A noite do Lobo e da Serpente

A noite do Lobo e da Serpente



Capítulo V

A noite do Lobo e da Serpente

Como não podia deixar de ser a volta às aulas ocorrera tranqüilamente, para quase todos. Regressar a Hogwarts era sempre algo muito agradável, apenas as detenções puderam acabar com esse prazer. As duas equipes de quadribol, Sonserina e Grifinória acabaram por recebê-las em massa, salvo os sonserinos Nathan Rood e Moufid Abdelazir e a grifinória Lícia Boydes.

Para a grande maioria a punição consistia em passar duas semanas trabalhando na limpeza do colégio, sob a supervisão do detestável Sr. Filch, além claro da suspensão do campeonato e da proibição dos treinos.

Apenas Sirius Black, batedor da sonserina, e Tiago Potter, apanhador da grifinória, receberam castigos leves, por não terem se envolvido diretamente na briga, uma semana de cópia do estatuto de quadribol sendo sempre supervisados pelos monitores de suas casas. O que para Sirius era quase uma tortura já que o monitor de sua casa era nada mais nada menos que seu abominável irmão, Sólon Black.

Na quarta feira o dia tinha transcorrido normalmente. Agora já era noite e Tiago olhava atentamente para a ampulheta na sala comunal, torcendo para que os últimos minutos de sua detenção passassem o mais rápido possível.

Lisa Freese, irmã mais velha de Albert Freese, o colega de time de Tiago e o primeiro a partir para a briga, era também por uma ironia, monitora da grifinória e encarregada de fiscalizar Tiago. A menina que se simpatizava muito com ele, assim como quase todas as outras do castelo também torcia para que o tempo passasse, detestava ter que fazer o papel da vigia chata.

Assim que o tempo se esgotou Tiago levantou-se rapidamente, comentou algo com Lisa que a fez sorrir e já ia cruzando a porta da sala comunal quando foi interrompido por Pietro e Néon que também voltavam de suas detenções. Ambos pareciam esgotados.

- Oi pessoal! Nossa! Vocês estão uns lixos! – Ele tripudiou, rindo.

- Jura? – Dissimulou Neon. – Cara, eu tenho certeza que o dia mais feliz da minha vida vai ser o dia do enterro do Filch.

- Definitivamente! Mas cara, eu prefiro ele ao Pringle, ele sim dava medo – Murmurou Pietro se referindo ao antigo zelador, que saíra no final do segundo ano de Pietro e Neon e no final do primeiro ano de Tiago. - E você, se cansou muito, sentado naquela confortável poltrona sendo assistido pela nossa muito simpática monitora! – Perguntou para Tiago no tom mais debochado possível.

- Tá pensando que é mole. Fica ali, três horas seguida escrevendo o mesmo texto. - Se defendeu Tiago.

- Deve ser um sofrimento, imagino! – Pietro fez pouco caso e se aproximou dele de forma que só o próprio Tiago e Néon pudessem ouvir o que ele iria dizer. – Principalmente quando a pena está enfeitiçada pra se mover sozinha. – Completou.

Tiago riu malandramente.

- Não se apegue a detalhes Tito.

- Detalhes, sei...

- Mas sabe de quem é a culpa de vocês estarem ralando na mão do Filch agora...

- Não começa de novo não Tiago. – Pediu Neon.

- Se vocês tivessem me ouvido, e ficado quietos, estariam comigo fazendo cópia. Agora me deixa ir que eu já tô atrasado, eu combinei com Angélica de encontrar com ela lá no terraço.

- Essa história ainda vai dar merda!Se o Malfoy descobre... – Pontuou Neon.

- Vai fazer o que Neon? Me bater? Tô pagando pra ver!

- Você que sabe, mas eu continuo achando que não vale á pena.

O rosto de Tiago se iluminou com um sorriso maroto e ele pôs a mão no ombro do amigo.

-Vale á pena sim Neon, vocês dois sabem disso muito bem, vale muuuuito á pena!

Pietro riu, Neon permaneceu descrente.

- Mais tarde eu passo lá no quarto de vocês, eu preciso de ajuda pra conjurar a pena de novo, o feitiço já ta perdendo o efeito.

- Sim senhor patrão. – Brincou Pietro. – A gente te espera!


O terraço norte era um dos locais proibidos para os alunos, no entanto, naquele momento, tudo o que Tiago queria se preocupar era em beijar Angélica Phéa.

Angélica estava no terceiro ano da Cornival e assim como muitas antes dela, não resistira ao charme e as investidas de Tiago Potter por muito tempo. Tudo muito normal, se não fosse o fato de que Angélica era a atual namorada de Lucius Malfoy, também terceiranista da Sonserina. Os dois se beijavam sem parar e mesmo não tendo nada em comum além da atração mútua, se “divertiam” bastante juntos. Tiago realmente adorava ficar com Angélica, apesar de não sentir nada em especial pela garota.

A química entre eles era muito forte, e ela ficou extremamente constrangida quando Sólon apareceu do outro lado do terraço flagrando o amasso dos dois.

Tiago imediatamente se afastou da menina e caminhou até Sólon que já estava com papel e pena na mão. Angélica enquanto isso ajeitava o cabelo e tentava alisar a blusa amassada com as mãos.

