O Baile de Inverno




Capítulo 15
O Baile de Inverno


Cada minuto que passava Tracy sentia-se mais desanimada e sem vontade de ir ao baile, ao passo que todas as garotas estavam extremamente eufóricas e loucas para que sua vez de tomar banho chegasse logo.

- Por que essa cara, Tracy? – perguntou Hermione – Não está animada?

- Nem um pouco – respondeu a garota afundando-se ainda mais na poltrona.

- Minha mãe sempre diz que quando a gente está sem vontade é que o baile parece ficar bom – falou Parvati. – Espero que este seja mais animado do que o outro.

A garota encarou Lilá.

- O outro não estava tão ruim assim. As Esquisitonas tocaram bem pra caramba, e dessa vez são elas que irão vir também. – falou Lilá.

- Bom, só espero que Tracy consiga aproveitar... – disse Hermione, olhando para a amiga. – Só não sei se isso vai ser possível na companhia de Draco Malfoy.

- Estou muito bem acompanhada, Mione. – disse Tracy – Melhor do que se eu fosse com o Harry, você viu como ele é traidor.

Tracy encarou, emburrada, o lado oposto da Sala Comunal onde estava Gina, empertigando-se toda e rindo muito na frente de Harry e Ron.

- Mas mesmo assim – continuou Tracy – duvido que alguém esteja mais bem acompanhada do que você, Mione. Ron está cada vez mais bonito... Imagine só como irá ficar em trajes a rigor.

Hermione não pareceu gostar muito do elogio, mas sorriu.

- É... – respondeu a garota, sonhadora – os cabelos dele irão combinar com o traje e os olhos com... Mas o que é que eu estou dizendo?! Vou me arrumar.

Todas as garotas riram ao observar uma Hermione coradíssima subir correndo as escadas que levavam ao dormitório feminino da Grifinória.

- Sorte a sua não ir mais com o Harry. – disse Parvati – Ele é bonito e tal, mas dança mal pra caramba. E não dá atenção para a gente.

Tracy sorriu e sentiu-se um pouco mais alegre e animada, pensando no que Gina teria que agüentar.

- Que bom mesmo. – falou ela para Parvati – Acho que vou me arrumar também. Se eu demorar muito, acho que a Emeline e a Anne, do sétimo ano, deverão ter o banheiro desocupado. Parece que elas não foram convidadas para o baile e então não irão.

- Qualquer coisa a gente vai lá, sim! Obrigada, viu? – disse Lilá.

- Tudo bem. Mas eu vou tentar ser rápida.

Tracy subiu as escadas lentamente, pensando em uma maneira de não ir a esse baile. Algo lhe dizia que as coisas dariam totalmente errado, que a noite seria horrível, e que ir com Malfoy ao baile estragaria todos os seus planos. A garota estava começando a se arrepender de ter proposto, ou melhor, imposto toda essa baboseira. Fizera aquilo só porque estava com ódio de Harry, e não havia pensando nas conseqüências. Mas, agora que já estava feito, ela seguiria em frente.

Ela abriu a porta do seu dormitório e ouviu o barulho do chuveiro ligado. Hermione já havia começado a tomar banho. Todas as coisas da garota estavam estiradas em cima da cama: o vestido longo azul claro, os sapatos brancos, a tiara de pedras brilhantes, o colar e alguns braceletes. A exemplo da amiga ela pegou e esticou suas roupas e acessórios em cima da própria cama. Esperou Hermione sair do banho e, pegando sua toalha, foi para o banheiro também.

A água que enchia a banheira estava quente, e o vapor que saía dali espalhava-se por todo o banheiro, deixando o lugar muito úmido. Logo ela entrou na banheira e, mais alguns minutos depois, quando a água já lhe cobria o corpo, desligou o chuveiro. Ficou alguns instantes ali, apenas olhando a densa espuma que cobria a superfície da água quente, e pensando em coisas tristes… Estava desanimada. Logo, quando percebeu que o tempo estava passando, pegou o sabonete e o xampu e tomou banho.

Com muito sacrifício ela levantou-se e saiu da banheira, enrolando-se em sua toalha. Quando saiu do cômodo, viu Hermione toda vestida, apenas com o rosto e cabelo para arrumar. Aquele vestido havia realmente ficado muito bem para ela.

- Que tal estou? – perguntou a garota, sorrindo.

- Muito bem. – respondeu Tracy – Está linda, Hermione. Só precisamos dar um jeito nesse cabelo. Deixa-o liso e prende uma parte atrás, eu acho que vai ficar legal.

- É o que eu estava pensando em fazer. – respondeu a garota, sorrindo.

Tracy observou Hermione pegar sua varinha e alguns potes enormes e entrar no banheiro novamente, fechando a porta. Depois, desenrolou-se da toalha, colocou seu vestido e as sandálias. Terminou de arrumar os fechos das mesmas e foi olhar-se no espelho. Naquele momento não gostou mais do vestido. Tinha achado-o tão lindo quando o comprara, mas agora ele parecia simples e comum, não ficando tão bem para ela. Sempre fora assim. Mas, agora, ela não poderia fazer mais nada. Mesmo assim, ela gostava do brilho que alguns detalhes do vestido tinham, e do caimento em seus ombros.

O próximo problema: o cabelo. O que faria agora? Passara alguns dias pensando no que gostaria de fazer e acabou se decidindo por algo que a deixasse o mais diferente possível. Ela mirou os longos cabelos lisos no espelho e imaginou-os encaracolados. Pegou a varinha e assim os deixou. É, seu rosto parecia ter ficado mais cheio com aquele cabelo, os cachos eram um tanto grandes, como os de Belatriz. Ela soltou um lado, prendeu o outro, soltou-o novamente, prendeu os dois, em cima, em baixo, para um lado, para o outro e finalmente acabou decidindo por prendê-lo todo em uma presilha que os deixasse retos, no alto da cabeça, com ele dividido ao meio. Não gostou muito de seu rosto assim, então decidiu deixar dois fios curtos encaracolados a frente do rosto, e puxou alguns cachos que estavam prendidos para trás para cima dos ombros.

Nesse momento Parvati e Lilá entraram no quarto, conversando. Hermione saiu do banheiro e as duas garotas entraram. Hermione tinha feito no cabelo exatamente o que Tracy sugerira, estava linda. As duas terminaram maquiando o rosto com as varinhas, algo prático, rápido e muito eficiente. Logo, Parvati e Lilá também estavam prontas, bonitas a seu jeito, com vestidos um tanto excêntricos, de cores muito chamativas e fortes.

- Vamos descer? – perguntou Tracy.

- Não! – esganiçou-se Lilá. – Não podemos descer agora.

- Por que não? – perguntou Tracy, novamente. – Já são dez para as sete. Até chegarmos ao Salão Principal serão sete horas.

- Temos que nos atrasar um pouco. – respondeu Parvati – Olha só, você não vai querer que seu par se atrase e você fique lá, sozinha, o esperando, não é?

Tracy pensou muito bem antes de responder:

- Hm... É.

- Então vamos descer às sete e quinze. – falou Lilá.

- Ah, não. Às sete. – contrapôs Hermione.

