazê-lo? – perguntou Tracy.

- Na nossa aula livre, quarta-feira? Pode ser? – a voz de Hermione indicava que ela estava muito cansada.

- Ótimo. – ela resmungou.

Mais alguns minutos de silêncio seguiram essas palavras. Tempo suficiente para Tracy ter absoluta certeza de que perdera o sono, que vinha a chamando durante o dia todo.

- Hermione? – chamou.

- Hm?

- Você ainda está acordada? – perguntou.

- Agora, estou. – ela resmungou em resposta.

- Eu quero conversar com você. Tenho grandes dúvidas aqui, e preciso de sua ajuda. – ela falou, sentando-se na cama e observando o rosto da amiga coberto pelo luar.

- E sobre qual matéria é?

- Hm, não é nenhuma da escola não. É sobre relacionamentos. Não só amorosos. – ela apressou-se em acrescentar.

Hermione pareceu ter levado um balde de água fria no rosto, pois levantou-se muito rápido, sentando-se na cama.

- Como é?

- É, exatamente isso que você ouviu. – falou Tracy.

- De quem você está gostando Tracy? – indagou a garota, rapidamente.

- Eu? De ninguém. – falou ela, meneando a cabeça. – Só que... Ai, Hermione! Você vai me ajudar, ou não?

- Lógico. – falou ela, muito animada. – Diz aí!

Tracy abriu um leve sorriso.

- Eu não estou gostando de ninguém. Só estou repetindo isso para você não começar a pensar bobagens. – ela disse.

- Está bem. – falou Hermione. – O Leo está envolvido nessa história, não está?

- Como sabe? – perguntou Tracy, levemente sobressaltada.

- Está na sua cara. E na dele também. – respondeu ela, rindo. – Você não percebeu ainda o que ele sente por você?

- É sobre isso que eu queria conversar. Sabe, ele anda muito tempo atrás de mim, ultimamente. Sempre foi super simpático, mas eu realmente não consigo acreditar que seja coincidência nos encontrarmos tantas vezes por aí.

Hermione riu baixinho.

- E não deve ser. Pelo que você diz, é muito freqüente.

- E está se tornando cada vez mais. Esses dias ele pediu para que eu o abraçasse.

- E você?

- Abracei. – ela falou, simplesmente.

- E o que sentiu? – Hermione sorria, enquanto perguntava.

- Não senti nada. – respondeu Tracy. – Ou melhor, só achei que os braços dele eram muito aconchegantes, mas nada mais.

- Muito aconchegantes, Tracy?

- Pára de rir, por favor! – pediu Tracy. – Olha só, se você continuar com isso não te conto mais nada.

- Desculpe. – falou Hermione, respirando fundo. – Mas é engraçada a maneira como você lida com a coisa.

- E o que você quer que eu faça? – a garota emburrou-se.

- Entenda que ele te ama, e não fique nesse desespero todo. Sim, ele te ama. – confirmou Hermione, ao receber um olhar duvidoso de Tracy. – É o que tudo indica, pelo menos.

Tracy jogou seu travesseiro em Hermione, por aquele comentário. Logo o recebeu de volta no meio do rosto e o colocou na cama de novo.

- Viu? Você até fica com ciúmes dele! – comentou Hermione.

- Mas eu não gosto dele.

- Por que me perguntou essas coisas, então?

- Para saber. – Tracy respondeu, simplesmente. – Mas não porque eu goste dele. Eu só queria entender essa situação.

Hermione não falou nada, apenas sorriu para a amiga em sinal de concordância. Tinha algo engasgado na garganta de Tracy, e ela resolveu falar.

- Ele me convidou para dar uma volta com ele, por aí, qualquer dia desses. E... – ela hesitou. – E eu aceitei.

- Ótimo! Fez muito bem! – falou Hermione.

- Não é estranho isso? Eu não gosto dele e fico animada com o convite, tanto que aceitei rapidamente.

