Um vaga-lume




Mal saiu da sala, Tiago já foi procurar Lilian, afinal, se tinha tirado aquela nota(ainda nem acreditava no que estava escrito em caneta vermelha naquele pedaço de papel)era só por causa dela!
—Lilian!!! Lilian!!!!!!—Chamou ele. A menina parou de andar, deixando que ele a alcançasse.
—E... Parabéns pela sua nota!
—Eu é que agradeço! Lilian, se não fosse por você, não teria tirado nem metade disso, sério!
—Ah... mas mesmo assim, você se esforçou, não é?
—Nem se compara ao SEU esforço por MIM! Nem sei como agradecer, estou tão feliz!!!!—Disse Tiago, abrindo um sorriso largo. Mas dessa vez a menina nem teve tempo de corar: em um segundo Tiago havia a envolvido num abraço, e agora os dois rodopiavam pelo ar abraçados, o que atraiu o olhar de todos ao redor.
Quando os dois pararam, estavam realmente rindo muito, muito felizes, mas quando perceberam que todos os olhares do corredor se concentravam neles, se lembraram do que haviam realmente feito e ficaram fortemente corados, parecendo até um casalsinho de tomates.
—Não sei como te agradecer...—começou Tiago, daí teve uma idéia—Claro que sei! Lilian...—reuniu toda coragem que conseguiu, e olha que não era pouca, para falar o que ia falar pra ela... era agora ou nunca—Você quer sair comigo?
Ao ouvir isso, a primeira palavra que veio a sua cabeça foi "sim". Todos os tecidos do seu corpo diziam "sim", todas as suas células gritavam "sim, sim!", todos os seus neurônios insistiam "siiiiim!!!". Cada musculo do corpo de Lilian concordava que a resposta para aquela pergunta realmente deveria ser "sim!". O cérebro enviou o comando para sair da boca a palavra "sim", mas a boca, não se sabe porque, num covarde ato de traição, fez sair um som bem diferente:
—Não.
Não. Foi isso que Lilian respondeu. Era um não baixo, reprimido, triste, só. Mas era um não. Era um não suficientemente não para cortar o coração de Tiago.
—Não?—Perguntou Tiago. Não podia acreditar—Não?—Uma lágrima caiu pesada e quente em seu rosto.
Lílian balançou a cabeça em um movimento que não era nem sim nem não. Várias lágrimas esgueiravam-se para fora de seus olhos, e foram caindo por toda a sua face. Agora, parecia que todos as partes de seu corpo tinham se unido em um “complô” contra ela, pois ela simplesmente não conseguia abrir a boca para dizer que a coisa que ela mais queria no mundo era aceitar o convite de Tiago.
Dizem que os olhos são a janela da alma. E realmente, quem olhasse fixamente para os bonitos olhos verdes de Lílian naquele momento poderia ver como ela estava frustrada por não conseguir dizer palavra. Mas acontece que Tiago não estava em condições de olhar fixamente para os lindos olhos verdes de Lílian, aliás, para os olhos de ninguém, pois aquela altura as lágrimas já turvavam completamente sua visão.
Tudo o que via eram vários borrões. Havia alguns borrões parados mais atrás de onde estava o borrão em sua frente, que ele sabia que era Lílian pois os olhos daquele borrão brilhavam muito, não so pelas lagrimas mas pelo seu brilho habitual que so agora ele tinha reparado.
Mas foi quando tocou o sinal, e o borrão que estava em sua frente saiu correndo e se confundindo no meio de vários outros pequenos borrões a medida que corria.
Mas agora Tiago tinha reparado outra coisa naquele borrão que acabara de sair de sua frente: apesar de estar no meio de vários outros borrões, ele ainda podia ver muito bem onde ele estava, de modo que não se confundia totalmente com os outros. Aquele borrão especial parecia apresentar uma luz diferente, que mesmo estando longe não parava de brilhar. Agora que a luz já estava beeem longe, bem pequenina, podia assemelhar-se à um vaga-lume.
Um pequeno vaga-lume que ilumina a vida de Tiago. E parece que esse vaga-lume estava se afastando para o longe, algum lugar desconhecido, deixando Tiago cada vez mais em meio ao poço escuro que é a solidão. Como ele queria que aquilo voltasse! Oh sim, como Tiago desejava que o vaga-lume voltasse para perto dele, e assim deixasse de ser um pequeno pontinho de luz que se afasta cada vez mais para tornar-se uma grande e acolhedora lareira que nunca se apaga, para tornar-se quem ele sempre quis que aquele "vaga-lume" fosse: Lilian! Tiago queria gritar "Volte, Lilian! Volte!", mas já não tinha mais forças... Então ficou ali, parado, apenas olhando até o pontinho de luz virar uma esquina e sumir de sua vista.

(N/A: Assim fica num nível beeeem mais controlado, não? Pensem bem, se eu juntasse esse capítulo com o anterior ficaria grande demais, ne? Por isso que o final do outro ficou meio xoxo... bem, mas esse aí ficou beeeeem mais dramatico... mas mesmo assim, espero que tenham gostado! Comentem dizendo o q acharam! Bjs!)

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.