- Sete e quinze. – repetiu Lilá, fazendo algo estranho com a boca.

Não querendo que aquela discussão fútil continuasse por muito mais tempo, Tracy interrompeu-as.

- Eu e Hermione descemos as sete, e você e Parvati descem às sete e quinze. Pronto, problema resolvido.

Todas se entreolharam e acabaram assentindo.


~*~*~


Farway largou o pesado livro que tinha na mão e colocou-o dentro da mochila. A leitura estava extremamente agradável, mas ela ainda tinha que se arrumar para o baile. Se demorasse mais alguns minutos, talvez não ficasse pronta a tempo.

Ela fechou os zíperes da mochila e jogou-a num dos ombros, tentando se concentrar apenas no caminho que teria de fazer até o seu dormitório. Não queria olhar para ninguém, não queria ter que conversar com ninguém. Muito menos com ele. Não era ódio o que sentia. Um pequeno ressentimento talvez, mas nunca ódio. Por mais que tentasse, não conseguia pôr a culpa nele por ser tão fraco.

A garota não conseguiu se segurar, deu uma olhada geral pela Sala Comunal da Sonserina. Sabia que ele não estava lá, mas queria mais do que nunca que estivesse. A única coisa que viu foi seu par, McSporran, rindo com alguns amigos. Quando este a avistou subindo para os dormitórios sorriu para ela e piscou. Farway não resistiu àqueles belos olhos negros e ao sorriso encantador do rapaz, e retribuiu com outro sorriso, um tanto pequeno, mas valioso.

Não sabia por que sentia aquilo. Por que não conseguia se contentar com o que tinha? Por que ficara tão abalada com a idéia de não ir mais ao baile com Malfoy? Se o odiava mesmo tanto quando dizia, por que estava sentindo-se tão incompleta no último mês? Ela não estava entendendo mais nada.

Mal pôs os pés no primeiro degrau que subia aos dormitórios, ela notou um par de sapatos pretos descendo a escada. Ela baixou a cabeça. Não queria encontrá-lo agora, não queria ter que encará-lo naquele momento em que se sentia tão desprotegida, sem ao menos saber por quê. O corpo foi se formando e logo ela não conseguiu desviar os olhos dos cabelos loiros e dos olhos acinzentados do rapaz. Os olhares deles se encontraram, e ao mesmo tempo se perderam nas profundezas um do outro.

- Boa noite, Farway – disse ele.

Como poderia ser tão formal? Não que ela não gostasse de garotos inteligentes, mas ele poderia ter agido normalmente com ela, como sempre agiu.

- Boa noite, Malfoy – ela tentou ser fria ao dizer o nome do rapaz, mas algo dentro dela não permitiu.

Ele ainda não estava pronto, continuava usando suas roupas trouxas normais. O cheiro do garoto a deixou tonta por alguns instantes, e quando ela percebeu já estava jogando-se na sua cama que havia arrumado não fazia muito tempo.

Levantou-se com muito sacrifício e tomou seu banho, lavou os cabelos, escovou os dentes e voltou para o dormitório, enrolada na toalha. Por um momento pensou que encontraria Pansy lá, vestida com o modelo rosa que tanto sonhara, rindo como uma louca e desesperando-se ao ver que um fio de seu cabelo estava fora do lugar. Mas o que viu foi o que costumava ser a cama dela cheia de apetrechos das outras garotas que diziam tanto ser suas amigas. Sentiu falta dela ao lembrar do lampejo verde que a tirara a vida. Por mais que tivesse a odiado sempre, e sempre quisera a ver morta, agora sentia que o mundo era injusto demais. Riddle estava tirando de todos o que de mais precioso eles tinham. A vida de Pansy, a vitalidade de Draco, o amor de Farway... Surpreendeu-se pensando nisso. Ela era um deles, não era? Escolhera se tornar uma Comensal da Morte. Fazia parte daquilo e não voltaria atrás.

Farway apertou os olhos como se quisesse afastar todos aqueles pensamentos. Colocou seu vestido, os sapatos e arrumou os cabelos. Estaria muito bonita, se não se notasse de longe o desânimo e a tristeza em seus olhos castanhos.

Dando uma última olhada para a cama vazia de Pansy, ela fechou a porta de seu dormitório e desceu.


~*~*~


Lia sentia-se mais feliz do que nunca. O que ela tanto lera e relera em seus livros estava se tornando praticamente realidade. Iria ao baile... Com Michael. Nunca imaginara que seria convidada por ele, o melhor amigo de seu irmão mais velho. O garoto que a deixara com uma tremenda dor nas costas nas férias de verão por fazê-la liberar seu quarto para que ele e seu irmão ficassem a vontade. O dono daqueles belos olhos verdes e daqueles cabelos aparentemente sem corte e brilhantes.

Ela respirou fundo e olhou pela janela da sua torre. Estava sentada nela, com seu pijama de algodão e com os braços enlaçados nas pernas. Suas duas companheiras de quarto já estavam vestidas, tagarelando sobre detalhes e cabelo. Lia não estava preocupada, sua imaginação ia muito além de feitiços para fazer cachos pararem em seus lugares.

Uma coruja passou rápida pela janela, deixando-a um pouco sobressaltada. A garota olhou em seu relógio de pulso e notou que já deveria começar a arrumar-se. Passando no meio de saias rodando e gritos histéricos, ela entrou no banheiro, com seu vestido. Ligou o chuveiro.

- Será que dá para vocês pararem de gritar ou eu terei que ir aí pessoalmente fazer isso? – perguntou ela, abrindo a porta do banheiro e colocando a cabeça para fora quando os gritos e risadas tornaram-se insuportáveis.

As duas lhe encararam como se quisessem matá-la, mas a garota não se importou. Contentava-se apenas em vê-las de boca fechada, o que aconteceu logo após. Quando conseguiu tomar seu banho em paz, ela terminou de se arrumar e saiu do banheiro com os cabelos ruivos lisos e presos de uma maneira muito elegante na nuca. O dormitório já estava vazio, as duas garotas já haviam descido fazia tempo.

A garota esperou alguns minutos até acostumar-se com a idéia de encontrar Michael longe de seu irmão, de dançar com ele e até, por que não, ficar sozinha com ele. Apoiou-se nas sandálias altas que fora induzida a comprar pela vendedora... Tudo bem, ela estava sob o efeito do cheiro de Michael e simplesmente aceitou tudo que fora colocado a sua frente, e saiu do dormitório.

Desceu as escadas lentamente, tentando achar Michael por um ou outro buraco que havia na Sala Comunal e começou a desesperar-se ao ver que não o achava. Por que sempre nessas horas os piores pensamentos vêm à nossa cabeça? Como naqueles pensamentos repentinos que surgem do nada, ela assustou-se ao achar que tudo aquilo fora uma brincadeira de muito mau gosto de Michael e de seu irmão. Eles haviam combinado de enganá-la, deixando-a feliz porque iria ao baile com o garoto que depois a deixaria esperando. E fariam isso só para rirem.

