Mudando o cenário



Capitulo 4:
Mudando o cenário

Era sua primeira noite naquele lugar. Estava tão próximo dela. Ela estava tão frágil, tão indefesa que ele sentia-se na obrigação de cuidar dela. E o faria. Não, só, para fazer com que ela o perdoasse, mas porque se sentia bem assim.
Deitado no sofá, àquela hora da noite. Muitos o chamariam de idiota. É, idiota por não ter beijado-lhe naquele momento e por estar agora, deitado em um sofá totalmente desajeitado, enquanto ela dormia feito uma princesa naquela enorme e aconchegante cama.
Não que o sofá fosse duro, longe disso, mas a cama deveria estar muito mais aconchegante com ela.
Queria dormir, mas estava deitado de fronte para a pintura de um retrato em cima da lareira. Observando mais atentamente, viu que o Draco e a Gina da pintura eram apenas crianças.
Ela com um vestido marrom com detalhes brancos de camponesa e ele com um chapeuzinho e botas também do estilo camponês.
As crianças estavam de mãos dadas, era uma pintura trouxa, pois não se mexiam. Pareciam namoradinhos. Mesmo que com dez e onze anos de idade.
A assinatura do autor dizia simplesmente: "Eros"
Draco não se lembrava de algum dia ter vestido algo parecido. Achava ridículo usar fantasias.
Assim foram seus pensamentos até chegar, ele não soube como, num dia antes ao que combinara com Gina de assumir o namoro.

- Adivinha quem é? - sussurrou sua típica voz arrastada, porem, dessa vez, carinhosa em seu ouvido, enquanto um par de mãos tapava-lhe a visam.
- Hum... - ela fez-se pensativa - Rony?
- Humpf! - ele fez uma careta enquanto ia até a sua frente - Rony?
- Eu sabia que era você, Draco! Estava só brincando.
Ele não desfez a careta.
- Desculpa, vai! - ela pediu.
- Eu desculpo. Com um preço...
Ela revirou os olhos.
- Que condição, Draco Malfoy?
- Essa. - ele a puxou e a beijou docemente.
- Onde você esteve a tarde toda? - ela perguntou quando se separaram.
- Por aí. Aproveitando enquanto ainda tenho a fama do "Mal Malfoy". - ele sorriu.
- Você quer mesmo contar para todos que estamos namorando?
- Quero. Antes eu achava que era culpa dos hormônios, por você ser tão assim... - ele procurou uma palavra que não deixasse a namorada envergonhada - ...atraente.
Não adiantou, ela corou, não chegou a ficar da cor dos cabelos, mas chegou perto.
- Eu só não levarei o nosso plano adiante se você não estiver disposta.
- Eu quero. Só estou com medo que você se arrependa.
- A única coisa que me arrependo é de não ter te encontrado antes!
E se beijaram novamente.

Como pudera ser tão idiota? Sim, essa palavra martelava em sua cabeça: idiota. Era a única palavra para definir o que fizera. IDIOTA!
E nesses pensamentos, adormeceu.

***

Desde que deitara na cama, Virginia não conseguia dormir.
Será que Draco, lá em baixo, já dormira? Será que Harry já dormira? E Rony? Eliza estaria preocupada com ela?
Queria tanto estar com os amigos e o namorado. Não sabia se continuasse tão perto de Draco se saberia controlar-se. Tentava lembrar inúmeras vezes da cena que vira em Hogwarts.
Nunca desejara tanto pensar na cena que tanto lhe fazia sofrer. Já deveria ter se esquecido dele! Droga! Foi só um namorico de adolescente!
Não... Ela sabia muito bem que não fora somente um namorico. Sabia que tinha algo alem disso, e isso era o que temia...
Sua alma pesava sempre que lembrava que ele fora capaz de beijar outra pessoa durante o tempo em que estavam juntos.
O travesseiro já estava molhado por conseqüência das lagrimas que escorriam de seus olhos enquanto murmurava:
- Por que, Draco? Por que? Se você não queria assumir o namoro, me falasse. Teria sido menos doloroso. Menos arrasador. Menos lágrimas a serem escorridas. Menos noites em claros. Menos sofrimento. Eu teria dias mais felizes. Mais produtividade nos meus afazeres. Mais amigos. Mais sorrisos. Menos você...
Ela teria continuado os seus lamentos, se um barulho vindo do lado de fora da janela não a tivesse incomodado.
Ela olhou vacilante para a janela. Enxugou as lagrimas do rosto já vermelho e levantou-se. Calçou as pantufas - que ela e Draco imaginaram e apertaram as mãos - e caminhou até a janela.
Afastou de leve a cortina de pano leve e viu através do vidro que chovia arrasadoramente. O vento era muito forte que fazia com que as árvores dobrassem até o chão. O lago transbordava.
"Como pode estar chovendo, se nem eu nem Draco quiséssemos isso?" - ela pensou.
Estava ficando assustada. Iria chamar Draco, mas com um vento mais forte trouxe na direção da janela ainda fechada um galho. O pedaço de árvore bateu em cheio no vidro, espatifando-lhe todo, e pegando de raspão o rosto de Gina. Ela deu um grito.