- Algum problema monitor?

- Alguns Potter. O senhor não deveria estar circulando pelo Castelo há essa hora e essa área, como bem sabe, é uma área de observação astrológica, estritamente fechada para circulação dos alunos. - Tiago apenas encarava Sólon, imaginando o que faria com ele se o encontrasse fora da escola.

- Eu lamento informar Potter, mas eu terei que notificar a direção esse acontecimento, além é claro de retirar quarenta e cinco pontos da sua casa e da casa da senhorita Phéa. Agora por favor, me acompanhem de volta aos limites permitidos.

Angélica se aproximou dos dois nesse momento e Tiago não se furtou de beijá-la mesmo na frente de Sólon.

A menina parecia tensa. Se Lucius sequer desconfiasse...

Tiago tratou de acalmá-la:

- Não precisa se preocupar, o nosso amigo monitor só está fazendo o trabalho dele e isso não inclui sair comentando a vida dos outros por aí.

Sólon definitivamente não suportava a ousadia de Tiago, mas sabia que o certo seria não comentar com ninguém a cena que acabara de presenciar. Mas a verdade é que no fundo ele queria mesmo era sair dali e contar para Lucius que ele estava sendo chifrado, ainda assim manteve a postura.

- Eu realmente não tenho nada a ver com os assuntos pessoais dos alunos. Só estou cuidando para que as regras sejam cumpridas. Por favor, me acompanhem...

Embora receber ordens de Sólon fosse um pouco demais para o orgulho de Tiago, ele e Angélica tiveram que obedecer.


Tiago adentrou a sala comunal da Grifinória bufando. Pietro e Néon que eram uns dos poucos que ainda estavam por ali, jogando “Contra duelo” um jogo de baralho bruxo muito comum, largados em umas almofadas no chão, estranharam o amigo voltar tão rápido.

- Nossa!Que cara!Aconteceu alguma coisa? – Pietro de alguma forma sempre se divertia com a irritação de Tiago.

-Aconteceu!Aconteceu... Droga! – Tiago sabia que em instantes teria que dar o braço a torcer, principalmente para Neon, mas ele se adiantou.

- Te pegaram né... Putz... Sabia! Quem foi?

- Aquele desgraçado do Sólon Black! Tinha quer ser Black! Desgraçado! –Disse chutando uma almofada que estava no chão pra bem longe. Depois se sentou na poltrona, começou a tirar o sapato e continuou a falar:

- Além de atrapalhar meu lance com a Angélica, me tirar quarenta e cinco pontos, anotar meu nome naquele pergaminho escroto que vai pra mão da McGonagoll pra me fazer pegar uma outra detenção e ficar me dando ordem, eu ainda posso me complicar mais ainda se ele bater o relatório lá pro amiguinho do irmãozinho dele. Que Ódio!

-É um babaca mesmo! Eu só queria saber o que um cara desses ganha pra ser tão toade! – Disse Pietro revoltado.

-Ele fica dando uma de aluno exemplar, puxando o saco do diretor, só pra ver se Dumbledore o indica pra algum trabalho no ministério quando ele se formar aqui. Que nem ele fez com aquele outro toade, o Josh Greem lembra? – Falou Neon!

-É, pode ser... – Não era nenhum segredo que Sólon era o primeiro herdeiro de uma das famílias mais ricas do mundo bruxo, mas nada disso servira para lhe conseguir um cargo de respeito em nenhum departamento do ministério.

A cara de Tiago continuava tensa.

- Deita aí e relaxa cara. Só te resta esperar agora mesmo. –Disse Neon!

- Tá, então vamos falar sobre algum assunto! Eu não quero pensar mais nisso até a hora de encarar a McGonagall. – Disse Tiago se deixando cair no sofá - Vamos falar de você, por exemplo, Pietro!

- Eu o que? –Estranhou o menino sem tirar os olhos das cartas que mudavam sozinhas de naipe a cada segundo.

- Você e a Lícia?

- A pergunta que não quer calar... – Riu Néon

- Nossa como vocês são repetitivos... –Devolveu o garoto meio que rindo também.

- Não existe eu e a Lícia. Não rolou mais nada, só na amizade, a única diferença é que agora estamos um pouco mais próximos.

- Quero só vê até que nível essa proximidade vai chegar! – Disse Tiago irônico!

- A nível nenhu...

- Bati! –Gritou Néon interrompendo o amigo!

- Merda! - Exclamou Pietro.

Tiago riu.


No final do dia seguinte, como era de se esperar, Tiago recebeu ordem para ir ao encontro de McGonagall em sua sala. O rapaz não estaria nervoso se aquela não fosse a primeira semana de aula após o recesso e a terceira vez em três meses que ele seria advertido pessoalmente pela diretora de sua casa, que, diga-se de passagem, já demonstrava sinais de estar perdendo a paciência com seu comportamento.

Durante o trajeto o menino pensava no tipo de detenção que receberia desta vez, era bastante provável que fosse mandado se juntar aos amigos sob a supervisão de Filch.

Numa tentativa de se preparar para encarar Minerva ele começou a imaginar todas as desculpas possíveis, mas nada do ele havia pensado foi capaz de superar o susto de dar de cara com sua mãe na sala da diretora.