Ela parou na metade das escadas. Deveria ir para o dormitório, trancar-se lá dentro e fingir que não sabia de nada e que não caíra na brincadeira? Ou deveria ir em frente, arriscando ser motivo de chacota durante todo o restante do ano, ter vontade de sumir de Hogwarts e de Londres para o restante da sua vida? Ninguém a havia visto ainda. Ela optou pela primeira opção, e virou-se rapidamente para subir as escadas, extremamente abalada, mas algo a impediu de subir. Ela bateu contra um garoto alto, que descia pelas mesmas escadas. Alguém a havia visto!

Ela levantou a cabeça lentamente para ver quem era.

- Oh, me descul... Lia? – o garoto espantou-se.

- Oi, Michael. – ela respondeu, sentindo-se extremamente aliviada naquele segundo que o vira todo sorridente.

- Você está... Bonita, muito bonita – disse ele.

- Ah... – ela sorriu, envergonhada. – Obrigada. Você também está muito bonito.

Eles ficaram assim, se olhando, parados no meio da escada durante algum tempo.

- Vamos descer então? – perguntou ele.

- É claro.

Ele ajeitou um dos braços e ofereceu a ela que, um pouco confusa, encaixou com o seu.


~*~*~


Tracy e Hermione estavam descendo pelas escadarias que levavam a Sala Comunal da Grifinória, a primeira podia sentir a amiga tremendo ao seu lado. Como ela gostaria de sentir a mesma coisa por alguém. Amor... Ah, o amor. Ele conseguia deixar louco e vulnerável até alguém muito inteligente, como Hermione. Tracy não gostaria nem de saber o que algo nesse sentido faria com ela. Nunca gostara do amor. Ao contrário do que praticamente todos pensavam, para ela amor é algo que destrói... Destrói os seres humanos, deixando-os malucos e alucinados. Se o amor não existisse, talvez o homem conseguisse pensar mais em si do que nos outros, e assim seria mais feliz. Às vezes esses dois pensamentos se batiam na cabeça de Tracy.

Repentinamente, Hermione parou. Tracy olhou para a amiga, procurando uma razão para isso.

- Que foi? – perguntou Tracy.

- O Ron está ali. – respondeu Hermione, um tanto assustada, apontando para uma cabeça ruiva que estava de costas para elas.

- Ah... – falou Tracy, aliviada – Hermione, para alguém como você que enfrenta vários livros de mil páginas por semana, encontrar-se com um garoto que você vê todo dia não deveria ser tão surpreendente.

- Hoje é um dia diferente – ressaltou Hermione.

- Não vejo por quê. Para mim é só um dia de um baile idiota – disse Tracy, estava tentando mostrar-se mais fria do que era.

- Oras, quem era que estava toda animada porque iria ao baile com um loiro de olhos cinzentos? – perguntou Hermione parecendo mais relaxada.

- Isso é diferente. – disse Tracy, defendendo-se e voltando a descer as escadas, lentamente, para fugir dos olhares acusadores da amiga.

- Tão diferente como você disse que esse dia é – falou Hermione.

As duas desceram e chegaram a Sala Comunal. Tracy tentou desviar do olhar de Harry, escondendo-se atrás de Hermione em alguns momentos. Não queria conversar com ele agora. Sentiria vergonha, sem nem ao menos saber por quê.

Ron virou-se quando Harry sorriu para Hermione e Tracy. Deu para perceber em seu olhar certa surpresa, ao ver Hermione longe de seu cabelo armado e do uniforme de Hogwarts. No olhar da garota, percebeu-se algo muito parecido.

- Oi. – disse ela.

- Er... Oi. – falou Ron.

Tracy e Harry se entreolharam. Nesses momentos eles pareciam muito unidos, pelo bem de Ron e de Hermione. Nesses momentos Tracy lembrava-se de que era irmã de Harry, de certa forma, e sentia-se um tanto culpada por querer matá-lo. Mas era um bem querer tão, mas tão grande, que chegava a ser inexplicável. Eles se uniam de uma maneira muito superior ao imaginável. Nesses momentos, Harry também conseguia esquecer a forma grosseira como a garota o tratara no dia anterior.

- Boa noite, Harry – falou Tracy, sendo retribuída da mesma maneira. – Gina ainda não apareceu?

- Não. – respondeu o garoto. – Mas ela deve estar quase aí.

- Ron... – pediu Tracy, baixinho – Você me libera a Hermione para descer comigo até o Salão Principal, só até eu encontrar o... O meu par?

- Por que você quer isso? – perguntou o garoto, como se defendesse de um animal perigoso.

- Bem, será meio constrangedor chegar lá sozinha. Deixa Hermione descer comigo, você desce logo atrás e quando eu já estiver acompanhada vocês dois se juntam, como tanto querem.

Ron não pareceu convencer-se.

- Tudo bem – falou ele, um tanto mal humorado.

Elas deram alguns passos e conseguiram escutar dos garotos: “Quem será o par dela?”, indagou Harry, obtendo um “Não faço a mínima idéia” de Ron em resposta.

Tracy sorriu para Hermione e as duas passaram pelo buraco do retrato. Estavam muito ansiosas para verem a decoração que tinha sido feita no Salão Principal. Elas desceram as escadas com uma pressa um tanto exagerada. Tracy ficava muito feliz pelos seus saltos serem tão grandes, assim ela corria menos risco de tropeçar no vestido, que também era um tanto longo.

Lá em baixo, Tracy já avistara Draco. Estava ao lado de Crabbe e Goyle, provavelmente a esperando. Ela olhou para Hermione. A amiga insinuou com a cabeça que era para ela seguir em frente. Tracy sorriu.

Ela ergueu um pouco a saia do vestido e desceu as escadas. Tracy olhava para Draco, que estava mirando outro lado do Salão e que, ao vê-la descendo, sorriu encantadoramente. Um sorriso misterioso, sem mostrar muito os dentes.

Ele estava lindo. Normal, mas lindo. O que é que um baile não provocava na cabeça das pessoas? Aquilo era incrível. Tracy nunca havia notado Draco daquela maneira. Como um garoto. Draco sempre fora para ela apenas... Draco. Independente de ter ou não lindos olhos acinzentados, cabelos loiros encantadores, ou um olhar conquistador. Agora, tudo estava fazendo diferença. Nada mais era igual.

- Olá, Tracy – falou Draco, pegando em uma das mãos da garota, numa maneira gentil de ajudá-la a descer.

- Boa noite, Draco. – respondeu ela – Tudo bom?

- Tudo ótimo. – falou ele, que parecia estar compartilhando dos mesmos pensamentos repentinos da garota. – E com você? Deve estar muito bem, pois está linda.

Tracy riu.

- Estou bem sim. Mas quanto ao linda, já não sei.

- Não seja modesta. – disse Draco, encarando a garota sem sequer piscar – Vamos entrar? Várias pessoas já estão aqui.

- Claro– respondeu Tracy.

Ela nunca se sentira tão bem na presença de Draco. A garota passou a mão pelos cabelos, lembrando-se de que eles sempre estavam arrepiados na parte de cima, e tentando esconder algo se estivessem daquela maneira. Viu que Draco, ao encaixar seus braços, também havia dado um jeito de bagunçar seu cabelo de uma maneira incrivelmente magnífica.


