Fora de Alcance



Capítulo 18 – Fora de alcance

Harry saia cada vez mais freqüentemente com Gina. Hermione não sabia bem o que poderia pensar... De qualquer modo, não se sentia mais tão a vontade com a presença da ruiva.
Sentia náuseas quando os via juntos. Mesmo, no entanto, Harry não estando de fato com a outra mulher. Mesmo eles saindo, apenas e irrestritamente, como amigos...

Seu consolo eram as visitas, sempre divertidas, de Marcy.
Elas não conversavam de Harry, na verdade, ele era o último assunto da “lista” e se possível, com grandes chances de ficar de fora. Não que a morena fosse reclamar, de fato, era um escape.
Mas ela nunca negaria que se machucava, que, vez ou outra, desatinava. Ou que, muitas vezes, se viu maldizendo Gina...

Não conseguia ver em Gina uma inimiga, uma rival, no entanto, olhar ou deparar-se com esta era ter muita força de vontade e autocontrole. Não que a ruiva a tratasse mal, tratava do mesmo modo que antes: como sua melhor amiga, talvez um pouco ressentida, nada que pudesse abalar Hermione e sua amizade. Mas para Hermione, Gina nunca deixaria de ser aquela que beijou a Harry. E que, um dia, lhe trouxe repulsa descomunal.

Algumas vezes Hermione contava o tempo de Harry lhe dizer que estava namorando a ruivinha, isso nunca aconteceu de fato, não até aquele momento, pelo menos... E ela tinha medo.
Medo de um dia acordar e encontrar Gina tomando café em sua casa, de robe ou pior, com uma blusa de Harry. Tomando conta da cozinha como se dela fosse... Tomando Harry para si. E por isso Hermione se esquivava de possíveis encontros com ela...

Eu respiro tentando encher os pulmões de vida
Mas ainda é difícil deixar qualquer luz entrar
Ainda sinto por dentro cada dor dessa ferida
Mas o pior é pensar que isso um dia vai cicatrizar
Eu queria manter cada corte em carne viva
Minha dor em eterna exposição
E sair nos jornais e na televisão
Só pra te enlouquecer até você me pedir perdão


Harry não estava a par dessa mudança no relacionamento das amigas ou das esquivas e medos de sua melhor amiga.
Estava mais preocupado em tentar parar de sentir-se magoado por Hermione. Ele queria deixar de feri-la – pois ele achava que a estava ferindo de algum modo. -, a falsa alegria dela nunca o convencera e ele se magoava ainda mais, pelo simples fato de achar que Hermione não lhe confiava seu segredo, seu tormento. Era frustrante para si.

Os olhos verdes dele vez ou outra captavam os olhares preocupados de Hermione sobre si, que disfarçava tão bem sempre. Ele não entendia aquele inquietude, aquele preocupação, ele estava bem – ou quase. Mas nada que pudesse deixá-la em pânico. – E por várias vezes ele se sentiu culpado sem saber o motivo e por outras tantas ele perdeu a coragem de perguntar para Hermione sobre sua aflição. Sentido, arredio de, talvez, uma resposta negativa, evasiva que apenas lhe faria se afastar mais dele.
Ele não queria. Hermione era quase uma irmã – ele não percebia o grande erro ao intitulá-la como “quase irmã”, ninguém é “quase irmão”.
Dizia ele “quase irmã” por seu grande afeto que lhe nutria, que não poderia ser comparado ao de um irmão para com uma irmã. Dizia ele “quase irmã” pela convivência quase que constante e por segredos divididos, assim como magoas... Dizia ele “quase irmã” por costume, porque os outros – amigos íntimos – assim diziam de ambos. Dizia ele “quase irmã” porque se sentia no direito de “protegê-la” e cuidar dela até que fosse necessário. Dizia ele “quase irmã” porque ele a amava, não como uma irmã, mas quase. E por outros tantos motivos que apenas o levavam ao quase.
Harry ainda não entendia... E Hermione não poderia explicá-lo, porque ainda não sabia.

Hoje, ela estava em seu emprego... Sentiu-se mal pela manhã, mas não quis faltar ao trabalho por apenas uma indisposição.
Hermione atendeu a um senhor já idoso, que pelo menos uma vez na semana ia ao St. Mungos, queixando-se sempre de uma moléstia diferente.

-Sr. Terêncio... – Hermione disse pacientemente. – O Senhor está em perfeito estado.

-Mas me sinto febril! – disse com ar preocupado. – Tenho certeza Doutora.

-Certo, vejamos então, está bem? – ela tocou sua testa, que não demonstrava febre alguma e com um aceno de varinha certificou-se de que ele não tinha nada. – Então, o que me diz? Sem febre... 36,5. Acredite, o senhor é o mais saudável dos homens – ele carranqueou, Hermione sorriu.