A senhora Potter parecia estar bastante irritada e Tiago sentiu um frio lhe percorrer toda a espinha quando ela o encarou.

- Boa tarde Potter. Por favor, sente-se.

A cara de Minerva também não era das melhores, mas perto de sua mãe parecia que a professora sorria para ele, o menino tratou de fixar os olhos nela evitando Emma que estava sentada na cadeira ao seu lado.

- Boa tarde professora.

- Tiago eu convidei sua mãe para vir até aqui hoje por que como nós conversamos da última vez sua situação dentro da escola é bastante insatisfatória. Eu pensei ter deixado suficientemente claro que suas atitudes deveriam mudar caso você não quisesse enfrentar maiores conseqüências, mas eu não devo ter sido clara o bastante afinal, na primeira semana após o recesso você já conseguiu ser notificado e ainda conseguiu perder um total de 45 pontos para Grifinória.

Emma Potter se mexia na cadeira cruzando e descruzando as pernas. Tiago sabia que se não fosse à presença da professora á essa hora ela já o teria esganado.

- Desculpa professora, não vai voltar a acontecer. Eu me perdi...

- Desculpas e promessas já não valem de muita coisa nessa altura dos acontecimentos senhor Potter. Eu lamento, mas eu terei que tomar algumas providências mais drásticas.

Tiago estava apavorado, não conseguia. Imaginar o que poderia lhe acontecer.

- Eu já expliquei tudo a sua mãe, que assinou um termo de responsabilidade. Eu quero que agora você preste muita atenção.

Tiago permaneceu mudo encarando a professora.

- Você vai ter uma nova chance Tiago, de modificar o seu comportamento. Se até o final do semestre eu receber uma notificação sequer sobre o seu descumprimento das regras você será automaticamente afastado do time de quadribol de forma definitiva. Ficou claro?

Tiago congelou.

- Sim senhora.

Nesse momento alguém bateu na porta e com a permissão da professora, Sólon adentrou a sala:

- Com licença professora. Olá senhora Potter! Me desculpem incomodar, mas o Professor Dumbledore pediu que eu lhe avisasse que ele está a sua espera.

- Muito obrigada Sr. Black. Eu já vou atendê-lo.

Sólon pediu licença mais uma vez e se retirou da sala.

- Bom Potter eu espero que as coisas se ajeitem finalmente. Eu detestaria ver um aluno como você desperdiçar seu potencial. Um mês de detenção compreendido?

- Sim professora.

Em seguida Minerva cumprimentou a mãe do rapaz e também se retirou, deixando-os á sós.

Tiago que já estava de pé assim como a mãe não perdeu tempo em tentar sair da sala, mas foi puxado pelo braço.

- Agora você vai me escutar!Você conseguiu extrapolar dessa vez Tiago. Se você der, mais um passo fora da linha, eu juro, e dessa vez o seu pai não vai salvar sua pele, que eu te mando estudar Liwester na Suíça até a maioridade. - Emma apertava com força o braço do filho.

- Você está me machucando... - Disse, em um tom de voz que omitia a dor expressa em sua face.

- E você está me envergonhando. Entendeu né? Se eu fosse você eu não pagava pra ver. - Ela largou o filho, pegou sua bolsa, seu casaco e saiu.


Era o segundo sábado da volta ás aulas e já passava das 10 da manhã. Moufid Abdelazir lia pela terceira vez à mesma página em seu livro de poções e ainda assim continuava sem entender do que se tratava. O quarto estava em total silêncio. Walden e Lucius tinham ido cumprir suas detenções, Snape já tinha desaparecido como sempre e Sirius não demonstrava nenhum sinal de que iria acordar tão cedo.

Moufid resolveu então ele mesmo acordar o amigo, se aproximou da cama e sem nenhuma delicadeza começou a sacudir o braço dele.

- Hei, acorda! Vai dormir o dia inteiro?

Sirius depois de lutar um pouco acabou cedendo aos empurrões e muito á contra gosto abriu os olhos.

- Finalmente a princesa acordou! Bom dia!

- Pra quem?

- Nossa! Quanta agressividade!

- Agressividade? Você me acorda desse jeito, provavelmente pra nada e eu sou agressivo? - Sirius respondeu ainda meio rouco enquanto se espreguiçava se sentou na cama olhando sério para Moufid.

- Como pra nada? Pra me fazer companhia.

- Te fazer companhia? -Sirius fechou os olhos e respirou fundo tentando digerir o absurdo. - Eu mereço. Você não tinha que estudar?

- Eu tentei, mas definitivamente entre eu e os livros não rola uma química legal. A gente não se entende muito bem.

- Sei...

- “Tava” pensando em ir assistir o treino da cornival, agora que nós não temos mais time... Tá afim?

- Vai você. Eu vou é voltar a dormir. - E se deitou de costas para o amigo sem lhe dar a menor chance de insistir. Moufid balançou a cabeça contrariado e saiu sem dizer uma palavra.

Na verdade por conta das detenções a semana tinha sido um porre. Ele mal conseguia conversar com os amigos que ou estavam detidos ou estavam cansados demais para qualquer coisa.