~*~*~


Farway estava pouco confiante, mas seguiu a passos largos. Bem no fundo, sabia que várias pessoas estavam com muita vontade de estar em seu lugar, afinal, McSporran era um dos garotos mais populares do sétimo ano. E um dos mais bonitos também.

Ela desceu as escadas rapidamente, estava um tanto nervosa. Não queria se deparar com Draco novamente. Ela olhou ao redor só para se certificar de que McSporran não estava na Sala Comunal, pois eles haviam combinado de se encontrar na entrada do grande salão.

Ela acenou para algumas amigas que estavam por lá, sorrindo, e depois saiu pelos corredores iluminados. Havia poucas pessoas, e ela caminhou tranqüilamente até chegar ao Salão Principal. Ao longe, já via que as luzes estavam diferentes, muito mais brilhantes e chamativas. Não estava gostando nem um pouquinho de ir até lá sozinha, mas logo ela avistou McSporran, com seu habitual charme.

- Oi – cumprimentou ela, feliz.

- Oi... Você demorou um pouco, né? – falou ele, tentando demonstrar simpatia.

Farway sentiu um ódio tremendo por ele. Sim, tinha se atrasado, mas quem se importava com isso?

- Pois é. Mas tenho certeza de que ninguém aqui sentiu minha falta – disse ela, um tanto emburrada.

McSporran ficou calado durante alguns instantes, que bastaram para Farway dizer a si mesma que beleza não é tudo umas dez vezes.

- Vamos entrar? – perguntou ela, de repente. – Não tem mais muita gente por aqui.

- Vamos – falou ele, pegando na mão da garota e praticamente a puxando para dentro do Salão.

Farway não gostou muito disso, mas, logo a frente viu Tracy e Draco, e então resolveu fazer uma expressão de extremo contentamento para provocá-los.

Tracy cumprimentou a garota com a cabeça ao longe e voltou-se para cochichar algo com Draco. Algo que o fez olhar para Farway rapidamente, de cima a baixo.

- Como vai? – perguntou Farway.

- Muito bem. – respondeu Tracy – Estávamos falando de você, exatamente agora. Dizendo como seu vestido é bonito.

- Obrigada. – respondeu Farway – Eu não gostei muito dele não, mas fazer o quê? Não sou muito chegada a vestidos. Nem em saias, nem em nada do tipo. Gosto mesmo é de calças. É uma pena que nós sejamos praticamente obrigadas a só usar esse tipo de roupa aqui em Hogwarts. – ela hesitou – Espera aí! Do que é que eu estou falando? Isso não tem nada a ver com o assunto. Oh, Merlim!

Todos riram. Agora sim Tracy sabia que ela estava bem mesmo.

- Nós vamos dar uma... Han... Volta por aí. – falou Tracy, olhando para Farway – Depois a gente se vê!

Farway deu “tchau” com uma das mãos e voltou-se para McSporran.

- Estou louca para que comece a música. – disse ela – Não que eu goste muito de dançar, mas é melhor que ficar fazendo nada aqui, só olhando para os outros.

- É. – concordou McSporran – Eu quero é ver As Esquisitonas! Fui num show delas nas férias, estão cada vez melhores.

Farway sorriu.

- Que bom. Adoro As Esquisitonas.


~*~*~


As Esquisitonas anunciaram o início do baile e vários casais postaram-se na frente do palco. Logo elas começaram a tocar uma música lenta e triste, que falava sobre perdas e arrependimentos.

- Vamos dançar? – pediu Draco à Tracy.

- Vamos – respondeu a garota, apesar de ainda estar em dúvida se não acabaria tropeçando em alguma parte daquele vestido.

Ela deu a mão à Draco e este a puxou para o meio do salão. A garota posicionou seus braços sobre os ombros do rapaz e, lentamente, eles encostaram os rostos quentes. Naquele momento um arrepio passou pela espinha de Tracy. O cheiro de Draco a estava envolvendo e dançar não parecia mais ser tão difícil.

- Você está dançando melhor do que eu esperava – comentou Tracy baixinho, no ouvido do rapaz.

- Você também – ele respondeu com certa frieza. – A Tracy deveria ter aulas de dança, não é?

- É, ela tinha – respondeu a garota. – Mas o par colabora muito, hein. Muito mais do você pode imaginar.

Draco rosnou como se defendesse de uma acusação de não saber dançar direito. Apenas pressionou ainda mais a cintura da garota e a rodopiou algumas vezes, como os outros casais estavam fazendo.
Num desses momentos Tracy avistou Harry, sentado em uma mesa na companhia de Gina. Os olhares dos dois se cruzaram durante um segundo, o suficiente para que a garota lançasse um olhar avassalador para o irmão. Eles rodopiaram mais uma vez e Tracy acenou lentamente para Harry, que retribuiu o aceno com uma expressão emburrada no rosto. Ele comentou algo com Gina, que fez a garota revirar os olhos. A felicidade de Tracy estava completa.

Ela baixou a cabeça, apoiando-a no seu braço que estava por cima do ombro de Malfoy. Um perfume leve a conduziu até o pescoço dele, onde mais um dos arrepios perpassou a sua espinha. Ele tinha um cheiro tão bom, era tão alto e forte...

Eles dançaram até o fim da música, mas saíram logo no início da próxima, como vários casais fizeram. Esta tinha um ritmo mais rápido e ninguém parecia saber dançá-la corretamente. Voltaram à pista algumas músicas depois.

O mesmo sentimento invadiu o peito de Tracy novamente. Ela sentia-se envolvida pelo garoto a sua frente e ao mesmo tempo sentia um ódio inexplicável por ele, as duas coisas pareciam estar unidas. Ela não admitia sentir nada por ninguém que não fosse desprezo.

Repentinamente Draco deu uma virada brusca e os dois quase caíram. Tracy lançou a ele um olhar de repreensão, mas o garoto pareceu dar pouco caso apenas a segurando firmemente de novo. Quando eles deram meia volta, Tracy pôde perceber o porquê de tanta fúria de Draco. Farway e seu par, McSporran, estavam se beijando próximos a uma mesa. Mais uma virada brusca fez os dois quase caírem novamente.

- Draco, vamos sair daqui – disse Tracy, entendendo a situação do rapaz e tentando ajudá-lo, apesar de não gostar nem um pouco disto.

Draco assentiu e pegou na mão esquerda de Tracy, a arrastando para outro lado do Salão. Tracy o viu olhar novamente para o lado em que Farway estava e virar bruscamente quando viu que os dois ainda persistiam no beijo.


~*~*~


Michael entregou a Lia o cálice em que estava a bebida que ele havia prometido trazer a ela, e enganchou seu braço no da garota. Esta retribuiu com um sorriso.

- Obrigada – agradeceu ela ao receber a bebida.

Ele assentiu com a cabeça.

Os dois desceram as escadas rumo as grandes portas de carvalho de entrada do castelo de Hogwarts e caminharam em direção ao lago.

- É bom sair de lá de dentro – comentou Michael. – O calor estava insuportável.

- Sim – concordou Lia. – Não gosto do calor, prefiro o frio e o tempo úmido do inverno. Adoro a neve... Vê-la caindo é tão aconchegante!

