A Lembrança de Christopher (Se

A Lembrança de Christopher (Se



Capítulo I – A Lembrança de Christopher (Seven)




Era mais uma noite fria e escura de outubro quando Christopher largou-se numa poltrona do salão comunal da Grifinória e olhou em redor. A sala estava vazia, com exceção de si mesmo e do rato de Oliver Goldwin, um menino que, assim como Christopher, cursava o quarto ano de Hogwarts. Àquela hora da noite, Oliver Goldwin e todos os outros alunos deviam estar no Salão Principal, jantando animadamente e falando sobre a semana que findava. Christopher não via o teto do salão, mas tinha uma boa idéia de como ele estaria naquele momento: tingido de um azul profundo, quase negro, como seus próprios olhos, com estrelas cintilantes piscando lá no alto e uma bela lua em quarto crescente, sem nuvens cinzas para esconder seu brilho. Mas, ao contrário do teto do salão Principal, Christopher não tinha estrelas nos olhos, tampouco uma lua brilhante, mas sim uma grande e tenebrosa nuvem plúmbea, que deixava-o com uma aparência bastante insalubre e velha para a idade.

Todo o seu corpo doía, e nem mesmo seus olhos pareciam O.K., como se tivessem submetido-o à uma sessão rigorosa de preparo físico durante 24 horas, sem pausas, e forçado cada articulação do garoto – da retina ao músculo do pé. Mas Christopher não se queixava em voz alta, apenas fechava os olhos e respirava profundamente.

O rato de Goldwin, Ardo, cheirou com mais atenção o ar, como se tivesse sentido algo errado ali, e guinchou. Com patinhas furtivas, ele desceu do pufe onde estava e aproximou-se da poltrona de Christopher. Foi então que, eriçando o pelo cinza e tremendo os bigodes loucamente, ele guinchou mais uma vez e disparou para longe do rapaz, apavorado.

Christopher não se deu ao trabalho de pensar na reação do rato. Sabia muito bem por quê o animalzinho se comportara assim, e realmente não ligava para isso. Isso acontecia apenas em momentos como aquele em que estava vulnerável: após uma exaustiva sessão de treinamento. Felizmente para ele, a cada sessão de treino pelo qual passava, parecia melhorar cada vez mais – essa era a tendência, lera num livro. Há quatro anos treinava arduamente para atingir seu objetivo, e naquele ano em particular Christopher achava que conseguiria.

A lareira crepitava acochegantemente à sua frente, e Christopher fixou os olhos nas suas chamas vermelhas. Pensava em como tudo aquilo começara, o quê havia induzido-o a fazer o que estava fazendo. Parecia que fora há um século atrás... Mas agora, depois de quatro anos, o garoto tinha a sua frente uma visão muito mais ampla do que tivera no início daquilo tudo: sua nova habilidade não só resolveria seu principal problema, como também seria-lhe uma eterna vantagem contra tudo o que ele pudesse vir a enfrentar – fosse fora ou dentro de Hogwarts.

Um grito vindo do outro lado do quadro da mulher gorda interrompeu seu devaneio, e ele, com um gemido, levantou-se da poltrona.

- Mas eu já disse à você! - berrou uma voz feminina indignada. – Faz quatro anos que eu venho aqui e mesmo assim a senhora...

- Eu já disse. Sem senha, sem entrada. – retorquiu a mulher gorda em resposta.

- Você é uma... - mas a mulher Gorda não ficou sabendo o que ela era, pois no mesmo instante, Christopher abriu a entrada da Grifinória e olhou para a garota que gritava, dando um sorriso forçado.

- Oi, Charlotte. – cumprimentou, apoiando-se na parede com uma mão.

- Oi, Christopher. – respondeu Charlotte, os cabelos castanhos e curtos meio assanhados pelo seu descontrole com a mulher Gorda. – O que aconteceu?

Ele deu um suspiro e, não vendo ninguém andando pelo corredor, deu passagem para a corvinal entrar na torre. Ele ainda pôde ouvir a mulher Gorda murmurar:

- Ora essas... onde ela pensa que está indo? Na casa da mãe Joana?!

Charlotte entrou na torre e sentou-se num dos pufes mais próximos da lareira. Apesar da presença da garota ali quebrar algumas regras, há quatro anos todos na Grifinória haviam se acostumado com a presença de Charlotte Redford – uma corvinal muito esquisita na opinião da maioria - na sua Casa. Primeiro, eles censuraram bastante Christopher por deixar alguém de uma outra casa entrar na sala comunal deles; mas talvez pelo medo inicial que a maioria tinha das estranhas manias e certas “crises” de Christopher, concordaram que era mais vantajoso ter uma corvinal ali do que ter que encarar o olhar irritadiço e insalubre do garoto. Para o bem da verdade, ninguém estava interessado em se aproximar dele, e um Christopher solitário parecia mais suscetível a encrencas do que quando ele estava em companhia de Charlotte Redford. Depois, quando o medo já havia desaparecido e se acostumaram à Christopher, também acabaram se acostumando à Charlotte, e nem mesmo os monitores pareciam muito interessados em censurar a presença da garota ali.