***

Draco havia acabado de dormir quando escutou o barulho de algo quebrando seguido por um grito de mulher.
"Gina!". Foi a única coisa que pensou antes de sair correndo para o andar superior.
Quando Draco chegou ao quarto se deparou com a cena de Gina com as mãos no lado esquerdo do rosto sangrando, a janela quebrada e um galho muito grosso caído próximo a Gina.
- O que houve aqui? - perguntou assustado aproximando-se da mulher.
- Me tira daqui, Draco, por favor! - ela pediu entre lagrimas.
Ele a ajudou a descer as escadas.
- Pra onde você quer ir? - ele perguntou quando chegaram no andar de baixo, onde a chuva também estava causando seus estragos.
- Um lugar com sol. Quero ficar longe dessa tempestade. - ela soltou um soluço alto quando a porta da cabana abriu com violência por causa do vento.
- Está bem. - ele apertou a mão dela.
Ela abriu os olhos. Não estava mais sentada no sofá da cabana, e sim em uma cadeira de praia.
Eles estavam em volta de uma mesa, onde tinha sobre si dois copos com suco. De frente para uma bela praia. Estava um sol forte, o mar azul, a areia branquinha.
Perceberam também que suas roupas também haviam mudado.
Ela estava com um biquíni azul com desenhos de flores, com uma canga com desenho de sol nascente em volta da cintura. Seus cabelos estavam presos em um rabo-de-cavalo. Usava óculos escuros com a armação rosa.
Ele estava com uma sunga azul marinho, também usava óculos, porem a armação era preta.
- Boa escolha! - ela disse quando olhou em volta.
- Como está o seu rosto? - ele perguntou sem receio de esconder o tom preocupado da voz.
- Está ardendo um pouco, mas parece não está parecendo um corte que foi feito tão recente. - realmente. O corte aparentava que estava secando.
- Você... Você está linda nesse biquíni. - ele disse, por incrível que pareça, timidamente.
- Obrigada. - ela corou e abaixou a cabeça.
- Já que estamos aqui, que tal darmos um mergulho? - ele levantou empolgado.
- Está bem.
Eles caminharam até a água.
- Está gelada! - ela queixou-se.
- Você que é uma gata assustada! - ele zombou, já dando um mergulho.
- Draco? Draco, onde você está? - ela perguntou depois de um tempo, vendo que ele não voltava a superfície. - Draco, por Merlim, cadê você?
Ela sentiu algo roçar a sua perna e viu o corpo de Draco boiando ao seu lado.
- Draco! - ela arrastou o corpo do rapaz até a areia.
- Por Merlim, Draco, responda! - ela sacudia o corpo dele sem resposta.
Aproximou seu rosto do dele, com o objetivo de fazer uma respiração-boa-a-boca. Colou seus lábios aos deles, e tapou-lhe o nariz, mas antes que pudesse soprar-lhe o ar, sentiu a língua do rapaz roçar a sua e os braços dele envolver seu corpo. Afastou-se em um pulo.
- O que você está fazendo? - perguntou ofegante pelo susto.
- Desculpe. Não resisti.
- Você me assustou!
- Não era essa a minha intenção. Queria fazer uma brincadeira. Mas quando senti seus lábios aos meus...
- Não gostei da brincadeira! - ela levantou-se da areia e voltou até a mesa, que ela reparou agora, estar na varanda de uma casa.
- Gina! - ele chamou sem sair de seu lugar.
Ela parou no meio do caminho, mas não virou seu rosto para ele, estavam ambos de costas um para outro.
Há tempos ninguém lhe chamava de Gina, e ouvir isso da boa dele era um sonho.
Ela finalmente virou para ele e viu que ele também havia virado-se para ela.
- Sei que não é a hora, mas... Eu te amo. - ele disse, ajoelhado na areia. Abaixou os olhos até a mesma. Não agüentava olhar para ela. Não queria escutar que ela não o amava mais. Porem, não foi isso o que aconteceu. Ela não disse nada. Abaixou a cabeça e entrou na casa.
Draco não entrou na casa. Ficou sentado na areia olhando o por do sol. Estranhou, saíra da casa no campo era noite, e ali era por do sol, que estranho...
Quando não havia mais nenhum vestígio de sol no céu, ele resolveu entrar.
Abriu a porta da casa e viu a sala: um sofá de três lugares e outro de dois, uma mesa ao centro. Um aparelho que ele reconheceu como televisão, as duas portas que certamente seriam: cozinha e banheiro.
Não subiu as escadas para falar com Gina, certamente ela não o queria por perto.
Olhou com mais atenção na sala e viu uma foto ampliada com uma moldura em ouro. Não era uma pintura, como a da cabana, era uma foto trouxa, assim ele constatou por não se mexer.
Eram ele e Gina também. Eles aparentavam ter, ali, 15 e 16 anos. O Draco e a Gina da foto usavam as mesmas roupas de banho que o Draco e a Gina da realidade. Draco olhou para o nome do pintor: "Eros".
O que aquilo queria dizer? Ele não sabia a resposta. Foi até o banheiro e tomou um banho. Ao terminar, olhou-se no espelho e viu uma coisa que não estava ali antes.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.