- Eu não acho nada estranho, não. É normal. Isso já aconteceu comigo e... – o sorriso de Hermione tornou-se maior ainda – e é exatamente assim.

- Quando?

- Quando o quê?

- Quando aconteceu isso? – indagou Tracy novamente.

- Há alguns anos atrás. E antes que você pergunte, foi com o Vítor Krum. – a garota falou, rapidamente.

- Vítor Krum? Aquele famoso jogador de Quadribol com quem o Ron vive implicando? – perguntou Tracy.

Hermione assentiu com a cabeça, sem sorrir.

- Uau. – Tracy suspirou. – E vocês...?

A garota assentiu novamente, confirmando que havia beijos na história.

- Garota de sorte! – gritou Tracy, sorrindo.

- Ah, não tanto assim. – falou Hermione, mirando o céu através da janela. – Se eu realmente tivesse sorte, estaria bem mais feliz agora, e fazendo outras coisas...

- Hm? Que coisas?

- Ah, sei lá. – Hermione disse, levantando-se. – Estaria com outra pessoa.

- Calma aí, com quem você gostaria de estar? Eu valho por todos! – ela falou, rindo.

Hermione riu também.

- Você sabe que te adoro.

- Sei, todos me adoram. – falou ela, modestamente. – Mas quem é essa pessoa?

- Para que me fazer essa pergunta se sabe muito bem a resposta, Tracy?

- Ah, o problema chama-se Ron Weasley.

Hermione confirmou. Tracy mirou o céu, como a amiga fizera anteriormente. A conversa estava começando a ficar dramática. Ela não tinha esse objetivo quando começou a conversa, perguntando sobre o Leo.

- O que eu faço Tracy?

- Você, me pedindo conselhos? – indagou Tracy.

- Eu já lhe dei os meus, agora é a sua vez. – Hermione abriu um pequeno sorriso.

- Ok. – Tracy respirou fundo. – Mas, bem, eu também não saberia o que fazer na sua posição.

- Eu já fiz de tudo, Tracy. Tudo, mesmo. Deixei bem claro que gostava dele, tanto que as pessoas ficam até rindo de mim. O que mais eu poderia fazer? Nós nos beijamos, nas férias, naquela neve. Adiantou alguma coisa? Não. A não ser que ele não dirigir mais a palavra a mim seja alguma coisa. – ela choramingou.

Tracy suspirou.

- Não sei o que passou na cabeça dele naquela hora. Ninguém sabe, nem mesmo o Harry que conversou com ele depois.

- Ele só não gosta de mim, é isso.

- Ele também já demonstrou muitas vezes que gosta. – afirmou Tracy.

- E o que eu faço, então?

- Hm... – Tracy fez uma expressão pensativa. – Converse com ele. Fale para ele. Se for para ser, será. Se não for para ser...

- ...não será. – completou Hermione. – E é disso que eu tenho medo. Se ele não aceitar, como é que eu vou olhar para ele novamente? Não vou conseguir encará-lo, por Merlim!

- Vocês são amigos. – falou Tracy.

- Nem isso somos. E também, queria ser mais que amiga dele.

Tracy sorriu.

- Não tenha medo. Fale com ele, só assim essa história vai se resolver.

- Tenho medo que não se resolva...

Naquele momento, Lilá e Parvati entraram no quarto. Olharam curiosas para as duas, acenaram e depois foram fazer suas coisas. Tracy e Hermione se entreolharam, concordando em terminar a conversa por ali. Não dava para continuar na frente das garotas, e elas nem tinham mais vontade, também.



- Tracy, tenho uma novidade! – falou Farway, entrando no cômodo extremamente sorridente.

- Já sei. – disse Tracy, um pouco emburrada – Você e Malfoy estão namorando.

Farway pareceu desanimar um pouco, mas não deixou a agitação de lado.

- É. Como sabe? – perguntou ela.

