Largo Grimmauld, número doze



– Largo Grimmauld, número doze.

– Ainda não consigo acreditar que acham que a casa dos meus pais é mais segura para o Harry que A Toca. – Sirius bufou irritado – A casa está repleta de objetos das Trevas… E os quadros dos meus antepassados não são nada agradáveis… Tem até um quadro do Fineus Nigellus em um dos quartos!

– E também tem uma série de feitiços de proteção que foram colocados pelos seus antepassados. – Tiago deu de ombros resignado.
– Também tem um porta guarda-chuva que costumava ser a perna de um trasgo! – Sirius exclamou soturno.
– Tenho certeza de que existem bons motivos para eles pensarem que a casa dos Black é o lugar mais seguro para o Harry. – Remo disse tentando acalmá-lo e fazendo sinal para Gina começar o capítulo.

— Que é a Ordem da...? — começou Harry.

– Exatamente o que gostaríamos de saber. – Frank disse curioso.


— Aqui não, garoto! — disse Moody com aspereza. — Espere até chegarmos lá dentro!

– Claro, – Sirius disse com falsa animação – é muito mais agradável conversar dentro do mausoléu da minha família…


E, puxando o pedaço de pergaminho da mão de Harry, ateou fogo nele com a ponta da varinha. Enquanto a mensagem se crispava em chamas e flutuava lentamente até o chão, Harry tornou a examinar as casas. Estavam parados diante do número onze; ele olhou para a esquerda e viu o número dez; para a direita, no entanto, o número era treze.
— Mas onde...?
— Pense no que você acabou de ler — disse Lupin em voz baixa.
Harry pensou e, mal chegara à menção do número doze da praça, uma porta escalavrada se materializou entre os números onze e treze, e a ela se seguiram paredes sujas e janelas opacas de fuligem. Era como se uma casa extra tivesse se inflado, empurrando as suas vizinhas para os lados. Harry boquiabriu-se. A música no número onze continuava a tocar com força. Aparentemente, os trouxas que estavam ali dentro não haviam percebido nada.

– Alguém pôs a casa sob o feitiço fidelius… – Tiago disse pensativo – O fiel do segredo é quem quer que tenha escrito aquele bilhete…

– Mas a pessoa pode compartilhar o segredo escrevendo o endereço? – Alice perguntou confusa – Achei que a única forma era falar para outras pessoas o endereço…
– Desse jeito o feitiço não me parece tão seguro assim. – Lily disse franzindo a testa – Pettigrew nem precisa ter ido até Voldemort…
– Pelo visto não. – Tiago disse quando viu que Lily era incapaz de terminar o que estava falando – E eu diria que o fiel do segredo dessa Ordem só pode ser Dumbledore… É a ele que todos obedecem e Harry disse que a caligrafia lhe pareceu familiar.
– Faz todo o sentido. – Sirius bufou – É claro que eu não poderia ser o fiel do segredo, não é? Afinal, eu sou um traidor que sai por ai gritando endereços de casas protegidas… Pelo menos foi por isso que passei doze anos em Azkaban! – completou irônico.
– Ele está bastante irritado, não é? – Lily murmurou para que apenas Tiago e Harry escutassem.
– Sirius não lida muito bem com a família dele, ou com a casa deles… – Tiago deu de ombros – E isso é completamente compreensível. – completou categórico.

— Vamos, Harry — rosnou Moody, empurrando-o pelas costas.
O garoto subiu os degraus de pedra gastos, olhando fixamente para a porta que acabara de aparecer. A tinta preta estava desbotada e cheia de arranhões.
A maçaneta de prata tinha a forma de uma serpente enroscada. Não havia buraco de fechadura nem caixa de correio.

– A casa dos seus pais tem uma maçaneta de prata em forma de serpente? – Lily perguntou abismada.

– Sonserinos. – Sirius respondeu soturno – Sonserinos muito orgulhosos de serem sonserinos… Desde o inicio dos tempos, todos os Black foram da Sonserina, com uma notória exceção. – completou levantando os braços displicentemente.
– Você tinha dito que eles levavam a casa de Hogwarts deles a sério… – Alice disse espantada – Mas não pensei que fosse a esse extremo.
– Tudo na casa dos meus pais é levado a algum extremo. – Sirius respondeu categórico – Acredite em mim… Você não gostaria de saber.

Lupin puxou a varinha e deu uma batida na porta. Harry ouviu uma sucessão de ruídos metálicos que lembravam correntes retinindo. A porta abriu rangendo.
— Entre depressa, Harry — cochichou Lupin — mas não se afaste nem toque em nada.

– Esse é sempre um ótimo conselho em se tratando da casa dos meus pais, não toque em nada! – Sirius disse com uma risada irônica.


O garoto cruzou a soleira da porta e mergulhou na escuridão quase absoluta do hall. Sentiu o cheiro adocicado de decomposição, poeira e umidade; o local dava a impressão de ser um prédio condenado. Ele espiou por cima do ombro e viu os outros se enfileirarem às suas costas, Lupin e Tonks trazendo o malão e a gaiola de Edwiges.

– Então não tinha ninguém vivendo na casa há algum tempo antes dela se tornar sede dessa ordem… – Sirius disse pensativo – Minha mãe pode ter muitos defeitos, mas ela nunca permitiria que os elfos deixassem a casa nesse estado!

– Quantos elfos domésticos sua família tem? – Lily perguntou franzindo a testa.
– Quando eu ainda morava lá eram uns três, acho. – Sirius deu de ombros displicente – Um para a cozinha, um para a limpeza e o elfo doméstico pessoal da minha mãe.
– Ninguém precisa de tantos elfos domésticos! – Lily exclamou chocada.
– Os Malfoy tinham uns dez quando Narcisa ficou noiva de Lucius. – Sirius respondeu com simplicidade – A quantidade de elfos domésticos na casa é um sinal de riqueza, o velho Abraxas fez questão de ressaltar como sua casa é bem servida quando foi negociar o noivado de Narcisa… E é claro que meu tio Cygnus fez questão de falar isso para o meu pai…
– Isso é um absurdo! – Hermione murmurou irritada.

Moody estava parado no último degrau, devolvendo as bolas de luz que o desiluminador roubara dos lampiões; elas voaram de volta às lâmpadas e a praça brilhou momentaneamente com uma claridade laranja, antes de Moody entrar coxeando na casa e fechar a porta da frente, de modo que a escuridão no hall se tornou completa.
— Agora...
Ele bateu a varinha com força na cabeça de Harry; o garoto desta vez teve a sensação de que uma coisa quente escorria por sua coluna e percebeu que o Feitiço da Desilusão se desmanchara.
— Agora fiquem quietos, todos, enquanto providencio um pouco de luz aqui — sussurrou Moody.
Os murmúrios dos outros estavam dando a Harry uma estranha sensação de agouro; era como se tivessem acabado de entrar na casa de um moribundo.

– O moribundo no caso sou eu. – Sirius murmurou consigo mesmo e depois completou em voz alta – Se não me engano vocês estão no meio de vários retratos dos meus familiares… Deve ser por isso que estão fazendo silêncio, para não chamar a atenção deles.

– E qual seria o problema de chamar a atenção deles? – Alice perguntou confusa.
– Não acho que meus antepassados ficariam muito felizes em verem meio-sangues, lobisomens e traidores do sangue no meio do hall de entrada. – Sirius deu de ombros com um meio sorriso sarcástico – Eu adoraria ver a reação da minha querida mãezinha ao ter a sua casa cheia de pessoas impuras. – completou com uma risada soturna.
– Eu não iria querer ver a reação da sua mãe. – Tiago disse franzindo o nariz com desgosto – Sua mãe costumava me dar arrepios quando eu era mais novo.
– Nas poucas vezes em que a vi tive a mesma reação. – Remo concordou enfático, fazendo Sirius dar uma gargalhada semelhante a um latido.

Ele ouviu um assobio suave e em seguida candeeiros antiquados, a gás, ganharam vida ao longo das paredes, lançando uma luz tênue e bruxuleante sobre o papel descascado e o tapete puído de um corredor longo e sombrio, em cujo teto refulgia um lustre coberto de teias de aranha e, nas paredes, quadros tortos e escurecidos pelo tempo. Harry ouviu uma coisa correr pelo rodapé. O lustre e os castiçais sobre uma mesa desengonçada ali perto tinham a forma de serpentes.

– Eu sei que é a casa dos meus pais, mas não se parece em nada com o lugar luxuoso que costumava ser… – Sirius murmurou desconfortável.

– A casa deve ter ficado vazia muito tempo… – Frank disse cuidadoso.
– Então minha família deve ter morrido há muito tempo. – Sirius respondeu com a testa franzida – Minha mãe disse várias vezes que só sairia da casa em um caixão… E meus tios devem ter morrido também, meu tio Cygnus está tentando tomar a casa para ele há anos…
– Mas você disse que você foi deserdado, não é? – Alice perguntou confusa – Então como a casa pode ser sua?
– Meu pai, meu tio Cygnus, eu e Régulo somos os últimos homens Black vivos. – Sirius explicou – Se os três estiverem mortos a casa passa automaticamente para o único homem Black vivo, que nesse caso, sou eu. Mulheres não são consideradas para a sucessão então Bellatrix, Andrômeda e Narcissa não podem herdar a casa, mas se eu morrer sem ter um filho homem a casa pode ser deixada em herança para alguém, se eu não deixar ela para ninguém ela vai para o homem descendente da família Black mais velho, que acho que é Draco Malfoy… Ou meu pai me restituiu antes de morrer, se ele morreu enquanto eu estava em Azkaban e se ele acreditou que eu realmente trabalhava para Voldemort, isso é uma possibilidade.
– Ou seu pai morreu antes do Régulo e ele te restituiu. – Tiago disse com cuidado – Sua mãe não poderia fazer nada…
– Por que Régulo me restituiria? – Sirius respondeu descrente – Ele nunca concordou comigo e sempre obedeceu minha mãe cegamente.
– Talvez ele tenha mudado. – Lily disse com um meio sorriso carinhoso.
– Talvez ele tenha escutado tudo o que você disse para ele ao longo dos anos. – Tiago disse um pouco mais confiante.

Ouviram-se passos apressados e a mãe de Rony, a Sra. Weasley, surgiu por uma porta ao fundo do corredor.

– Isso significa que Rony, Hermione e Sirius estão no mesmo lugar. – Remo disse encarando Rony e Hermione com atenção – A não ser que a Ordem esteja usando a casa e mesmo assim Sirius continue em cavernas comendo ratos.

– Eu acho que eu preferiria continuar em cavernas comendo ratos. – Sirius murmurou entredentes – Eu duvido que eles deixem eu fazer muitas coisas… Afinal, sou um fugitivo procurado. Perigoso… – Sirius disse com uma risada de desagrado.
– Perigosíssimo. – Gina disse revirando os olhos.
– Então Edwiges foi simplesmente para a casa dos Black e ficou esperando respostas por todo esse tempo. – Frank disse pensativo.
– Esperando respostas e tentando nos dar hemorragias. – Rony murmurou para que apenas Hermione ouvisse.

Exibia um grande sorriso de boas-vindas ao vir ao encontro deles, embora Harry reparasse que estava mais magra e pálida do que da última vez que a vira.
— Ah, Harry, que bom ver você! — sussurrou ela, puxando-o para um abraço de partir costelas antes de afastá-lo e examiná-lo com um olhar crítico. — Você está parecendo meio doente; está precisando de boa alimentação, mas acho que terá de esperar um pouco pelo jantar.
Ela se voltou para o bando de bruxos atrás de Harry e cochichou pressurosa:
— Ele acabou de chegar, a reunião começou.