Mas é claro que os monitores não deixaram-na tão à vontade à ponto de permitir que Charlotte tivesse acesso à senha da Grifinória, que forma que ela dependia da boa vontade de quem estava saindo no momento em que começasse à esbravejar com a mulher Gorda para deixá-la entrar.

Quando Charlotte finalmente pareceu acomodar-se completamente (puxando outro pufe para si e colocando os pés em cima dele), ela retirou do bolso do manto de Hogwarts três bolinhos de abóbora e uma fatia amassada de torta de limão, e disse:

- Trouxe pra você.

Christopher pegou a comida que lhe era oferecida e colocou numa mesa próxima dele. Comeu um dos bolinhos de abóbora e, após engolir, ouviu Charlotte dizer:

- Tá vendo? A cor já está voltando para o seu rosto. – sua voz continha um indisfarçável tom de alívio. – É o que eu sempre te digo: se você comer um pouco, melhora mais rápido. Não deu pra trazer chocolate porque Adam, Luke, Oliver e Johnny acabaram com tudo. – desculpou-se ela.

- Não tem problema – disse Christopher, engolindo mais um bolinho e cutucando a torta com um dedo. – Você sentou em cima dela?

- Bom...foi sem querer, sabe. – e encolheu os ombros. – Quando eu estava levantando, Caroline Swannk pulou em cima de mim pra saber de você.

Christopher deu um olhar enviesado na direção de Charlotte, enquanto desembrulhava a torta dos guardanapos que a envolviam. Ele deu um suspiro exasperado.

- Ela ainda não desistiu?! – e mordeu a torta.

- Parece que não. – respondeu Charlotte prontamente. – Sabe, achei que naquela hora ela ia me engolir de vez. Ela está desesperada, Christopher.

- Mas eu já disse pra Caroline que eu não quero saber de Quadribol... – retorquiu ele, exasperado. – Eu não devia ter comprado aquela vassoura... – murmurou ele, arrependido da sua bela Nimbus 2001 – um modelo antigo, mas que estava de acordo com a condição financeira de Christopher no momento.

Caroline Swannk era a capitã do time da Grifinória de Quadribol, e ficara simplesmente abasbacalhada quando viu, por acidente, Christopher voando em sua vassoura nova no campo de quadribol. Os olhos da garota haviam ficado estrábicos de tanto olhá-lo lá no alto, e quando o garoto desceu, ela pulou em cima dele, implorando para que ele entrasse como artilheiro no time: o melhor artilheiro deles havia terminado Hogwarts no ano passado, e até aquele momento, apenas trasgos com aparência humana haviam se candidatado ao cargo.

- Sabe, - começou Charlotte, olhando para as próprias unhas, tentando soar casual. – Eu realmente acho que você devia aceitar o convite da Swannk.

Christopher parou momentaneamente, a torta a meio caminho da sua boca.

- Você não fala sério. - disse ele repentinamente. – Não pode estar falando sério.

- Mas estou – garantiu ela, ainda olhando para as unhas. – Não é uma má idéia, sabe. O quadribol ia te distrair um pouco.

O garoto já havia baixado a torta, e agora encarava a amiga com uma sobrancelha erguida, e com um ar desconfiado.

- Charlotte, meus pais jamais aceitariam que eu jogasse quadribol... – murmurou ele, e acrescentou: - Além do que, eu não estou nem um pouco interessado.

Quando ela finalmente se dignou a olhar para Christopher, sua expressão era de profunda preocupação.

- Mas eu realmente acho que você devia experimentar. – insistiu ela. – Sabe... Eu não gosto de... de te ver... assim o tempo todo. – sussurrou ela, como se as paredes tivessem ouvidos.

Christopher não precisou pedir para que ela definisse “assim” para ele: sabia muito bem do que ela estava falando, e sentiu o coração apertar. Ela se preocupava, mas havia jurado à Christopher que não tocaria nesse assunto em voz alta.

- Você sabe que eu não posso chamar muita atenção, e meus pais me matariam se soubessem. – sussurrou ele em resposta.

- Mais atenção do que você já chama? – retrucou Charlotte, erguendo uma sobrancelha. – É meio difícil, sabe.

Christopher fechou a cara.

- McGonagall o adotaria se pudesse, você é incrível em Transfiguração! A professora de poções acha que você devia estar cursando um nível mais avançado do que estamos cursando; você entrou na floresta proibida sozinho no ano passado para falar com os centauros e saiu ileso. Já foi capa do Pasquim por... bem, por te confundirem com um mago doido da Idade Média que tomou a Poção do Rejuvenescimento. – enumerou ela, seu sorriso alargando-se cada vez mais.