Moufid ficava irritado com a situação, mas não havia muito a ser feito. Ele tinha que compreender. Filch estava arrancando o couro de Walden e Lucius na limpeza do castelo e Sirius era obrigado a passar todos os fins de noite copiando o estatuto de quadribol, nem tempo para a namorada ele tinha mais, quanto mais para os amigos.


Foi somente quando o treino de quadribol da Cornival acabou já quase hora do almoço, foi que Sirius surgiu nas arquibancadas. Walden que já tinha sido liberado de sua detenção também já estava por ali.

- Grande Abdelazir! - Disse pegando Moufid por trás com um mata-leão.

- Pára Sirius! P...!

- E aí? Gostaram do treino?

- Eu diria que o time é bom, agora o batedor é excelente, acho que dos garotos é o melhor do colégio. Provocou Moufid. - Sirius olhou para McNair que não se conteve e riu.

- Amigo o que você entende de quadribol? Eu sou o melhor batedor desse colégio e todo mundo sabe disso.

- Humilde esse nosso amigo, hein Walden?

Esse apenas concordou com a cabeça, rindo.

- Quem nasce genial não precisa ser humilde.

- Chega desse narcisismo vai Sirius, vamos comer, eu tô azul de fome. – Determinou Walden.

- Cadê o Lucius? – Perguntou Black.

- Ele tinha coisa mais interessante pra fazer. – Respondeu Walden apontando com os olhos para um lugar à esquerda do campo. Moufid e Sirius olharam naquela direção e puderam ver Lucius passar abraçado com Angélica sua namorada.

- Não perde tempo esse aí! – Falou Moufid.

- Bem faz ele. – Comentou Black.

- Agora anda, vamos comer. Chamou Walden e em seguida os três saíram andando enquanto ele e Moufid debatiam, para raiva de Sirius, se a função de batedor requeria mesmo algum talento.


Do outro lado da arquibancada, Albert Fresse nem se dera conta que o treino da Cornival já tinha terminado. O rapaz continuava ali, parado, olhando para o nada, quando Thera que tinha assistido apenas o final do treino se aproximou.

- Freese! Acorda!

- Ah, oi Thera!

- Oi! – Disse ela sentando ao lado do companheiro de time e parceiro de posição.

- Veio assistir o treino também? – Ele perguntou.

- A intenção era essa, mas eu acordei meio tarde. E aí o que você achou. Eles tão mandando bem?

- Na verdade eu não prestei atenção direito, mas entre eles e a Lufa-Lufa, acho que eles levam o troféu do campeonato. Na verdade nós é que merecíamos ganhar, mas eu estraguei tudo, não é?

- Você ainda tá nessa Albert? Chega cara! Dá um tempo! A culpa foi de todo mundo. Tiago falou aquilo da boca pra fora. Duvido que ele continue pensando assim.

- Com certeza continua Thera. Ele mal fala comigo quando a gente se esbarra. Ele acha mesmo que eu sou o maior responsável por nós termos sido cortados. E quer saber, ele tá certo... – O garoto se levantou, deixando Thera sentindo pena da sua situação.


À noite Sarah aproveitou uma poltrona vazia num canto da sala comunal da Sonserina para colocar em dia as anotações em seu diário, quando Walden se aproximou meio sem jeito.

- Oi! Posso falar com você!

- Você já tá falando... – Disse a menina num tom seco.

- Tá...Escuta, eu sei que eu mandei mal com você, mas, foi sem pensar...Eu também tava com raiva depois daquele lance da lareira do Potter...

- Foi ridículo o que você fez Walden! Graças a você, o Sirius agora acha que eu calculei milimétricamente esconder o meu namoro com o Jonathan dele. –Disse ela firmemente.

- Eu sei... Me desculpa Sarah. Não sei se faz diferença, mas eu tô me sentindo meio culpado... Eu disse pra ele que não foi nada disso, mas ele não quis acreditar.

- O Sirius é um idiota. De qualquer forma a gente não brigou só por causa da história do Jonathan, isso ele só usou pra poder sair por cima. Ele sabe que mais cedo ou mais tarde eu ia contar.

- Então, por que você não volta a falar com ele? Ele também tava nervoso quando disse o que disse. E ele já pediu desculpas que eu sei.

- Deixa rolar vai Walden, as coisas acabam voltando ao normal naturalmente.

- Tudo bem eu não vou ficar insistindo... Você já jantou?

- Não! Tô meio sem fome.

- Eu tô faminto. É melhor eu descer...

Ao mesmo tempo em que Walden ia saindo Ariana adentrava a sala seguida de Bellatrix e Moura.

- Grande Ariana! – Brincou o garoto. – Salve Bella... Moura... – Cumprimentou com a cabeça.

- McNair! – Cumprimentou Ariana Abranson antes de focar sua atenção para Sarah.

- Está fazendo o que aí Black? – Ariana insistia em chamar todos pelo sobrenome até mesmo seus amigos.

- Aproveitando o silêncio Ari...

As três, Bella, Ariana e Moura Stine se acomodaram então nas poltronas ao redor de Sarah.

- Soube agora pelo Maurice que você está com Bradley, prima! –Sondou Bellatrix com ar de surpresa.

Sarah sorriu para ela.

- Eu sinceramente estou ficando impressionada com a capacidade desses garotos de falar da vida dos outros. Até o Maurice está nessa agora?

