Cuidadosamente pensados



Capítulo sete



Cuidadosamente pensados



O sol estava se pondo atrás das montanhas, as pessoas começavam a se recolher para dentro de suas casas de tijolinhos vermelhos, se escondendo de seus cansaços e se despedindo do dia que tinha passado, os lampiões começavam a ser acesos nas ruas escuras, as corujas voavam piando na noite sem fim como se quisessem avisar alguma coisa, e em um beco imundo, sem saída, uma sombra apareceu em milésimos de segundos, ela saiu do beco estreito e seguiu pela estrada de paralelepípedos, a capa que a cobria se arrastava pelo chão sujo o limpando, deixando uma marca por onde ela passava, uma aura maligna emanava daquele ser, que parou em uma encruzilhada e entrou a direita ,em direção a uma grande mansão no final da rua principal, a mais bonita da vila, escondida atrás de um grande portão de ferro enferrujada e de um jardim cheio de carvalhos mal tratados, ela parecia abandonada, não tinha luzes acesas dentro dela, seu jardim estava morto, as folhas e os galhos da arvores e das roseiras estavam secos, a faixada da casa estava descascada, e o gramado parecia não ter sido aparado a alguns anos, um lindo ‘M’ em ouro dentro de um brasão bem desenhado se destacava no portão, que mantinha a casa totalmente segura e inacessível, a sombra retirou com sua mão de dedos finos uma varinha de dentro de sua capa, com detalhes encravados ao longo de sua extensão, e a tocou no brasão que estava exposto nas grades de ferro, um brilho azulado saiu do toque e a sombra retirou imediatamente a varinha do brasão, ultrapassou as grades como se elas não existissem e submergiu em um lugar que até então não existia, todo o cenário da velha mansão tinha mudado, o gramado estava bem aparado e um verde intenso brilhava nele, uma linda fonte jorrando agua se encontrava no centro do jardim, onde lindas roseiras, carvalhos imponentes e pequenas esferas flutuantes, que brilhavam e iluminavam tudo em sua volta, estavam espalhados por todo o lugar, a faixada da mansão cintilava um branco intenso e as grades do portão já não estavam mais enferrujadas, milhares de bruxos de baixo de capas pretas estavam espalhados pela extensão do jardim, conversando assuntos misteriosos, gargalhando alto e servindo-se de bebidas e petiscos, que eram servidos por elfos domésticos, todos os bruxos seguiam a sombra com o olhar cheio de interesse e medo, com extremo cuidado, como se fosse superior a todos, ela passou pela pequena festa e entrou na mansão que tinha a porta escancarada, o hall também estava cheio de bruxos, que se dispersavam pelo primeiro andar da casa, o piso era todo em mármore, igual a linda escada a frente da sombra, tudo estava sendo iluminado por archotes colocados em lugares cuidadosamente pensados, uma musica ao som de violinos tocava ao fundo e ao vivo para todos os convidados, a sombra olhou através de todos aqueles bruxos inferiores e desprezíveis e subiu pelas escadas de mármore até o terceiro andar, aquela parte da luxuosa mansão estava vazia e silenciosa, a não ser pelo som abafado de um piano, a sombra seguiu o som lentamente, ficando a cada passada mais perto do lugar horripilante da qual o som vinha, ao longo do corredor cor de sangue e vazio, vários quadros estavam distribuídos nas paredes que cintilavam a luz dos archotes, todos mostravam a descendência da dona da casa, mas o quadro mais arrepiante não se encontrava ali, a sombra aproximou seus dedos frios da maçaneta da porta e a abriu, o som do piano ficou mais audível instantaneamente, e ela se deu em um grande salão, iluminado apenas por uma enorme janela, na parede que estava de seu lado existia um enorme quadro em ouro, onde se encontrava uma mulher com traços finos, muito pálida e com as feições cansadas, seu cabelo negro e ondulado caia por seus ombros e ao seu lado um homem com aparência ofídica, que mataria alguém desprevenido de susto, se encontrava, a figura era assustadora, mas a sombra fechou a porta em suas costas e caminhou pelo piso de lajotas vermelhas do salão, sem dar importância para a imagem que se mexia, em direção a uma mulher de cabelos negros que tocava o piano no centro da sala, debaixo de um elegante lustre que não estava aceso, seus passos ecoaram pelo salão, e era o único som que acompanhava a melodia suave que saia das teclas do piano, a sombra parou a pouco mais de um metro de distancia da mulher e se curvou.



- E então? – A mulher perguntou, exalando uma voz estridente e fria de sua garganta, que se espalhou pelo salão o dominando por inteiro, a sombra tremeu ao ouvir aquela voz assombrosa, seus pelos se eriçaram, e seu estomago começou a dar voltas só de pensar na reação da mulher após sua resposta.