- Eu acho que esse último item não é válido, Charlotte – retrucou ele, mal humorado. – E meus pais quase me estrangularam quando eu voltei pra casa depois do episódio na floresta proibida...Disseram que eu não posso mais sequer sonhar em sair do perímetro permitido de Hogwarts.

- Oh, faça-me o favor, Christopher, e esqueça seus pais por um segundo que seja! – disse ela, agora empertigando-se no pufe e tirando os pés de cima do outro. – O que você quer?

- Dormir. – disse ele, mal humorado.

- Você não pode. – murmurou Charlotte em resposta, seu sorriso sumindo.

Ele levantou uma sobrancelha. – E por quê não?

Charlotte tinha uma expressão azeda quando respondeu.

- A palavra ”detenção” lhe lembra alguma coisa?

- Ah, não! – gemeu ele, afundando na poltrona.

- Ah, sim! – disse Charlotte, no seu melhor estado de humor negro.

- Eu esqueci completamente da detenção da profª Weasley! – a palidez voltou ao seu rosto, e ele sentiu-se momentaneamente capaz de se atirar pela janela.

- É, eu notei. – murmurou Charlotte, levantando-se. – Você não teria treinado se tivesse se lembrado na noite que teríamos pela frente.

- Não mesmo. – e Christopher fechou os olhos. – Quem sabe eu não descubra que tudo isso não é um pesadelo?

- Bom, quando você descobrir, me avise, por que eu também quero acordar. – retorquiu ela em resposta. – Mas acho meio difícil.

Christopher ainda estava inconsolável quando Charlotte puxou-o da cadeira e os dois saíram da torre da Grifinória, dando passos lentos em direção ao Salão Principal, onde o jantar já devia ter terminado àquela altura.

A profª Weasley ficara um tanto irritada quando Charlotte, Christopher e Michael MacPhil começaram à azarar uns aos outros e, conseqüentemente, azarar os alunos que estavam em volta depois de uma discussão levemente exaltada que eles tiveram sobre a relação de Christopher e Charlotte – ninguém tinha pedido a opinião do MacPhil, afinal de contas, dissera Charlotte em sua defesa. Mas o fato é que a profª chegara ao seu limite quando eles fizeram a lousa despencar e seus livros irem ao chão. Bom, não foi à toa que cada um perdera 50 pontos para suas casas – como Charlotte e MacPhil eram da Corvinal, seus companheiros não acharam nada engraçado.

Uma turma de alunos da Lufa-Lufa passou por eles, e Charlotte cumprimentou a todos.

- Alô, Sandra e Marcelle! – exclamou, acenando para as amigas. – Como vai o Douglas, George? – indagou ela, passando por um rapaz ruivo.

- Ainda na Ala Hospitalar, mas melhor.

Um rapaz do sexto ano caminhou na direção de Charlotte. Era moreno, e os olhos azuis a fitavam com desespero.

- Charlotte... – começou ele, mas foi interrompido por ela:

- Cale a boca, Duncan. – disse rispidamente. – Eu já falei pra você esquecer.

- Mar Charlotte, por favor... Eu juro que não...

Mas a garota estava irredutível, e deu as costas à Duncan, voltando a caminhar ao lado de Christopher, que olhou-a intrigado.

- Vocês não estavam saindo? – indagou ele. – O que foi isso agora?

- Parece que ele quer controlar com quem eu ando agora. – disse ela, mal humorada. – Não vamos falar dele, tá?

Christopher não insistiu no assunto. Mais uma garota da Lufa-Lufa aproximou-se para conversar com Charlotte. Era estranho uma corvinal ter mais intimidade com outra casa do que a sua própria. Mas o fato é que Charlotte nunca admitira, por mais que todos dissessem, que era uma corvinal. Ela simplesmente ficara ultrajada na sua seleção, e Christopher nunca esqueceria o desconcerto de McGonagall quando Charlotte levantou-se do banquinho, indignada, e pediu para que ela colocasse o chapéu na sua cabeça de novo. É claro que McGonagall disse que não, mas Charlotte começou a fazer um estardalhaço tão grande, que McGonagall cedeu (ela sabia que não alteraria a escolha do chapéu). Novamente, o chapéu gritou “Corvinal!”, e ao fazê-lo, Charlotte ficou vermelha de raiva. Ela simplesmente não aceitava ter sido selecionada para a Corvinal, e foi protestando para a mesa da sua casa, dizendo que o chapéu estava senil e que ela deveria ter ido para a Lufa-Lufa.

Por conseguinte, a garota ficara absolutamente íntima de todos os Lufos de Hogwarts, constantemente andando com as garotas da sua idade da outra casa, e desprezando completamente sua Casa, a Corvinal. Tentou mudar mais uma vez de casa no segundo ano, e exigiu ser selecionada novamente – foi até a torre do diretor e esperou que o próprio colocasse o chapéu em sua cabeça. Não deu outra: Corvinal de novo.

