Sexto Sentido



E então passou-se mais de um mês. Lane não podia acreditar em como estava feliz, faziam semanas que ela não se preocupava com a maldição, com Voldemort, ou com qualquer outra coisa fora do normal para uma garota de dezesseis anos. Depois da conversa com Harry na segunda semana de setembro, ele mostrou-se incrivelmente gentil, não revelou nada para Rony ou Hermione, agia como se não soubesse de nada, mas Lane estava feliz por ter contado tudo a ele. Sabia que mesmo que Harry não tocasse no assunto, ela podia contar com ele. Ele foi gentil porque fez de tudo para ‘entrosar’ Lane mais.

Ela sempre fora bastante concentrada nos estudos, claro, ela tinha amigas, como Parvati, Lilá, Hermione e Luna, mas não era uma amizade especial, com Luna era uma amizade de parentes, e com as outras era uma amizade de colegas, principalmente porque ela preferia assim. Mas agora não, agora tinha uma verdadeira amizade com Mione, e tornou-se grande amiga de Gina também. De certa forma, Lane achou tudo bom demais, em apenas algumas semanas, conversou bastante com Hermione e elas simplesmente viraram amigas. Não que tivessem coisas em comum, muito pelo contrário, mas davam-se incrivelmente bem. Com Gina fora a mesma coisa, ela estava sentada uma noite na Sala Comunal quando Gina chegou chateado pois sentia falta de Dino, conversaram durante horas, Dino e Gina voltaram a namorar, para desgosto de Rony, e elas viraram amigas.

Lane queria que tudo aquilo jamais acabasse, que aquele maravilhoso sentimento de ter alguém que confia em você que jamais de deixaria na mão jamais fosse embora, sentimento esse que ela não sentia desde a morte de Pam. Em poucas semanas, os alunos de Hogwarts acostumaram-se em ver a afastada Lane conversando e se divertindo com os outros, coisas que ela nunca fazia. E então, faltava uma semana para o Dia das Bruxas.

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Aquela sexta-feira do dia 24 estava belíssima. Sem saber por que, Lane levantou-se animada da cama em quinze minutos estava pronta. As colegas de quarto perguntaram o que havia de acontecido de tão bom, mas Lane não fazia nem idéia, só sabia que devia aproveitar o bom-humor-sem-motivo.

Cansada de esperar por Hermione, que mesmo sempre acordando cedo demorava para se arrumar, Lane desceu até a Sala Comunal e, como uma criança, correu até a janela. Sem dúvida era um ótimo dia para acordar de bom humor, o céu estava claro, podia estava agradável e uma fraca brisa de outono soprava. Seus pensamentos estavam muito longe quando ágüem encostou-se na janela ao seu lado, era Gina.

- Então? – disse a ruiva num sorriso. – Aonde está a imaginação da minha amiga nesta linda manhã?

- Bem longe, Gina, bem longe... – Lane disse sorrindo. – Em uma terra distante, que eu nem sei se existe, mas se existir é maravilhosa.
Gina de repente ficou sombria e pensativa antes de continuar.

- Tomara que nesta sua terra maravilhosa não haja guerra. – Lane olhou confusa para ela. – Você não soube? Alguns Comensais atacaram o Saint Mungus, foram todos capturados, mas um paciente morreu e três ficaram feridos.

Lane ficou surpresa com a notícia, por algumas semanas ela havia esquecido que estavam em guerra, mas mesmo aquela notícia não abalou o seu humor, mas não era mais um ótimo humor. Gina, percebendo a mudança no temperamento da amiga, perguntou o que houve, para ouvir uma resposta um tanto confusa:

- O meu bom humor se foi Gina. – começou Lane hesitante. – Não estou triste, nem nada, não estou sentindo nada, apenas um presságio.

- Um presságio? Bom ou ruim?

- Eu não sei... – Lane balançou a cabeça. – Deixa pra lá, não deve ser nada. A Mione já desceu?