-Pode me receitar algum remédio?

-Para quê, Sr. Terêncio?

-Fadiga... Sinto-me tão cansado esse tempo. E falta de apetite também, não sinto fome!

Hermione ergueu a sobrancelha. E pedindo licença, verificou seus olhos. A mulher voltou-se para o receituário, e receitou apenas um suplemento alimentar. – Apenas um a cada manhã, depois de ter se alimentado – advertiu. – Talvez o senhor esteja com principio de anemia...

-Eu sabia que não podia ser normal! – murmurou, fazendo Hermione rir. – E a propósito, doutora... Sente-se bem? - ela o encarou sem entender. – está um pouco pálida...

Hermione pôs uma mexa de cabelo para trás. – Ótima. E, por favor, compre o mais rápido possível esse suplemento, está bem?

-Sim. Muito obrigado... Muito obrigado! Doutora Hermione – a mulher lhe ofereceu um pequeno sorriso e quando o homem saiu, pegou um pequeno espelho.

Sim, ela estava pálida. Ela coçou os olhos com uma das mãos, sentia sono... O que poderia ser?

-Hermione? – bateram na porta e logo abrindo. – Posso trocar uma palavrinha contigo?

-Claro, Gina. Não atenderei ninguém agora.

-Você está bem?

-Só um pouco indisposta – retrucou franzindo a testa. Todo mundo percebia? – Mas o que há?

-Ah. Certo. Bom, queria saber se está a fim de ir para A Toca hoje? Nós iremos fazer um jantar em família e chamamos alguns amigos. Como era de se esperar, você e Harry não poderiam faltar – disse sorrindo.

-Oh, Gina. Fico lisonjeada pelo contive. Eu adoraria ir.

-Então você pode avisar ao Harry?

-Sem problema.

-Obrigada – Gina lhe deu um beijo no rosto. – Hum. Droga, to atrasada! Ah desculpe a presa Mione... Tenho que ir atender um cliente... - e se retirou.

Hermione suspirou e do bolso retirou um espelho. – Harry.

-Oi? – os olhos verdes poderia ser vistos nesse momento.

-Gina nos convidou para ir à toca, tem um jantar para a família e alguns amigos. Você poderá comparecer?

-Hermione, você está bem?

Ela revirou os olhos. – Tudo bem. E então?

-Er... Não sei. Em casa nos falamos. Estou meio ocupado.

-Desculpe.

-Nada. Sem problema.
**

Quando a morena chegou em casa, cansada e sonolenta, Harry já estava e fazia o jantar. Franzindo a testa, a medi-bruxa se dirigiu para a cozinha.

-Harry. Esqueceu que vamos A Toca?

-Não esqueci, não vou – Hermione abriu a boca, mas ele a interrompeu. – E você também não.

-Como é?

-Mione... Você não parece muito legal. Além do que, pelo que vejo, está muito cansada.

-Obrigado pela preocupação – retrucou um tanto amuada. – Mas você não pode decidir por mim.

-Além do que, você esqueceu que a Marcy combinou com você, vocês iriam ler alguns livros, se não me engano.

Hermione cruzou os braços. Ele estava certo... de novo - ela ainda não acreditava que havia comido milho!

-Está bem – tocou a testa. – Eu vou enviar uma coruja para

-Não se preocupe, já enviei. E agora, quer comer?

Ela sorriu fracamente. – Vou tomar um banho primeiro, estou cansada.

Como ela poderia se irritar com ele? Como? Harry era tão prudente, quando se tratava dela.
Como poderia odiá-lo?

Eu já ouvi cinqüenta receitas pra te esquecer
Que só me lembram que nada vai resolver
Porque tudo, tudo me traz você
E eu já não tenho pra onde correr


Hermione tomou seu banho e logo estava se dirigindo novamente para a cozinha.

-E por que você não vai? – ela perguntou quando já se alimentavam.

-Muitas tarefas – ele deu de ombros.

Hermione o olhou desconfiada. Ele amava A Toca e mesmo com diversas “tarefas”, Harry nunca deixava de ir até a casa dos Weasley. E ele não costumava tratar com tanta indiferença aquele assunto.

-Tem certeza? Só muito trabalho? Ou alguém em especial que você marcou para sair? – ela perguntou brincando.

-É. Combinei – ele disse ainda alheio. – Vou me retirar daqui a pouco.

-E eu posso saber quem? – indagou com um ar quase idêntico ao dele.

-A cama. Com toda certeza, ela é minha amante preferida – disse firmemente, arrancando uma risada de Hermione.

-Deveria tomar jeito, Harry! – ele a olhou fingindo-se de interrogativo. Ela até continuaria se não fosse a súbita dor que sentira no pé da barriga, lhe fazendo até perder ar.