Mas, não importasse quantas vezes ela havia sido selecionada para a Corvinal, continuava querendo ser uma Lufa de qualquer jeito. Charlotte não compreendia como diabos fora parar na Corvinal. Toda vez que Christopher perguntava por quê toda essa revolta, ela respondia:

- Minha mãe foi uma Lufa, e meu pai um Grifinório. Os pais da minha mãe, ambos Lufos, e os pais do meu pai, também! – esclarecia ela, depois de um acesso de fúria. – Como diabos eu pude ir pra Corvinal?!

Um grupo de quintanistas da Corvinal passou por eles, também indo para sua sala comunal, e Charlotte passou reto, desviando o olhar dos companheiros de casa. Christopher não dizia nada, mas achava engraçado ver Charlotte sendo recebida calorosamente pelos Lufos, e ser ignorada completamente pelos Corvinais. Às vezes ele mesmo se perguntava por quê Charlotte não havia ido para a Lufa-Lufa.

A raiva de Charlotte pela casa não era nada pessoal, é claro, mas ela ainda queria porque queria ser uma Lufa-Lufa. Não era à toa que Charlotte Redford despertasse certo desprezo entre seus colegas corvinais, e os evitasse constantemente.

Quando eles chegaram no Salão Principal, o mesmo estava quase vazio, mas ainda na mesa dos professores eles viam, entre outros, a profª Weasley, os cachos castanhos agora presos numa trança firme.

Christopher e Charlotte se entreolharam, como se fossem cúmplices no dia de execução, e caminharam até a professora, que já os avistara e os olhava com um olhar tão cortante que Christopher sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha. Às vezes a profª Weasley era assustadora.

- Muito bem. – disse ela, tentando manter um tom de voz razoável. – Pensei que tivessem esquecido da sua detenção!

- Ah, não, senhora, claro que não. – disse Christopher, numa mentira digna de um Oscar®.

- Profª Weasley... – começou Charlotte, a voz macia e dócil (coisa muito pouco comum, diga-se de passagem). – Qual será a nossa detenção?

Os olhos da professora brilharam, e Christopher sentiu que isso não era um bom sinal – pelo menos não pra quem iria cumprir a detenção. A mulher levantou-se de sua cadeira e se dirigiu à mesa da Corvinal. Christopher e Charlotte seguiram seus passos.

- MacPhil! – chamou ela, e o garoto, do outro lado da mesa, pareceu gelar. – Vamos, MacPhil, a srta. Redford e o sr. Nhor já chegaram.

- Mas já? – indagou ele, tristemente. – Eu ainda não terminei a sobremesa...

Mas um olhar ameaçador da profª Weasley foi suficiente para calá-lo. E, arrastando os pés, Michael MacPhil acompanhou o cortejo, cabisbaixo.

Os três detentos acompanhavam a professora alguns passos atrás, certificando-se de que ela não poderia ouvi-los murmurar. Foi Charlotte quem disparou:

- É claro que se o sr. MacPhil aqui não se metesse onde não é chamado, nós não estaríamos aqui. – disse, rispidamente.

- Ah, e é claro que se a srta. Redford não fosse tão atacada, o pequeno duelo dentro da sala não teria acontecido – rebateu Michael, exasperado.

- E é claro que se você não tivesse começado a nos caluniar, eu não teria te atacado! – retrucou ela, agora elevando o tom de voz.

- E é claro que se vocês não se calarem logo, vamos receber outra detenção! – censurou Christopher, pondo-se entre os dois corvinais e apontando com a cabeça a professora, que virara-se momentaneamente para eles.

Ela guiou-os pelas escadas e por corredores, e eles sabiam onde exatamente ela queria chegar: na biblioteca. Conheciam aquele caminho muito bem, afinal, eram meros alunos que só passavam em alguma matéria por causa da bendita biblioteca.

Àquela hora, os poucos alunos que ainda estavam no salão Principal já deviam ter se recolhido, porque o relógio de Christopher marcava oito e meia. Não foi à toa que ele notou o castelo mais escuro à medida que se aproximavam da biblioteca da escola.

- O que você acha que ela vai mandar a gente fazer? – indagou Charlotte, sussurrante.

- Tomara que não nos mande ler todos os livros de Aritmancia do lugar – disse Michael, torcendo o nariz ante a idéia.

- Acho que vai mandar a gente finalmente aniquilar a Madame Pince. – disse Christopher, com um sorriso, e os outros dois riram entredentes.

- Na certa é pra limpar a biblioteca. – disse Charlotte, parando de rir.

Quando eles finalmente alcançaram a biblioteca, a profª Hermione Weasley abriu a porta com um rangido, e disse:

- Muito bem, vamos, entrem na minha frente.

Christopher, Charlotte e Michael olharam-se momentaneamente, e um pensamento absurdo cruzou a mente de Christopher: a professora iria trancá-los lá dentro. Mas, sem poder dizer palavra para ir contra a ordem direta da professora de olhar torto, os três entraram na biblioteca, cabisbaixos.

