No banheiro da murta que geme

No banheiro da murta que geme



—Ai!—disse Tiago, quando sentiu uma forte pisada em sua perna
—Me desculpe... EI! Você é um menino! Saia daqui ou eu vou...
A menina não conseguiu terminar a frase, pois Tiago tampara sua boca com as mãos, impedindo-lhe a fala.
—Shhh... por favor, não chame ninguém. Eu... eu... me confundi.
A menina continuava se debatendo para desvenciliar-se de Tiago, e ele interpretou isso como um "até parece".
—Tudo bem, eu não entrei aqui por acaso... mas convenhamos, esse é um banheiro pouco utilizado... me diga, quantas meninas vem aqui? Com esses rumores de que a camara secreta instalada por Slynterin é por aqui... e ainda com a história da murta-que-geme... quase ninguém...
Dessa vez foi a vez de Tiago ser interrompido, a menina lhe dera um forte chute e conseguira soltar-se dele. Ainda ofegante, murmurou:
—Você tem razão, poucas vem aqui... mas não é razão para você entrar, isso continua sendo um banheiro de meninas—e ao ver Tiago abrir a boca para revidar, completou rapidamente—Mas tudo bem, não contarei a ninguém... desde que me diga o que estava fazendo aqui.
Tiago estava pensando porque simplesmente não usara sua varinha para calar a garota, ou pelo menos saíra correndo dali. Mas se tinha uma coisa que não estava nem um pouco a fim de fazer era explicar porque estava ali, ainda mais a uma desconhecida enxerida. Empunhou a varinha, mas não foi rápido o bastante:
—Nananinanão! Você é espertinho, hein... mas também tenho reflexos rápidos. Porque não quer me contar o que aconteceu?
A resposta parecia óbvia:
—Anh... porque não te conheço?—respondeu Tiago, com sarcasmo.
—Ei! Que barulho é esse?—Perguntou uma voz chorosa
—Murta!—Exclamaram a menina e Tiago em uníssono
—Ei! Você é um menino!—exclamou ela em resposta
—Jura? Não sabia dessa...—disse Tiago, com sarcasmo.
—Hahahha...—riu a menina em tom de reprovação—até parece. Você acha que pode entrar no nosso banheiro e ainda ficar se gabando?
—É isso mesmo!—concordou Murta na mesma hora.
—Escute aqui, o banheiro é propriedade da escola e não dos alunos, principalmente se os alunos em questão forem uma garota metida e um fantasma!
"A garota metida e o fantasma" se entreolharam, e como se tivessem combinado, gritaram com toda a força(em que a voz esganiçada da garota se sobressaia claramente):
—SE VOCÊ NÃO SAIR DESTE BANHEIRO AGORA EU VOU CHAMAR...
—Ei! Olívia! Pare de irritar o garoto!—interrompeu uma voz conhecida—E você também, murta!
—Quem é você para mandar em mim, "Molly-Wally"?—Desdenhou Olívia
—Sou uma pessoa que sabe um segredo super-comprometedor sobre uma garota a minha frente, e que não teria o menor escrúpulo em expalha-lo a toda a escola... que tal?
Olivia não disse mais nenhuma palavra, apenas guardou a varinha nas vestes e saiu do banheiro. Tiago se perguntava se Lilian o defenderia assim.
—Murta?—e ao ver que o fantasma não mostrava nenhuma inclinação a obedece-la:—Sei de muitas coisinhas comprometedoras que você anda fazendo nesse banheirinho...
A menina-fantasma olhou em volta, como se procurasse alguém que estava escondido.
—Não... não sei do que está falando...—respondeu finalmente ela, em um tom ligeiramente nervoso
—Ah, você sabe sim—rebateu Molly, num tom acusador
Murta olhou mais uma vez para os lados, antes de mergulhar novamente no reservado do qual havia saído, gemendo bem alto.
—Olá... você é... Tiago! Tiago Potter!
O menino não sabia o que responder, então so balançou a cabeça positivamente. Olhou para garota e acrescentou:
—E voce é... Molly, certo? Não me recordo de seu sobrenome... é amiga de Lara Longboton, não?
—Sou sim—disse ela, sorrindo. E ao se lembrar de quem acabara de sair dali, acrescentou—Ela te fez alguma coisa?
—Além de me chutar...
—Te chutar?!—exclamou Molly, assustada.
—É. Ela ameaçou fazer um escandalo por eu estar aqui no banheiro das meninas e eu tampei-lhe a boca. Então, para se soltar, ela me chutou. Não a culpo, afinal, eu também a agredi, mas ela tem um chute realmente forte...
—Certo...—disse a menina, como os psicologos costumam fazer—Mas... se não for muita ousadia, o que está fazendo no banheiro... das meninas?
Quem sabe fosse por estar muito triste. Quem sabe fosse pela garota ter-lhe defendido. Ou talvez fosse porque ele precisava desabafar. Mas o fato é que, de repente, Tiago viu-se contando a Molly tudo o que acontecera, desde o dia em que ele começara a tomar "aulas" com Lilian, até o momento em que entrava naquele banheiro quase desocupado, como se estivesse marcado para algum desastre.
—...ninguém gosta nem vem até aquele banheiro, e este lugar solitário pareceu-lhe perfeito para ficar.
—Nossa, que história...
E de repente Tiago lembrou-se de uma pergunta que martelava-lhe a cabeça:
—Você acha que Lilian... e Snape... eles...?
—Bem... você mencionou o turno de poções... depois tivemos herbologia e agora estamos no final do intervalo. Eu não sei de nada, mas ouvi rumores de que Snape "matou" metade da aula de Tranfiguração, a nossa de Herbologia, para ficar com Lilian. Ninguém vê os dois desde então.
A mente do garoto funcionava devagar. Ele absorvia palavra por palavra, e ao entender o sentido completo da frase dita, exclamou:
—Eu estou aqui há bastante tempo!
Molly sorriu e falou:
—É verdade. Não quer...?
—Você tem razão. Vou sair deste banheiro. Agora temos...?
—Tranfiguração. Pronto para ver a luz do dia novamente?
Tiago* confirmou com a cabeça, e levantou-se com a ajuda da nova amiga.
—Obrigada por tudo, Molly. Não sei como agradecer.
A menina sorriu-lhe, como se dicesse que isso não seria preciso. Tiago saiu do banheiro e tapou os olhos com as mãos até acostumar a visão com a claridade, que antes fora apenas a fraca luz do banheiro quase inabitado. Tiago não tinha a mínima idéia de como seria quando visse Lilian ou Snape novamente. Mas ao sair do banheiro da murta que geme, um pensamento o consolava: durante o dia, a luz dos vagalumes não é tão visivel.

(N/A: Gente, desculpa... é q tinha acabado de ler o livro 6 do harry antes de começar a escrever, ai me confundi... ;-) Obrigada, Helen, por me avisar!)

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