R.A.B.



Muitas milhas dali um vento frio soprava nas montanhas. Um imenso lago tomava conta do lugar. Uma água azul cristalina brilhava no lago. Estava um anoitecer frio. Não se ouvia nem o barulho de uma coruja, nem uma raposa em busca de alimentos.

A única coisa que despertava atenção era uma antiga casa. Mais parecida com uma usina abandonada. Uma imensa chaminé escura surgia detrás à velha usina. Havia uma janela no alto da usina, que podia perceber movimentação naquele andar superior. Vozes vinham do lugar, rompendo o silêncio existente.



- Mãe, tem certeza que estamos seguros aqui?



- Sinceramente não sei Draco. – Narcisa Malfoy estava muito diferente da última vez que esteve com seu filho. Estava magra, muito pálida. Com os olhos fundos, parecia fraca, deprimida. – Temos que esperar a ordem do Senhor das Trevas para saber o que devemos saber.



- Não sei se o Lord das Trevas irá me perdoar, não cumpri o que devia ter feito, eu falhei!



- Não fale isso meu filho. Nós conseguimos, Dumbledore está morto.



- Mas não fui eu quem o matou, como desejava o Lord das Trevas. – gritou Draco inconformado.



Barulhos de passos no andar de baixo podiam ser ouvidos. A antiga usina vista de dentro, lembrava sem dúvida um grande alojamento de refugio. Grande parte do velho piso de madeira fazia estardalhaço ao ser pisado. Muitos assoalhos soltos havia na casa, fazendo barulhos estressantes ao serem pisados. Principalmente numa enorme sala, que era possuía uma decoração muito antiquada. Mas o que mais chamava atenção era um enorme quadro, com uma moldura espessa, cor de cobre. Valorizava ainda mais o antigo quadro. Tinha como retrato um jovem homem, com um nariz fino e empinado, cabelos compridos grossos e claros. Um rosto fino, os lábios carnudos, um pouco desproporcional para o resto de sua face. Usava um terno marrom com uma pequena gravata borboleta azul-marinho. O quadro foi pintado com tinta a óleo. Muito real, parecia com uma foto de verdade.

Na borda inferior da moldura, podia encontrar apenas as iniciais R.A.B. escrita com uma letra itálica, demonstrando as iniciais do nome do jovem. Na antiga sala percorria uma mulher, a caminho do quarto superior.



- Narcisa minha irmã. – falou Lestrange – Como está? – Bellatrix parecia bem mais feliz desde a última vez que Narcisa a tinha visto. Diferente de Narcisa, ela estava muita mais viva. Não tão abatida quanto a irmã.



- Acho que estou bem. Draco que está um pouco deprimido. – falou Narcisa enquanto pegava um bolo de panos velhos. - Chegou agora em Spinner's End?



- Sim, acabo de chegar. Estava a serviço do Lord Negro. – disse Bella fechando a janela para diminuir o vento. – Disse que meu sobrinho está deprimido. O que tem?



- Acha que não cumpriu o que deveria ter feito. Bella estou com medo, Draco é meu único filho. Já perdi Lúcio, não suportaria se perdesse Draco. – disse Narcisa que começava a soluçar.



- Não se preocupe, Snape chegará pela manhã, tudo será resolvido. – falou Bella saindo do aposento e deixando sua irmã sozinha e sem palavras a dizer.



O dia amanheceu frio, porém um pouco ensolarado. A chegada do outono proporcionava bons ventos. A deserta rua de Spinner's End estava com um aspecto bem mais conservador comparado com o dia passado. Novamente não se ouvia ruído algum por perto.

Na estrada no meio as árvores, caminhava calmamente um homem enrolado num manto negro. Andava pela única estreita estrada a caminho de Spinner's End. Passou entre um imenso moinho de vento que não funcionava há anos. Servira apenas como abrigo para uma família de gnomos que rondava o local.

O homem que se dirigia pela estrada cruzou com um dos gnomos. Imediatamente tirando uma comprida e fina varinha de suas vestes murmurou:



- Flipendo!



O pequeno gnomo se deslocou alguns metros de onde estava, ficando atordoado com o feitiço que acabou de receber. O que acabou despertando a atenção dos demais gnomos, que não tiveram o atrevimento de entrarem no caminho do espantoso homem que seguia rumo a antiga usina abandonada.



- Mas como este lugar está acabado, um bom feitiço de Reparo, melhoraria o ambiente. – disse Narcisa convenientemente.



- Minha irmã, não temos que nos preocupar com isto. Estamos aqui nos escondendo do Ministério. Quanto pior o lugar de refugio melhor.



- Bella, acha que é fácil para mim, trocar minha enorme casa para me refugiar neste horrendo lugar.



- Narcisa! - bradou Bellatrix - Não repita isso. Estamos a serviço do Lord das Trevas. – Bellatrix falava, olhando firmemente para irmã - Não se preocupe seremos grandemente recompensadas. Se seguirmos tudo como mandado.



- Mas...



- Dumbledore já se foi. – disse Bellatrix interrompendo a irmã – É uma questão de tempo para acabar com Harry Potter. – Enquanto Bellatrix falava de maneira feliz, Draco Malfoy chegava na sala. Não percebendo o motivo da conversa entre mãe e tia falou.



