O segundo Encontro ou Aquele c



Olá, Pessoas.



Demorei de novo, não é? Tenho que dizer que eu amei escrever este capítulo é o meu favorito até agora... Espero muito mesmo que vocês gostem.



Dani Evans Potter – Eu que fico feliz de te ter de volta, estava com saudades. Que bom que vc gostou do ultimo capitulo. Ele é bem docinho mesmo. Espero que goste deste também. Beijosss



Lehleh Potter – Ri horrores com seu comentário. Socorro digo eu!! Que bom que você gostou do ultimo capitulo, eu sei que ele beirou o brega, mas quem pode resistir a algo assim? Espero que você goste deste também e me livre de seus Avadras. Quanto ao beijo, tenha calma. Obrigada pelos comentários sempre! Bjoo



Ps: Espero que estejam com saudade do Snape e de um pouco de drama (eu já disse que amo um drama?).



 



Capítulo 10



O segundo Encontro ou Aquele com a oferta de emprego



Lily entrou em seu dormitório parecendo um furacão. Jogando de qualquer forma os LPs, que havia comprado em sua cama, e pegando seu único vestido de festa, um modelo simples em um preto fechado com algumas contas brilhosas presas por um bordado complexo. Ela correu ao banheiro agradecendo que nenhuma das suas colegas de quarto estava ocupando-o.



Quando sentiu a água quente sobre seu corpo ela se deixou sorrir encostando as pontas dos dedos na bochecha onde James havia lhe beijado. Ela se sentiu tola, como uma adolescente apaixonada, e as palavras de Marlene naquela manhã vieram na mente dela, mas ela não se deixou abater, James havia sido maravilhoso durante todo o passeio, e cada sorriso dele ficou marcado na memória dela, suspirou se xingando mentalmente antes de fechar a água, já atrasada.



Colocando o vestido e secando o cabelo com a varinha ela correu ao redor do quarto tentando ficar no mínimo descente. Depois se xingando novamente por não ter voltado mais cedo ela resolveu que o cabelo dela estava indômito demais para ficar solto, o prendendo em um coque simples. Por fim ela colocou as sandálias e se analisou no espelho achando que esta razoável de acordo com o tempo que teve.  Por fim ela pegou a capa de Hogwarts que lhe permitiria escapar dos ventos gelados do castelo.



Ela colocou a sua varinha no bolso da capa que estava carregando nos braços, a correria foi tanta para se arrumar que ela estava particularmente se sentindo quente. Ela desceu os degraus calmamente se arrependendo de ter tido tanta pressa provavelmente James ainda não havia terminado. E ela estava certa, ao chegar à sala comunal, já um pouco mais cheia do que quando eles retornaram de Hogsmead, ela viu Emmeline e Dorcas olhando para ela curiosas, fazendo sinal para que ela se aproximasse, Lily estava a ponto de ir quando ele apareceu nas escadas.



James havia também, como ela, corrido para conseguir tomar um banho, porém ele tinha um agravante de que suas vestes a rigor estavam extremamente amassadas no fundo de seu malão. Ele as encontrou e tentou sacudi-las, mas as dobras não foram eliminadas. Isso seria facilmente resolvido se ele houvesse prestado atenção nos feitiços domésticos de seus pais, mas ele, além de demorar mais de quinze minutos tentando desamassar magicamente as vestes, quase pôs fogo nelas. Felizmente James sempre foi um perseverante e, foi com alegria, que ele se viu acertando o feitiço que esticou e engomou suas vestes.



Com um sorriso no rosto ele tomou um banho rápido e secou-se, colocando de forma desajeitada as vestes, ignorando completamente qualquer tentativa de arrumar seus cabelos. Olhando no relógio, James xingou em voz alta, percebendo que estava atrasado e provavelmente Lily o mataria por isso. Ele saiu do seu dormitório, apenas com uma única olhada no espelho, somente para se certificar que não havia posto as vestes do avesso.



Ao descer as escadas com uma velocidade moderada, James percebeu que a sala comunal esta bem mais cheia do que há meia hora atrás, porém muito mais silenciosa. As pessoas pararam a suas conversas para olhar. James olhou para baixo, com a testa franzida, somente para se certificar que realmente estava vestido corretamente. Confuso ele olhou para os colegas, que estavam revezando o olhar para ele e para a menina que esperava no fim da escada.



Lily Evans não sorria, mas olhava para ele com os olhos verdes brilhantes. Ela estava mais bonita do que nunca, em um vestido preto elegante, os cabelos presos realçando a pele clara e as pequenas sardas de sua bochecha. James sorriu para ela ao perceber que era ele quem ela esperava, era ele que sairia dali com o braço enlaçado ao dela.



Lily corou com o sorriso dele, sem mesmo saber o porquê. Talvez fosse porque ele ficasse bonito com aquelas vestes, ou o sorriso dele estava um pouco mais insinuante do que antes, ou fosse porque toda a atenção da sala estava nele e ele logo se juntaria a ela. Ou simplesmente fosse antecipação por saber que logo estariam de mãos dadas novamente.



- Você esta incrível – ele sussurrou para ela quando eles se uniram no fim da escada, as mãos dele no bolso das vestes.



- Você esta ótimo, também – ela sorriu tímida. O que estava dando nela? Eles haviam passado a tarde toda juntos, não tinha motivo para estar encabulada desta forma.



A sala comunal estava silenciosa, até mesmo os primeiranistas que não sabiam do histórico dos dois estava observando apreensivos. James sorriu travesso e resolveu que já que o publico queria um espetáculo ele daria um espetáculo.



- Srta. Lily – ele disse fazendo uma mesura exagerada para ela, como um cavalheiro medieval. Lily ficou parada entre o irritada, por estar sendo o centro das atenções, e o divertida, com as palhaçadas dele. James percebendo deixou o sorriso esmaecer um pouco e sussurrou de forma que só ela pudesse ouvir  – Vamos, entre na brincadeira.



- Sr. James – ela disse da mesma forma pomposa que ele, agradecendo mesura com um delicado comprimento e agarrando o braço que ele oferecia.



A sala foi aos aplausos, Lily pode ouvir o grito animado de Dorcas e o assovio de algum dos jogadores de Quadribol, seu rosto corou em vermelho, mas o sorriso não saia dos seus lábios, pois James encarava a todos como se fosse um príncipe desfilando em seu reino, ora acenando, ora dando piscadelas animadas.



Eles chegaram ao retrato ainda em aplausos, James abriu o caminho, se curvando para que Lily passasse por ele, e depois ele cumprimentou os alunos que ficaram na sala com uma continência despojada e saiu atrás dela, fechando o retrato atrás de mais aplausos.