-Mione? – Harry se aproximou rapidamente. – Mione? Está tudo Ok? - ela deixou escapar uma lágrima enquanto segurava o ventre. – Minha garotinha... – ele a tomou nos braços e a levou ao seu quarto, deitando-a na cama.

-Não se preocupe – ela disse sentando-se, tomando ar. – foi uma dor forte, mas graças aos céus está passando... – ela suspirou resignada. Definitivamente ela tinha [i]alguma[/i] coisa. –Certo. Voltemos à cozinha.

-Pode ficando ai, mocinha.

-Mas...

-A comida vem até você, ok? – com um aceno de varinha, os pratos, talheres e copos estavam na escrivaninha de Harry.

Marcy apareceu meia hora depois e Harry as deixou sozinhas em seu quarto, já que ele se recusava a deixar a amiga a sair da cama.

-O que houve? – perguntou a mulher trouxa quando Harry fechou a porta.

-Não me senti bem. Uma dor tão forte em meu ventre... Horrível – ela estremeceu.

-E por isso Harry está assim?

-Você já deveria saber como ele é – Hermione murmurou sorrindo.

-Parece que você não se importa, também não é? – Hermione revirou os olhos.

O que me dá raiva não é o que você fez de errado
Seus muitos defeitos nem você ter me deixado
Nem seu jeito fútil de falar da vida alheia
Nem o que eu não vivi aprisionado em sua teia
O que me dá raiva são as flores e os dias de sol
E cada beijo teu e o que eu tinha sonhado pra nós
São seus olhos e mãos e seu abraço protetor
É o que vai me faltar
O que fazer do meu amor?

***

As coisas estavam ficando muito estranhas para Hermione, e ela estava começando a se apavorar com essas mudanças...
Ela se sentia sonolenta... Enjoava com cheiros forte, e quase não agüentava o odor do éter quando tinha de manejá-lo... Vez ou outra passara mal com a comida só de tê-la a sua frente.

Um mês depois, ela não podia mais se negar ao que Marcy lhe pediu à apenas algumas semanas. Depois de ver Hermione enjoada com o perfume que ela mesma usava e não suportar ver a sua frente aquelas panquecas que a mulher trouxa fazia e que ela, outrora, adorava...

A mão dela tremia enquanto segurava o envelope.

-Pára com isso – Marcy reclamou em tom quase nervoso.

-Eu não consigo! – contestou em voz baixa, mas irritada.

-Me dá isso aqui, então – falou irrequieta tomando o envelope da mão da amiga. – Isso não é uma sentença de morte, Mione.

A mulher a olhou feio.

-Então, vejamos... – os olhos passando rapidamente pelo resultado. Ela os levantou para encarar a mulher a sua frente. – Positivo.

Hermione perdeu a cor e segurando a cabeça, fechou os olhos. - O que eu vou fazer? – murmurou para si. – O que eu vou fazer? Merlim, Merlim... O que?

-É melhor você relaxar – falou sentando-se ao seu lado. – Vamos, tome esse chá, é de camomila, vai te acalmar.

-Odeio chá – retrucou. O que era mentira.

-Não perguntei se gosta, disse para bebê-lo – falou sorrindo.

-Você não está ajudando.

-Er, bom, você poderia começar do começo – a outra mulher lhe olhou com sarcasmo – Por que você não lhe escreve?

Ela levantou a cabeça, inspirando profundamente. – Você pode estar certa. Talvez eu pudesse escrever um bilhete para que ele me encontrasse em algum lugar...

-Talvez na minha presença!! – a outra comentou animadamente.

-... Para que possamos tratar disso – não lhe deu ouvidos.

-É assim que se fala! Não é nada demais, vai dar tudo certo, você vai ver – tentou animá-la. – Nós temos que fazer tanta coisa! Vamos Hermione, anime-se!

A morena deu um sorriso fraco. – Vou tentar – murmurou acariciando a barriga.

-E então não vai escrever?

-Ele está com a Gina... Jantando. Não quero atrapalhar.

-Você tem que dar essa notícia logo, Hermione. [i]Isso[/i] é muito mais importante que um jantar com a Gina, por favor! – retrucou exasperada.

-Deixe-me pensar!

-Por que você não usa aquele truquezinho? – Hermione lhe olhou de lado sem entender. – Aquele... – disse como se tirasse algo do bolso.

Eu já ouvi cinqüenta receitas pra te esquecer
Que só me lembram que nada vai resolver
Porque tudo, tudo me traz você
E eu já não tenho pra onde correr


***
(Continua)
***
Música “50 receitas” de Frejat e Leoni.
Acho simplesmente quase perfeita, uma declaração de amor muito linda...
Talvez eu não tenha feito jus a ela... Perdoe-me.
Desculpem algum erro. E, se não for pedir muito, comentem.

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