Carnaval



Era uma bela e festiva manhã em qualquer lugar do mundo, menos em Azkaban. A temida prisão de bruxos estava envolta pela névoa fria, talvez por causa dos dementadores. Aquele era o último lugar em que alguém iria querer estar, e o último lugar onde seus prisioneiros iriam pisar em vida. Lá dentro, estavam meliantes, ladrões, bruxos das trevas da pior das categorias. Mas, em uma cela extremamente fechada e protegida, residia uma mulher. Não podia-se negar que ela era bonita, apesar de um pouco apagada e distorcida, talvez pelo efeito dos dementadores ou por sua própria loucura.
   Esta era Belatriz Lestrange, antigamente Belatriz Black. A razão dela estar ali? Só por ter tentado livrar o mundo da praga que eram os trouxas e os bruxos nascidos-trouxas, e seguido o bruxo mais sanguinário que já viveu. E talvez por ter feito verdadeiros massacres em massa quando estava em liberdade. 
 Ela se lembrava, como se tivesse sido ontem, da glória de um massacre bem sucedido. Da expressão de seu querido Lorde ao mostrar os corpos de dezenas de trouxas aos seus pés. Do medo e respeito que todos os outros, comensais ou não, tinham dela.
 Até aquele dia.
   Entorpecida pela raiva, ela não conseguira acreditar naquilo. Até agora ela ainda não acreditava. Seu Lorde, morto, derrotado por um bebê...
E assim ela cometeu seu primeiro deslize. Desesperada para que os boatos fossem mentira, ela torturara aqueles traidores dos Longbotton com todas as suas forças e sua dedicação, até os dois desabarem. O dia de seu julgamento parecia irreal, assim como sua entrada na cela. Naquele dia, nublado e enevoado, ela olhou para fora de sua cela. Viu seu esposo, seu cunhado e mais uma dúzia de comensais, todos semi-enlouquecidos , murmurando palavras desconexas e emitindo grunhidos.
Se assustou ao ver que uma porta se abrira, e por ela irrompera o ministro da magia, visivelmente nervoso. Ora, aquele era um fracote comparado ao seu Mestre. Ao pensar nele, seus olhos encheram-se de lágrimas. O ministro se aproximou, curioso.
Se acha que vou me redimir, Fudge, pode esquecer, ela pensou. Resolveu guardar suas respostas para outra hora. Ao invés disso, pediu o jornal, afinal estava curiosa para saber à quanto tempo estava encarcerada naquele buraco. Olhou a data. Era o dia de uma festa trouxa, o Varnaval ou algo assim. Ou melhor, era Carnaval . Ela se lembrava de seu primo Siriu, aquele traidor, mencionando-a em Hogwarts. Se sua memória estivesse boa, era uma celebração extremamente colorida e alegre.
  Exatamente o oposto de sua realidade, pensou.
Todos os dias em sua cela escura era cinzentos e sem-vida. Mas ela sabia que, quando seu mestre se reerguesse, porque ele iria voltar, ela estaria pronta. 
E sua vida seria alegre e colorida novamente, como o tal Carnaval.

 

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