- Isso foi exagerado – disse Lily um pouco irritada, mas sem conseguir deixar de sorrir.



- Eles não ficariam quietos se eu não fizesse isso – disse James dando de ombros – Ora vamos, Lily, foi divertido ver a cara deles, acho que muitos deles não vão superar tão cedo.



- Sim, mas... – disse ela mordendo os lábios.



- Sem “mas”, mademoiselle – disse ele galantemente – Vamos atrasar para o seu baile.



Lily concordou e acomodou sua mão na mão de James, e os dois partiram juntos rumo aos aposentos de Slughorn.



A sala do professor estava relativamente cheia, vários alunos já estavam presentes conversando entre si ou com os convidados especiais de Slughorn, os dois deixaram suas capas mais quentes logo na entrada antes de buscarem pelo professor. Vários alunos da Sonserina olharam com nojo quando Lily passou por eles, James apertou a mão dela um pouco mais forte, mas a ruiva pareceu não perceber nada de anormal em sua volta.



Eles logo localizaram o professor de poções confortavelmente sentado em uma poltrona apreciando seu abacaxi cristalizado favorito enquanto conversava com uma secundarista tímida da Corvinal.



- Então, Madeline, como vai o seu pai? Estava ouvindo o programa dele outro dia e percebi que duplicaram o número de anunciantes.



Madeline não teve tempo de responder, pois o próprio Slughorn se levantou, ignorando a pobre e tremula menina assim que avistou Lily, sua pupila favorita.



- Srta. Evans – disse ele se pondo de pé – A senhorita esta divina esta noite – ele sorriu quando olhou a forma esguia e elegante de Lily – Espero que não tenha perdido muito de seu passeio em Hogsmead esta tarde para comparecer a nossa pequena reuniãozinha.



- Não professor, além disso, Hogsmead sempre estará lá – pode ter sido apenas uma impressão de James, mas ao falar isso Lily havia olhado para ele com um sorriso rápido e acariciado sua mão com o polegar, mas, como foi dito, pode ter sido apenas impressão.



- Você tem toda razão como sempre – disse o professor a bajulando – Vejo que a senhorita trouxe o senhor Potter com você – James sentiu que não era tão bem vindo quanto Lily.



- James me fez a gentileza de me acompanhar até aqui – Lily sorriu docemente – Além disso, acho que ninguém poderia perder a chance de conversar com o Sr. Deoch, ele é um dos maiores pesquisadores em poção do nosso século, com certeza ele deve ser incrível e...



- Oh, não, professor – disse James sorrindo carinhoso – Demos corda para ela e agora ela falará de poções durante toda a noite.



- Um assunto fascinante, para mentes estruturadas – disse Slughorn presunçoso – Pode-se falar dias sobre poções.



Lily concordou, mas James sorriu debochado.



- Diga-me, Sr. Potter, como esta seu pai, curtido a aposentadoria? – Slughorn perguntou para James.



- Como nunca! – James sorriu contente – Acho que nunca assistiu tantos jogos de Quadribol em toda sua vida.



- Este sempre foi o fraco de Fleamont – disse Slughorn – Deixar o vento de sua vassoura infiltrar no seu cérebro.



- Ah, sim – James sorriu cinicamente – Mas dizem que é bom oxigenar o cérebro, alimenta as ideias, aumenta a criatividade.



- O ócio, meu caro, é amigo do diabo – disse Slughorn deixando o sorriso de lado.



- Citação trouxa, professor? – disse James com uma sobrancelha erguida.



- Algumas vezes eles sabem como se expressar – disse Slughorn já sem fingimentos, procurando pela sala ele viu um dos alunos chegando e usou isso como desculpa – Olha, se não é o querido Barto Jr. Preciso discutir com ele a nova lei que o pai dele pôs em vigor. Vejo você mais tarde, minha querida.



Com isso Slughorn saiu em direção ao jovem Crouch deixando uma Lily intrigada e um risonho James para trás.



- O que foi isso? – perguntou Lily curiosa enquanto os dois iam em direção a mesa de bebidas.



- Slughorn não gosta muito do meu pai e naturalmente de mim – James respondeu travesso.



- Perceptível – disse ela – algum motivo especial?



- Sim – James sorriu – O que você vai querer?



- Gin tônica – Lily sorriu e James apanhou o drink e entregou a ela enquanto pegava um para si próprio.



- Meu pai e Slughorn estudaram juntos em Hogwarts – disse James sorrindo orgulhoso – E aparentemente eles eram rivais em poções.



- Rivais em poções? – disse Lily incrédula.



- Meu pai é um ótimo preparador de poções – James disse orgulhoso – Pouco ortodoxo, obviamente, mas no mesmo nível de Slughorn. Aparentemente, eles disputavam aula a aula o posto de melhor aluno.



- Slughorn não me parece o tipo que ficaria ofendido de ter alguém melhor que ele em algo, a não ser que ele não conseguisse ser amigo desta pessoa – Lily franziu a testa.



- Ah, sim, mas Slughorn nunca achou meu pai melhor. Digamos que papai sempre foi um pouco extravagante quando se trata de poções – vendo que Lily ficou confusa, James explicou melhor – Ele gostava de mudar as poções, inventar coisas novas. Mas não de uma forma a descobrir uma poção que mudaria a humanidade, era mais como poções para fazer os pelos dos braços crescerem, poções de riso, estes tipos de coisa. Slughorn achava isso uma perda de tempo.



- Mas só isso fez com que Slughorn o odiasse? – disse Lily curiosa.



- Ah, não – James sorriu – Isso fazia com que ele o desprezasse, mas não odiá-lo. O ódio veio depois, quando uma das poções malucas do papai fez sucesso, não só na Inglaterra, como no mundo todo. Papai ganhou rios de dinheiro com uma poção que, na opinião de Slughorn, era inútil e pouco brilhante.



- Isso faz sentido. Então seu pai era um ótimo preparador de poções? – disse Lily rindo da história – Você tem certeza que não é adotado?



- Absoluta. Mamãe é terrível nesta matéria. – disse ele com orgulho  - Nós dois concordamos que poções são tão... – James abanou a mão desdenhando.



- Poções é uma das matérias mais divertidas e poderosas. Nós podemos engarrafar o amor e a sorte, preparar a verdade, envelhecer, rejuvenescer e não sermos nós mesmos. É uma magia incrível.



- Incrivelmente demorada e monótona você quer dizer – disse James se fazendo de descrente, mas encantado com o brilho nos olhos dela ao falar de poções.



- Eu desisto – Lily suspirou – Se nem teu pai te provou os encantos de poções, quem sou eu...



- O problema não é você, querida – disse James pomposo – Sou eu.



- Eu sei disso – disse ela sorrindo animada.