- Malfoy me contou ontem. – falou Tracy, respirando fundo.

- É? – indagou Farway, curiosa – E desde quando ele te conta esse tipo de coisa?

- Desde quando ele percebeu que a vida dele depende da minha boa vontade. – retorquiu Tracy de mau-humor. Não estava nem um pouco feliz em ter que escutar toda aquela história de amor novamente.

- Ah... – falou Farway, compreendendo a situação e ficando levemente preocupada.

- Nós não temos nada, Farway, pode ficar bem tranqüila aí no seu canto. – disse Tracy, entendendo que a amiga estava pensando em outras coisas.

- Não sei... – disse a garota, sentando-se ao lado de Tracy e esquecendo o enorme sorriso que tinha anteriormente. – A única coisa que eu sei é que você e Draco ficaram no Baile de Inverno, e, segundo ele, foi ótimo.

Tracy arregalou os olhos.

- Ele disse isso mesmo? – perguntou ela, espantada.

- Disse numa das cartas malcriadas que me mandou nas férias – falou ela, ajeitando-se no degrau duro.

- Ah... – Tracy pareceu desanimar-se muito, mas estava conformada. – Então não vale.

- Por que não?

- Tenho quase certeza que ele só disse isso para você ficar com ciúmes.

Tracy levantou-se, colocou sua capa, pegou a mochila e foi até a porta. Destrancou-a com um toque da varinha e desfez o feitiço do silêncio.

- Era só isso que tinha para me contar? – perguntou ela, antes de sair.

- Era. – disse Farway, feliz – Mas não fica assim, não. Você ainda vai encontrar alguém para você.

Tracy deu uma gargalhada característica.

- Está bem, já que você diz, mas sabe muito bem que não é exatamente isso que eu quero.

E, fechando a porta, deixando Farway sozinha, ela saiu dali.



Tracy, Ron, Hermione e Harry precisaram parar para ver o que é que chamava tanta atenção no quadro de avisos naquele dia. Tinha um grande aviso pregado nele magicamente, e eles pararam para lê-lo.

Aulas de aparatação


Se você tem dezessete anos, ou vai completá-los até 31 de agosto, poderá se inscrever em um curso de Aparatação de doze aulas semanais com um instrutor do Ministério da Magia.

Se quiser participar, assine abaixo, por favor.

Custo: 12 galeões


Eles se entreolharam e pegaram uma pena cada um, acotovelando-se entre os alunos que tentavam colocar seus nomes na lista.

- Eu estava tão ansiosa por isso! – disse Hermione, quando eles finalmente conseguiram se desvencilhar de todos.

- Não sei. – falou Ron. – Aprender a aparatar deve ser complicado, é muita responsabilidade.

- Mas é muito útil, também. – falou Tracy.

- Com certeza. – concordou Hermione. – E você, Harry, o que acha?

- Eu? Ah, sei lá. – ele disse. – Vai ser legal.


N/A.: Desculpem pelo capítulo fútil. Admito que o escrevi sem nenhum objetivo direto, só por escrever mesmo e deixar isso um pouco mais relaxed.Como alguns viram no aviso, fui viajar antes do Natal e só voltei ontem à noite, portanto só hoje pude atualizar. Por sorte o capítulo já estava pronto!

Ah! Este capítulo é, definitivamente, o último que vai conter informações inúteis. O próximo capítulo é o mais importante da fic e dará base para todos os outros, que já estão escritos, e não há simplesmente nenhum que não seja de suma importância. E para você que não lembra direito de alguns detalhes da fic o próximo capítulo fará meio que... um resumo. Bem, vocês vão ver. Ficou bem legal.

Para finalizar. Pretendo passar a postar antes os capítulos a partir de agora, mas se vocês não colaborarem com os comentários isso não poderá acontecer. Comentem sempre que possível, por favor! Um ótimo ano para todos e até mais!

Manu Riddle

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