- Já eu, discordo. Não existe nada melhor do que o verão, mas passar calor já é demais, não é? O pessoal lá dentro está todo suado, se metem a dançar aquelas músicas rápidas e depois passam correndo encostando-se à gente – resmungou Michael.

Lia riu.

- É bom estar aqui – falou ela, parando e olhando para o rapaz.

- É realmente muito bom estar aqui, com você - disse ele, aproximando-se de Lia.

A garota sorriu levemente e, desconcertada, disse:

- Vou me sentar – ela abaixou-se e sentou, escorada numa árvore perto do lago.

- Ah – ele pareceu desapontado. – Tudo bem, eu sento com você.

Ele sentou-se ao lado da garota, tomando especial cuidado para deixar o espaço ideal para que ela se apoiasse nele se quisesse.

- Lia, posso lhe perguntar uma coisa? – indagou Michael.

- Bem, você já perguntou, mas pode fazer outra pergunta.– respondeu a garota, rindo baixinho.

- Por que você nunca respondeu o bilhete que eu deixei na sua mochila em Outubro?

- Bilhete? Não me lembro de bilhete algum – disse ela, tomando o último gole de sua bebida.

- O bilhete em que eu lhe convidava para este baile – falou ele.

Lia deixou o cálice ao lado da árvore e olhou, sobressaltada, para Michael.

- Você só me convidou para este baile ontem, quando estávamos escolhendo nossos trajes a rigor – afirmou ela, sem sorrir.

- Não – disse ele. – Olha, eu deixei um bilhete para você, na sua mochila, em Outubro. Você não viu?

- Não – respondeu Lia, sentindo certo ódio por ter sido privada de tanta alegria nesses dois meses. – Você tem certeza que não caiu fora ou... Ou entrou em algum livro meu, talvez?

- Ah, sim – disse Michael. – Ele caiu dentro do seu livro e, pela grossura, parecia ser o de poções.


Flashback


- É uma pena. – disse Farway, mas seu rosto iluminou-se de repente. – Lia, você teve Poções hoje.

- Não, não tive. – respondeu ela imediatamente, desviando o olhar da teia de aranha.

- Teve sim, eu olhei o seu horário e sei que teve. – afirmou Farway. – Oras, o que custa emprestar o seu livro a ela só por hoje?

- Eu não empresto meus livros de Poções a mentirosas. – respondeu ela, seca.

- Eu não sou mentirosa, Lia! Você sabe muito bem como o Draco é! – começou Tracy, mas foi interrompida.

Um garoto alto, com os olhos negros que combinavam perfeitamente com as vestes que usava, disse:

- Oi, Lia! Tudo bem, maninha querida? – perguntou ele, abraçando a irmã por trás, contudo ninguém o viu deslizar o seu braço para o pescoço dela e depois soltar quando a garota ameaçou pegar a varinha.

- Olá, Leo! Como vai? – perguntou Farway. – Há tanto tempo não conversamos!

- Vou muito bem! E, sim, faz realmente tempo que não trocamos uma idéia, não é? – disse ele, extremamente simpático como sempre. – Tracy! Como anda Voldemort, seu pai? – perguntou ele, rindo.

Tracy, indignada, abriu a boca para revidar, mas ele interrompeu-a novamente.

- É só uma brincadeira! É que a louca da minha irmã embestou e disse para eu ficar longe de você, pois era a herdeira do mal, e queria destruir Hogwarts – completou ele, ainda sorrindo. Parecia que só o que o garoto conseguia fazer era sorrir.

- Eu não disse isso – falou Lia, entre dentes.

- Disse, sim. Mas não interessa, agora eu tenho que almoçar. Vamos! – disse ele e dois amigos o seguiram.

Um desses amigos passou por Lia batendo nela e deixando a garota muito nervosa, fazendo-a olhar para ele com um olhar furioso.

Depois, quando estava mais longe, Leonardo disse para Lia:

- A propósito, sua mochila está aberta!

Lia tirou a mochila das costas e fechou o zíper.

- Lia, empresta o livro para ela, vai. Não custa nada. – insistiu Farway. – E ela não tem nada a ver com o Tom, tá?

Lia encarou Farway com ódio e jogou um livro pesado nas mãos de Tracy, de mau -humor.


Fim do Flashback


- É claro! – disse Lia, dando um pulo e postando-se de pé rapidamente.

- Que foi? – indagou Michael, sobressaltado.

- Farway e eu acabávamos de ter uma conversa quando a Tracy chegou... Ela pediu o livro de poções de Farway emprestado e, como ela não o tinha, pediu a mim – disse Lia, falando lentamente para que Michael entendesse absolutamente tudo. – Nesse momento meu irmão chegou e você esbarrou em mim sem querer. Quando o Leonardo já estava indo embora ele me avisou de que minha mochila estava aberta, então eu tirei o livro de poções lá de dentro e o dei à Tracy.

- Isso quer dizer que foi ela que pegou o bilhete?

- Quer – falou Lia, decidida. – E eu preciso descobrir o por quê dela ter escondido isso de mim durante todo esse tempo.

Michael franziu o cenho, nunca imaginara uma Lia tão vingativa.


~*~*~


Hermione sentia-se bem ali, com Ron. Depois de um bom tempo conseguiu convencê-lo a dançar uma música lenta com ela, pois ele recusava-se terminantemente a fazer isso. Mas era óbvio que ela não fora ali só para ficar olhando.

Agora, aconchegada nos ombros do garoto, respirava um ar abafado e suava frio. Sentia um ou outro pisão nas pontas dos dedos mas fazia de tudo para não ligar, apesar de não conseguir isso, às vezes. Ron era meio desajeitado para dançar e conversar com uma garota, mas Hermione gostava tanto dele que se tornava impossível recriminá-lo por isso.

- Ah, acabou – respirou Ron aliviado, quando um último toque de piano soou e o silêncio prevaleceu por todo o salão.

Hermione riu baixinho e saiu do meio dos casais, seguida por Ron.

- Não é uma coisa tão boa assim – disse ela.

- É uma coisa ótima – falou Ron. – Dançar é ruim, não sei como vocês conseguem se empolgar tanto com essa história de baile, de dança, de música...

- Calma – a garota riu. – E isso não é só das garotas, você estava muito mais animado com o baile do que a Tracy, viu?

- Mas ela parece se divertir – resmungou Ron. – Mesmo estando com o Malfoy. Aliás, por que será que ela fez isso, hein? Deve ser para se vingar do Harry...

Eles olharam pelo salão a procura de Malfoy e Tracy, mas não os encontraram.

- Você não está se divertindo? – perguntou Hermione, sem conseguir segurar certo desapontamento na voz.

- Bem, é claro que estou – respondeu o garoto. – Só que dançar não é nem um pouquinho bom.

Hermione riu, aliviada.

- Pense pelo lado bom, pelo menos você não veio com o Harry ao baile, como sua irmã – Hermione apontou para os dois que estavam sentados praticamente um de costas para o outro com expressões chateadas no rosto.

- Coitada da Gina. O Harry é até mais desajeitado do que eu – comentou o garoto.

- Parece ser – falou Hermione. – Vamos nos sentar com eles?