- Você adoraria conhecer meu pai – disse James também animado – Ele pode falar por horas de poções e suas maravilhas.



- Parece encantador – disse Lily sorrindo.



- Ele ia adorar te conhecer também, seria finalmente alguém para falar de poções. Mamãe e eu nutrimos mais amor por transfiguração.



Lily sorriu assentindo, olhando admirada para James, pensando que ele era muito diferente do que ela imaginou. Sempre achou que ele fosse um sangue puro pomposo, filho de aristocratas poderosos, mas estava enganada. Ele era mimado sim, quase endeusado, como quase qualquer filho único tão esperado.



Os devaneios de Lily foram quebrados pelo retorno de Slughorn para eles e Lily sorriu esperando que o professor fosse novamente se direcionar a ela, mas pelo contrário, o professor segurou no braço de James e começou a puxá-lo para longe de Lily.



- Você não sabe quem esta aqui, Sr. Potter, Ludo Bagman, em pessoa. Você adoraria conhecer, Não? Você adora Quadribol, ele adora Quadribol. – o Professor puxava James sem ter a decência de espera-lo contradizer.



Lily percebeu que James estava relutante em ir, olhando para ela a todo minuto, provavelmente não queria deixa-la sozinha. Lily fez um esforço em sorrir, no que a pareceu ser um sorriso condescende, mas bem da verdade que se aquilo era um encontro ela não deveria ser afastada de seu par.



- Ok, professor, eu falo com o sr. Bagman, mas talvez Lily fosse querer ir também e...



- Oh, não, a Srta. Evans não tem interesse algum neste esporte, de qualquer forma meu amigo Argento deve estar chegando, ele é extremamente pontual, Lily.



- Como um bom preparador de poções deve ser – disse Lily sorrindo cumplice para o professor.



O professor concordou alegremente enquanto dava palmadinhas na mão dela. Lily não pode deixar de acompanhar James com os olhos, ele se colocou ao lado do batedor dos Wasps, que por sua vez dominava metade dos alunos presentes. As meninas sorriam alegres para ele, os rapazes quase aplaudiam quando ele citava alguma jogada dele. James participava pouco do assunto, roubando tempo para olhar para Lily e sorrir, fazendo gestos que mostravam como ele estava entediado, a fazendo dar risinhos alegres.



Lily percebeu que James abandonou o seu olhar por um minuto, para falar algo para Bagman, este por sua vez gargalhou animado, levando todos ao seu redor rir também, seja porque  a piada de James realmente foi engraçada ou, pois todos queriam concordar com o jogador de Quadribol. Bagman bateu nos ombros de James animado e incluiu o menino para mais ao centro da roda de alunos que se formava.



Lily se viu sorrindo orgulhosa, não importava como, James sempre se incluía nas principais rodas facilmente. Era quase natural gostar dele, querer estar perto. Lily imaginava que se James gritasse algum comando boa parte dos alunos faria sem pestanejar.



Lily foi cortada dos seus pensamentos novamente pelo seu professor, que faltava dar pulinhos de ansiedade em apresentar sua aluna prodígio ao homem das poções do ministério. O Senhor Deoch era um homem mediano, tanto na estatura quanto no porte físico, seu chapéu coco verde esmeralda provavelmente escondia uma careca avantajada e ele possuía um bigode negro e farto sob o lábio. Era a cara da burocracia ministerial. O estomago de Lily deu pulinhos de nervoso em falar com um homem tão austero.



- Argento, meu caro, esta é Lily Evans, minha melhor aluna em nível de NIEM – disse Slughorn orgulhoso – Preciso te mostrar a Amortentia que ela fez em aula outro dia, posso usa-la de luminária sem problema algum.



- Amortentia, Horace! – disse Deoch debochado – O que você anda pedindo para os seus alunos?



- É bom estimula-los com poções divertidas, além disso, Amortentia é bem complicada de se fazer – disse Slughorn.



- E há o fato que ela possuiu os princípios básicos de todas as poções de entorpecimento e ilusão – completou Lily – Apenas com a troca de alguns ingredientes. Os passos básicos são os mesmos, praticamente quem consegue fazer uma Amortentia consegue fazer diversas outras poções.



- Sim, minha cara – disse Slughorn orgulhoso e depois se virando para Deoch – Eu te disse que ela era um prodígio.



- Estou percebendo – disse Deoch olhando para Lily pela primeira vez – Mas Evans? Não estou me lembrando do seu sobrenome, seu pai trabalha no ministério?



- Meus pais são trouxas, senhor – disse Lily com orgulho.



- Ah, bem – disse Deoch cortando o assunto – Diga-me, Horace, de toda a sua turma você só tem um para me apresentar? Esta perdendo a pratica, professor.



- É claro que tenho mais prodígios, mas somente uma perola como Lily – disse Slughorn, e Lily registrou o uso do seu primeiro nome ao invés do seu sobrenome.



- Eu adoraria conhecer o que mais você tem para me mostrar – disse Deoch.



Slughorn olhou nervoso para a sua sala e identificou Snape, em um canto isolado ele estava observando sisudamente a festa. Slughorn fez um gesto para o rapaz, que largou seu copo intocado e foi até o grupo de Lily. A menina evitou o olhar do ex amigo, mesmo sabendo que o dele estava fixo nela.



- Este é Serverus Snape – disse Slughorn – Excelente preparador de poções, as dele são impecáveis e potentes. Severus realmente tem o dom de um bom preparador.



- Snape? – disse Deoch com descrença – Outro nascido trouxa?



Lily se segurou para não gritar com o homem, segurando suas mãos em punho ao lado do corpo para não fez nada.



- Mestiço, Senhor – disse Snape como se o fato de ser nascido trouxa fosse uma ofensa viu – Minha mãe é uma Prince.



- Oh, sim, entendo – disse Deoch avaliando Snape melhor.



Deoch tomou um gole da sua bebida e Slughorn parecia estar entrando em desespero em busca de alguém que impressionasse o figurão. Lily estava brava por ter criado expectativa em um babaca, mas não deixaria de se abalar, se o futuro dela dependia dele, ela podia engolir um ou dois sapos por isso, até que mostrasse de fato como era boa.



- Me diga senhor, como estão as ultimas pesquisas em poções? Andei lendo que estamos a caminho de uma cura para a licantropia. – perguntou Lily se impondo mais uma vez e cortando o clima ruim imposto por Deoch, Slughorn sorriu orgulhoso para ela.



- A cura para licantropia não é prioridade, sempre achei que estas feras não merecessem nem as poções de cura que damos a eles após a transformação. A comunidade bruxa não deveria perder tempo e nem ingredientes com este tipo de coisa. Belby é um sonhador e um maluco. Se quer saber minha opinião neste quesito, estamos tão longe de uma cura para a licantropia quanto a descoberta de onde de fato os nascidos trouxas tiram sua magia.