- Tia Bella!



- Sim Draco.



- Estava reparando nesta horrível casa e reparei uma coisa curiosa. Quem é a pessoa neste enorme quadro? A única coisa que dá pra saber são suas iniciais R.A.B, o que significa? - após terminar a pergunta, percebia que Narcisa também olhava para a irmã querendo saber quem era a tal pessoa no quadro.



- Me parece familiar, mas não consigo saber quem é neste quadro. – falou Narcisa.



- Mas é claro que você sabe quem é. Esse retrato é muito antigo. Devo confessar, mal da pra reconhecê-lo. O senhor... - Mas antes que pudesse terminar, a porta abriu rapidamente fazendo um enorme barulho.



- Severus! - Narcisa falou com um suspiro cansado. – Não me esconda nada, quais as notícias a respeito do Lord das Trevas.

Ele deu um passo à frente para que pudesse entrar na sala e deu um sorriso zombeteiro com os olhos fixos em Draco. Sem falar nada deu mais alguns passos a frente, retirando a sua escura capa e colocando-a sobre um velho sofá de couro marrom. Com uma grossa voz falou: - As duas, por favor, venham cá. Draco fique aí. – Sem nenhum a palavra a mais, as irmãs se encararam e sem discutir seguiram Snape até uma pequena sala mais a frente.

Na pequena sala as paredes eram completamente cobertas de livros. O aposento mal iluminado, apenas por uma fraca lâmpada com três velas pendurada no teto. O lugar tinha um ar de desleixo profundo. Snape indicou com a mão para Narcisa e Bellatrix sentarem nas cadeiras à frente da mesa. Sem falar nada Bellatrix não tirava os olhos de Snape que se sentava numa cadeira à frente. Com um pouco de dúvida da honestidade de Narcisa, Snape não se preocupou com sua presença e então falou:



- Então o que desejam saber? - falou com aquela voz que demonstrava uma certa irritação aos ouvidos alheios.



- Como o que desejamos saber? Conte-me tudo – ordenou Narcisa.



- Minha querida Narcisa Malfoy, não estou aqui para receber suas ordens. – disse no momento em que fazia sinais com a varinha e fazendo aparecer três taças com um líquido verde limão dentro. – Antes de qualquer coisa – continuou Snape – quero alertar que Rabicho está morto.



- Pedro se foi! – gritou Bella – Menos um verme, que maravilha – Uma grande gargalhada se estendia pela pequena sala.



- Não sei por que tanta alegria Bella, isso não importa – falou Narcisa com rancor - o que eu quero saber ainda não obtive resposta – ela falava olhando com ódio para Snape. Narcisa apertava com força os dedos das suas mãos brancas demonstrando uma grande raiva.



- Como o verme desprezível morreu?



- O incompetente foi vítima do Lord – riu Snape.



– Parem – gritou Narcisa! Estão me deixando louca!



- Narcisa minha irmã – falou Bella assustada – o que está havendo com você?



- Eu vou falar o que está havendo – gritou Narcisa colérica – Perdi meu marido. Ele está lá sozinho em Azkaban. A minha casa, estou aqui presa neste lugar horrendo – ela falava demonstrando raiva, um ódio imenso estava dominando seu corpo. Snape interrompendo-a disse: - Narcisa calma, beba isso, irá te fazer bem.



- Eu não vou beber nada, eu ainda não terminei – Narcisa gritava – Vocês vão ouvir tudo que eu tenho a dizer.



- Irmã, não vejo motivos para essa situação constrangedora.



- Claro que há, estou prestes a perder agora MEU ÚNICO FILHO! - gritou novamente Narcisa agora levantando da cadeira e encarando Snape no olho.



- Não se precipite – gritou Snape segurando Narcisa pelo braço – Lembra que quase um ano atrás eu fiz o Juramento Inquebrável com você, tendo Lestrange como testemunha.



– Claro que eu me lembro – gritou mais alto ainda.



– Então – falou Snape – Eu jurei a você que eu daria minha vida para proteger Draco, eu dei minha palavra. Nada vai acontecer com o menino.



- Não foi do desejo do Lord como as coisas aconteceram. – Narcisa começava a soluçar. – Ele desejava que Draco matasse Dumbledore! Não você. - Narcisa falava e andava desesperadamente pela sala, enquanto Bellatrix achava graça da atitude da irmã.



- Pode ser possível que nada acontece a Draco. - Ele levantou, seu rosto pálido seus olhos enormes, olhando fixamente para ela e dando um gole da bebida verde-limão. – Como assim PODE nada acontecer com Draco? – Perguntou Narcisa derrubando sua bebida em cima da mesa.



– Lord das Trevas ficou muito contente com a morte de Dumbledore, creio que não vá se preocupar com isso, agora tem outros planos mais importantes para serem resolvidos.



Snape terminou de falar e saiu da sala rumo ao andar superior. Bellatrix de boca aberta sem saber o que dizer também saiu da sala, deixando Narcisa sozinha com seus soluços e mágoas. Levemente retirou do bolso de seu manto vermelho uma fotografia. Podia ser vista com clareza, ela, Draco e Lúcio Malfoy, sorrindo felizmente e acenando para ela.

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