- Sim, ela pensou que você já havia ido tomar café e saiu. – falou Gina, ainda intrigada. – Aliás, é o que deveríamos fazer, se não iremos perde-lo.

- Sim, você tem razão. – Lane disse olhando para o horizonte. Depois olhou para Gina e deu um sorriso. – Estou logo atrás de você.

- Ótimo, vamos.

A ruiva saiu apressada e Lane ia segui-la, mas parou um momento, algo ia acontecer, ela sentia isso, mas não saber o que era a deixava frustrada. Olhou mais uma vez na direção do horizonte antes de seguir Gina um tanto relutante.

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Mesmo as interessantes aulas que tinham na sexta-feira de manhã tirou o tal presságio da cabeça de Lane. E durante a última aula da manhã, que era principalmente para aprender como os bruxos das trevas pensam e como identifica-los, Harry enviou um bilhete para ela.

“O que houve? Você está estranha, teve pesadelos?”

Ao que ela respondeu:

“Engraçadinho. Não houve nada, esse é o problema!”

Logo veio a resposta:

“O quê??”

Impaciente, Lane escreveu depressa:

“Algo vai acontecer, não sei o que, não sei quando, mas vai acontecer!”

Logo que o professor virou-se novamente para o quadro, Harry enviou a resposta:

“Certo, Lane, você está bem? A menos que você seja uma vidente e não tenha me contado...”

“Você está com um espírito humorístico hoje Harry, já reparou? Por acaso já ouviu falar em sexto sentido? Acredite, alguma coisa vai acontecer.”

O sinal interrompeu a ‘conversa’ deles. Lane estava fora da sala esperando por Harry enquanto o rapaz guardava o material. Quando Harry estava indopara junto de Lane, Malfoy passou o por ele dando um encontrão de propósito e quase derrubando Harry no chão. Lane foi ajudar Harry e os dois olharam indignados para Malfoy e Zabini que riam como idiotas.

- Cuidado, Potter. – Malfoy disse na sua voz arrastada. – Mas não se preocupe, você terá outros motivos para cair.

E os dois saíram rindo alto. Harry juntou alguns de seus materiais que haviam caído.

- A cada dia que passa eu imagino que não tem como Malfoy ser mais idiota. – Disse o rapaz. – Mas, a cada dia ele me surprende.

Harry olhou para Lane esperando ao menos um sorriso da garota mas ela parecia não estar escutando, olhava espantada para o vazio no corredor.

- Lane? – Harry perguntou cauteloso aproximando-se da amiga. – Lane, você está aí?

- Harry... – Lane virou-se para o rapaz. – Eu tenho que ir.

Pegando Harry de surpresa, Lane saiu correndo em direção à Sala Comunal, deixando o rapaz sem saber se ia almoçar ou se seguia a garota.

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Lane mal se lembrava do percurso até a Sala Comunal ou de ter dito a senha para a Mulher do retrato, só sabia que tinha que chegar até a janela. Se tivesse parado para pensar na sua situação, Lane teria começado a rir, do nada, quando ouviu o que Malfoy disse, Lane sabia que devia ir até a janela, mas de novo não sabia porque. Ela parecia estar sendo guiada por outra pessoa, talvez por isso sentisse coisas, esses tais presságios.

Assim que passou pelo buraco do retrato, Lane correu até a janela e debruçou-se no parapeito com seus olhos pregados no horizonte. Depois de quinze minutos, Lane estava cansada daquela posição e tinha que admitir que estava parecendo uma idiota. No entanto, quando estava decidindo-se por ir almoçar, algo chamou a sua atenção. Pareciam pequenas manchas, que lentamente aumentavam.

Em poucos minutos Lane já sabia o que era, e seu sangue gelou. Lá no horizonte, sombras de Dementadores e Comensais da Morte aproximavam-se. Tinha que avisar Dumbledore para ele alertar a Ordem da Fênix, devia avisá-lo que Hogwarts estava para ser atacada.

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