- Então estamos mais perto do que o senhor imagina, senhor Deoch – Lily resmungou indignada – Nós nascemos com a nossa magia, como qualquer bruxo, não é uma descoberta tão difícil assim. O que é bom, por que se existir uma cura para a licantropia poderemos salvar a vida de vários inocentes que não pediram para ser mordidos.



Deoch sorriu debochado para ela, o que pareceu a Lily mais uma careta do que um sorriso. A menina suspirou desanimada e por um momento procurou os olhos de Severus para que eles ao menos rissem da situação, mas os olhos dele estavam pousados no magistrado, cobiçosos e esperançosos. Lily reconhecia aquela expressão, era a mesma que tinham quando discutiam o futuro deles, quando eram novos, e Severus sempre dizia que seria poderoso, que não pisariam mais nele, e para isso ele faria o que fosse necessário. Lily nunca acreditou nisso de verdade, achava que para tudo há um limite moral, mas Severus não conhecia este limite, era apenas ele e sua sede de poder. Como ela pode se enganar por tanto tempo?



Lily procurou por James por um minuto e o encontrou rindo com os demais jogadores de Quadribol que estavam na festa. O barulho da conversa estava chegando até eles, a risada de James causando inveja em Lily de quem estava perto do rapaz.



- O Senhor Potter leva confusão por onde passa – reclamou Slughorn tirando Lily de seus pensamentos egoístas.



- Potter? – Perguntou Deoch curioso buscando quem Slughorn estava falando – o Filho de Fleamont Potter?



- O próprio – respondeu Slughorn meio desanimado apontando para James – Aquele cercado por jogadores de Quadribol.



Lily de repente ficou nervosa não querendo que Deoch falasse com James, mas o velho senhor parecia muito alegre em conversar com o moreno, Lily assistiu, pela primeira vez na noite, o que parecia um sorriso verdadeiro do homem. Snape grunhiu ao lado de Lily e ela sentiu a tensão instaurada por ele no ambiente.



- Ele não é muito brilhante. – disse Slughorn para descrença e desgosto de Lily, James poderia não ser genial em poções, mas era um ótimo aluno e em outras matérias ele tendia a ser o melhor da turma – Veio com Lily, para bem da verdade – continuou o professor.



Lily sentiu o olhar de descrença e desapontamento de Snape sob si. A menina corou, mas encarou o rapaz o desafiando a falar qualquer coisa a respeito de sua companhia. Slughorn resmungou que buscaria o rapaz, enquanto Deoch foi encher seu copo novamente, provavelmente evitando ficar muito tempo com uma nascida trouxa e um mestiço, permitindo que Severus falasse com ela em particular.



- Você esta com este imbecil? – perguntou Snape entredentes.



- Sim, James está me acompanhando, Severus... se foi isso que você me perguntou. – respondeu Lily sem se abalar.



- Depois de tudo que ele fez? Como você tem coragem?



- James amadureceu muito, é quase outra pessoa – disse ela apaixonadamente, o que Severus foi ficando mais e mais vermelho enquanto bufava. Lily se irritou e continuou - O mesmo não pode se dizer das suas companhias – Lily encarou ficando vermelha – Comensais, Sev, jura?



- O Lorde das Trevas é poderoso, Lily, eu serei poderoso. Se você se juntar a mim podemos vencer tudo isso, tudo ficara bem.



- E assistir as pessoas iguais a mim morreram, ou pior, matar eu mesma estas pessoas. Eu acho que não, Snape – Lily disse em um respiro.



- Essa sua teimosia ainda vai te... – Snape foi interrompido com o retorno de Deoch e de Slughorn, trazendo em seu encalço um curioso James Potter.



James ficou ao lado de Lily e sorriu para ela, nem parecendo perceber que Snape e sua carranca estavam presentes.



- Sr. Potter este é Argento Deoch – disse Slughorn apresentando os dois – Deoch, este é James Potter.



- Muito prazer, sr. Potter, conheci seu pai. Incrível preparador de poções devo dizer – disse Deoch animado.



- O prazer é meu, Sr. Deoch – disse James cumprimentando o velho senhor – Mas receio que eu não tenha herdado nem se quer uma cerda de vassoura do talento em poções do meu pai.



- Quanta modéstia, sr. Potter – disse Deoch encantado – Mas duvido deste fato. Seu pai sempre o exibiu como o melhor filho do mundo.



- Receio que modéstia não é algo que o senhor encontrará em mim – sorriu James convencido – O senhor deve relevar meu pai, ele é homem de um filho só e tende a ser cego para os meus próprios defeitos.



Deoch riu gostosamente e Lily se sentiu incomodada, enquanto ela e Severus haviam se esforçado para demonstrar seus conhecimentos, James insistia que não sabia nada em poções e o homem se derramava em elogios a ele. James pareceu sentir o incomodo dela e lhe segurou a mão, chamando a atenção de Lily para si. Os olhos deles não mostravam deleite aos elogios do magistrado, apenas confusão. Lily acenou para acalma-lo, sabendo que não havia nada que ele tinha feito para merecer aquilo.



- Sr. Deoch, sei que o senhor esperava mais de mim neste quesito, considerando de quem sou filho, mas realmente eu não sei nada de nada em poções. Não sei até hoje, como consegui um excede as expectativas em meus NOMs. Você já esta acompanhado das pessoas que de fato acham este assunto interessante.



- Sr. Potter, eu não acredito em nada do que o senhor esta dizendo... – Deoch riu como se James tivesse feito uma piada hilária.



- Pois deveria, pergunte ao Professor Slughorn, se não fossa a Lily aqui eu já teria explodido metade dos caldeirões desta escola – James sorriu carinhoso para ela – Ela, sim, é um gênio em poções.



- Você explodiu metade dos caldeirões da escola, Sr. Potter – resmungou Slughorn.



James sorriu orgulhoso não tendo a decência nem de corar, o que fez Lily soltar uma risada pelo nariz e Deoch e Snape olharem feio para ela.



- Bom, então sem Lily eu teria explodido todos os caldeirões provavelmente.– James sorriu em resposta.



- Como se isso fosse motivo de orgulho. – resmungou Snape.



James encarou o sonserino com uma das sobrancelhas levantadas, em um claro gesto de desdém, mas não disse nada.



- Sr. Potter, acredito que com um pai como o que o senhor tem é impossível que não tenha saído um mestre em poções. Poções é uma arte que precisa de sangue verdadeiramente mágico, ou nada mais será do que uma sopa insignificante e inofensiva – Deoch disse de modo professoral – Slughorn tem que concordar comigo, um trouxa, mesmo que juntasse todos os ingredientes em suas quantidades corretas não obteria nem um resquício do resultado esperado.