– Quem é ele? – Alice perguntou confusa – Que reunião?

– Eu apostaria em Dumbledore e reunião dessa tal Ordem. – Tiago deu de ombros – Eu acho que ele é o fiel do segredo, todo mundo sabe que Dumbledore tem a fidelidade de uma fênix… Eu diria que ele é o líder dessa ordem…
– É o mais provável. – Remo concordou pensativo – Acho que ele é o único que poderia reunir todas essas pessoas.

Os bruxos demonstraram interesse e excitação e foram passando por Harry em direção à porta pela qual a Sra. Weasley acabara de sair. O garoto fez menção de acompanhar Lupin, mas ela o deteve.
— Não, Harry, a reunião é só para membros da Ordem. Rony e Hermione estão lá em cima, você pode esperar com eles até a reunião terminar, depois jantaremos. E fale baixo no corredor — acrescentou ela apressada.
— Por quê?
— Não quero despertar ninguém.
— Que é que a senhora...
— Eu explico depois, agora tenho de correr. Preciso participar da reunião... só vou lhe mostrar onde vai dormir.

– Ela não quer despertar ninguém? – Alice perguntou franzindo a testa confusa.

– Eu apostaria nos quadros dos meus queridos antepassados. – Sirius disse rindo pelo nariz – Eu já disse, eles não devem estar gostando nada dos meus hóspedes…

Levando o dedo aos lábios, ela o conduziu pé ante pé ao longo da parede coberta por altas cortinas comidas por traças, atrás das quais Harry supôs que houvesse outra porta, e, depois de contornar um enorme porta-guarda-chuvas que parecia ter sido feito com perna de trasgo, eles começaram a subir uma escada escura em que havia cabeças encolhidas e montadas sobre placas na parede lateral. Um exame mais atento revelou ao garoto que as cabeças pertenciam a elfos domésticos. Todos tinham o mesmo narigão.
O espanto de Harry crescia a cada passo. Que é que eles estavam fazendo em uma casa que parecia pertencer ao mais tenebroso bruxo das trevas?

– Lar, doce lar. – Sirius murmurou com desgosto.

– Eu realmente não tinha ideia de quão macabra a casa dos seus pais era. – Lily disse apreensiva.
– A minha família gosta das Artes das Trevas. – Sirius deu de ombros – E vários dos meus parentes tem gostos bem questionáveis… E todo mundo usa feitiços adesivos permanentes indiscriminadamente… Meu quarto mesmo é coberto por feitiços adesivos permanentes…

— Sra. Weasley, por que...?
— Rony e Hermione lhe explicarão tudo, querido, eu realmente tenho de correr — explicou a Sra. Weasley distraída. — Chegamos... — tinham alcançado o segundo patamar — a sua é a porta da direita. Chamo você quando terminar.
E tornou a descer as escadas, apressada.
Harry atravessou o patamar encardido, girou a maçaneta em forma de cabeça de serpente e abriu a porta.
Deu uma breve olhada no quarto sombrio de teto alto em que havia duas camas;

– É o quarto de hóspedes onde fica o quadro do Fineus Nigellus. – Sirius disse pensativo – Dumbledore realmente está disposto a te vigiar sem você saber… Fineus pode viajar entre seu quadro de Hogwarts e seu quadro de casa e manter Dumbledore informado sobre você… Eu apostaria que ele te colocou nesse quarto deliberadamente.

– Ou seja, Dumbledore está vigiando você sem ter que falar com você… – Tiago disse com uma risada sarcástica.
– Só não consigo entender porque Dumbledore não fala diretamente com Harry. – Lily perguntou, apertando a mão de Harry, confusa.
– Ele deve ter mais o que fazer. – Tiago bufou – Que importância teria manter o principal alvo de Voldemort informado, não é? – completou irônico.

Então ouviu um alvoroço seguido de um grito mais alto, e sua visão foi completamente obscurecida por uma grande quantidade de cabelos muito espessos. Hermione se atirara sobre ele em um grande abraço que quase o derrubou no chão, ao mesmo tempo que a minúscula coruja de Rony, Pichitinho, voava excitada, descrevendo círculos contínuos por suas cabeças.

– Eu senti sua falta. – Hermione explicou corando.

– Obviamente eu também senti falta de vocês. – Harry disse com uma meia risada.
– Era um pouco estranho ficar com os Weasley sem você. – Hermione deu de ombros.

— HARRY! Rony, ele está aqui, Harry está aqui! Não ouvimos você chegar! Ah, como é que você vai? Está bom? Ficou furioso com a gente? Aposto que ficou, eu sei, as nossas cartas não serviam para nada, mas a gente não podia contar nada. Dumbledore nos fez jurar que não contaríamos, ah, temos tanta coisa para lhe contar e você tem coisas para nos contar: os dementadores! Quando soubemos – e aquela audiência no Ministério – é um absurdo, procurei tudo nos livros, eles não podem expulsar você, simplesmente não podem, tem uma cláusula no Decreto de Restrição à Prática de Magia por Menores prevendo situações em que há risco de vida…

– Sabia que Dumbledore tinha obrigado vocês a não escrever nada relevante! – Tiago disse vitorioso – Eu entendo medo de ter as cartas interceptadas, mas o modo como Harry acabou sozinho e sem informações foi simplesmente cruel!

– Não podíamos realmente falar nada… – Rony explicou – Ele nos fez fazer uma promessa de varinha…
– Como a que nós fizemos quando entramos aqui. – Remo disse com um suspiro – Faz sentido…
– Se dependesse de nós, Harry estaria com a gente o verão inteiro! – Hermione disse categórica.
– Eu disse para vocês que é para isso que Hermione serve! – Gina disse encarando o livro com um sorriso – Mione já pesquisou tudo o que é possível e já sabe que o ministério não pode expulsar Harry…
– Estaríamos perdidos sem você. – Rony disse apertando o ombro de Hermione com carinho.

— Deixa ele respirar, Mione — disse Rony, fechando a porta às costas do amigo.
Ele parecia ter crescido vários centímetros durante o mês de separação, tornara-se mais alto e mais desengonçado do que nunca, embora o nariz comprido, os cabelos ruivos e as sardas continuassem iguais.
Ainda sorridente, Hermione soltou Harry, mas, antes que pudesse falar, ouviu-se um farfalhar suave e alguma coisa branca saiu voando do alto do armário escuro e pousou gentilmente no ombro de Harry.
— Edwiges!
A coruja muito branca abriu e fechou o bico e mordiscou com carinho a orelha de Harry, enquanto ele acariciava suas penas.

– Nessa hora eu sinceramente achei que você tinha sentido mais falta dela do que de nós. – Hermione disse com um meio sorriso triste.

– Eu estava com raiva de vocês por me deixarem no escuro por um mês. – Harry deu de ombros – Edwiges nunca me abandonou. – completou com um sorriso saudoso.

— Ela esteve muito nervosa — contou Rony. — Quase matou a gente de tanta bicada quando trouxe suas últimas cartas. Vê só...
E mostrou a Harry o dedo indicador direito com um corte quase cicatrizado, mas visivelmente profundo.

– Eu tenho uma cicatriz desse corte até hoje! – Rony disse mostrando o dedo para todos os presentes que caíram na gargalhada.

– Talvez você devesse ter respondido! – Harry disse sem parar de rir – Mas desculpa de qualquer jeito…
– Você tinha seus motivos. – Rony deu de ombros e indicou que Gina voltasse a ler.

— Ahhhhh. Desculpe pelo corte, mas eu queria respostas, entende...
— E nós queríamos dar, cara — respondeu Rony. — Hermione estava uma fera, não parava de dizer que você ia fazer uma burrice se ficasse sozinho, sem saída e sem notícias, mas Dumbledore nos fez...
—... jurar que não contariam — completou Harry. — É, a Mione já me disse isso.
A pequena chama que se acendera em seu peito ao ver os dois maiores amigos se apagou, e uma coisa gelada inundou a boca do seu estômago. De repente – depois de ansiar o mês inteiro para ver os dois – ele sentiu que preferia que Rony e Hermione o deixassem sozinho.

– Nós devíamos ter feito um escândalo. – Hermione suspirou pesarosa – Devíamos ter obrigado Dumbledore a nos ouvir…

– Ou devíamos ter fugido para resgatar o Harry, como planejamos. – Rony bufou.
– Vocês planejaram fugir para me resgatar? – Harry perguntou com um meio sorriso, surpreso.
– Não daria certo. – Hermione deu de ombros – A casa ficava trancada por vários feitiços que nós não conhecíamos… E não poderíamos usar nossas varinhas para te resgatar ou colocaríamos você em apuros, o ministério colocaria a culpa em você… Mas fizemos alguns planos.
– A maioria deles começava com: “Se não resgatarem Harry em dois dias nós vamos sair pela janela com as vassouras dos gêmeos”. – Rony disse com uma risada – Nós também estávamos muito irritados por não podermos te falar nada.
– Vocês são bons amigos. – Tiago disse sorrindo para Rony e Hermione com carinho – Não há nada que vocês pudessem fazer…
– E eu diria que eu também não podia fugir para resgatar Harry porque sou um prisioneiro fugitivo e se eu fizesse magia perto de Harry eles também poderiam colocar a culpa nele. – Sirius deu de ombros ressentido.

Houve um silêncio tenso em que Harry acariciou Edwiges mecanicamente, sem olhar para os amigos.
— Pelo visto ele pensou que era melhor — disse Hermione ofegante. — Dumbledore, quero dizer.

– Claro, – Tiago disse com uma risada sarcástica – deixar Harry sozinho, sem poder usar magia para se defender e sem informações é o melhor… Obviamente só uma pessoa que não conhece Harry poderia pensar isso!

– É claro que Harry não estaria mais seguro com vários bruxos adultos que poderiam protegê-lo e mantê-lo informado! – Sirius concordou com ironia – Ótima ideia mesmo, vamos deixar Harry sozinho, sem poder usar a varinha!
– Eu disse que Dumbledore pensou que era o melhor. – Hermione disse cuidadosa – É claro que essa não é a minha opinião!
– Que bom! – Tiago disse categórico – Porque se você pensasse que Harry estaria melhor com os Dursley teríamos que começar a duvidar da sua inteligência!

— Certo — respondeu Harry.
Reparou que as mãos da amiga, também, tinham marcas do bico de Edwiges, e descobriu que não sentia a menor pena.

Harry e Hermione trocaram um olhar e uma risada.

– Talvez agora eu sinta um pouco de pena. – Harry disse com um sorriso carinhoso.
– Não devia. – Hermione respondeu categórica – Eu nunca deveria ter deixado Dumbledore me convencer a prometer que não te contaria nada. E nunca deveríamos ter te deixado sozinho…
– Vocês não podiam fazer nada. – Harry deu de ombros – Eu sei que não… E eu sei que vocês fariam qualquer…
– Harry! – Hermione disse em tom de aviso – Melhor não falar demais. – completou fazendo sinal para Gina voltar a ler.

— Acho que ele pensou que você estava mais seguro com os trouxas — começou Rony.
— Ah, é? — retrucou Harry, erguendo as sobrancelhas. — Algum de vocês foi atacado por dementadores este verão?
— Bem, não... mas foi por isso que ele mandou gente da Ordem da Fênix seguir você o tempo todo...
Harry sentiu um enorme choque como se tivesse pulado um degrau, sem querer, na descida de uma escada. Então todo o mundo sabia que ele estava sendo seguido, menos ele.