- Como ele não tem mais o que falar sobre quadribol... – Disse Moura cética e desinteressada.

- Mas afinal é verdade ou não é? – Insistiu Bellatrix.

- É Bella! – Confirmou Sarah sem vontade.

- E o Fortmam? – Questionou Ariana

- O que tem ele? – Sarah fez tom de estranhamento.

- Ele já soube?

- Deve saber... – Sarah realmente não estava nem um pouco preocupada quanto a isso.

A garota na verdade já tinha praticamente certeza de que Caim já havia descoberto sobre Jonathan, pois sempre que o notava, estava olhando de longe, como se estivesse lhe vigiando. Essa situação, entretanto ainda não parecia lhe incomodar, era quase divertido ser alvo constante daqueles olhares.


O sábado seguinte era o último dia da detenção de Tiago e Sirius referente à confusão do último jogo, mas dessa vez por ser um dia livre dos monitores, ela seria supervisionada pela professora Morgana Boaz de Aritimancia.

Tiago por conta do incidente do terraço teria mesmo que se juntar aos amigos na limpeza com Filch, mas não teve maiores complicações, Sólon, parecia não pretender abrir mesmo a boca pra Malfoy.

Para evitar outros problemas, tanto ele quanto Sirius compareceram a sala onde a professora havia marcado pontualmente às seis da tarde. Boaz já os aguardava, acompanhada de seu, como ela mesma nomeará, assistente júnior para assuntos aleatórios, Remus Lupin, aluno do terceiro ano da Lufa-Lufa. Lupin não era na verdade um excelente aluno naquela matéria e fora exatamente pelo esforço necessário devido a sua pouca habilidade que encantara a antipática professora e se vira atrelado a funções que detestava.

Tiago lembrava de ver aquele rosto sempre pelos corredores, sabia que não se tratava de um garoto popular. Pois sempre estava sozinho ou em companhia da professora carregando os livros dela. Sirius por sua vez parecia não ter noção de quem se tratava, e na verdade nem se importava muito em saber.

Com a devida permissão ambos ocuparam duas das três carteiras que havia em frente à mesa da professora e receberam do tal assistente, que parecia meio nervoso, um pergaminho encantado e uma pena cada um. Se estivesse com um monitor Tiago com toda certeza pediria para usar sua própria pena, mas com uma professora, ele não correria o risco de ser pego com um feitiço de cópias.

A sala ficara em total silêncio, só sendo possível ouvir o barulho das penas, se não fosse pelos encarecidos pedidos de Remus para que fosse liberado, ao que a professora sempre respondia: - “Só mais alguns minutos Sr. Lupin, esses relatórios devem estar prontos amanhã e sozinha eu não darei conta” - O rapaz, por sua vez, ficava cada vez mais ansioso, coisa que Tiago e Sirius não puderam evitar de notar.

De repente um outro rapaz com a feição meio antipática e um pouco acima do peso, adentrou o recinto. Esse já era um rosto mais conhecido, pois andava com Lottus Kall que era muito popular no colégio já que além de ser um metamorfomago era um grande artilheiro de quadribol da Cornival e usava penteados sempre mirabolantes.

- Vejo que além de transfiguração o senhor tem problemas com horário também Sr. Pettigrew. –Reclamou a professora.

O menino permanecia imóvel na porta, no entanto não parecia nada insensível ao tom intimidador da professora.

- Saiba que esse atraso lhe será cobrado. Amanhã, Sr. Pettigrew nos encontraremos novamente, e dessa vez se o Senhor não pretende ter sua detenção dobrada, chegue no horário. Agora se sente o Prof. Binns preparou uma lista de exercícios para você. O garoto obedeceu.

Remus parecia decidido, dessa vez com ou sem autorização ele iria embora. Levantou-se e já ia falando o discurso, que havia passado minutos ensaiando mentalmente, quando foi bruscamente interrompido por Prof. Pivert, de Runas que surgiu naquele instante na porta da sala.

- Morgana, você pode me acompanhar um instante? Dumbledore pediu para nos ver.

Sem nem olhar para Remus, a professora recolheu alguns de seus relatórios, e em seguida, enquanto se dirigia para porta, fez um pedido ao garoto:

- Sr. Lupin, eu não posso deixar de comparecer a um chamado do diretor. Fique aqui e cuide para que seus colegas não se distraiam com outras coisas que não seus afazeres.

- Mas professora eu realmente não posso...

Já era tarde, Morgana havia deixado à sala sem ao menos ouvir o que o garoto pretendia dizer, a porta bateu em seguida a sua saída, deixando após o estrondo, um terrível silêncio no gabinete.

Agora, Remus era foco de toda a atenção de Pedro, Tiago e Sirius, que pareciam esperar dele alguma atitude.

- Que vocês tão olhando? Vocês não ouviram o que ela disse? – Falou em um tom exaltado.

- Noossa, quanto mal-humor! Relaxa figura! Nem eu que tô aqui só por que os toades, amiguinhos desse aí, resolveram dar uma de valentes, tô assim tão irritado. - disse Sirius que a essa altura já largara a pena e estava jogado na cadeira.

- Os amiguinhos “desse aqui” simplesmente não aceitam calados a covardia e a cara de pau de uns e outros que só sabem ganhar roubando. – Retrucou Tiago.