- Isso com certeza – disse Slughorn concordando com o mestre.



- Mas isso muda se for um bruxo – disse Lily desafiando retirando sua mão do aperto de James e a segurando junto ao corpo – Pois um bruxo, independente da sua filiação, possui magia nata. Não é pela condição do nascimento de um bruxo que existe a possibilidade da realização de uma poção e sim se a pessoa possui magia ou não. Um trouxa não conseguiria realizar uma poção da mesma forma que um aborto também não, mesmo nascido de uma família puro sangue.



James assoviou baixinho orgulhoso das palavras de Lily.



- Srta, nós sabemos que os abortos sofreram um roubo de sua magia ou são resultado da devassidão de seus pais e avós em se misturar com tipos não mágicos, não podemos usá-los como exemplo – Deoch olhou para ela com desdém.



Lily estava vermelha, James tentou segurar a mão dela, mas ela retirou em um gesto brusco, o que fez James a encarar assustado. Ela bufava de raiva e revolta, o rosto manchado de vermelho, dentes trincados. Nem James havia conseguido provocar este estado revoltado nela.



- Então eu acredito que o senhor considere um puro sangue que se case com um trouxa ou nascido trouxa uma devassidão? – perguntou Lily tremula.



- O casamento entre espécies ainda vai acabar com o sangue mágico inglês – disse Deoch irritado – A proibição deste tipo de devassidão garantiu a muitos países uma manutenção da comunidade bruxa muito mais concisa e forte. O casamento com seres inferiores dilui o sangue mágico, até ele se transformar em água.



- Ah, sim a separação do mundo não mágico realmente deu muito certo com Grindwald principalmente. – Lily disse jogando toda a sua fúria, ignorando todos os olhares assustados ao seu redor – E não somos de outra espécie, senhor, apesar de também não ser nenhuma vergonha se fossemos. Somos humanos, com magica ou sem magica, humanos.



- A senhora, não pode estar nos colocando no mesmo balaio, Srta Evans – disse Deoch irritado.



- Com certeza eu não estou – disse ela com desdém – Há muita diferencia entre a decência e a ignorância, eu não misturaria ambos.



- A srta esta tentando alegar alguma coisa? – disse Deoch fora do sério.



- Não estou tentando, sr. Deoch, estou alegando que o senhor é um preconceituoso, sem fundamento e completamente impreciso em suas falas – disse ela – eu me pergunto como se tornou um preparador de poções tão bom sendo tão obtuso.



- Lily – gemeu Slughorn.



- Ora, Horace, eu não vim aqui para ouvir insolência de tipos como ela – disse ele.



- Tipos como eu que não são obrigados a ouvirem tipos como o senhor – ela respondeu vermelha e altiva.



- Eu peço desculpa, Senhor. Lily só esta irritada por sua opinião, não é Lily? Você pode querer repensar, Argento, quando te mostrar os trabalhos dela – Slughorn quase implorava.



- Escute, srta. Evans – disse Deoch irritado apontando o dedo para ela - Se depender de mim você não limpará nem caldeirões dentro do ministério, eu não deixarei seu sangue impuro sujar o lugar onde trabalho. Senhor Potter o senhor será muito bem vindo quando terminar seus NIEM’s, tenho um lugar especial para você em nossos laboratórios.



James olhou para ele assustado sem conseguir responder, mas Deoch continuou.



- E você – disse ele olhando para Snape – Acho que não, também. Senhor Potter me encaminhe uma coruja se aceitar o emprego. Passar bem, Horace.



Deoch saiu da sala altivo, enquanto Lily seguia por outro caminho completamente pálida, Snape foi deixado com um James pasmo enquanto o professor Slughorn murmurava irritado enquanto também saia:



- Deu tudo errado, garota genial e teimosa.



James se recuperou e cassou Lily com seus olhos a encontrando perto na janela, a cabeça entre as mãos, os cabelos vermelhos caindo pelos lados de sua cabeça, soltos do coque. Ele fez a menção de sair atrás dela, mas foi parado pela varinha em riste de Snape.



- Vai repudiar em cima dela mais um pouco? – disse o sonserinos venenoso.



- Eu nunca repudiei Lily – resmungou James irritado tentando passar por ele  – Ora, me deixe sair, Snape.



- Agora é Snape? – disse o sonserino – Ela não esta aqui Potter, para ouvi-lo, não precisa fingir.



- Eu não vou brigar com você – disse James entredentes – Eu não quero nada com você, Snape. Só que você me deixe passar para ver Lily.



- Não chame ela assim. – cuspiu Snape – Você a chama de Evans. Saia de perto dela Potter, antes que você a arruíne.



- Eu? – James parou de tentar achar uma saída e encarou o rapaz com ira – Não sou eu que ando fazer ela sangrar pelos corredores. Não pense que eu engoli esta história, porque se não fosse por ela eu já teria feito o mesmo com você.



- O feitiço era para o seu cãozinho – disse Snape não sabendo o quão perto da verdade estava – Se ele não tivesse aparecido eu teria tirado ela de lá sem um arranhão.



- Você não teria – disse James com os olhos faiscando, impondo sua altura sobre o outro – Você pode ter hesitado em machuca-la, mas hesitou em salvá-la também. Você não quer Lily, Snivelus, você quer poder, e para você isto é mais importante que ela.



- Você está enganado como sempre, Potter – Snape o encarou – Eu quero ela, e o poder é que vai me assegurar isso.



- Você é tão burro – disse James com desdém – Ela não quer o poder.



- Não, não quer – disse Snape – Mas ela precisa. Tire os olhos dela, Potter. Saia de perto dela, sua paixão por trouxas vai levar Lily a ruina. Você vai levar ela para uma guerra que não é dela.



- Como não é dela? – disse James bravo – ela é uma nascida trouxa, é uma guerra dela tanto quanto minha. E se você realmente acha que ela não vai lutar então você não a conhece ou não gosta dela realmente.



- Fique longe dela – crispou Snape com a varinha no pescoço de James.



- Fique você longe dela – respondeu James colocando a varinha no pescoço de Snape também – Se eu encontrar Lily com um arranhão se quer, você pode estar a milhas de distancia, mas eu vou te responsabilizar e você vai pagar.



- Errado de novo, Potter – a voz de Snape era fria como gelo – Se ela aparecer com um arranhão a responsabilidade é sua, eu posso protegê-la, eu posso manter ela segura, e você? Que chances ela tem com você? Você só esta arrastando ela para o meio de uma guerra para ela ser morta.



James olhou para ele com raiva, enquanto Snape sorria com um escarnio claro, de alguém que sabia que estava falando a verdade.