– Imagino como você ficou irritado. – Tiago disse trocando um olhar cúmplice com Harry – Além de ficar sozinho, sem informações, por um mês inteiro, você ainda estava sendo seguido!

– Acho que o que me irritou mais foi Rony e Hermione saberem que eu estava sendo seguido, e não terem falado absolutamente nada! – Harry disse enfático – Eles certamente poderiam falar alguma coisa sobre isso sem revelar muito nas cartas! Se alguém estivesse interceptando as cartas a pessoa apenas descobriria que eu não estava sozinho!
– Poderia até ser mais seguro. – Remo disse pensativo – A pessoa saberia que te atacar não era uma boa ideia…
– Mas acho que a ideia geral era te manter isolado e sem informações. – Lily bufou irritada – É isso que eu acho pior, você esteve cercado por bruxos durante o mês inteiro e eles nem ao menos falaram com você!
– Dumbledore deve ter instruído eles a não falarem. – Sirius disse ressentido – É óbvio que Dumbledore queria deixar você completamente no escuro… Só não entendo o por quê!
– Mesmo que ele tenha um motivo, – Tiago disse pensativo – é ridículo deixá-lo sem informações e sozinho… Ele te trata como se você tivesse cinco anos!

— Não deu muito certo, não foi? — disse Harry, fazendo o possível para manter a voz neutra. — No final, tive de me virar sozinho, não foi?
— Ele estava muito zangado — justificou Hermione, num tom de assombro. — Dumbledore. Nós o vimos. Quando descobriu que Mundungo tinha saído antes de terminar o turno de serviço. Dava até medo.
— Muito bem, fico satisfeito que ele tenha saído — respondeu Harry com frieza. — Se não tivesse, eu não precisaria usar a magia e Dumbledore provavelmente teria me largado na Rua dos Alfeneiros o verão todo.

– Aposto que deixaria mesmo. – Tiago bufou – É óbvio que ele não estava fazendo esforço algum para te resgatar antes disso!

– Ainda assim, – Remo disse balançando as pernas ansioso – não faz sentido Dumbledore querer deixar Harry sozinho na casa dos Dursley o verão inteiro! Qual o motivo dele?
– Não temos como saber agora. – Sirius deu de ombros – Não da para adivinhar o que passa na cabeça dele… Não podemos esquecer que apesar de tudo ele é extremamente inteligente…
– Tão inteligente que esquece que os outros tem sentimentos. – Lily suspirou pesarosa.

— Você não está... não está preocupado com a audiência do Ministério da Magia? — perguntou Hermione baixinho.
— Não — mentiu Harry em tom de desafio.

– É um alívio saber que você, na verdade, estava preocupado… – Hermione disse com um meio sorriso – Eu tinha passado os últimos quatro dias lendo todas as leis sobre magia praticada por menores e o estatuto do sigilo…

– Pelo menos são leis que são relevantes para a vida de vocês… – Sirius disse com um meio sorriso – Eu sei um bocado sobre leis de comercialização e importação de objetos mágicos raros e eu não tenho interesse nenhum na área…
– E por que você sabe tanto sobre isso? – Neville perguntou curioso.
– Negócios de família. – Sirius disse acenando para Gina voltar a ler displicentemente – Acredite, vocês não querem saber.

E afastou-se deles olhando para os lados, com Edwiges aninhada satisfeita em seu ombro, mas este quarto não ia melhorar seu humor. Era escuro e úmido. Uma tira lisa de lona em uma moldura enfeitada era a única coisa que interrompia a nudez das paredes descascadas, e, ao passar pelo objeto, Harry pensou ter ouvido alguém, que estava escondido, dar uma risadinha.

– Nosso querido tataravô Fineus Nigellus! – Sirius disse com uma risada – Parece que ele já está vigiando você…


— Então por que é que Dumbledore estava tão ansioso para me deixar no escuro? — perguntou Harry, ainda tentando parecer displicente. — Vocês... se deram o trabalho de perguntar?
Ele ergueu os olhos em tempo de ver a expressão do olhar que os dois trocaram e que o fez perceber que estava reagindo exatamente do jeito que os amigos temiam. O que não melhorou em nada o seu mau humor.

– É claro que nós sabíamos que você não reagiria bem… – Rony disse balançando a cabeça negativamente – Mas não é como se eles escutassem o que tínhamos a dizer, não é?

– Fred, Jorge e eu tínhamos apostado quanto tempo levaria para você fugir da casa dos seus tios sozinho. – Gina disse com uma risadinha carinhosa – Obviamente ninguém ganhou essa aposta. Fred tinha apostado que você não duraria duas semanas…
Harry sorriu para ela antes de indicar que ela devia continuar lendo.

— Dissemos a Dumbledore que queríamos informar você do que estava acontecendo — disse Rony. — Dissemos, cara. Mas ele anda realmente ocupado, só o vimos duas vezes desde que viemos para cá e sempre com pressa, só nos fez jurar que não contaríamos nada que tivesse importância quando lhe escrevêssemos, disse que as corujas poderiam ser interceptadas.
— Ainda assim, ele poderia me manter informado, se quisesse — disse Harry, impaciente. — Vocês não vão me dizer que ele não conhece outros meios de mandar mensagens sem corujas.
Hermione olhou para Rony e disse:
— Pensei nisso também. Mas ele não queria que você soubesse de nada.

– Eu não consigo entender isso! – Remo disse frustrado – Porque manter Harry no escuro, ainda mais depois de tudo o que aconteceu poucas semanas antes disso!

– Talvez a ligação vá para os dois lados. – Severo murmurou consigo mesmo.
– O que você disse? – Remo perguntou virando-se para Severo de repente – Eu ouvi você dizendo alguma coisa…
– Talvez a ligação vá para os dois lados. – Severo respondeu mais alto fazendo Tiago, Sirius e Remo o encararem boquiabertos.
– É claro! – Tiago disse dando um tapa na própria testa – Dumbledore deve acreditar que Voldemort pode ver as coisas através de Harry assim como Harry conseguiu ver ele punindo Pedro e matando Franco Bryce!
– Faz todo sentido. – Remo concordou lentamente – É por isso que ele não queria que Harry soubesse onde a Ordem se reúne… E quais são os planos deles para acabar com Voldemort…
– Mesmo assim. – Lily disse virando-se de Tiago para Severo – Mesmo que a ligação seja de mão dupla, Dumbledore devia ter dito isso a Harry! Harry tinha o direito de saber!
– Dumbledore devia ensinar oclumência para Harry imediatamente! – Remo disse balançando as pernas nervoso – Se é isso mesmo que ele pensa, que a ligação pode mostrar a vida de Harry a Voldemort… Ele devia tentar prevenir que Voldemort invada a mente de Harry, em vez de deixar Harry sozinho para lidar com tudo isso!
– Pelo menos agora os motivos de Dumbledore para deixar Harry sozinho com os Dursley o verão inteiro fazem sentido. – Tiago bufou – Ele tem medo que Voldemort veja o que eles estão fazendo…
– Mas isso cria mais perguntas do que respostas. – Sirius disse balançando a cabeça pensativo – Que tipo de ligação aquele feitiço da morte criou entre Harry e Voldemort que permite que eles entrem na mente um do outro a distância?
– Não tenho ideia… – Tiago disse virando-se para Severo – Consegue pensar em alguma coisa?
Severo apenas negou com a cabeça enquanto pensava em todas as ligações mentais de que já tinha ouvido falar, nenhuma se encaixava no que eles conheciam sobre a ligação que o feitiço da morte criou.
– Melhor eu continuar lendo então. – Gina disse observando a todos expectante e recebendo um aceno de cabeça de Harry.

— Vai ver ele acha que não mereço confiança — disse Harry, observando o rosto dos amigos.

– Mesmo que nós estejamos certos, Dumbledore está demonstrando uma grande falta de confiança em Harry. – Sirius disse com um suspiro – Quero dizer, ele poderia apenas dizer: “Acho melhor que você não saiba de coisas importantes porque Voldemort poderia espiar sua mente e criar todo o tipo de problemas!”. Mas ele prefere esconder as coisas…

– Talvez ele ache que Harry não tem maturidade o bastante para saber que Voldemort pode invadir a mente dele. – Alice deu de ombros – Ele pode estar tentando preservar Harry…
– Tarde demais para isso, não é? – Tiago disse revirando os olhos – Depois de ver Voldemort voltar e enfrentá-lo no meio do cemitério, Harry tem todo o direito de saber! É a mente de Harry que pode ser invadida, não a de Dumbledore, ele não tem o direito de tomar essa decisão!
– Mas se Harry soubesse que sua mente pode ser invadida por Voldemort, Harry fugiria. – Lily disse categórica, segurando a mão de Harry com força.
– Fugiria? – Sirius perguntou confuso.
– Harry nunca colocaria você, Rony, Hermione e os Weasley em risco. – Lily disse trocando com Harry um sorriso triste – Do pouco que sabemos sobre você e sobre sua personalidade… Tenho certeza de que você sempre coloca o bem estar dos outros na frente do seu…
– Então talvez Dumbledore também soubesse disso? – Remo perguntou esperançoso – Talvez ele não tenha contado para Harry por saber que ele fugiria?
– Talvez. – Tiago deu de ombros encarando Harry com atenção – Ou talvez ele apenas quisesse proteger os próprios segredos… Não temos como saber por hora, não é?
– Essa história toda fica mais complexa a cada página que lemos. – Lily suspirou passando a mão pelos cabelos de Harry com carinho – Vocês tem razão… Temos que descobrir tudo antes de tomar qualquer decisão…
Hermione confirmou com a cabeça enquanto indicava que Gina devia continuar a leitura.

— Não seja burro — disse Rony, parecendo muito desapontado.
— Ou que não sei cuidar de mim mesmo.
— Claro que não pensa isso! — disse Hermione, ansiosa.
— Então como é que eu tenho de ficar na casa dos Dursley, enquanto vocês dois vêm participar de tudo que está acontecendo aqui? — perguntou Harry, as palavras cascateando num atropelo, a voz se elevando a cada palavra. — Como é que permitem a vocês dois saberem de tudo que está acontecendo?
— Não sabemos! — interrompeu-o Rony. — Mamãe não deixa a gente se aproximar das reuniões, diz que somos muito crianças...
Mas antes que percebesse, Harry estava gritando.
— ENTÃO VOCÊS NÃO TÊM PARTICIPADO DAS REUNIÕES, GRANDE COISA! ESTIVERAM AQUI O TEMPO TODO, NÃO FOI? ESTIVERAM JUNTOS O TEMPO TODO! AGORA, EU, FIQUEI ENCALHADO NA RUA DOS ALFENEIROS O MÊS INTEIRO! E JÁ RESOLVI MUITO MAIS DO QUE VOCÊS JAMAIS CONSEGUIRAM E DUMBLEDORE SABE DISSO – QUEM SALVOU A PEDRA FILOSOFAL? QUEM SE LIVROU DO RIDDLE? QUEM SALVOU A PELE DE VOCÊS DOS DEMENTADORES?
Cada pensamento amargurado e cheio de rancor que Harry tivera no último mês foi saindo de dentro dele: sua frustração com a falta de notícias, a mágoa de que todos tinham estado juntos sem ele, sua fúria por estar sendo seguido e ninguém lhe informar – todos os sentimentos de que sentia uma certa vergonha extravasaram. Edwiges assustou-se com a gritaria e tornou a voar para cima do armário; Pichitinho, alarmado, soltou vários pios e voou ainda mais depressa ao redor das cabeças dos garotos.
— QUEM FOI QUE TEVE DE PASSAR POR DRAGÕES E ESFINGES E OUTRAS COISAS REPUGNANTES NO ANO PASSADO? QUEM VIU ELE VOLTAR? QUEM TEVE DE ESCAPAR DELE? EU!