Ron assentiu e os dois sentaram-se na mesa onde estavam Harry e Gina.

- Olá – cumprimentou Hermione. – Estão se divertindo?

Harry baixou a cabeça e Gina respondeu:

- É...

- Você não quer ir dançar com a Gina, Ron? – indagou Hermione, tentando ajudar à amiga.

- Eu? – sobressaltou-se o garoto. – É claro que não, acabei de dançar com você, saí da pista agora e você me pede par...

- Tudo bem, então – respondeu Hermione, levemente grossa, cortando-o. – Se você não quer então está bom.

- Mas, Hermione – começou Ron, a garota não o havia tratado mais assim naquele dia.

- Já disse, Ron, está tudo bem – falou a garota. – Vamos dar um volta.

Ela lançou um olhar de solidariedade à Gina e, puxando Ron pela mão, foi para outro lado do Salão Principal.


~*~*~


- Eu não acredito que ela fez isso comigo – disse Lia, enquanto caminhava nervosamente pelo jardim ao lado de Michael. – Tudo bem, desde o começo eu já percebi que ela não gostava de mim, que ela me odiava, mas não me importei. Ah, eu deveria ter contado para todos quem realmente é ela. Aquela história do Malfoy só tem que ser verdade, ela só pode ser essa tal de Evans Riddle não sei das quantas... Tudo isso se confirmou quando ela largou o Harry para ir com ele ao baile.

Lia não parou de falar nem quando Michael resmungou “Quem largou ela foi o Harry”, em defesa da garota, apesar de não estar entendendo quase nada de tudo aquilo que ela falava.

- E agora eu descubro que ela roubou o bilhete que você me deixou, fez sabe-se lá o que com ele e ainda escondeu isso de mim o tempo inteiro – continuou ela. – É muito injusto, eu não vou aturar esse tipo de coisa, quero e exijo uma explicação convincente para tudo isso! Ah, deixa só ela me encontrar. Vou amaldiçoar o dia em que nasceu, ah, vou.

- Lia, por favor...

- E ainda tem mais! – disse ela, batendo numa árvore. – O meu irmão parece estar completamente apaixonado por ela, aquele idiota. Eu preciso alertá-lo sobre que espécie de pessoa é aquela garotinha, ela vai se ver comigo! Meu irmão não pode gostar de uma pessoa daquele tipo. Ele é meu irmão e eu não vou permitir e...

- Lia, pára, por favor – falou Michael, mais alto que anteriormente, fazendo a garota calar-se.

- Ah, me desculpe – disse a garota, realmente sentida. – Não percebi que estava sendo chata, é que fiquei com muita raiva mesmo.

- Assim está bom – falou ele, com o sorriso misterioso tomando-lhe os lábios novamente. – É que se você continuar falando, eu não poderei fazer o que almejo há tanto tempo.

- Hm? – espantou-se ela. – E o que é isso?

Ele postou-se na frente dela e a parou, segurando-a pelos ombros. Com uma das mãos trouxe o rosto da garota para mais perto do seu e iniciou o beijo que os faria serem transportados para outra dimensão. A intensidade do beijo aumentava enquanto ele acariciava a nuca de Lia. Quando os dois se separaram, com muita relutância, ela apenas sorriu sendo retribuída da mesma forma.


~*~*~


- Não sei desde quando eu dei a entender que dançaria com minha irmã algum dia – resmungou Ron, enquanto acompanhava Hermione para fora dos castelos.

- Você é um idiota, Ron – respondeu a garota. – Custava dançar uma vez só com ela? Não percebeu que estava chateada, pois Harry não a convidava para dançar?

- Que ela estava chateada, eu vi, mas eu não podia fazer nada, mesmo.

Hermione resmungou algo inaudível para Ron naquele momento.

- E a culpa também não é minha se Harry não sabe como lidar com as garotas – falou Ron.

- Como se você soubesse – disse Hermione, alto, para que Ron escutasse com todos os detalhes.

¬- E eu não sei? – perguntou ele.

- Não – respondeu Hermione, seca. – Vê-se pela maneira como tratou sua irmã, Ron. Ela estava muito chateada. E agora quem está chateada também sou eu.

- Ah, Hermione – repreendeu-a Ron. – Você não vai ficar assim por causa disso, né? Deixe o Harry e a Gina, eles já são bem grandinhos para que se entendam sozinhos.

- Eu sei disso, mas mesmo assim Gina não deixa de ser minha amiga.

- ‘Tá bom, Hermione – rendeu-se Ron. – Eu me rendo, levanto a bandeira branca! Errei e tal, mas... Quem se importa?

Hermione parou de caminhar abruptamente.

- Você é um insensível! – gritou, olhando para ele.

Ela saiu correndo dali, e Ron teve que ir atrás dela.

- Espere, Hermione! Nós precisamos conversar, você não me entendeu direito!

- Entendi perfeitamente, Ron! Entendi que já está na hora de eu deixar de ser criança e amadurecer! – gritou ela, parando e olhando para ele, com lágrimas nos olhos. – Você tem que deixar de ser infantil, Ron. Nada mais dá certo, nada! Que droga!

E, assim, ela voltou correndo para o seu dormitório, arrancando o vestido do corpo e jogando-o junto com as sandálias e acessórios, em um canto do quarto e indo deitar-se, muito deprimida.

Ron recorreu à Harry, que também já estava sozinho.

~*~*~


Algumas horas depois, Tracy e Draco resolveram ir aos jardins novamente. Todos estavam se afastando do Salão Comunal e a maioria, desiludida, voltava aos seus dormitórios de pés descalços, carregando as sandálias ou sapatos nas mãos. Exatamente o que Tracy estava fazendo naquele momento.

Ambos pararam em frente ao castelo e se entreolharam. A Lua deixava um brilho sombrio entre as copas das árvores na Floresta Proibida, e também nos rostos dos garotos. Sem mais nem menos, Draco aproximou-se de Tracy. O calor que emanava do corpo de ambos fez com que eles deixassem se levar, encostando levemente os lábios. Tracy apoiou os braços nos ombros do rapaz, confusa, enquanto sentia duas mãos quentes a envolverem. Enquanto a beijava, Draco passava levemente as mãos pelas costas da garota, a fazendo sentir certos arrepios.

Quando se separaram, apenas se entreolharam, sem saber o que fazer, o que dizer, que reação ter... Draco pegou na mão esquerda de Tracy e a puxou para baixo, indo sentar-se próximo a uma árvore que fazia uma leve sombra no chão de grama aveludada.

Tracy baixou a cabeça e observou a Lua. Estava em sua melhor fase, a Cheia. Estava enorme, imponente entre as nuvens negras que tentavam encobri-la. Sentia-se bem, ali, olhando a Lua. A garota sentiu Draco sentando-se ao lado dela. Será que já estava arrependida?

Ele se aproximou e Tracy deixou a cabeça pender, encostando-a no ombro de Draco. A respiração do garoto estava ofegante, ela podia sentir.

- Tracy...

- Hm?

- Sabe de uma coisa? Até que não foi tão ruim vir com você ao baile – disse ele. – Foi e está sendo muito agradável.