- Você tá falando comigo Potter? .

- O que cê acha Black? – Disse Potter se levantando e encarando Black que já estava em pé.

- Você é mesmo muito iludido. Nós nunca precisaríamos roubar de um time tão limitado.

- Coitado! Você além de mal agradecido, sofre de problemas de visão. Não enxerga nem a ineficiência do seu próprio time. – Devolveu Tiago.

- Vocês são surdos, não ouviram o que a professora disse, continuem suas tarefas. – Tiago e Sirius pareceram ignorar o comentário do garoto. Esse por sua vez, parecia ficar mais agoniado com o passar dos segundos, começara a transpirar e a demonstrar sinais de falta de ar sendo observado apenas por Pedro que tinha desviado sua atenção da discussão dos outros dois.

- Hei gente, eu acho que o cara tá passando mal!- Pedro também tentava desviar a atenção dos dois para Remus, mas era totalmente ignorado.

- Eu não sou mal agradecido, eu apenas não agradeço por coisas que eu não pedi. Até onde eu sei não lhe devo nada. Vocês perderam por que jogam mal por natureza. – Retrucou Sirius.

- Gente é sério, o cara tá se contorcendo!- Pedro continuava insistindo.

- Quem disse que eu estou falando de mim. Você deveria era agradecer a sua irmã. Afinal, até onde eu sei você pediu a ajuda dela.

- Até onde você sabe, é nada figura. Não se meta entre eu e a Sarah. Minha irmã não é assunto da sua conta.

- Nem da sua pelo visto. Ela não parece querer mais falar com você.

- E você acha que isso vai durar quanto tempo?

Remus foi ficando cada vez mais agoniado e nervoso. Tomou uma decisão, desobedeceria à professora. Tinha que sair dali. Encaminhou-se a porta onde constatou que ela estava trancada, tentou de todas as maneiras para abri-la, feitiços, pontapés, não obtendo nenhum resultado. Mas ninguém fora Pedro parecia notar sua impaciência.

- Você se acha muito mesmo, né Black!

- Eu me acho não. A verdade é a verdade Potter.

- Eu tenho que sair daqui, eu tenho que sair daqui, eu tenho que sair daqui... – Remo repetia a si mesmo essa frase vária vezes, parecia estar em algum tipo de transe. Pedro que a princípio achava mais interessante assistir aquela discussão entre dois dos mais populares garotos do colégio, com o passar do tempo foi ficando realmente preocupado, mas não sabia o que fazer.

Remus, que agora estava sentado no chão, entre a quina da parede se contorcia como se estivesse sentindo dor e suava muito. Pedro desesperado agora gritava tentando alertar os outros dois garotos.

- ALGUÉM FAZ ALGUMA COISA AQUI.. Aí Merlim, O CARA TÁ SE CONTORCENDO!- Nem mesmo assim conseguira a atenção dos outros.

Como numa conclusão repentina, concluiu:

-EU ACHO QUE ele vai morrer!

Sirius já incomodado com os grunhidos histéricos daquele menino gordinho virou-se para ele.

- Oh, figura dá pra parar? Isso é um papo A e B, C fica...

Mas ele não pode completar a frase, pois se deparou com Remus que agora além de se contorcer no chão, começava a ter a face e os braços cobertos por pêlo.

- Cacete... – Exclamou Tiago quando enfim, viu a mesma coisa.

- Ele tá morrendo, tá morrendo, deve ser alguma coisa contagiosa, EU QUERO SAIR DAQUI! – Dizia Pedro apavorado tentando abrir à porta.

Pela primeira vez Black e Potter concordaram – Cala a boca!

- Quê que tá acontecendo com você? Você está doente? – Disse Tiago que não fazia idéia do que era aquilo, se abaixando perto de Remus.

Sirius ao contrário parecia ter uma desconfiança.

- Será... Não pode ser... Que dia é hoje? – Perguntou Sirius com certo medo da resposta.

- Sei lá 15, 17, não sei, cê podia prestar atenção no que tá acontecendo aqui, saber que dia é hoje não vai mudar nada.

- Potter, seu idiota. O que eu quero saber é se hoje é dia de lua cheia...

- Mas seu imbecil pra que... - Tiago não pode completar a frase. Notou que o menino que se contorcia no chão há pouco se transformara num lobisomem.

- AARHAARAAAAAAAAAHHH!- Os três terceiro-anistas gritaram o mais alto que seus pulmões puderam alcançar. Estavam em estado de choque, afinal estavam frente a frente com um lobisomem, estudavam a três anos em Hogwarts e ninguém os tinha ensinado como agir numa situação dessa, o que viria bem a calhar naquele momento.

O lobisomem agora começava a se levantar, e uivava muito alto, amedontrando ainda mais os três garotos.

- Acalmate! - Sirius lançara o feitiço que paralisou o animal por alguns segundos enquanto os três aproveitaram para correr para a porta, que pra desespero permanecia totalmente trancada.

- A gente vai morrer! – Choramingava Pedro.

- Pensa, anda Sirius pensa... Dizia o garoto pra si mesmo.