– Você realmente não devia jogar as coisas na cara deles desse jeito. – Lily disse condescendente.

– Eu sei que não teria conseguido fazer nada daquilo sem vocês. – Harry disse encarando Rony e Hermione com carinho – Eu não teria passado do primeiro ano sem vocês… Mas eu estava com raiva…
– E você tinha todo o direito de estar com raiva. – Hermione disse com um sorriso triste – Eu também estaria com raiva se estivesse no seu lugar…
– Mas mais uma vez você estava descontando sua raiva nas pessoas erradas. – Tiago disse apertando o braço de Harry por trás das costas de Lily – Se eu estivesse no seu lugar já teria invadido a reunião da tal ordem e exigido que Dumbledore me tratasse como adulto.
– Você devia ter feito isso. – Rony disse sorrindo para Harry – Teria nos poupado um bocado de tempo…
– Ronald! – Hermione exclamou em tom de recriminação – Gina, continue lendo antes que seu irmão fale demais!

Rony ficou parado ali, com o queixo meio caído, visivelmente chocado, e sem saber o que responder, enquanto Hermione parecia à beira das lágrimas.
— MAS POR QUE EU DEVERIA SABER O QUE ESTÁ ACONTECENDO? POR QUE ALGUÉM SE DARIA O TRABALHO DE ME DIZER O QUE ANDOU ACONTECENDO?
— Harry, nós queríamos lhe dizer, nós realmente queríamos... — começou Hermione.
— NÃO PODEM TER QUERIDO TANTO ASSIM, PODEM, OU TERIAM ME MANDADO UMA CORUJA, MAS DUMBLEDORE FEZ VOCÊS JURAREM...
— Fez mesmo...
— DURANTE QUATRO SEMANAS EU FIQUEI ENTALADO NA RUA DOS ALFENEIROS, PESCANDO JORNAIS NAS LIXEIRAS PARA TENTAR DESCOBRIR O QUE ESTAVA ACONTECENDO...
— Nós queríamos...

– Nós sabíamos que isso aconteceria. – Hermione suspirou.

– Nessa hora tudo o que eu queria era que eu pudesse voltar no tempo e me recusar a prometer qualquer coisa a Dumbledore… – Rony afirmou categórico – Ou ter seguido com nosso plano de escapar nas vassouras dos meus irmãos pela janela…
– Nós sabemos que vocês não queriam deixar Harry no escuro. – Remo afirmou com um meio sorriso bondoso – Vocês realmente não tem culpa… Se vocês não tivessem prometido a Dumbledore ele provavelmente arrumaria outro jeito de impedir vocês de falarem com Harry.
– Ainda mais com a ajuda de mamãe. – Gina concordou balançando a cabeça enfaticamente – Ela fazia tudo o que Dumbledore queria sem pestanejar…
– Ela acreditava que ele queria o bem de todos. – Tiago deu de ombros – E nós sabemos que ela estava certa, não é? Dumbledore realmente quer o bem de todos, mas enquanto ele estava pensando no quadro geral ninguém estava pensando em Harry como individuo.
– Nós estávamos. – Hermione afirmou – Mas não podíamos fazer nada…
– Sei que sim. – Harry disse sorrindo para os amigos – Não se preocupem, eu sei que sim…
– Até porque voltar no tempo não é uma das coisas mais seguras do mundo e vocês três estão aqui apenas por causa de Harry, não é? – Tiago perguntou virando-se de Rony e Hermione para Gina com interesse – Eu entendo porque Neville e Harry estão aqui… Mas vocês estão aqui para cuidar de Harry… Isso significa que vocês são ótimos amigos.
Gina corou antes de retomar a leitura do capítulo.

— SUPONHO QUE VOCÊS TÊM SE DIVERTIDO PARA VALER, NÃO TÊM, ESCONDIDOS AQUI JUNTOS...
— Não, sinceramente...
— Harry, nós realmente sentimos muito! — disse Hermione desesperada, seus olhos agora cintilantes de lágrimas. — Você tem absoluta razão, Harry... se fosse comigo eu ficaria furiosa!
Harry amarrou a cara para os dois, ainda respirando fundo, depois tornou a dar as costas aos amigos e a andar para lá e para cá. Edwiges piou tristemente de cima do armário. Houve uma longa pausa, interrompida apenas pelo rangido fúnebre das tábuas do soalho sob os pés do garoto.
— Que lugar é esse afinal? — perguntou de repente a Rony e Hermione.

– A mui antiga e nobre casa dos Black. – Tiago respondeu automaticamente.

– Ou o lar ancestral da minha querida família… – Sirius completou com uma risada irônica.
– Por algum motivo eu acho que essa não é a resposta que Harry vai receber de Rony e Hermione. – Remo disse com uma risada condescendente.
– Talvez, mas alguém certamente devia contar ao Harry logo que ele está no meio da casa dos Black. – Sirius disse balançando a cabeça pensativo – Explicaria muita coisa… Como porque ninguém considerou que eu poderia ser inocente e me mandaram para Azkaban sem pensar duas vezes.
– Puro preconceito. – Tiago disse concordando com Sirius enfaticamente.

— A sede da Ordem da Fênix — respondeu Rony na hora.
— Alguém vai se dar o trabalho de me dizer o que essa Ordem...?
— É uma sociedade secreta — disse Hermione depressa. — Dumbledore é o responsável, fundou a Ordem. São as pessoas que lutaram contra Você-Sabe-Quem da última vez.

– Da última vez. – Lily repetiu olhando em volta pensativa – Isso significa atualmente, não é? Na nossa época…

– Suponho que sim. – Tiago disse encolhendo os ombros – Então talvez nós tenhamos feito parte dessa Ordem afinal…
– É provável que sim. – Sirius disse balançando as pernas ansioso – No fim do livro anterior Dumbledore nos mandou contatar toda a turma antiga… Ele devia estar se referindo à Ordem.
– Então deve ter sido assim que conhecemos todas aquelas pessoas que foram buscar Harry na casa dos Dursley. – Lily concordou interessada – Mas se nós fomos dessa Ordem, estávamos ajudando Dumbledore a derrotar Voldemort…
– Talvez ele tenha ido atrás de Harry por isso... – Remo disse nervoso – Para punir vocês por estarem lutando contra ele?
– Ainda assim não faz sentido. – Sirius interrompeu Remo bruscamente – Já estabelecemos que Voldemort queria matar Harry e… Matou…
– E que ele nos matou porque estávamos no caminho. – Tiago completou os pensamentos de Sirius – Não tem como saber se nosso envolvimento com a Ordem tem ou não alguma relação com isso. – suspirou cansado – Melhor apenas continuar lendo.

— Quem faz parte dela? — perguntou Harry, parando de repente com as mãos nos bolsos.
— Bastante gente...
— Já conhecemos umas vinte, — disse Rony — mas achamos que tem mais.
Harry olhou zangado para os amigos.
— Então? — indagou, olhando de um para outro.
— Hum — disse Rony. — Então o quê?
— Voldemort! — falou Harry furioso, e os dois contraíram as feições. — O que está acontecendo? O que ele está armando? Onde é que está? O que estamos fazendo para impedir?
— Já falamos, a Ordem não deixa a gente assistir às reuniões — respondeu Hermione, nervosa. — Por isso não sabemos os detalhes... mas temos uma ideia geral — acrescentou depressa, vendo a expressão no rosto de Harry.
— Fred e Jorge inventaram Orelhas Extensíveis, entende — contou Rony. — Realmente úteis.

– Orelhas extensíveis? – Tiago perguntou interessado.

– Deve ser algum tipo de escuta à distância. – Sirius disse balançando a cabeça empolgado – Se for algo parecido com o que estou pensando seria ótimo para ouvir conversas de outras pessoas sem ser descoberto… Seria útil até para os aurores…

— Extensíveis...?
— Orelhas, é. Só que tivemos de parar de usá-las nos últimos dias porque mamãe descobriu e ficou danada. Fred e Jorge tiveram de esconder o estoque para impedir mamãe de jogar tudo no lixo. Mas usamos bastante as orelhas antes de ela perceber o que estava rolando. Sabemos que tem gente da Ordem seguindo Comensais da Morte conhecidos, marcando eles, sabe...
— Outros estão trabalhando para recrutar mais gente para a Ordem... — acrescentou Hermione.
— E outros tantos estão montando guarda a alguém ou alguma coisa — disse Rony. — Estão sempre falando em serviço de guarda.

– Devem ser as pessoas que estiveram vigiando Harry na casa dos Dursley o mês inteiro. – Remo disse com um suspiro cansado.

– Ou eles poderiam estar vigiando alguma outra coisa também. – Frank deu de ombros.
– Talvez... – Sirius disse pensativo – Mas o mais provável é que estivessem vigiando Harry… Pelo menos sabemos que ele estava sendo vigiado.

— Não poderia ter sido a mim, poderia? — perguntou Harry sarcasticamente.
— Ah, é — exclamou Rony fazendo cara de quem começava a compreender.
Harry deu uma risadinha desdenhosa. E recomeçou a dar voltas no quarto, olhando para todo lado menos para Rony e Hermione.
— Então, que é que vocês dois têm feito se não podem assistir às reuniões? Vocês disseram que estiveram ocupados.
— Estivemos — respondeu Hermione depressa. — Estivemos descontaminando a casa, passou um tempão vazia e muita coisa estranha proliferando por aqui.

– Então o resto da minha família deve ter morrido há muito tempo. – Sirius suspirou pesadamente – Eu tinha esperanças de que Régulo tivesse mudado…

– Não tem como você ter certeza de que ele não mudou de ideia. – Tiago disse com um meio sorriso pesaroso – A não ser que Harry descubra exatamente o que aconteceu com ele, não temos como ter certeza de nada.
– Mas sabemos que o que quer que ele tenha resolvido fazer, ele está morto. – Sirius bufou – Meu irmão mais novo está morto, e o irmão que encontrei em Hogwarts está morto, e…
– Harry está vivo e precisa de você. – Lily afirmou com firmeza – Vamos descobrir tudo o que aconteceu, e talvez algum desses livros nos diga como trazer o seu irmão para o nosso lado!

— Conseguimos limpar a cozinha, a maioria dos quartos e acho que vamos cuidar da sala de visitas ama... ARRE!
Com dois fortes craques, Fred e Jorge, os irmãos mais velhos de Rony, se materializaram no meio do quarto. Pichitinho piou ainda mais baratinado do que nunca e disparou para se juntar a Edwiges em cima do armário.

– Acho que Fred e Jorge passaram no exame de aparatação. – Remo disse com um sorriso indulgente.

– Suponho que não podemos julgá-los. – Sirius disse com uma risada – Quando nós passamos no nosso teste não íamos a lugar algum andando…

— Parem com isso! — disse Hermione sem entusiasmo aos gêmeos, que eram tão intensamente ruivos quanto Rony, embora mais fortes e um pouco mais baixos.
— Olá, Harry — saudou-o Jorge, sorridente. — Pensamos ter ouvido sua voz suave.
— Não queremos que reprima sua raiva, Harry, bote tudo para fora — disse Fred, também sorrindo. — Vai ver tem alguém a cem quilômetros de distância que ainda não te ouviu.

– Se isso significa que a pessoa com quem Harry deveria estar irritado ouviu, vale a pena. – Tiago deu de ombros.