Ela não respondeu. Sentia-se igual, mas estava começando a ficar com medo. Será mesmo que daria tudo certo? Será que ela não havia estragado tudo, todo o plano por causa de uma simples vingança? Não, isso não poderia ter acontecido. Harry ainda gostava dela e não era agora que iria deixar de gostar. Se ele a acusasse, era simples: alegaria que estava com ciúmes, e quis dar o troco.

- Draco, nós precisamos fazer uma coisa – falou ela rapidamente, levantando a cabeça e fitando Draco.

- Uma coisa? Que coisa? – perguntou o garoto, sobressaltado.

- Um pacto – falou ela. – Você já nos dedurou duas vezes. Para duas pessoas que poderiam destruir completamente nossos planos. Não dá mais para tolerar isso, não dá! Nós precisamos fazer algo a respeito e, creio eu, um pacto é a melhor opção.

- Isso não será preciso – Draco pareceu aliviado. – Farway agora é uma Comensal e Pansy... Bem, Pansy está morta. Eram as duas únicas pessoas para quem eu contaria algo.

- Farway também parecia ser a única pessoa a quem você contaria algo de tanta importância, meu bem – falou ela. – A gente vai fazer esse pacto. Queira você, ou não.

- Já disse que não é necessário. E você bebeu demais, vamos voltar para nossas Salas Comunais.

Ele levantou-se, mas Tracy o agarrou pelo braço.

- Sente aí, já – ordenou ela. – Ótimo. Agora, me dê sua mão.

- Tracy, por favor...

- Me dê sua mão.

Ele esticou a mão, temeroso. Tracy deu uma olhada ao redor e ordenou a varinha “Accio faca!” e logo veio um grande punhal em direção dos dois, voando pelo gramado. Ela pegou o punhal e segurou firme na mão direita de Draco, os apertando fortemente. Draco gritou com a dor que sentiu, era algo praticamente insuportável sentir a mão sendo cortada. Tracy desenhou um “Eu” na mão do garoto, com o punhal. Depois, quando ele ofegava, repetiu o mesmo na sua mão esquerda.

Com um gesto de cabeça, os dois juntaram as mãos. Um brilho intenso iluminou-as, sendo a única fonte de luz de todo o jardim, pois a Lua havia sido finalmente encoberta pelas nuvens. A pressão ao redor de ambas era muito forte, impedindo que desgrudassem.

- Agora somos um só, Draco – falou Tracy. – Nossos eus se juntam nesse momento.

Malfoy ergueu a cabeça, fitando a garota.

- Tudo que eu fizer a partir de hoje irá lhe afetar... – começou ele, pensativo.

- E tudo que eu fizer a partir de hoje irá lhe afetar. – completou ela.

- Eu não quero isso – disse Draco, depois de pensar um pouco. – Não quero, você é louca, vou morrer logo dessa maneira.

- Deixe de ser bobo, Malfoy – falou ela. – Nenhum de nós corre risco algum, sendo que eu jamais gostaria de te machucar e você não gostaria de fazer o mesmo comigo. É do que precisávamos.

Ele puxou a mão rapidamente quando o feixe de luz desapareceu.

- Você é louca! Louca!

E saiu correndo dali, desabalado, em direção ao castelo. Agora Tracy sentia-se segura, sabia que Malfoy não iria aprontar mais nada.


~*~*~


- Tracy, Tracy... – chamou Harry.

A garota acordou lentamente, fitando o céu escuro. Esfregou os olhos e bocejou. Tirou uma das mechas encaracoladas do rosto, e olhou para o par de óculos a sua frente.

- Onde estou, Harry? – perguntou ela, com a voz fraca. – Estou com uma dor de cabeça terrível.

- Estamos nos jardins de Hogwarts – respondeu o garoto. – E o que é que você está fazendo aqui, dormindo?

- Eu... Bem, eu bebi demais – admitiu ela. – Não resisti. Mas essa dor de cabeça está muito forte mesmo!

- Vamos, eu lhe ajudo a ir até o dormitório.

Ele estendeu uma das mãos a Tracy, que negou, apertando a cabeça. Estava começando a ficar frio e ela precisava voltar ao dormitório, mas não tinha forças.

- Me deixe aqui – falou ela. – Eu volto amanhã.

- Tracy, me dê sua mão – insistiu Harry. – Daqui a algumas horas nós vamos pegar a moto de Sirius e ir para a casa dos Weasley, você precisa descansar.

- Mas eu estou cansada demais, não vou conseguir levantar – resmungou Tracy.

- Eu vou chamar o Ron, ele vai nos ajudar – disse Harry e levantou-se, correndo em direção ao castelo.

- Não! – gritou a garota, parecendo adquirir força. – Volte, deixe o Ron que ele a Hermione precisam conversar, eles vão se entender...

Harry voltou para perto da garota e disse:

- Bem, Tracy, Ron e Hermione já se desentenderam.

- Ah – a garota soltou um muxoxo. – Mas os deixe mesmo assim. Dá-me sua mão, eu dou jeito de subir até o dormitório.

Harry esticou uma das mãos a garota e a ajudou a levantar-se. Tracy cambaleou e quase caiu, mas logo se equilibrou, colocando uma mecha para trás da orelha. Apoiada em Harry eles foram em direção ao castelo.

- Como soube que eu estava aqui? – perguntou ela.

- Ah, Ron e eu estávamos conversando no Salão Principal e vimos Malfoy entrar correndo no castelo, parecendo desnorteado. A princípio não nos importamos, mas quando deixei Ron no dormitório logo depois, perguntei a Gina se você já havia chegado. Ela disse que não, então resolvi vir atrás de você. Que bom que lhe encontrei, fiquei preocupado – explicou ele.

Tracy resmungou algo inaudível para Harry naquele momento e os dois subiram em silêncio o restante das escadas. A única coisa que a garota queria era tomar um banho bem quente e dormir o pouco tempo que podia. Quando entrou no dormitório Hermione já havia fechado as cortinas ao redor da cama e ela preferiu não a incomodar. Que noite...!



N/A.: Oi, meu amores! Sim, hoje eu estou muito romântica. Sabe, esse clima de baile aí transforma a gente. Apesar de eu achar que ele poderia ter ficado melhor. Mas, quando as idéias não vem, não adianta tentar mudar. Então, ele ficou assim mesmo. Dá para entender as idéias principais e a utilidade desse baile para a fic. Alguém aí se arrisca a contar quantas vezes eu usei a palavra “arrepio”? E a expressão “Sentia-se bem ali”? Sim, eu sei que ficou meio cansativo mas eu não achei nenhuma palavra nem expressão que substituísse essas decentemente. Me perdoem.

Hoje não vou me demorar muito nas notas da autora, pois o capítulo já ficou longo o suficiente. Agradeço a todos vocês e, em especial, a minha querida amiga e beta Maluada Black por todo o trabalho dedicado que faz a essa fic. Só ressaltando, eu não seria nada sem ela! Muito mais pessoas passaram a acompanhar a fic depois que ela começou a ser betada, portanto metade de todo o sucesso é também mérito seu, Malu. Obrigado mesmo a todos que comentaram, votaram, ou simplesmente visualizaram essa fic no último mês!