Madame Pince não estava mais em seu habitual lugar atrás de um bureau, falando rispidamente com algum aluno ou pedindo silêncio com um irritante “shhh!”. Não havia ninguém lá, exceto os três detentos e a professora. As estantes era agora uma massa escura e alta, que formavam longos corredores sinuosos, e a iluminação era nula. Eles viram, porém, três lampiões em cima do bureau da bibliotecária, apagados.

Christopher ergueu uma sobrancelha para a professora, e viu que Charlotte Redford e Michael MacPhil faziam o mesmo.

- Vocês vão limpar a biblioteca. – disse simplesmente Weasley.

- Quê? - Christopher estava incrédulo.

- Acho que entendi errado – falou, por sua vez, Charlotte, meio boquiaberta.

- Professora, não! – exclamou Michael, suplicante.

- E eu não quero saber de reclamações! – retrucou a professora, antes que as frases de indignação continuassem. – Eu já falei com Madame Pince, e vocês vão ficar responsáveis pela limpeza da biblioteca por essa semana que começa. – e deu um sorriso sinistro. – Talvez assim vocês aprendam à manter as coisas organizadas e limpas, e parem de criar problemas.

Christopher sentiu seu estômago dar uma cambalhota. Ele não podia ficar todas as noites da semana ocupado! Isso quebraria completamente seu ritmo de treinamento, e a constância era a coisa mais importante nas sessões. Se ele parasse durante uma semana, se não retrocedesse um bocado, no mínimo retardaria sua transformação total. E isso seria desastroso.

Ele sentiu-se gelar só de pensar naquela possibilidade, e olhou apavorado para Charlotte. Ela também parecia ter entendido o que aquela semana de detenção significava para ele, pois havia empalidecido consideravelmente. Michael MacPhil, porém, apenas soltou um muxoxo, amuado.

- As lamparinas estão aí, só tomem cuidado para não incendiarem a biblioteca, sim? – murmurou Hermione Weasley, apontando os lampiões com um aceno de cabeça. – Estarei de volta à meia-noite para buscá-los. – disse, e retirou-se da biblioteca.

Os três se entreolharam.

- Parece que você adivinhou, Fox. – disse Michael, pegando seu lampião e acendendo-o. Viu, ao lado dos lampiões, panos, espanadores, cera, duas vassouras e um balde. – Eu fico com uma vassoura! – disse ele, agarrando uma.

- Ah, eu também! – e Charlotte correu para pegar a outra vassoura. – Christopher?

Christopher estava parado exatamente onde estivera desde que chegaram na biblioteca. Ele tinha a testa franzida, e parecia concentrado em alguma coisa.

- Quando ela diz “limpar a biblioteca” – começou ele, agora andando até o bureau onde o material de limpeza estava. – Ela quis dizer que não importa como, certo?

Charlotte e Michael ergueram uma sobrancelha.

- É, acho que sim. – respondeu Charlotte.

- Ou você acha que viemos aqui para sujar? - ironizou Michael.

Christopher ignorou-o.

- Então... – ele tirou a varinha do bolso. – Significa que podemos usar magia, certo?

Os olhos de Charlotte brilharam com a idéia, e ela também sacou sua varinha.

- Sabe, eu não havia pensado nisso! – e sorriu. – Afinal, ela não falou nada sobre não usar magia. Não estaríamos necessariamente quebrando alguma regra!

Michael também sacou sua varinha, e olhou para as estantes a sua volta. – O que estamos esperando? Limpar! - e, no mesmo instante, a prateleira mais próxima parecia nova, e os livros que ela guardava, espanados. Se pudessem, estariam brilhando.

Charlotte e Christopher pegaram seus próprios lampiões e percorreram uma boa extensão da biblioteca, bradando “limpar!” toda vez que encontravam algo sujo (o que não era pouca coisa). A biblioteca, à noite, parecia muito maior e mais suja do que aparentava durante o dia, com toda a movimentação e entra e sai de alunos, os cochichos nas mesas e o barulho das páginas sendo viradas. Agora, ela era um aposento de altas e sombrias prateleiras, onde alguns livros pareciam debater-se e o cheiro de bolor dos livros velhos ficavam mais evidentes. As janelas estavam fechadas, mas nenhum dos três lamentava aquilo: já estava frio o suficiente lá dentro.

Charlotte começou pela sessão de herbologia, seguindo para Feitiços e Defesa Contra as Artes das Trevas. Christopher encarregou-se das estantes sobre criaturas Mágicas e Transfiguração, e Michael, os livros de poções e adivinhação – o que não foi uma boa idéia pois, entre um “limpar!” e outro, acabou perturbando um livro de adivinhação que previu uma morte lenta e dolorosa iminente ao garoto, o que deixou-o bastante perturbado.