– Não acho que os vizinhos trouxas precisavam ouvir… – Alice disse com uma risada.
– Não ouviriam. – Sirius respondeu com um aceno displicente – A casa tem alguns feitiços anti-trouxas muito antigos… Levando em consideração como meus antepassados se sentiam em relação aos trouxas, sempre me surpreendeu que nenhum dos feitiços fosse nocivo…
– Talvez por causa do estatuto do sigilo? – Remo perguntou com uma meia risada.
– Provavelmente eles só não queriam ser perturbados pelo ministério… – Tiago completou indicando que Gina continuasse.

— Então vocês dois passaram nos testes de aparatação? — perguntou Harry, mal-humorado.
— Com louvor — respondeu Fred, que estava segurando alguma coisa que parecia um pedaço muito comprido de barbante cor de carne.
— Vocês teriam levado só uns trinta segundos para descer pelas escadas — disse Rony.
— Tempo é galeão, maninho — disse Fred. — Em todo o caso, Harry, você está interferindo com a recepção. Orelhas Extensíveis — acrescentou em resposta às sobrancelhas erguidas de Harry, e mostrou o barbante, deixando agora visível que o objeto se alongava em direção ao patamar. — Estamos tentando ouvir o que estão falando lá embaixo.
— Você vai precisar ter cuidado — disse Rony, olhando para a Orelha. — Se mamãe tornar a ver mais uma dessas...

– Muito interessante. – Tiago disse balançando a cabeça lentamente – Se eu fosse a mãe de vocês adoraria essa invenção… Essas orelhas poderiam até ajudar a Ordem…

– É claro! – Sirius concordou entusiasmado – Seria ótimo para ouvir conversas das pessoas que eles estão vigiando… Ou até ouvir o que se passa dentro do ministério, já que o ministério está contra Harry!
– Acho que sua mãe realmente não enxerga o potencial dos gêmeos. – Remo disse para Gina com um sorriso triste – É uma pena, eles poderiam ser grandes com mais apoio…
– Harry deu a eles o prêmio do Tribruxo. – Frank disse pensativo – Talvez isso seja o bastante para eles desenvolverem as invenções deles e começarem a comercializar.
– Harry só não pode esquecer que isso faz dele sócio investidor… – Sirius disse com uma risada canina – Como diria o meu pai, sua família não ganhou tudo o que tem esquecendo de colher o lucro dos seus investimentos.

— Vale o risco, é uma reunião importante — justificou Fred.
A porta se abriu e apareceu uma longa juba de cabelos ruivos.
— Ah, olá, Harry! — cumprimentou animada a irmã mais nova de Rony, Gina. — Pensei que tivesse ouvido sua voz.

– Pensou ter ouvido a voz dele? – Sirius perguntou com uma gargalhada.

– Foi uma leve impressão… Me parecia meio distante… – Gina respondeu com uma risadinha – Talvez os primeiros gritos tenham me deixado meio surda…

Virando-se para Fred e Jorge, informou:
— Pode esquecer as Orelhas, ela lançou um Feitiço da Imperturbabilidade na porta da cozinha.
— Como é que você sabe? — indagou Jorge, desapontado.
— Tonks me ensinou como descobrir. A gente atira uma coisa contra a porta e se a coisa não bate é porque a porta foi “imperturbada”. Atirei umas bombas de bosta do alto da escada e elas simplesmente voaram de volta, então não tem como as Orelhas Extensíveis entrarem por baixo.

– Minha prima é ótima! – Sirius disse rindo – Dando todas as dicas importantes!

– Ela é uma pessoa realmente divertida… – Remo disse com um meio sorriso – Não me parece nada esnobe…
– Ela é ótima. – Hermione disse observando Remo de soslaio – E divertida…
– E desastrada… – Gina riu antes de continuar lendo.

Fred soltou um suspiro profundo.
— Que pena. Eu realmente gostaria de descobrir o que é que o Snape está fazendo.

– Então você também é parte da Ordem… – Tiago disse observando Severo com atenção – Já imaginava… Dumbledore colocou você como espião, então ele deve confiar muito em você…

– Eu só gostaria de saber por quê… – Lily disse encarando Severo.
– Eu também. – Severo murmurou para si mesmo desviando os olhos de Lily e encarando Harry.

— Snape! — exclamou Harry imediatamente. — Ele está aqui?
— Tá — confirmou Jorge, fechando cuidadosamente a porta e se sentando em uma das camas; Fred e Gina o acompanharam. — Fazendo um relatório. Ultrassecreto.
— Babaca — disse Fred, só por dizer.
— Ele agora está do nosso lado — disse Hermione, desaprovando o amigo.
Rony riu.
— Mas vai continuar sendo babaca. O jeito com que olha para a gente quando nos encontra...

Gina, Neville e Rony acenaram afirmativamente com a cabeça.

– É bom saber que nem tudo muda. – Sirius disse olhando para Severo de soslaio – Estar do lado certo não faz de ninguém uma pessoa legal… – e completou apenas para Remo e Gina – Se é que ele realmente está do lado certo…

— Gui também não gosta dele — disse Gina, como se isso decidisse a questão.
Harry não tinha muita certeza se sua raiva havia diminuído; mas sua sede de informações começou a suplantar o impulso de continuar gritando. Largou-se na cama em frente aos outros.

– Essa é uma decisão inteligente. – Lily disse com um sorriso – Você realmente tem que aprender a escutar todas as informações antes de agir…

– E nós estamos aqui tentando aprender o mesmo. – Tiago disse encolhendo os ombros e trocando um olhar cúmplice com Harry.

— Gui está aqui? — perguntou. — Pensei que estivesse trabalhando no Egito.
— Ele se candidatou a uma função burocrática para poder voltar para casa e trabalhar na Ordem — disse Fred. — Diz que sente falta das tumbas — deu uma risadinha — mas tem suas compensações.
— Como assim?
— Você se lembra da Fleur Delacour? — perguntou Jorge. — Ela arranjou um emprego no Gringotes para aperrfeiçoarr o iinglês...
— E o Gui está dando muitas aulas particulares a ela — caçoou Fred.

– Então todo aquele flerte no Torneio Tribruxo está levando eles a algum lugar. – Alice disse com um sorriso satisfeito.

– E você não se importa? – Lily perguntou observando Rony com cuidado.
– Ele realmente não pode responder isso. – Hermione disse dando uma leve cotovelada nas costelas de Rony.
– Suponho que isso significa que esse relacionamento vai aparecer mais vezes… – Remo comentou com uma meia risada.

— Carlinhos também entrou na Ordem — disse Jorge — mas continua na Romênia. Dumbledore quer atrair o maior número possível de bruxos estrangeiros, por isso Carlinhos está tentando fazer contatos nos dias de folga.

– Isso faz sentido. – Remo disse interessado – As pessoas daqui são muito influenciadas pelo jornal e pelo ministério… Eles vão acreditar em qualquer coisa que o Profeta disser. E o Profeta provavelmente vai publicar qualquer coisa que Fudge mandar eles publicarem…

– Então nós vamos ter que recorrer aos estrangeiros para salvar o Reino Unido e futuramente o nosso mundo. – Frank bufou balançando a cabeça decepcionado.

— O Percy não podia fazer isso? — perguntou Harry.
Na última notícia que recebera, o terceiro irmão Weasley estava trabalhando no Departamento de Cooperação Internacional em Magia, no Ministério da Magia.
Ao ouvirem as palavras de Harry, os Weasley e Hermione trocaram olhares carregados de significado.
— Diga o que quiser, mas não mencione o Percy na frente da mamãe e do papai — disse Rony com a voz tensa.
— Por que não?
— Porque todas as vezes que ouvem o nome dele, papai quebra o que estiver segurando e mamãe começa a chorar — explicou Fred.
— Tem sido horrível — comentou Gina com tristeza.

– Percy acredita no ministério, é claro. – Remo disse com um suspiro cansado – Acho que nós devíamos ter previsto isso…

– Ainda assim, eu esperava que ele fosse capaz de ficar ao lado da própria família… – Lily disse com um meio sorriso triste.
– Percy sempre quis entrar para o ministério. – Rony deu de ombros – O objetivo de vida dele é chegar a ministro…
– Então ele não ficaria contra o ministério. – Gina disse concordando com Rony lentamente – Mas foi decepcionante descobrir o que era mais importante para ele na época…
– A reverência dele por autoridades me incomodou desde o inicio... – Tiago bufou trocando um olhar com Rony e Gina – E ele pareceu mesmo um bocado ambicioso…
Gina suspirou profundamente antes de continuar lendo.

— Acho que podemos passar sem ele — disse Jorge, com uma expressão de ameaça nada característica.
— Que aconteceu? — perguntou Harry.
— Percy e papai brigaram — contou Fred. — Nunca vi papai brigar com alguém daquele jeito. Em geral é mamãe que berra.
— Foi na primeira semana de férias quando terminou o trimestre — disse Rony. — Íamos entrar para a Ordem. Percy chegou e contou que tinha sido promovido.
— Você tá brincando — admirou-se Harry.
Embora soubesse muito bem que ele era extremamente ambicioso, Harry tinha a impressão de que Percy não fizera grande sucesso em seu primeiro emprego no Ministério da Magia. Cometera o grande deslize de não perceber que o chefe estava sendo controlado por Lord Voldemort (não que o Ministério tivesse acreditado – todos pensaram que o Sr. Crouch enlouquecera).
— Pois é, todos ficamos surpresos — continuou Jorge — Percy tinha se metido em grandes confusões por causa de Crouch, houve até um inquérito e tudo. A conclusão foi que Percy devia ter percebido que Crouch não estava batendo bem e informado ao seu superior. Mas você conhece Percy, Crouch o tinha deixado na chefia, e ele não ia reclamar.
— Então como foi que ganhou a promoção?
— É exatamente o que nos perguntamos — disse Rony, que parecia muito ansioso para sustentar uma conversa normal, agora que Harry parara de gritar. — Percy voltou para casa realmente satisfeito com ele mesmo – ainda mais satisfeito do que o normal, se é que dá para imaginar – e disse ao papai que tinham lhe oferecido um cargo no gabinete do próprio Fudge. Um cargo realmente bom para alguém que tinha terminado Hogwarts fazia só um ano: assistente júnior do ministro. Acho que esperava que papai ficasse impressionado.

– Acho que Fudge não é tão burro quanto parece. – Tiago disse estreitando os olhos – É claro que ele queria usar Percy para vigiar Harry e o resto dos Weasley…

– Ele viu como Molly se preocupou com Harry no final do Torneio, e viu como ela certamente acreditou em tudo o que Harry disse. – Sirius disse concordando lentamente – É claro que os Weasley apoiariam Harry e Dumbledore.
– Ele devia saber que Percy seria o mais fácil de manipular… – Remo bufou – Ele obviamente tem sede de poder, dar a ele um cargo considerado tão importante pouco tempo depois dele sair da escola…
– Não sei o que me impressiona mais, – Alice disse chocada – Fudge querer usar Percy para espionar a própria família, ou Percy ficar contra a própria família e a favor do ministério…
– Acho que a segunda me irrita mais. – Frank disse acenando com a cabeça lentamente – Sempre soubemos que Fudge é um grande babaca… Mas acho que esperava um pouco mais de Percy, com a família que ele tem.
– Família não define ninguém. – Sirius disse categórico – Basta observar a minha família…

— Só que papai não ficou — disse Fred sério.
— Por que não? — indagou Harry.
— Bom, parece que Fudge tinha percorrido o Ministério enfurecido para se certificar de que os funcionários não tivessem contato com Dumbledore — disse Jorge.
— No Ministério, o nome de Dumbledore virou lixo, ultimamente, entende — esclareceu Fred. — Todos pensam que ele está só criando problemas quando diz que Você-Sabe-Quem voltou.
— Papai falou que Fudge deixou muito claro que qualquer um que estivesse mancomunado com Dumbledore podia desocupar a escrivaninha — disse Jorge.
— O problema é que Fudge suspeita de papai, sabe que é amigo de Dumbledore, e sempre achou papai meio excêntrico por causa da obsessão que ele tem pelos trouxas.
— Mas que é que isso tem a ver com o Percy? — perguntou Harry, confuso.