O próximo capítulo chama-se Férias na Toca e tratará justamente desse assunto, as férias de inverno dos garotos. Ficou bem legal e, se vocês continuarem participando tanto, haverão surpresas quanto à postagem dele. Acontecem coisas bem surpreendentes e reações bem inesperadas... Só lendo mesmo para saber.



Resposta dos Comentários


Bella Riddle: Oi, amiga! Sério que você perdeu o fôlego com o capítulo anterior? Ah, fiquei tão feliz! Era realmente esse o objetivo, colocar suspense e ao mesmo tempo manter a pessoa ali, lendo. Fico contente que tenha gostado e que admire a fic! Poste mais da sua também, estou com saudades!


Liz Lupin: Gostei do se bê ê i jota a êne dê óóóó! Fala sério, foi engraçado. Espero que tenha gostado mesmo desse capítulo por que tem várias partes Lia/Michael em que eu dei o melhor de mim para ficarem legais e dignas de uma personagem baseada em você ^^’ Mas ainda terão surpresas! AMEI seu comentário. Sabe que só sua presença por aqui já é o suficiente, não é?


Angélica Riddle: Verdade que gostou mesmo? Fico muito feliz com a sua tão ilustre participação por aqui! É muito bom mesmo ver que as pessoas estão gostando da sua fic. Obrigada e volte muitas mais vezes!


LaLa PotteR MaLfoY: Ah, notei que você desapareceu por um tempinho. Mas, não me importo. Sei que não são todas as pessoas que tem tanto tempo livre quanto eu. E tem as mais dedicadas que eu, também =D Enfim, obrigada por passar aqui sempre que der. Continue vindo, e comentando, lógico!


Misty Weasley Malfoy: Perfeita, hã? Já falei… vocês, leitoras e leitores, me deixam muito modesta. Algum dia vocês ainda vão sentir o peso disto... Hahaha! Brincadeira, amei seu comentário!


Priscila: Nossa, muitíssimo obrigada pelo comentário! E, respondendo sua pergunta: bem, o caso da Farway é meio complicado. Ela é boazinha, mas tem seu lado mal. E quando coloca o lado mal na frente... cuidado. É uma personagem bem legal que ainda vai ter uma ocupação super importante na história.


Fê Black: 19 anos? O.o Nossa, falando sério mesmo? Uau. Eu realmente gostaria de ter essa idade. Okay, um pouco menos. Mas, enfim... que bom que gostou da morte da Pansy, espero que curta o baile também! Adorei seu comentário!


Rui Þö††ë®: Hey, obrigada! Adorei tudo! Obrigada também pela ajuda que está dando na fic.


Gaby Evans Potter: Valeu pelo comentário! Simplesmente amei! Continue passando por aqui!


Mima. E. Halliwell: Obrigada mesmo! Que bom que consigo deixar você curiosa... fico feliz por isso, eu tenho uma incrível mania de não conseguir esconder pistas óbvias para mim. Mas, enfim. Continue comentando!


Luisa Malfoy*~: É, também achei meio rápido a Riddle já matar alguém, mas tenho alguns motivos para isso. A fic já está quase na metade, portanto é melhor eu me aligeirar com os acontecimentos importantes. E, depois, a morte da Pansy já foi planejada a algum tempo, por isso é meio precipitada. Fico feliz que tenha gostado e espero suas visitas mais vezes!


McGonagall: Huahuahuahuauhh! É, a “pestinha” morreu mesmo =D E espero que tenha gostado do Baile, já que estava esperando por ele. Até mais!


Carol Evans: Ah, fiquei hiper contente com o seu comentário! Você conseguiu identificar várias coisas que eu realmente venho me empenhando para deixar bem claras. A primeira é a alteração no comportamento da Tracy, que ora está bom, ora está ruim, ora deixa passar alguns erros, ora mata todo mundo que era... E a segunda é a coisa do Dumbledore. Mas, receio que vocês terão que esperar mais um tempo para entendê-la completamente. Obrigadaaaa!


Babi Black: Nossa, nem preciso dizer que simplesmente AMEI seu comentário, preciso? Nossa, adorei mesmo! Fiquei super feliz com todos seus elogios, e também por você ter gostado da fic. O seu Diário também está perfeito! Beijos e até!


Naty: Uau, que comentário grandeee! Fiquei muito contente com ele! Que bom que você gostou das minhas POs, elas são baseadas em amigas minhas! Ah... a morte da Pansy não haverá nenhum culpado. Não, por enquanto. Mas a Riddle ainda vai aprontar muito, pode ter certeza. E vou querer sua ajuda para as músicas sim, é uma ótima idéia! Beijos!


Jessica Yasmin: Uau, seu comentário foi super inesperado! Acho que foi por isso que amei tantooo! Obrigada, viu? Amei mesmo.


wG_Diogo: Adorei² seus comentários, foram demais! Quando terminar de ler a fic, deixe mais para eu saber o que é que você está achando! Até!


Kiki Ravenclaw: ‘Tá aí o capítulo 15, moça! Divirta-se!


DeDe Potter: Simplesmente AMO quando você passa por aqui, me deixa super feliz e animada! Obrigada mesmo, viu? Beijos.


Kadrina Prongs: UAU, nem esperava seu comentário! Foi outra surpresa ótima! Sim, ‘tá aí a atualização! Curta bastante, até!


Gabriel Black: Oi! Fiquei muito feliz com sua presença aqui na minha fic. Pode ter certeza que, quando atualizar, lhe avisarei.


B_Jane_Potter: Que bom que gostou da idéia da poção, também simpatizei com ela logo que a tive! Tanto que fiz a loucura de começar a escrever essa fic só sabendo o início e o fim dela, o “meio” nem fazia idéia de como seria. Mas, estamos aqui, não? Ah, e essas suas dúvidas estão para ser esclarecidas muito em breve! É só esperar um pouquinho ^^’


kakazinha: Ah, vaso ruim não quebra não. O Draco ainda não morreu. Mas, sinto dizer, ele já teve mais da metade de sua importância na história. Espero realmente que tenha gostado do baile, você foi a minha leitora mais empolgada com ele!


Opala Riddle: Uau, como você é maquiavélica! Sim, a Riddle vai ter muitos momentos de vitória! Você vai gostar ainda mais dela!


Kris_Lee_Malfoy: É, o mundo é pequeno mesmo! Obrigada por aparecer por aqui, volte sempre!


Nah Saj Malfoy: Gostou mesmo? Fico extremamente feliz!


P.S.: Je, minha mais estimada Comensal, estou esperando pelo seu comentário. Sabe que eu te adoro muito e que te desejo toda a sorte quanto aos problemas que está enfrentando. Mais uma vez e de uma forma generalizada, obrigada a todos que comentaram! Vocês me dão muito ânimo mesmo para continuar postando, e, acima de tudo, escrevendo. Por favor, não se esqueçam dessa garotinha inocente que vos escreve. Comentem não somente uma, mas umas três ou quatro vezes, e entrem aqui sempre que puderem para deixar um voto! Vocês não têm idéia da alegria que esses simples gestos me proporcionam. Beijos e até logo!


Manu Riddle

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