- Extilhacius! - Gritou Tiago. Em dois segundos, um raio saiu de sua varinha e quebrou em milhares de pedaços o vidro da janela no outro lado da sala. O lobisomem assustado com o barulho parecia ainda mais inclinado a avançar sobre os rapazes.

- Ótimo Potter! Você é esperto ou é o que? Ao invés de acalmar o bicho, você o agita mais. E agora o que a gente faz, brinca de quem é o prato principal? - Berrava Sirius. Pedro tremia no chão enquanto tentava empurrar a porta.

- Alguém precisa pular a janela e pedir ajuda. - Explicou Tiago.

-Eu vou! - Adiantou-se Sirius, já disposto a cruzar a sala.

-Não! Você não! Eu não vou conseguir dar conta dele sozinho. Deixa ele ir. - Disse Tiago apontando para Pedro.

- Eu? Eu não! Nem pensar! Eu tenho medo de altura. Eu não vou conseguir.

- Ah amigo, vai sim. - Disse Sirius levantando o garoto pela blusa. - Pode escolher. Ou a janela, ou você vai ser o primeiro a virar aperitivo de lobo.

- Não! Não por favor. Eu não quero...

- Putz! Deixa de ser covarde! -Gritou Sirius.

-Joga ele logo, Black!

-Vocês não podem...

Sem pensar duas vezes, Sirius arrastou o garoto até a janela enquanto Tiago dava cobertura lançando raios luminosos para assustar o animal.

- Escuta cara, não é tão alto assim! A gente não tem opção. Você precisa correr o mais rápido que você puder e avisar o diretor o que está acontecendo aqui - Dito isso Sirius empurrou o garoto que em poucos segundos se estabacou no gramado seis metros abaixo, torcendo o pé direito. Apesar disso, Pedro aliviado em estar vivo levantou e com alguma dificuldade tentou correr para dentro do colégio.

Quando voltou os olhos para dentro da sala, Sirius viu o lobisomem a poucos passos de Tiago que tivera sua varinha arremessada longe por uma patada do animal.

- Black! Será que dá pra você ajudar aqui?

Rapidamente Sirius pegou um vaso no chão da sala e lançou com toda força que pode na cabeça do lobo, que pareceu sentir o golpe, e caiu sentado no chão.

Imediatamente Tiago correu na direção do outro.

- Obrigado!

- Estamos quites!

- Certo! E agora?

- Quando eu disser já, a gente estupora esse filhote de cruz credo. Um, dois, três e... Já.

- Estupore!

O lobisomem que tentava se levantar, foi arremessado contra a parede e caiu no chão ficando alguns segundos desacordado.


Pedro corria o mais rápido que podia apesar do excesso de peso e do pé torcido, quando de repente esbarrou com um rapaz muito branco e cabelos sebosos na virada de um dos corredores. Os dois caíram sentados ao se trombarem.

- Você não olha por onde anda seu inseto!

Pedro não tinha tempo para discutir, mas Severus Snape não parecia disposto a deixá-lo ir tão facilmente.

- Eu sei quem é você! Você é Pettigrew, estudamos juntos trato de animais ano passado. Você não deveria estar em detenção agora? Eu vi seu nome na lista de detidos da profa. Boaz!

- Olha cara, eu realmente não tenho tempo pra conversa...

- Aonde você pensa que vai com tanta pressa?

- Não é dá sua conta! Agora saí da minha frente...

- Ele já tá acordando. Cadê aquele infeliz que não traz alguém. Até um solenius conseguiria ser mais rápido que isso.

- E se a gente pular também? - Perguntou Tiago.

- Ele vai acabar pulando atrás e provavelmente em cima da gente. Espertão!

- Dá uma idéia melhor então gênio!

O animal já estava quase de pé e Sirius não perdeu tempo. Um, dois, três e...

- Estupore! Dessa vez, no entanto o lobisomem numa demonstração de agilidade desviou do feitiço e avançou pra cima dos dois num único salto.

Em pânico, devido ao medo, os garotos só conseguiram, num reflexo, se proteger das garras do animal.

Felizmente, quando o monstro estava a milímetros de seus rostos uma voz se fez ouvir vindo da porta.

- Petrificus Totalius!

O animal despencou no chão, deixando ver atrás de si, Dumbledore seguido de Pedro que parecia não caber em si de tanto orgulho.


Dumbledore tratou de levar discretamente o jovem lobisomem para a enfermaria, onde madame Pomfrey pode cuidá-lo em sigilo. Em seguida se encaminhou para seu gabinete onde, Tiago, Sirius e Pedro, o aguardavam a seu pedido.

- Ele agora já está em segurança. –Disse o diretor ao entrar na sala.

Creio que vocês devam ter algumas perguntas sobre o que presenciaram hoje.

Os três garotos permaneciam calados, olhos postos em Dumbledore, que calmamente começou a explicar.

- Remus infelizmente foi abatido por esse mal. Nenhuma outra escola o receberia sob estas condições, mas eu, seguindo o que manda minha consciência, achei que ele deveria ter a mesma chance que todos vocês. Infelizmente vocês descobriram isso da pior maneira possível e eu agora conto com o sigilo de vocês para protegê-lo do preconceito. E então o que vocês me dizem?

- Por mim, ninguém tomará conhecimento de nada professor.

-Muito obrigado Sr. Potter.