– Percy tinha uma posição privilegiada para espionar as pessoas que apoiam Dumbledore. – Remo disse displicente – É bem óbvio…

– Ás vezes eu acho que Harry só tem raciocínio lógico quando se trata de derrotar Voldemort… – Sirius disse com uma risada condescendente – O que certamente não é uma crítica!
– Acho que Harry tem mais facilidade de pensar sob pressão. – Tiago disse trocando um olhar cúmplice com Harry – Politicamente esse tipo de pensamento não daria certo, mas é ótimo para alguém que quer ser auror…

— Vou chegar lá. Papai desconfia que Fudge só quer Percy no gabinete, porque quer usar o mano para espionar a família... e Dumbledore.
Harry soltou um assobio.
— Aposto como Percy adorou.
Rony deu uma risada meio rouca.
— Ele perdeu completamente a cabeça. Disse... bem, uma porção de coisas horríveis. Disse que está enfrentando a péssima reputação do papai desde que entrou no Ministério e que papai não tem ambição e que é por isso que sempre fomos, sabe, sempre tivemos pouco dinheiro, quero dizer...

– Isso é ridículo! – Remo exclamou irritado – Sempre admirei o pai de vocês por preferir trabalhar com o que gosta e não com o que rende mais!

– Percy vai se arrepender e muito de tudo o que disse quando a verdade aparecer. – Sirius afirmou categórico – E eu espero que vocês impliquem bastante com ele quando acontecer! Ele precisa de um pouco mais de humildade e saber que estava errado o tempo todo vai ajudar.

— Quê? — disse Harry, incrédulo, ao mesmo tempo que Gina bufava feito um gato enraivecido.
— Eu sei — disse Rony em voz baixa. — E ficou pior. Disse que papai era um idiota de andar com Dumbledore, que Dumbledore ia se meter em uma baita encrenca e papai ia cair junto, e que ele, Percy, sabia a quem devia ser leal, e era ao Ministério. E se mamãe e papai iam trair o Ministério, iria se empenhar para que todo o mundo soubesse que ele não pertencia mais à nossa família. E fez as malas na mesma noite e foi embora. Agora está morando aqui em Londres.
Harry soltou um palavrão baixinho. Dos irmãos de Rony, Percy era o que ele menos gostava, mas nunca imaginara que pudesse dizer essas coisas ao Sr. Weasley.
— Mamãe está danada da vida — disse Rony. — Sabe, chora, essas coisas. Veio a Londres para tentar falar com Percy, mas ele bateu a porta na cara dela. Não sei como ele faz quando encontra papai no trabalho: acho que finge que não vê.

– Ridículo. – Tiago disse com a voz transbordando de desgosto – Ser mais fiel ao ministério do que à própria família é ridículo!

– Especialmente quando a família dele está do lado certo… – Sirius disse enfático – Lutando para proteger a todos, inclusive ele.
– Ingrato. – Remo murmurou e Gina concordou tristemente.

— Mas Percy deve saber que Voldemort voltou — disse Harry lentamente. — Ele não é burro, deve saber que sua mãe e seu pai não arriscariam tudo sem provas.
— E, bom, o seu nome também entrou na briga — disse Rony, lançando a Harry um olhar furtivo. — Percy disse que a única prova que havia era a sua palavra e... não sei... ele achava que não era suficiente.
— Percy leva o Profeta Diário a sério — comentou Hermione, mordaz, com o que os outros concordaram.

– Todo mundo que acha que o ministério não tem defeitos leva o Profeta a sério. – Frank bufou olhando de soslaio para Alice – Ainda bem que você entendeu que o ministério e o jornal mentem…

– Se não tivesse entendido ainda teria que entender agora. – Tiago disse revirando os olhos – O livro mostrou que Voldemort voltou e que Harry está falando a verdade, e o livro também mostrou que o ministério simplesmente se recusou a acreditar…
– Eu já entendi. – Alice disse categórica – E pretendo mostrar isso para os meus pais, de algum jeito…
– Mas ele conhece Harry! – Lily disse irritada – Como ele pode não acreditar em Harry depois de tudo o que ele viu acontecer nos primeiros anos de Harry em Hogwarts?
– Acreditando no Profeta. – Tiago disse com simplicidade – Aquele último artigo da Skeeter antes da terceira tarefa deve ter feito um estrago…
– Então Percy acredita que Harry é louco? Simples assim? – Lily perguntou entredentes – Isso é errado! Como ele pode não ver as coisas que estão debaixo do nariz dele? Ele conhece Harry desde que Harry tinha onze anos!
– Você não devia se irritar tanto com esse tipo de coisa… – Harry disse com um meio sorriso triste – Esse livro vai ser um bocado difícil se você se irritar sempre que alguém me criticar…
– Você quer dizer que muitas pessoas não acreditam em você? – Tiago perguntou decepcionado.
– Ele não quer dizer nada, porque ele não deveria estar dizendo nada do que ainda não apareceu, não é, Harry? – Hermione o repreendeu recebendo apenas um meio sorriso de Harry.

— Do que é que vocês estão falando? — perguntou Harry, passando os olhos por todos. Eles o observavam cautelosos.
— Você não tem recebido o Profeta Diário? — perguntou Hermione nervosa.
— Tenho.
— Você não tem lido todas as notícias? — perguntou Hermione ainda mais ansiosa.
— Não da primeira à última página — respondeu Harry na defensiva. — Se houvesse alguma notícia sobre Voldemort sairia em manchete, não?
Os amigos se contraíram ao ouvir o nome. Hermione continuou depressa:
— Você precisaria ler da primeira à última página para perceber, mas eles, bom, eles mencionam seu nome algumas vezes por semana.
— Mas eu não vi...
— Se andou lendo só a primeira página, não iria ver — disse Hermione, sacudindo a cabeça. — Não estou falando de notícia grande. Eles incluem seu nome aqui e ali, como se você fosse a piada da vez.
— Como as...?
— Na verdade é bem maldoso — disse Hermione procurando manter a voz calma. — Estão usando só o material que a Rita publicou.
— Mas ela não está mais escrevendo para o Profeta, está?
— Ah, não, ela tem cumprido a promessa que fez: não que tivesse outra opção — acrescentou Hermione satisfeita. — Mas lançou as bases para o que estão tentando fazer agora.
— E que é..? — perguntou Harry, impaciente.
— O.k., você sabe que ela escreveu que você estava caindo por aí, se queixando que sua cicatriz estava doendo e tudo o mais?
— Sei — respondeu Harry, que tão cedo não iria esquecer as notícias de Rita Skeeter sobre ele.
— Bom, estão pintando você como uma pessoa fantasiosa e sedenta de atenção, que acha que é um grande herói trágico ou qualquer coisa assim — contou Hermione, muito depressa, como se fosse menos desagradável para o amigo saber desses fatos em menos tempo. — Eles não param de incluir comentários irônicos sobre você. Se aparece uma história mirabolante, escrevem mais ou menos assim: “Uma história digna de Harry Potter”, e se alguém tem um acidente estranho ou coisa parecida dizem: “Vamos fazer votos para que ele não fique com uma cicatriz na testa ou vão nos pedir para venerá-lo”...

– Isso é ridículo! – Lily exclamou horrorizada – Ridículo! Harry nunca pediu por nada disso!

– Nós sabemos. – Tiago disse apertando a mão de Lily com carinho tentando acalmá-la – Eles são um bando de hipócritas e ingratos! Eles mesmos veneravam Harry poucos meses antes… Mas eles esquecem das coisas bem rápido.
– Assim como a maior parte da população. – Remo concordou mal humorado – Acho que é por isso que você falou que esse vai ser um livro difícil… A maioria das pessoas deve acreditar no Profeta… E se eles estão se esforçando tanto assim para acabar com sua reputação…
– Então Harry tem razão. – Tiago disse apertando a mão de Lily com carinho – É melhor você não se irritar muito sempre que alguém falar alguma coisa ruim sobre ele…

— Eu não quero que ninguém me venere... — começou Harry indignado.
— Eu sei que não — disse Hermione depressa, parecendo assustada. — Eu sei, Harry. Mas você percebe o que eles estão fazendo? Querem transformar você em uma pessoa em que ninguém acredita. Fudge está por trás de tudo, aposto o que você quiser. Eles querem que os bruxos da rua pensem que você não passa de um garoto burro, que é meio engraçado e conta histórias ridículas porque adora ser famoso e quer continuar sendo.
— Eu não pedi... eu não quis... Voldemort matou meus pais! — protestou Harry, cuspindo as palavras. — Fiquei famoso porque ele assassinou minha família, mas não conseguiu me matar! Quem quer ser famoso por uma coisa dessas? Será que não pensam que eu preferia que nunca...

– Eu reparei isso nos últimos livros… – Remo disse pensativo – Ás vezes parece que as pessoas esquecem o que aconteceu naquela noite… É como se pensassem que Harry duelou com Voldemort quando ele tinha um ano…

– Pensei nisso também. – Tiago concordou lentamente – Ninguém toca no assunto com a delicadeza necessária… Parecem que esquecem que Harry perdeu os pais para Voldemort…
– Acho que é por causa da maneira como todas as crianças ouviam a história. – Neville deu de ombros – Minha avó misturava a história de Harry com a história dos meus pais, e falava como tanto Harry quanto meus pais eram grandes heróis que lutaram bravamente para nos livrar do mal…
– Mamãe contava a parte em que Harry perdeu os pais. – Gina disse pensativa – Mas ainda assim parecia que Harry tinha enfrentado Voldemort para nos proteger.
– Mas não acho que a culpa seja delas. – Hermione disse balançando a cabeça – Elas também nunca ouviram a história toda. E viveram o pior da primeira guerra, perderam familiares, amigos… E de um dia para o outro a pessoa que causou tudo isso foi derrotada, por um bebê… É normal as pessoas fantasiarem um pouco a história.

— Nós sabemos, Harry — disse Gina com sinceridade.
— E é claro que não publicaram nem uma palavra sobre o ataque dos dementadores a você — acrescentou Hermione. — Alguém mandou abafar o caso. Teria sido uma história e tanto, dementadores escapam ao controle do governo. Nem ao menos noticiaram que você violou o Estatuto Internacional do Sigilo em Magia. Pensamos que noticiariam, porque combinava com a sua imagem de exibicionista idiota. Achamos que estão aguardando você ser expulso, então vão realmente botar pra quebrar, quero dizer, se você for expulso, é óbvio — apressou-se Hermione a acrescentar. — Na realidade, não deverá ser, não se o Ministério respeitar as próprias leis, não há caso contra você.

– Não mesmo. – Tiago concordou irritado – O único motivo para isso tudo ter tomado as proporções que tomou é o fato do ministro ser um grande idiota!

– Burro que se recusa a enxergar o que está acontecendo debaixo do nariz dele. – Frank concordou entredentes.