Depois, ainda havia o chão à ser encerado. “Limpar” não era suficiente para encerar o chão: o máximo que o feitiço fazia era deixar o piso livre de poeira e qualquer outra sujeira que pudesse haver. Christopher, Charlotte e Michael discutiram muito até chegarem à um concenso: deixar como estava.

- Mas eu aposto que ela vai notar que o chão não foi encerado... – disse Michael, que defendia que eles deviam encerar o chão.

- Ora, se está tão preocupado, por que você não se ajoelha e começa a encerar?! – bradou Charlotte, jogando para Michael um vidro de cera e um pano. – Não serei eu a impedir.

- Como se eu fosse fazer o serviço sozinho! – retrucou ele em resposta. – Muito bem, se a profª Weasley perguntar, vou dizer de quem foi a idéia de não encerar. - resmungou ele, pondo o pano e o vidro de cera em cima da mesa.

- E se usássemos um feitiço? – sugeriu Christopher, pensativo.

- Será que você é cego, Nhor? – indagou Michael, girando os olhos nas órbitas. – O feitiço “limpar” não encera o chão, apenas limpa. - disse, exasperado.

- Por acaso você acha que eu não sei disso? – rebateu Christopher, mais exasperado ainda. – Estou dizendo que nós podemos procurar um feitiço para encerar o chão ao invés de ficar discutindo!

- Oh, bem, eu já perdi meia hora percorrendo esses corredores limpando tudo. – e Michael cruzou os braços. – Você ainda quer me dar um dever extra, é?

- Bom – e Christopher também cruzou os braços, dando um passo em direção ao outro. – Até onde eu sei, era você, senhor Michael MacPhil, quem estava tão desesperado para encerar o chão. Se tem preguiça de trabalhar, não vá exigir de nós o trabalho.

Michael não disse nada, apenas olhou o outro nos olhos.

- Ei, Christopher – disse Charlotte de repente, fitando algumas estantes escuras não muito longe deles. – A profª Weasley disse para limparmos toda a biblioteca, certo? – sussurrou ela, dando alguns passos em direção ao ajuntamento de estantes mais afastado das outras sessões.

- Certo. – e ele olhou-a, sem entender.

- Lá vem problema... – sussurrou Michael, entredentes.

- Então, acho que devíamos limpar por aqui também! – e ergueu o lampião, iluminando a placa de metal onde se lia “Sessão Proibida”. – Que tal? – e deu um sorriso maroto.

Michael pareceu levemente lívido, e Christopher sentiu uma curiosidade explosiva dentro de sua barriga. Não era tão má idéia. Mas antes que ele pudesse processar esse pensamento direito, viu Michael mexer-se e dirigir-se à Charlotte.

- Sabe, eu sempre soube que você era louca, Redford. – começou ele, tirando de forma brusca o lampião das mãos da garota. – Mas agora vejo que te subestimei!

- O quê? Vai dizer que não tem nenhuma pontinha de curiosidade em saber quais os tipos de livros que eles guardam lá?! – retrucou ela, parecendo ofendida.

- Todos nós sabemos que tipo de livro eles guardam lá! – rebateu ele, convicto. – Livro perigosos, e é só o que precisamos fazer.

- Ora, faça-me o favor, MacPhil! – exclamou Charlotte, cerrando os punhos. – O que você acha que eu vou fazer? Roubar um livro e ir praticar magia negra na torre da Corvinal?!

- Ou talvez na torre da Grifinória, já que ela é uma assídua freqüentadora! – Christopher juntou-se à discussão. – Não seja patético, Michael. Não vamos tocar em nenhum livro, vamos só...

- Limpar! – completou Charlotte, com um sorriso para Christopher e um olhar irritadiço para Michael, pegando deste último seu lampeão de volta.

- O quê?! – ele parecia horrorizado. – Christopher, eu sei que vocês se amam, mas compactuar com uma idéia insana dessas é...insanidade!

Christopher evitou olhar para Michael, porque sentiu que corava, e Charlotte deu-lhe um “acidental” pisão no pé ao passar por ele e começar a percorrer as estantes da sessão proibida. Michael bufou, e a seguiu.

Havia realmente uma quantidade fora do comum de pó na sessão proibida, e foi mais difícil limpá-la do que Charlotte ou Christopher poderiam imaginar. Havia, por exemplo, alguns livros que simplesmente escondiam-se no fundo da prateleira para não serem atingidos pelo feitiço de limpeza, e outros que se negavam terminantemente a serem limpos, por mais que os três detentos gritassem “limpar!” repetidas e repetidas vezes. Um livro verde e cheirando à bolor saiu voando pelo corredor ao ser perturbado, e Christopher e Michael correram adoidados atrás dele, enquanto o mesmo zunia pela biblioteca.