- Minha senhora, as coisas não saíram como o esperado. – A sombra disse temerosa, a mulher levantou a cabeça e tocou varias teclas de marfim ao mesmo tempo, fazendo com que a ultima nota da melodia ficasse extremamente desafinada e ecoasse pelo salão, que entrou em um silencio ensurdecedor, um barulho de sibilo de cobra tomou os ouvidos da sombra, que deixou o medo a tomar por inteiro, fazendo seu corpo tremer mais do que o normal, a mulher fechou suas mãos em punho e suspirou profundamente na tentativa de se acalmar, lentamente ela começou a relaxa-las e as apoiou delicadamente sobre os teclados.



- E como saíram? – A mulher perguntou, jogando o rosto levemente para a esquerda, olhando o homem pelo canto dos olhos enquanto seus longos cabelos pretos e ondulados caiam em cima de seu rosto fino e elegante, a escuridão não deixava que seus traços se sobressaíssem, fazendo com que fosse difícil reconhecer a mulher, mas seus olhos eram fáceis de distinguir, sua pupila era uma fenda vertical alongada e sua íris ocupava toda a circunferência do olho em uma coloração amarelada, eles cintilaram esperando uma resposta da sombra, e perceberam o medo que vinha dela.



- Ele foi mais eficaz do que pensávamos, senhora. – A sombra respondeu com uma gota de suor frio caindo por sua testa e deslizando suavemente por sua bochecha, o frio estava começando a domina-la e a escuridão impedia seu campo de visão, a mulher tinha entendido perfeitamente o que a sombra tinha dito, se levantou e deslizou as pontas de seus dedos sobre a madeira rígida e fria do piano enquanto caminhava, de repente ela gritou, o som invadiu os ouvidos da sombra, que estendeu suas mãos para tampa-los, era tão estridente e agudo que quebrou o lustre, seus cacos afiados caíram em direção ao piano, cortando algumas cordas e descascando a tinta da madeira, e muito longe dali uma cicatriz em forma de raio formigou, o desespero tomou conta da sombra que se levantou e tentou acalma-la. - Acalmasse senhora, ele poderá sentir...



- Ele já sentiu, idiota! – Ela gritou o interrompendo, seus olhos se arregalaram e brilharam, aquilo poderia fazer qualquer um se arrepiar de medo, era como um tigre pronto para atacar sua presa e a devora-la, a sombra sentiu vontade de correr, mas aguentou firme percebendo que seus olhos ardiam com vontade de chorar. – Tudo bem, já passou, Peter! – A mulher disse com uma calma fingida, dando um sorriso em direção à sombra, um sorriso lindo que poderia iluminar a vida de qualquer um, e que acalmou o homem que estava com as pernas tremendo, no fundo ele a amava, mesmo sabendo das barbaridades que ela era capaz. – E o menino?



- Até agora tudo esta correndo como planejado, senhora. – Peter disse mais tranquilo, aquela noticia iria acalmar e até mesmo alegrar aquela linda mulher, o sorriso dela se abriu ainda mais e ela o olhou com ternura, depois começou a caminhar em direção a enorme janela que adornava a parede mais próxima dela, ele a seguiu e a abraçou por trás, beijando seu pescoço e a acariciando, a mulher não demonstrou reação alguma, apenas aceitou o toque e se virou para o homem, o beijando, um beijo lento e superficial, que não deixava explicito nenhum tipo de sentimento da parte dela, mas Peter estava tão alegre que poderia nadar um oceano inteiro com um único suspiro, os dois separaram os lábios e retomaram o folego, Peter abraçou a e beijou sua testa, abriu um lindo sorriso e expressou todo o seu amor nesse ato.



- Você sabe o que tem que fazer, não? – Ela disse levantando a cabeça e olhando Peter nos olhos, ele acenou em tom afirmativo e roçou seus lábios nos dela, era mais um ato de confiança vindo da mulher que amava, e daquela vez ele não iria decepcionar.



- Que tal descermos? –Peter sugeriu alegremente, ela o olhou intrigada, e arqueou a sobrancelha, ele a devolveu-lhe o olhar com mais intensidade e sorriu. – Aposto que você vai se impressionar com a pequena parte de seu exercito. – Ele disse rindo timidamente e recebeu uma gargalhada baixa, que foi aumentando o tom até se tornar alta e horripilante.



??



N.A.:



Queria agradecer a J. M. Flamel e a Ivana R, sempre que recebo um comentário na fic meu coração se enche de alegria e dispara, pulsa mais forte por causa disso, os comentários me animam, me incentivam e me revigoram, é bom saber que posso contar com novos leitores, e muito obrigada pelos comentários, não esperava resultados tão rápidos com a divulgação.



Espero que tenham gostado do capitulo e conhecido um pouco mais da antagonista da historia, eu estou louca para revelar os segredos que cercam o dialogo desses dois lindos, mas não posso entregar o jogo tão cedo assim, né!? Sugiro que leiam esse capitulo ouvindo Hedwig's Theme, já que é esse o tema que a mulher toca no piano, e o capitulo com quadribol vai ser o proximo, bjs.


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Comentários (1)

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