- Você sabe tanto quanto eu, Snivelus, que o risco de ela morr... ser caçada é igual, dentro ou fora da guerra. Seus amiguinhos não a perdoariam por nada, nem por ninguém.



- Eu a protegeria, eu a protegerei, quando ela perceber que só há uma chance, quando ela perceber o quão poderoso eu posso ser, ninguém ousará tocar nela.



- Nem Voldemort? – James riu sem achar graça.



- O Lorde das Trevas é misericordioso com seus seguidores mais fieis, ele não tocará em Lily.



James gargalhou de forma seca, debochando de Snape. Ele recolheu a sua varinha e encarou Snape pela ultima vez.



- Ele não está nem ai para ninguém, muito menos para você. – disse James sério – Você não vai encostar na Lily de novo, Snape. Você não ousará machuca-la outra vez.



- Não sou eu que estou machucando – disse Snape apontando para onde uma Lily saia pela porta – Parece que o todo poderoso Potter, roubou mais um sonho dela.



James seguiu o olhar dele vendo Lily desaparecer.



- Merda! – ele resmungou tentando se desvencilhar de Snape – Me deixe sair, Snivelus.



- Fique longe dela, Potter – respondeu o sonserino – Fique longe dela ou serei obrigado a medidas drásticas.



- Espero que isso seja uma ameaça, Snape – James trincou os dentes e falou baixo e profundamente – Por que é reciproca. Agora, SAI DA MINHA FRENTE.



Snape tirou a varinha do pescoço do seu adversário, assim que percebeu que boa parte da festa olhava para eles. James percorreu seu caminho até porta de saída, ignorando os olhares assustados e o rosto indignado de seu professor de poções, ele precisava achar Lily rápido. O dia havia sido tão promissor, eles tinham se dado tão bem, não podia deixar um magistrado idiota estragar o melhor dia da vida dele, logo o dia que ele tinha planejado por tanto tempo, sonhado por noites a fio, sempre com um final completamente diferente deste que ele estava tendo.



Antes de sair ele recolheu sua capa e identificou a de Lily. Ela havia saído somente com vestido, os braços nus enfrentariam o vento gelado do fim de outubro. James resmungou preocupado ao sair no corredor vazio e frio, os archotes tremeluziam aumentando o medo inquietante de James.



- Onde você foi, Lily ?– ele sussurrou baixinho enquanto desdobrava sua capa e achava o mapa do maroto em um dos bolsos.



Agradecendo a Merlim e aos seus amigos que haviam permitido que ele ficasse com o mapa aquele dia, ele sussurrou a senha e viu o mapa se formar em linhas finas e delicadas, desenhadas há alguns anos por ele próprio. Ele acendeu a varinha em um feitiço não-verbal e buscou por todos os corredores perto da onde estava. Ela havia saído a pouco, não poderia ter ido longe.



James olhou por quase todo o mapa, frustrado em busca dela. Lily não estava na sala comunal, nem no caminho até lá, nem havia voltado para festa. O medo de alguma coisa ter acontecido foi crescendo dentro dele e o desespero não o estava deixando raciocinar. James estava a ponto de ir para o salão comunal da Grifinória atrás de reforços quando, pelo canto do olho viu um ponto se mexendo na torre de astronomia. Ele focou seu olhar e leu com enorme assombro e alivio o nome dela: Lily Evans.



James manteve o mapa em suas mãos sempre fixo onde Lily estava, não queria o risco que alguém a encontrasse sozinha naquela torre e nem que ela sumisse mais uma vez. Ele pegou uma série de atalhos que o levavam mais rápido para a torre, até finalmente subir de dois em dois degraus as escadas, apagando e guardando o mapa antes de entrar na torre.



O rangido da porta fez Lily acordar de seu devaneio. Ela estava observando um grupo de testrálios sobrevoar a floresta proibida em círculos graciosos e suaves. O vento frio a estava incomodando, mas não o suficiente para fazer com que ela saísse dali. Seus pensamentos voavam tão rápidos que nem ela mesma estava conseguindo acompanhar.



E foi neste estado letárgico que James a encontrou. Os lábios levemente arroxeados frente a pele pálida e arrepiada, os cabelos soltos sobre suas costas dando a ela uma aparência de rebeldia.



- Lily – ele sussurrou, como se houvesse um risco real de alguém mais além dela ouvir.



Ela olhou para ele por breves segundos, mas voltou seus olhos para fora da torre.



- Merlim, Lily – James disse mais alto chegando perto dela – Você deve estar congelando. Eu trouxe sua capa, vem vamos voltar para a sala comunal.



- Não. – ela respondeu sem olhar para ele.



- Ok, não. – disse ele – Não vamos para a sala comunal, mas vamos para algum lugar mais quente. A cozinha, você deve estar com fome.



- Você sabe onde fica a cozinha? – perguntou Lily ainda sem olhar para ele – É claro que você sabe onde é a cozinha – ela mesma concluiu se virando, o rosto sem nenhuma expressão – não estou com fome.



- Certo, nós não precisamos voltar se você não quiser. – disse James sem saber o que fazer – Então apenas vista sua capa, por favor, você esta ficando roxa.



Lily pôs as mãos geladas no rosto, não tinha percebido que estava tão frio assim. Ela pegou a capa que James estendia a ela, e se vestiu, mas a capa não pareceu aquecê-la.



- Obrigada – ela disse voltando a dar as costas para o garoto.



James estava começando a se preocupar de novo. Ele estava aliviado de vê-la bem, mas não estava entendendo por que ela estava agindo daquela forma. Mesmo sem ela querer falar com ele, James faria ela se abrir, nem que tivesse que ficar naquela torre a noite toda.



- Não sei você, mas eu estou congelando – disse ele produzindo uma chama azulada no centro da torre, que ficou flutuando a meio metro do chão, e produzia um brilho e um calor reconfortante na torre, pelo menos para James – Se vamos ficar aqui, o mínimo que podemos fazer é ficar um pouco mais confortáveis.



Lily não queria ficar confortável. Mas agradeceu intimamente a nova fonte de calor, não havia percebido que estava com tanto frio até que James lhe oferecesse sua capa e agora que sentia o calor reconfortante nas suas costas se sentia melhor, mas mesmo assim não virou ou agradeceu ao rapaz, pelo contrário.



- Vá embora, James – disse ela em suspiro – Você não precisa ficar aqui.



- Por Merlim, nem sonhando, você não vai ficar sozinha nesta torre – disse ele negando e se sentando no chão próximo a Lily – Agora estou me sentindo confortável, não se preocupe comigo.



- Não estava – disse ela voltando a olhar para o horizonte.



James engoliu em seco depois daquela resposta dela, e abaixou a cabeça pensativo tentando achar o motivo de tanta rudeza com ele.