Charlotte travou uma árdua batalha contra dois livros que não queriam se desgrudar de jeito nenhum, e quando finalmente conseguiu separá-los um grito agudo e agourento ecoou pela biblioteca, causando náuseas à Charlotte e deixando Christopher e Michael de cabelo em pé. Eles descobriram que o grito só cessaria se os dois livros fossem guardados juntos novamente, e assim o fizeram, alarmados e temendo que alguém tivesse ouvido – e ficaram realmente surpresos em notar que ninguém (nem a prof.ª Weasley nem Filch) apareceu.

Foi quando Michael e Charlotte estavam enxotando ratinhos de dentro de um antigo livro entitulado “Morte e Sangue Segundo As Artes Sombrias, por Catty Wicked” que Christopher teve seu olhar atraído para um livro particularmente incomum.

Estava à altura dos seus olhos, e tinha a capa marrom fosca. Christopher tocou-o com um dedo, e sentiu, sem sombras de dúvida, a madeira quente de que era feito o livro. Realmente incomum. O título e o nome do autor haviam sido talhados na lombada do livro, e apesar de levemente apagados pelo tempo, Christopher ainda podia ler Memento, e o nome dos autores: Ambrose Crux e Eileen Seven.

Os pêlos de sua nuca arrepiaram-se pela terceira vez naquela noite, e com olhos furtivos leu novamente o nome dos autores. Eileen Seven. Havia sido aquele nome que o fizera tremer. Já tinha ouvido falar nela, e a ocasião em que ouvira esse nome não havia sido nenhum pouco feliz. Nenhum pouco mesmo. Fazia tanto tempo que Christopher achava que não seria capaz de relembrar detalhes tão pequenos daquele dia há sete anos atrás.






“Escute-me, Chris” chamou o curandeiro num tom que ele supôs parecer dócil. O menino levantou os olhos do leito onde uma mulher pálida e de rosto redondo dormia, sua respiração quase imperceptível. “Acho que devemos ter uma conversa séria agora.”

“Ela vai morrer?” perguntou ele, sua voz embargada.

O curandeiro olhou-o longamente, penalizado.

“Não, Chris, ela não vai morrer.” Respondeu ele, após um suspiro, afastando-se da cama. Uma mulher de cabelos presos num firme coque no alto da cabeça sentou-se ao lado da enferma e ajeitou-lhe os travesseiros. Merrick, o mordomo de ombros largos, deu um passo em direção ao curandeiro e olhou-o com aqueles olhos límpidos e azuis.

“É uma...uma maldição, não é mesmo, sr. Shawn?” disse, abaixando a voz antes de dizer “maldição”, mas mesmo assim audível à Christopher.

“Sim” o curandeiro Shawn não olhou nos olhos de Merrick ao confirmar.

Merrick apertou fortemente o ombro de Christopher, que sentia o coração bater loucamente em seu peito. Mesmo não entendendo tudo o que havia sido dito sobre o estado de saúde de sua mãe, entendia o suficiente para saber que era grave. Não precisava de explicação alguma, porém, para entender que ela sofria: pela noite, ele ouvia seu grito rouco ecoar por toda a casa, e os eventuais acessos em cima da cama, que eram apenas detidos por meio de poderosos feitiços calmantes. Já faziam dois dias desde que ela voltara doente para casa, e Christopher estava começando a ficar realmente angustiado.

A mulher de rosto redondo na cama soltou um gemido curto pelos lábios grossos e roxos, que alertou novamente o curandeiro.

“Isso é bom” disse ele, voltando-se para Merrick. “Significa que ela está reagindo ao tratamento.”

“Vai doer sempre?” indagou Christopher, desobedecendo a ordem de Merrick de ficar calado enquanto o curandeiro Shawn estivesse presente.

Shawn olhou-o longamente.

“É inevitável”

“Mas... os remédios não deviam fazer com que ela se sentisse melhor?” – Christopher olhava apreensivo a mãe estendida na cama. “Se estão machucando-a, devia parar de fazer isso com...”

“É suficiente, Christopher” interrompeu-o Merrick. Estava tão pálido quanto a doente. “Há alguma chance dela voltar algum dia? Algum tratamento que a cure?”

O curandeiro Shawn deu uma olhadela comprida para Christopher, que estava absorto demais olhando para a mãe para ouvir a conversa.

“Eu já lhe disse, sr. Merrick” disse o curandeiro. “Se havia alguma cura, Christopher Seven levou-a para o túmulo, assim como qualquer outro que soubesse reverter essa maldição.”

Merrick mexeu-se desconfortavelmente atrás de Christopher.

“Você quer dizer...Você-Sabe-Quem?”

Shawn concordou com um meneio de cabeça. Merrick engoliu em seco e voltou seu olhar para a mulher pálida, que gemeu mais uma vez.

Christopher agora tinha os olhos marejados quando virou-se para o mordomo.

“Merrick, por que isso está acontecendo com a mamãe?” sua voz saída falha. “Por que isso dói tanto nela, Merry? Por que?” e uma lágrima transparente foi alojar-se nos seus lábios.