- Eu concordo. Pode contar com meu silêncio também professor.

- Ótimo Sirius! E você Pedro, o que me diz?

Pedro adoraria poder contar como ele bravamente pulou a janela e salvou a vida daqueles dois alunos assustados de um lobisomem assassino. Mas diante da resposta dos outros dois ele não teve alternativa.

- Eu também não vou contar nada Dumbledore. Mas e quanto ao Snape?

- O que tem ele? – Perguntou Sirius ao ouvir o nome de seu odiável companheiro de quarto. – O Severus também sabe?

- Não! – respondeu Pedro – Mas ele cruzou comigo quando eu estava correndo para chamar o Dumbledore. E ele também sabe o nome de quem estava naquela sala, ele viu uma lista da Morgana. Duvido que ele desista de querer saber o que houve. Principalmente depois que ele viu Dumbledore me acompanhar.

- Severus pode até estar curioso Sr. Pettigrew, mas se os senhores não lhe deram opções ele só poderá ficar fantasiando sobre o que ocorreu hoje.


O dia que havia sido tão agitado para Pedro, Sirius e Tiago, se transformara numa noite emocionante para outros habitantes de Hogwarts.

Aquela era a tão esperada noite da cerimônia de iniciação na Sociedade da Serpente. Quando o relógio anunciou às onze e meia, os iniciáticos foram encaminhados para a uma sala “móvel”, onde ocorreriam as preparações para o ritual, no qual seriam oficialmente declarados membros. Quando lá chegaram, um misto de euforia e suspense rondava o ambiente, pois, embora, orgulhosos com a conquista da aprovação, nenhum deles sabia ao certo o que estava para acontecer.

Os novatos eram sete, e agora estavam sentados em um banco aguardando a próxima ordem e observando atentamente a movimentação dos demais.

Caim estava extasiado. Era a primeira vez que via todos os membros da Sociedade. Até aquele momento ele e todos os que estavam em teste só recebiam informações e direções sobre o que deveriam fazer das mesmas três pessoas sempre: Pavel Onnan, Baruth Reljare e a sombria Zél Lorens, todos do sexto ano. Alguns dos que ali estavam ele já desconfiava, outros eram uma incrível surpresa.

O mais interessante para o garoto, porém era a nítida e declarada hierarquia. Nada fora dito até ali, mas para Caim e para todos estava claro que no topo da organização, Mark Avery era o único que existia. Tudo desde o olhar frio e superior ao fato de que ele era o único que nada fazia enquanto os demais entravam e saiam de uma porta a esquerda da sala, trazendo e levando coisas, entregava sua posição de destaque. Caim nem sabia ainda ao certo o que o Avery representava dentro da Serpente, mas prometeu pra si mesmo naquele instante que um dia ocuparia seu lugar.

Abaixo de Avery, três pessoas pareciam sobressair aos demais: Mórbius Lehans, Tion Gôllan, ambos do sétimo ano e Saylo Westle do sexto ano. E isso também ficava claro, uma vez que todos os outros se reportavam a eles que por sua vez se dirigiam a Avery.

Caim achou graça quando percebeu que aqueles que haviam sido seus três mentores nos últimos seis meses de testes não passavam de mensageiros sem qualquer importância maior para a Sociedade.

De repente, Saylo comentou novamente algo no ouvido de Avery, mais dessa vez ao invés de uma resposta o que Avery fez foi emitir um gesto. Feito isso todos inclusive ele entraram novamente para a outra sala deixando os novatos a sós, para trás sem qualquer satisfação.

Enquanto esperavam Caim olhou para os outros aceitos que estavam ao seu lado. A sua direita Nathan Rood, Vicent Crabbe, Rodolfo Lestrange e a sua esquerda Pessandra Clóy, Martís Van Téh e Safira Abedelazir. Todos do quinto ano, colegas de quarto ou casa. Todos inferiores a ele, pensou, a não ser por Safira. A única que havia ido tão bem ou talvez até melhor do ele nas tarefas exigidas. Mas não, ele não deixaria uma garota atrapalhar sua ascensão.

Vinte minutos depois a porta se abriu novamente e de lá Ahava Lemore saiu, ordenou que todos vestissem os mantos negros que estavam dentro de um armário no canto e quando já estavam todos prontos disse em tom de imposição.

- Vocês podem vir agora!

N/As(1): Formação da Sociedade da Serpente completa nesse momento.

OBS: Os nomes em itálico são de mulheres.

1. Mark Avery

2. Mórbius Lehans

3. Tion Gôllan

4. Saylo Westle

5. Ahava Lemore

6. Duha Livin

7. Tzippor Vile

8. Etana Camin

9. Baruth Reljare

10. Zél Lórens

11. Pavel Onnan

12. Nathan Rood

13. Vicent Crabbe

14. Rodolfo Lestrange

15. Safira Abdelazir

16. Pessandra Clóy

17. Caim Fortman

N/As(2): Fim do Capítulo V! Ufa!Gostou? É, não foi muito "convencional' a forma como eles descobrem sobre o Remus, afinal nessa altura ainda não existe sequer uma fagulha de amizade entre eles, mas é essa a forma que nós achamos mais bacana. Muitas coisas ainda por vir...Tudo ao seu tempo

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