C A P. 3 – E R R O I M P







A vela iluminava um corpo nu, não o de Rony, mas o de uma pessoa mais magra, loira – certamente um homem. Coberto por este corpo, numa posição indesejada, estava Rony, também completamente nu, que naquele momento fitava Harry com cara de espanto.



Suado, Rony não era capaz de dizer uma só palavra. Sua face excessivamente branca contrastava com seu cabelo cor-de-fogo e denunciava um espanto e medo visível.



O loiro olhou para Harry. Ele sorria um sorriso debochado: Era Draco Malfoy.



- Eu explico tudo, Harry! – Exclamou Rony de um modo tão automático que Harry sabia que ele não seria capaz de explicar nada.



- Não precisa. – Disse Harry se afastando. – Podem terminar o que estavam fazendo.



Antes de sair correndo inundado por um sentimento de traição, Harry reparou com ódio o sorriso sarcástico de seu maior inimigo.











***











Por trás das serras que cobriam Hogwarts o Sol nascia e os passarinhos começavam a cantar. A orla da lagoa costumeiramente deserta a essa hora da manhã, recebia alguém que parecia descansar em sombra de alguma árvore.



Harry não dormira. Passara a noite inteira entre pensamentos rancorosos. Era estranho presenciar o que ele havia presenciado, por isso era necessária uma noite inteira de reflexão para tentar esfriar a cabeça. Apesar de tudo, Harry ainda encarava tudo aquilo como traição.



Harry ouvia os alunos descerem para o café da manhã; sem sentir necessidade de comida, o garoto se dirigiu adiantado para a sua primeira aula do dia: Trato de Criaturas Mágicas.



Hagrid já esperava os alunos na porta de sua cabana. Muito aos poucos a turma foi se reunindo: Malfoy sorridente surgia da porta do castelo e se dirigia lentamente à cabana de Hagrid acompanhado pelos seus dois guarda-costas brutamontes; Mione caminhava sozinha, e com aparência preocupada:



- Onde está Rony?



Harry ignorou a pergunta. Não sentia a mínima vontade de contar todo o acontecido.



- Por que vocês não tomaram café da manhã hoje?



Harry continuou em silêncio.



- Não me diga que vocês não fizeram as pazes, Harry! – Disse Mione preocupada. – Depois de tudo que eu lhe disse.



- Não quero falar dele hoje. – Respondeu Harry encerrando o assunto.



Harry não se preocupou em prestar atenção na aula de Hagrid. Sua mente ainda confusa pairava longe dos assuntos da aula: estava relembrando as cenas da noite anterior. Mione fitava o garoto como se quisesse ler sua mente em busca de respostas. Ele não as daria, pelo menos não naquele momento tão confuso.



No intervalo entre as aulas de Trato de Criaturas Mágicas e Poções, Harry fingiu estar concentrado numa conversa inútil com Neville, apenas para evitar o interrogatório de Mione. O garoto não teria coragem de dizer a sua melhor amiga o que presenciara na noite anterior.



Rony não havia aparecido em nenhuma aula daquele dia. Fato que Harry não lamentou, pois seria de extremo incomodo ter que olhar novamente para a face que horas antes se recolhia aos braços de seu maior rival.



Harry jantou ouvindo sem tréguas os pedidos de explicações vindos de Mione. O grifinório recusou todos os pedidos e fingiu estar concentrado na comida quando na verdade não parava de pensar onde estaria Rony naquele momento já que não fora jantar – o ruivo não estava com Malfoy: Harry reparou de relance que o sonserino ria sem motivo aparente, sentado à mesa de sua casa.



O grifinório subiu para o salão comunal fingindo não ouvir os apelos de sua amiga para que ele contasse todo o segredo que o envolvia. Harry sentia que não havia chegado a hora.



O salão estava vazio. Nenhum sinal de Rony ou de qualquer outro membro da grifinória. O único barulho ouvido eram as constantes explosões de brasa na lareira que iluminava a face cansada de Harry.



Cansado, ele fechou os olhos por alguns instantes. Talvez segundos, pois não muito tempo depois um barulho anunciava que mais alguém chegava na sala comunal.



- Você vai me contar tudo o que está acontecendo, e é agora! – Mione chegava decidida. Sua expressão era de alguém que não aceitava um ‘não’ como resposta.



Harry encarou sua face momentaneamente vermelha. Ela fazia lembrar os momentos mais nervosos de Minerva McGonnagal.



- Sente-se. – Disse Harry após pensar um pouco. – Vou lhe contar tudo.



Durante os minutos que se sucederam, Harry explicou a sua amiga como pegara Rony aos abraços com seu arquiinimigo. Mione ouvia atenta, sem deixar transparecer qualquer vestígio de espanto ou coisa semelhante. Quando Harry terminou, alguns alunos da Grifinória começaram a chegar e tomar de gritos e olhares o salão comunal – a conversa teve que ser adiada por alguns minutos.



- Você acha que agora ele está com o... Malfoy? – Perguntou Mione aos cochichos após se certificar que todos os grifinórios haviam ido dormir.



- Provavelmente. – Respondeu Harry. – Se ele não chegou até agora, com certeza está com o Malfoy.



- Eu nem sei o que pensar, Harry. – Confessou Mione. – Mas de certa forma, se esse foi o motivo que fez você brigar novamente com Rony, não seria puro preconceito?



Harry pensou antes de responder. Fraquejou: talvez ela tivesse razão...



- Não foi por preconceito. – Harry parecia estar incomodado com o assunto. – Foi por traição... Dupla! Primeiro a de esconder de mim que gostava de... homem – e está última palavra foi pronunciada com uma certa estranheza. – Eu iria apoiá-lo, lógico. E a segunda de se envolver justamente com a pessoa que mais me odeia. Esta é imperdoável!



Mione fitava Harry confusa. Não sabia o que fazer. Era certo que o grifinório tinha suas razões para odiar seu ex-melhor amigo, mas Rony deveria também ter os seus. Naquele momento Hermione desejou com todas as forças que seu amigo Weasley chegasse rápido e esclarecesse tudo de uma vez por todas.



Isto não aconteceu. As horas foram passando e o dia amanheceu. Harry e Mione adormeceram nos nada confortáveis sofás do salão. Rony chegou e eles não perceberam, só perceberam quando acordaram assustados com o barulho dos alunos descendo agitados para o café da manhã: Rony era um deles.



Hermione teria naquele momento uma conversa franca com seu amigo ruivo. Ela ainda planejava o que dizer.























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