Estavam de volta à audiência e Harry não queria pensar no assunto. Fez força para mudar outra vez o rumo da conversa, mas foi poupado do esforço pelo ruído de passos que subiam a escada.
— Ah, ah.
Fred deu um puxão na Orelha Extensível; ouviu-se outro estalo forte, e ele e Jorge desapareceram. Segundos depois, a Sra. Weasley apareceu à porta do quarto.
— A reunião terminou, podem descer para jantar agora. Todo o mundo está doido para ver você, Harry. E quem foi que largou todas aquelas bombas de bosta na porta da cozinha?
— O Bichento — respondeu Gina sem corar. — Ele adora brincar com bombas.
— Ah — disse a Sra. Weasley — pensei que talvez fosse o Monstro, ele está sempre fazendo essas coisas estranhas. Agora não se esqueçam de falar baixo no corredor. Gina, suas mãos estão imundas, que é que você andou fazendo? Por favor, vá lavá-las antes de jantar.

– Monstro ainda está vivo? – Sirius perguntou boquiaberto – Impressionante! Ele já é velho atualmente…

– Monstro? – Alice perguntou franzindo a testa.
– É o elfo doméstico pessoal da minha mãe… – Sirius respondeu displicente – Pensei que ele morreria junto com ela, do jeito que ele a idolatra…

Gina fez careta para os outros e acompanhou a mãe na saída do quarto, deixando Harry sozinho com Rony e Hermione. Os dois o observaram com apreensão, como se receassem que ele fosse recomeçar a gritar agora que todos já tinham ido embora. A visão dos amigos olhando-o tão nervosos fez Harry se sentir um pouco envergonhado.
— Olhem... — murmurou, mas Rony sacudiu a cabeça e Hermione disse baixinho:
— Nós sabíamos que você ia ficar zangado, Harry, não culpamos você, sério, mas você tem de compreender, nós realmente tentamos convencer o Dumbledore...
— É, eu sei — respondeu o garoto, impaciente.
Ele procurou um assunto que não envolvesse o diretor da escola, porque só de pensar em Dumbledore suas entranhas recomeçavam a queimar de raiva.

– Pelo menos agora você está direcionando sua raiva para a pessoa certa. – Tiago deu de ombros.


— Quem é Monstro? — perguntou.
— O elfo doméstico que mora aqui — respondeu Rony. — Doido de pedra. Nunca conheci nenhum igual.
Hermione franziu a testa.
— Ele não é doido de pedra, Rony.
— A ambição da vida dele é ter a cabeça cortada e montada em uma placa como fizeram com a mãe dele — argumentou Rony irritado. — Isso é normal, Mione?

– Entre os elfos da minha família sim, – Sirius riu irônico – completamente normal.

– Sua família é sádica. – Tiago disse revirando os olhos.

— Bem... bem, ele não tem culpa de ser um pouquinho esquisito.
Rony girou os olhos para Harry.
— Hermione ainda não desistiu do FALE.
— Não é FALE! — retrucou Hermione indignada. — É Fundo de Apoio à Libertação dos Elfos. E eu não sou a única, Dumbledore também diz que devemos tratar bem o Monstro.

– Nesse caso sou obrigado a concordar com Dumbledore. – Tiago disse com uma meia risada.

– Isso é porque você não conhece o Monstro. – Sirius riu sarcástico – Os elfos domésticos que você conhece são bonzinhos e te dão doces… Monstro é tão sádico quanto o resto da minha família.

— Sei, sei — disse Rony. — Vamos, estou morto de fome.
Ele foi o primeiro a sair do quarto e alcançar o patamar, mas antes que pudessem descer a escada...
— Calma aí! — sussurrou Rony, esticando um braço para impedir Harry e Hermione de continuarem. — Eles ainda estão no hall, quem sabe a gente consegue ouvir alguma coisa.
Os três espiaram com cautela por cima do balaústre. O corredor sombrio lá embaixo estava apinhado de bruxas e bruxos, inclusive os da guarda de Harry. Cochichavam excitados. Bem no meio do grupo, Harry viu os cabelos escuros e oleosos e o nariz adunco do menos querido dos seus professores em Hogwarts, o Prof. Snape. O garoto estava muito interessado em saber o que Snape estava fazendo na Ordem da Fênix...

– Servindo de espião. – Remo disse observando Severo de soslaio – Snape foi marcado como comensal da morte… Se ele está mesmo do lado de Dumbledore, ele é o mais indicado para se infiltrar do outro lado.

– O que é muito perigoso... – Tiago disse encarando Severo – Se você está mesmo do lado de Dumbledore e da Ordem, e eu ainda não tenho certeza se está, você está correndo um grande risco…
Severo sustentou o olhar de Tiago por alguns segundos antes de virar-se novamente para Harry. Severo não sabia porque, mas apenas Harry de todos os que vieram do futuro parecia querer ele ali, isso devia significar que ele realmente estava do lado de Dumbledore e da Ordem.

Um fio de barbante cor de carne desceu bem diante dos olhos de Harry.
Erguendo a cabeça, ele viu Fred e Jorge no patamar acima, baixando cuidadosamente a Orelha Extensível em direção à aglomeração sombria de bruxos. No instante seguinte, porém, todos começaram a se encaminhar para a porta de entrada e desapareceram de vista.
— Droga — Harry ouviu Fred murmurar, recolhendo a Orelha Extensível.
Os três ouviram a porta de entrada abrir e em seguida fechar.
— Snape não come aqui nunca — informou Rony a Harry em voz baixa. — Graças a Deus. Vamos.
— E não se esqueça de falar em voz baixa no corredor, Harry — cochichou Hermione.
Ao passarem pela fileira de cabeças de elfos domésticos na parede, eles viram Lupin, a Sra. Weasley e Tonks à entrada, lacrando magicamente as muitas fechaduras e trancas da porta depois que os outros saíram.
— Vamos comer na cozinha — sussurrou a Sra. Weasley, indo ao encontro dos garotos ao pé da escada. — Harry, querido, se você atravessar em silêncio o corredor, é aquela porta ali.
TRABUM!
— Tonks! — exclamou a Sra. Weasley exasperada, virando-se para olhar às suas costas.
— Me desculpe! — lamentou Tonks, que caíra estatelada no chão. — É a droga desse porta-guarda-chuvas, é a segunda vez que tropeço nele...

– Parece que Tonks conseguiu acabar com todos os esforços para manter o silêncio no hall de entrada. – Sirius disse com uma gargalhada canina.

– Eu ainda não entendo realmente toda essa necessidade de silêncio. – Alice disse encolhendo os ombros – Você disse que os quadros dos seus parentes não ficariam satisfeitos, mas no que isso poderia influenciar qualquer coisa?
– Vocês estão prestes a descobrir. – Rony disse com uma risadinha.

Mas o fim da frase de Tonks foi abafada por um guincho medonho de furar os ouvidos e congelar o sangue.
As cortinas de veludo roídas de traças, pelas quais Harry passara mais cedo, tinham se aberto, mas não havia porta alguma atrás.
Durante uma fração de segundo, o garoto pensou que estava espiando por uma janela, uma janela em que havia uma velha de touca preta que não parava de berrar como se estivesse sendo torturada – então ele compreendeu que era simplesmente um retrato em tamanho natural, dos mais realistas e dos mais incômodos que já vira na vida.
A velha estava babando, seus olhos giravam nas órbitas, a pele amarelada do rosto esticava-se inteiramente enquanto gritava; e, por toda a extensão do corredor, os demais quadros acordaram e começaram a berrar, também, a tal ponto que Harry chegou a apertar os olhos e tampar os ouvidos para não escutar.

– Está explicado. – Alice disse franzindo a testa em desagrado.

– Eles são terríveis. – Sirius disse com uma gargalhada sarcástica – Mas não estou reconhecendo a primeira a gritar… Não me lembro de nenhum quadro de uma velha de touca preta…

Lupin e a Sra. Weasley correram para tentar fechar a cortina que ocultava a velha, mas não conseguiam e ela guinchava com mais vontade, brandindo as mãos em garras como se quisesse estraçalhar os rostos deles.
— Ralé! Escória! Filhos da sordidez e da maldade! Mestiços, mutantes, monstros, sumam deste lugar! Como se atrevem a macular a casa dos meus antepassados...

– Mãe? – Sirius murmurou duvidoso, com a testa franzida, chamando a atenção de todos.


Tonks não parava de pedir desculpas, repondo a pesada perna de trasgo na posição original; a Sra. Weasley desistiu das tentativas para fechar as cortinas e corria de uma ponta a outra do corredor com a varinha em punho, lançando um Feitiço Estuporante em cada quadro; um homem de longos cabelos negros saiu com violência de uma porta defronte a Harry.
— Cale a boca, sua bruxa horrorosa, CALE A BOCA! — berrou ele, agarrando a cortina que a Sra. Weasley abandonara.
A velha empalideceu.
— Vocêêêêêê! — urrou ela, os olhos saltando das órbitas ao ver o homem. — Traidor do próprio sangue, abominação, vergonha da minha carne!

– Definitivamente minha mãe. – Sirius disse reclinando-se um pouco mais no sofá – Não mudou nada…

– Sua mãe te chama de abominação? – Lily perguntou horrorizada – Ela te trata assim?
– Já ouvi isso algumas vezes. – Sirius deu de ombros displicente.
– Isso é horrível! – Lily exclamou pesarosa.
– Não sinta pena de mim. – Sirius disse revirando os olhos – Eu tive sorte, a mãe de Tiago me acolheu e foi mais uma mãe para mim do que ela… E pelo jeito eu também não mudei muito de opinião sobre ela depois que ela morreu.

— Eu – mandei – calar – a – BOCA! — rugiu o homem, e, com um estupendo esforço, ele e Lupin conseguiram fazer as cortinas fecharem.
Os guinchos da velha morreram e sobreveio um silêncio ressoante.
Um pouco ofegante e afastando dos olhos os longos cabelos negros, o padrinho de Harry, Sirius, voltou-se para olhá-lo.
— Olá, Harry — disse muito sério. — Vejo que acabou de conhecer minha mãe.

– Ela não deve ter ficado nada satisfeita em me ver de volta, ainda mais depois da maneira como fugi… – Sirius suspirou profundamente – Especialmente pelo uso que eu dei para o lar ancestral da nobre família Black. – completou irônico.
– Devíamos parar para almoçar antes de continuar. – Hermione disse pensativa.
Todos se levantaram e foram para a mesa comer.
– Nunca imaginei que sua família fosse assim… – Lily disse a Sirius cuidadosa.
– Nem todos eles são ruins. – Sirius deu de ombros – Andrômeda, meu tio Alphard…
– Você. – Harry disse com um meio sorriso.
– Sim. – Sirius sorriu de volta – Minha família tem várias pessoas boas… É só ir até a sala de estar ver todo mundo que foi queimado da tapeçaria com a árvore genealógica da família… Todos os que são considerados traidores do sangue… São mais do que vocês imaginam.
– E talvez mais do que você imagina também. – Tiago disse esperançoso – Não sabemos ainda se Régulo realmente foi para o lado errado…
– Eu já disse. – Sirius bufou – Régulo sempre foi um bonequinho da minha mãe… Ele faria tudo o que ela quisesse… E vocês acabaram de ver como minha mãe é!
– Talvez ele tenha ouvido você e aprendido alguma coisa. – Lily disse cuidadosa.
– Você não viu o que um dos amigos próximos do meu irmão fez com o Frank e a Alice… E com Harry e Neville? – Sirius disse apontando para o outro lado da mesa onde Frank, Alice e Neville comiam em silêncio ouvindo a conversa – Meu irmão adorava Bellatrix!
Tiago suspirou e resolveu abandonar o assunto, virou-se para Harry e começou a falar de quadribol displicentemente.
– Harry, não se esqueça que não pode falar nada que aconteceu… – Hermione começou, mas foi interrompida por Rony.
– Ele sabe, Mione! – Rony riu – Eles estão apenas falando de táticas e times, não se preocupe!
Depois de algum tempo eles voltaram para os sofás, Tiago pegou o livro e começou a ler:
– Capítulo V – A Ordem da Fênix.