- Lily – perguntou James após alguns minutos – O que eu fiz de errado?



Lily ficou calada e James suspirou frustrado, passando as mãos nos cabelos.



- Eu sei que eu fiz algo de errado, mas não consigo ver, Lily, não vou saber se você não me contar – disse ele.



- Você não fez nada errado – ele respondeu.



- Não é o que esta parecendo – disse ele se pondo de pé – Por que fugiu sem me avisar? Por que fugiu de mim? Por que não olha para mim e conversa comigo?



 - Você não fez nada de errado, Potter – ela resmungou – Por que simplesmente não vai embora?



- Não vou a lugar nenhum – disse James trincando os dentes – E não me chame de Potter. – James virou Lily para que ela o encarasse, ela estava pálida, mas pelo menos não parecia estar mais congelando, os olhos verdes o encarando duros, inflexíveis – Vamos Lily me conte o que eu fiz, eu não vou saber se você não me falar. Por Merlim.



Lily olhou dentro dos olhos castanhos de James. Ela percebeu frustração e preocupação nos olhos deles, as sobrancelhas arqueadas em um sinal de desafio, os lábios finos estavam trincados, sem nenhum sinal daquele sorriso travesso que parecia sempre habitar aqueles lábios. Lily havia imaginado milhões de cenários para o termino daquela noite, em sua maioria acabava com aqueles lábios em seus próprios, mas nunca havia pensado que terminariam com ele daquela forma, ela quase se xingou por estar sendo idiota, mas não podia evitar.



- Lily... – ele disse cansado, já que ela não respondia.



- Você não fez nada de errado – disse ela e quando percebeu que ele abria a boca para falar, cada vez mais irritado, as mão dele apertando os ombros dela – Você não fez nada de errado, por que você nasceu assim.



E antes que James pudesse processar o que ela havia dito, Lily pôs a mão na boca arrependida das suas próprias palavras. Ela tentou se desvencilhar de James, para poder desviar os olhos dele, antes que ele a obrigasse se abrir mais, mas ele a segurou com mãos de ferro.



- Não – disse James firme parando o movimento dela de fugir dele – Me explique o motivo do meu nascimento ter te ofendido.



- Eu não... – disse Lily ainda tentando fugir dele.



- Você não vai sair enquanto não conversarmos Lily – disse James – Estou cansado de tentar adivinhar o que se passa na sua cabeça, as coisas entre nós só funcionaram quando você me contou o que estava pensando.



- Não é culpa sua, não sei o que eu estava pensando. – disse Lily ainda tentando se desvencilhar dele.



- Por que não me conta? – a voz de James suavizou, assim como seu toque, que se manteve firme nos ombros dela, porém mais carinhoso.



- Porque você não entenderia – disse Lily em um sussurro.



- Não vai saber se não tentar – respondeu ele no mesmo tom.



- Eu estou com raiva de você porque as coisas sempre te acontecem facilmente – ela sussurrou sem olhar para ele – Estou com raiva porque basta você sorrir que as pessoas se jogam em você. Estou com raiva porque, por mais que eu me esforce, por mais que eu seja boa, nunca será o suficiente. Estrou com raiva por você ser um maldito puro sangue.



James se assustou e retirou suas mãos dos ombros dela, como se estivesse queimado. Ele piscava tentando entender o que ela havia dito, sem palavras para expressar seus sentimentos. Lily sentiu mais do que deveria ausência do toque dele e tentou se virar, mas James a segurou novamente, desta vez pelo pulso dela, o toque quente dele queimando sua pele gelada.



- Não fuja, Lily – disse James frio – Nós vamos conversar. Eu nunca usei meu nascimento, Lily, principalmente sobre você. E isso não importa para mim...



- Eu sei – disse ela o cortando ainda sem olhar para ele torcendo o pulso para se livrar de James – Eu disse que não era sua culpa.



- Mas não é o que esta parecendo – disse ele amargo. James suspirou para se acalmar, olhando intensamente para Lily esperando que ela olhasse para ele, se jogasse nos braços dele dizendo que estava sendo idiota, mas ela não fez nada disso – É sobre Deoch, não é?



Lily ficou parada quando disse isso.



- Não – ela sussurrou – Não é só sobre ele.



- Eu não fiz nada para chamar a atenção dele, Lily. Eu disse que eu era péssimo em poções, eu disse que você era infinitamente melhor que ele. Por Merlim, eu quase elogiei Snape para ele – James disse desesperado.



- Mas mesmo assim ele só tinha olhos para você – disse ela – Mesmo assim, você sempre vai ser melhor, sempre querido. Droga, estou parecendo Severus.



- Esta mesmo – disse James amargo.



- E eu me odeio por isso – ela sussurrou, parecendo frágil pela primeira vez na noite. James segurou a vontade de abraça-la e dizer que protegeria ela do mundo, mas não fez isso, pois Lily continuou – O que me irrita é não ter o poder por mim mesma, por mais que eu trabalhe duro, por mais que eu me esforce, não vou conseguir, não é? Não tenho berço para isso.



- Não se deixe levar por um preconceituoso idiota – disse James fazendo círculos carinhosos no pulso dela – Se esta preocupada com um emprego, nós podemos conseguir juntos. Tem varias pessoas no ministério que não pensam como Deoch. E tem fabricas de poções, papai ficaria feliz de te indicar para o novo proprietário da Sleekeazy ou qualquer outra empresa de poções.



- Grande solução – disse ela chateada – Preciso da proteção de um puro sangue para conseguir uma posição, mas e quem não tem esta proteção?



- Lily, não é justo, concordo com você, eu faria qualquer coisa para isso mudar, eu farei qualquer coisa na verdade, só não me culpe. Não quer minha ajuda para conseguir um emprego, ótimo, não vou interferir, mas não me impeça de lutar para que você consiga por si própria. Não me exclua da sua vida, não agora, não mais.



Lily olhou para James, ele tinha os olhos úmidos, mas não chorava ou parecia que iria chorar, ele estava irritado, Lily podia perceber isso por uma veia que pulsava ao lado de sua cabeça e os olhos faiscando.



- Lily eu ia te defender daquele velho idiota, mas você estava se defendendo tão bem. Você não parecia precisar de mim, eu só pioraria tudo. Eu só não me perdoo de não ter saído correndo atrás de você logo que você saiu.



- Estava brigando com Snape, em vez disso – disse ela amarga.



- Não vou mentir – disse ele – Eu disse que me arrependia, também não tenho desculpas para isso. Mas saiba Lily, que nunca me senti tão orgulhoso de alguém em toda minha vida ao ouvir como você falava com ele. Nunca me senti tão apaix...