“Christopher...eu já lhe expliquei.” Merrick pareceu desconcertado em frente ao curandeiro. “Sua mãe estava duelando contra uma pessoa muito má, muito má mesmo.”

“E ele a machucou?”

“Sim, Chris. Muito.”

“Mas os machucados saram, não saram?” ele parecia levemente desesperado agora. “A mamãe sempre disse que com um beijo sarava...” e ele virou-se para a mãe. “Talvez se eu der um beijo onde dói ela fique boa de novo...” e tentou aproximar-se da cama de dossel, sendo parado por um braço firme do mordomo, que virou o rosto afetado de Christopher afim de encará-lo.

“A mamãe não vai sarar, Chris!” Merrick falou o mais rapidamente que pôde, agora ele mesmo ficando com os olhos marejados. “Ela não vai sarar, pois foi um machucado dentro da mamãe, tão fundo que os curandeiros não conseguem encontrar. Ela não vai sarar...”

Christopher agora soluçava.

“Não minta pra mim, Merry!” gritou ele, as lágrimas vertendo como gotas em uma cachoeira. “Não tem graça! Ela vai sarar, Merry, vai sim! Sempre que eu fico doente a mamãe cuida de mim e eu saro...eu também vou cuidar dela, vou sim!” e tentou desvencilhar-se do abraço de Merrick, mas o homem era muito mais forte que ele. “Não, Merrick, não! Me solte!...Mamãe!” ele abriu os braços em direção à cama, como se esperasse que sua mãe se levantasse e viesse abraçá-lo, afastando-o de Merrick.

“Ela não pode, Chris, não pode ouvi-lo...” e Christopher sentiu as lágrimas de Merrick caírem em suas costas. “Ela não vai acordar mais.”

“Não! MAMÃE!”

A mãe de Christopher soltou um gemido mais alto ainda em meio aos protestos do menino, como se quisesse apoiá-lo. Ele debateu-se por cinco penosos minutos nos braços de Merrick, até ele desistir e deixar a cabeça afundar num dos bíceps do mordomo.

“Christopher Seven devia ter notado que não lhe restava muito tempo” começou Shawn, permanecendo indiferente ao desespero de Christopher. “Em toda a história da medicina bruxa, sr. Merrick, há apenas um caso igual à este, que aconteceu há cento e cinqüenta anos atrás.” Disse-lhe, guardando frascos de poçoes pela metade em sua maleta. “E mesmo assim, parece que a sra. Nhor recebeu o que eu posso classificar como uma maldição remoldada, baseada nesse caso único.”

“Como assim?” Merrick tinha os olhos inchados, mas não saía-lhe mais nenhuma lágrima.

“Christopher Seven, sr. Merrick, é bisneto da executora e criadora da maldição Carceræ, Eileen Seven.”





Christopher sentiu os olhos voltarem a focar o livro quando a lembrança desvaneceu-se em sua cabeça. Inconsciêntemente, ele sabia que nunca havia de esquecer aquele dia que deu início à todos os seus problemas, mas ficou realmente impressionado com a memória de voltava-lhe tão nítida quanto quando ocorreu.

Ele olhou para um lado. Charlotte estava deitada no chão, olhando pela fresta mínima entre a estante e o chão, sussurrando feitiços expulsórios e atordoantes nos ratinhos, ao passo que Michael olhava por trás dos livros, a procura de mais ratos.

Com um movimento rápido, Christopher removeu o livro de capa de madeira da estante e escondeu-o debaixo do manto negro de Hogwarts. Nenhum de seus companheiros pareceu ser dar conta desse movimento.

Com um pigarreio, ele juntou-se à Charlotte e Michael.

- Problemas?

- Sim, muitos e peludos! – respondeu Michael, pegando um rato pelo rabo e estuporando-o, jogando-o em seguida para um pilha de outros ratos estuporados e paralisados.

- Argh, eu juro que nunca mais vou reclamar do rato do Oliver! – exclamou Charlotte levantando-se com três ratos petrificados em suas mãos, juntando-os aos outros. – Evanesco! - e a pilha de ratos desapareceu.

- Foram todos? – indagou Michael.

- Não, mas boa parte deles. – e então Charlotte olhou novamente para onde os ratos há pouco estavam. – Sabe, eu sempre quis saber pra onde as coisas vão quando fazemos desaparecer.

Michael e Christopher não deram muito ouvidos à essa observação, e logo seguiram para o bureau de Madame Pince. Para surpresa deles, a profª Weasley já estava lá parada, esperando-os.

- Então? Como foi a detenção? – disse ela, dando uma olhada nas estantes mais próximas. – Ora, vejo que limparam mesmo! – exclamou, escondendo seu tom de incredulidade. – O que acharam da detenção?

- A senhora não poderia ter sido mais convincente. – disse simplesmente Christopher, apertando o livro por baixo da capa e dando um sorriso que ele julgou ser livre de suspeitas.



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