- James, vá embora – ela sussurrou o cortando e desviando seu olhar mais uma vez, ela sentiu James retesar.



- Não – ele respondeu firme.



- Por favor – ela disse fraquinho, já sentindo as lagrimas arderem em seu olho, loucas para cair.



- Não – disse ele mais firme e mais sério – Não vou desistir de você, Lily.



- Eu preciso que você vá – ela disse mais calma.



- Me dê um motivo, um bom motivo e eu vou, se é isso que você quer. – disse ele triste.



- Eu não quero chorar na sua frente – ela respondeu vacilante.



- Resposta errada – James disse mais calmo e carinhoso, colocando as mãos sobre o queixo de Lily e levantando para que ele pudesse ver o rosto firme dela, sem lágrimas – Você precisa de um motivo, melhor.



Lily suspirou encarando aqueles olhos castanhos carinhosos e firmes, as mãos quentes que não deixavam ela desviar os olhos novamente.



- Por que, você quer que eu vá, Lily? – disse ele em um sussurro, parecendo já saber o motivo dela. Lily não conseguiria fugir da verdade que coçava em seus lábios.



- Porque se você ficar, eu vou me apaixonar por você – ela disse baixinho – Porque se você ficar eu não vou conseguir deixar você sair depois.



- É um péssimo motivo, Evans – James sussurrou e a beijou suavemente.



Lily não esperava por aquele beijo, por mais que ansiasse por ele. O beijo era calmo, tranquilo e reverente. Pela primeira vez naquela noite ela se sentiu quente e aconchegada. Pela primeira vez na vida, ela se sentiu quente e aconchegada. Como se não houvesse problema, como se não houvesse nada a não ser os dois. Pareceu uma eternidade e mesmo assim parecia que foi cedo demais que eles se separaram.



- Eu não vou a lugar nenhum – disse James com a voz rouca – Eu disse isso para você antes e vou continuar dizendo até que entre nessa sua cabecinha teimosa.



- Mas você precisa – disse ela negando – O professor de DCAT estava certo. Eu sou uma ameaça para você, enquanto você não estiver associado a mim, você será um puro sague, terá tudo que quer, tudo que merece.



- Só que eu quero você, Lily – disse James.



- Eu não tenho futuro, James, você ouviu Deoch, ninguém vai me deixar entrar no ministério, estou sendo caçada como se fosse uma corça, por Comensais da Morte. Não quero arrastar ninguém comigo.



- Ninguém esta me arrastando para nada Lily. Mesmo que eu não gostasse de você, mesmo que eu nem te conhecesse, eu lutaria. Não concordo com o fato de alguém ter mais privilégios que outros. Não estou lutando por que gosto de você, estou lutando pelo que é certo. E se sua felicidade vem no pacote, bem, é só mais uma motivação a mais para vencer.



Lily olhava para James como se o visse pela primeira vez. Ela levantou a mão tremula e passou pelo rosto dele, como se estivesse decorando cada linha daquela face.



- Me deixe ficar com você – ele sussurrou para ela.



Lily deu um leve assentir e James a beijou novamente, desta vez com mais paixão e alívio. Lily se sentiu tonta com a enxurrada de sentimento que vinha dele, e teve que pendurar seus braços no pescoço de James, pois sentia que se não fizesse isso ela iria se desmanchar em uma poça. Suas mãos foram involuntariamente aos cabelos dele enquanto ele a abraçava forte. Eles se separam quando faltou o ar para ambos, era como se acabassem de acordar de um sonho.



- Você está gelada – disse James sorrindo para ela.



- Estava com frio – ela disse percebendo pela primeira vez que estava tremendo de frio, como se James fosse uma fonte de calor tão forte que tudo ao redor ficasse congelante por comparação.



- Podemos voltar agora? – disse ele encostando sua testa na dela, ainda abraçados.



- James Potter querendo respeitar o toque de recolher? – disse ela em um sorriso.



- Eu não gosto mais da ideia de ficar até mais tarde pelos corredores – disse ele sério – Não depois do que aconteceu com você.



- Medroso – disse ela sorrindo de forma carinhosa.



James riu, mas não disse nada apenas a abraçou mais forte e mais possessivo, dando um beijo delicado na ponta do nariz dela. Eles ficaram abraçados por um bom período de tempo, perdidos uns nos olhos dos outro.



- Merlim – disse James cortando o silencio – Meu pés estão congelando.



 - Experimente usar sandálias abertas – disse ela indicando os pés.



- Pelas meias de Morgana, Lily! – disse James olhando para os pés desnudos de Lily – Vamos embora agora.



- Precisamos mesmo ir? – ela perguntou com a voz manhosa.



-Por mais que eu me odeie por dizer isso, mas sim, precisamos – ele disse rindo e tentado se afastar de Lily que se agarrava nas vestes deles.



- Mas eu não quero – ela falou fazendo biquinho.



- Mas vai, senhorita – disse James rindo e pegando ela nos braços – Nem que eu tenha que te carregar.



Lily gritou a ser pega no colo, fazendo com que James risse.



- Me ponha no chão, Potter – disse ela dando um tapa leve no ombro dele.



- Não – ele disse já saindo da torre e fazendo com que o fogo azulado se apagasse.



- James... – ela pediu mais uma vez enquanto ele terminava de descer as escadas que levavam ao alto da torre..



- Não – disse ele sorrindo.



- Não? – ela disse sensual  - Nem se eu pedir por favor?



-Não – disse James um pouco vacilante.



- Não mesmo? – Lily deu beijo no pescoço dele – Por favor, James – ela deu mais um beijo subindo pelo pescoço e encontrando o lóbulo da orelha dele e mordiscado-o.



- Isso é jogo sujo, Lily – resmungou James tremulo.



- Não acho – ela disse pontuando com mais um beijo.



James se viu obrigado a coloca-la no chão e beijá-la mais uma vez, mas Lily foi mais rápida em desvencilhar dele e sair correndo.



- Lily – ele gritou por ela, mas ela corria e ria como se fosse uma criança de cinco anos – Volte aqui, você vai se machucar.



Mas Lily continuou correndo dele pelo castelo enquanto ele a seguia a passos largos. Não demorou muito para que ele a encurralasse, graças aos seus conhecimento de atalhos do castelo.



- Peguei você, sua maluca – disse ele com Lily em seus braços. Ela ria gostosamente e James teve certeza que guardaria aquela imagem para sempre. Ela lhe deu beijo estalados nos lábios dele e voltou a andar de mãos dadas.



- Obrigada, James – ela disse sem olhar para ele com os sorrisos nos lábios.



E James sorriu. Não precisava que ela dissesse o motivo do agradecimento e nem ele precisava perguntar, pois ele era muito mais agradecido a ela do que ela a ele.



 


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