~~X~~

 
Hey leitores mais queridos do FeB! Como eu disse para vocês no último capítulo, minha avó está doente e eu estou cuidando dela e acompanhando ela ao médico, exames e fisioterapia, com isso, eu não tenho tido muito tempo para escrever... Por hora vocês não precisam se preocupar com isso, eu tenho mais 3 capítulos prontos apenas esperando para ser postados, mas se eu não tiver mais tempo para escrever vamos ter que rever a frequencia de postagens, apesar de eu realmente não querer fazer isso... 

- V.Mars: Que bom que você resolveu comentar! Eu entendo que nem todo mundo gosta de comentar, mas significa muito para mim! Eu também gosto muito de OdF. É um dos meus livros favoritos. Eu sempre achei que o relacionamento da Tonks com o Remo foi muito pouco desenvolvido nos livros, e menos ainda nos filmes, e queria mostrar um pouco mais de porque uma pessoa como o Remo poderia se apaixonar facilmente por alguém como a Tonks... Então fico feliz que você tenha gostado dessa primeira reação dele. Eu ainda não sei como eles vão reagir à Luna, ela tem uma personalidade tão peculiar e diferente do que todos eles esperam de uma Corvinal, que eu não sei realmente como eles vão enxergá-la no inicio, mas tenho certeza de que eles vão gostar muito dela com o tempo, pelos mesmos motivos. Espero que consiga comentar sempre! E obrigada por desejar que minha avó melhore logo!
- Dani Evans Potter: Acho que todo mundo se sente assim em relação a OdF. É o livro onde a maioria dos personagens tem um desenvolvimento mais interessante, em que descobrimos mais sobre Sirius e os marotos, e onde Hermione, Gina e Harry tem mudanças significativas. Mas também é o livro onde temos que aturar Umbridge e Fudge e a morte de Sirius. Mas acho que é isso que faz o livro ser tão bom, o fato de conseguir despertar tantos sentimentos conflitantes ao mesmo tempo. Fico feliz que tenha resolvido voltar a ler a fic e que tenha decidido comentar! Espero que comente sempre que possível, pois significa muito para mim!
- Flaa: Que bom que gostou! Sirius realmente não gostou de descobrir para onde Harry foi...
- Luane Sa Barreto Silva: É realmente difícil para o Sirius ser obrigado a voltar para a casa que ele tanto odeia, e para o Sirius da sala, descobrir que vai ser obrigado a voltar também é ruim, já que ele praticamente acabou de conseguir fugir da família dele... Eu sei que é um conceito complicado, ver o amor de Petúnia pela Lily depois de passar tantos anos tendo provas do contrário, mas eu realmente acredito que ela ama a irmã e que as reações dela seriam completamente diferentes se ela tivesse nascido bruxa como Lily.
- Cibeli Cardoso: Você realmente tinha sumido! Mas que bom que voltou! Esse livro também é um dos meus favoritos por vários motivos! Espero que tudo o que eu escrevi alcance suas expectativas.
- Cah Silva: Eu sempre gosto de saber que vocês veem quanto a Alice está amadurecendo, é um processo longo e complicado, mas está dando resultado. A reação do Siris estava escrita desde que comecei a escrever MLHP, era uma das coisas que eu sabia exatamente como seria, pois a casa dos Black é um lugar que causa a Sirius muita dor, e o Sirius da sala acabou de fugir de lá, então o sentimento de raiva é ainda mais forte. É exatamente o que penso, terem deixado Harry sozinho depois de tudo o que ele passou, foi simplesmente errado! E isso sempre acontece! Harry sempre acaba sozinho e abandonado logo depois de um trauma, e acho que isso influencia muito o modo dele de ver as coisas e o modo como ele não pede ajuda! Afinal ele foi criado dessa forma, sempre sendo abandonado depois de traumas, sem poder pedir ajuda! E Rony e Hermione queriam poder ajudar, tenho certeza de que eles nunca quiseram abandonar Harry, ainda mais depois do que aconteceu, mas eles não tem autoridade nenhuma para tirar Harry de lá. A poção para domar cabelos é a única coisa que eu gostei do que a JK escreveu sobre os pais de Tiago e a família Potter, justamente por causa da irônia! A parte em que Sirius descobre do relacionamento de Tonks e Remo também já está rascunhada! Eu fiz direito, mas eu não sou advogada, eu precisaria fazer a prova da OAB para isso e tudo mais, e no momento fazer a prova não está nos meus planos. O que eu realmente gosto de fazer é escrever, e eu queria poder viver disso, mas é um sonho "impossível". Você disse que não conhece algumas palavras que eu uso, e que pesquisa os significados, você pode me contar que palavras? É que depois de passar anos na faculdade de direito, e como minha mãe também gosta de usar palavras consideradas complicadas (ela costumava dizer que eu estava "protelando" sempre que eu deixava alguma coisa para depois, e só descobri que as pessoas não falam assim normalmente quando usei a mesma palavra entre amigos e todo mundo ficou confuso...), eu nunca sei que palavras as pessoas não consideram normais e eu considero... Eu não sei porque exatamente Dumbledore não ajudou Sirius, mas para mim ele apenas não tinha interesse em limpar o nome de Sirius... Não por ele ser propriamente uma pessoa ruim, mas porque ele teria que travar uma verdadeira batalha com o ministério e não valeria a pena naquele momento (final de PdA). Já quando ele foi preso, eu acredito em partes que Dumbledore acreditava que Sirius era culpado, tenho algumas teorias sobre isso (Talvez eles tenham feito o feitiço fidelius duas vezes? A primeira com o Sirius, que deu o endereço a Dumbledore e outras pessoas, e o segundo meses depois com o Pettigrew? Porque isso é o que faz mais sentido, se eles estivessem há meses escondidos, mas só foram descobertos quando Pettigrew virou fiel do segredo e ninguém sabia...), mas mesmo assim, apenas o fato dele não ter se esforçado para dar a Sirius um julgamento justo, depois de Sirius deixar a própria família para fazer parte da Ordem, já é errado! Eu também tenho muitos problemas com Dumbledore, e também não posso começar a falar ou não pararia nunca mais. Acabei postando dia 11, então seu aniversário é amanhã? Não vou te dar feliz aniversário porque acredito que desejar antes da azar...
- Maria Eduarda Evans Lima: Obrigada por ter resolvido comentar, é sempre bom saber que vocês gostam tanto do que eu escrevo. Acho que todo mundo tem sentimentos conflitantes em relação a OdF, é um livro cheio de contrastes, e para mim é justamente por isso que ele é um dos meus favoritos, o fato de conseguir despertar tantos sentimentos conflitantes ao mesmo tempo. Eu acho as explosões de raiva de Harry nesse livro completamente justificaveis. Ele tinha acabado de passar por um trauma, e logo depois de tudo o que aconteceu ele ficou completamente sozinho e no escuro no mundo trouxa por um mês inteiro. Qualquer pessoa que sofresse a metade do que Harry sofreu teria no minimo as mesmas explosões de raiva. Ainda não sei ao certo o que o Tiago vai pensar e sentir em relação às reações de Harry às memórias de Snape, mas acho que Snape e Lily não vão ficar muito satisfeitos em ter que reviver através dos olhos de Harry um momento tão ruim da amizade deles (Snape chamando ela de sangue-ruim). Para mim essa memória mostra muito mais a parte ruim de Snape do que a parte ruim de Tiago...
- Stehcec: Stehzinha, meus problemas com o Dumbledore nem começaram... Eu entendo o seu lado, é claro, mas eu não consigo engolir várias coisas que ele fez. No caso da guarda, é claro que é interessante, mas é só mais um sinal de que Dumbledore estava se recusando a estar no mesmo ambiente que Harry o máximo possível. No ano seguinte Harry estava em muito mais perigo (já que Voldemort não estava mais escondido) e Dumbledore foi buscá-lo sozinho muito casualmente. Acho que a parte de Voldemort se beneficiar se Harry fosse expulso é um conceito tão ruim, que ninguém quis falar... Ainda mais depois de verem que Harry foi literalmente abandonado no mundo dos trouxas sozinho e sem uma proteção eficiente. Eu não falei de Dumbledore conseguir convencer as pessoas a fazerem o que ele quer como um ponto negativo. Acho que é um ponto que pode ser levado para ambos os lados, nesse caso positivo. Uma das únicas coisas que eu gostei que a JK escreveu sobre os pais do Tiago foi a parte da poção de domar cabelos! Eu também penso no Moody como precavido, a morte dele não me incomoda muito nesse sentido, porque faz muito sentido, Voldemort certamente acreditaria que Harry estaria com o protetor mais poderoso, que no caso era o Moody, por isso Voldemort ter ido atrás dele e ele ter morrido faz sentido. A casa dos Black pode até ser um bom esconderijo, mas o Sirius sofreu tanto naquela casa, que deve até doer para ele pensar que ele seria obrigado a voltar para o lugar de onde ele havia acabado de fugir. É claro que temos que considerar que a Skeeter exagerou em vários pontos da biografia não autorizada de Dumbledore, mas sabemos que no conteúdo ela estava correta, e Dumbledore realmente tem um passado um tanto duvidoso, ele mesmo adimite que não poderia ter mais poder do que tem, ou o poder acabaria o deixando cego... Eu gosto que ele admita as próprias fraquezas nesse ponto. Quanto a "Dumbledore não saber como os tios de Harry eram", McGonagall observou os Dursley o dia inteiro enquanto Dumbledore estava "passando por várias festas" - palavras dele - e McGonagall disse a Dumbledore que não poderia haver uma família pior para cuidar de Harry! Ele podia não saber até onde eles chegariam naquele momento, mas eu certamente confiaria na palavra de McGonagall. E acho que o pequeno Harry ficaria muito feliz em ser retirado do lugar onde ele era tratado como um estorvo pelos tios. E Voldemort tinha acabado de cair, os comensais estavam a solta e tudo mais, era um período de tempo complicado, mas mesmo assim, ele podia manter Harry com dúzias de outras pessoas, mesmo que fosse apenas durante o tempo que levaria para arrumar as coisas.


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Comentários (6)

  • Rhaenys

    Pobre do Sirius. Com uma mãe dessa quem precisa de uma inimiga.

    2017-05-10
  • Luana Mendes Potter

    Ju, pelo que eu lembro da capítulo, já que tô em férias, época de esvaziar a mente kkk 01)   Gostei do jeito que você retratou o Sirius, essa amargura que ele apresenta no quinto livro, e que parece que ninguém percebe, entende ou se importa. 02)   Incrível como  Sirius e o Harry estavam tão sozinhos nesse livro e não conseguiram aprofundar sua relação. Uma pena. Talvez porque ambos passaram tempo demais sem uma relação familiar assim, não sabiam como agir... 03)   Fiquei com um pouco de pena do Sirius perceber que sua família toda morreu. Tenho certeza que apesar de ele não gostar deles, com certeza não desejava a morte ;/   04)   Você é um gênio por perceber que o Harry ficou no quarto do Fineus de propósito. Sério, tu é muito foda por ver essas coisas.

    2016-07-24
  • Dâmaris Granger

    Capítulo perfeito,  Juh! Estou adorando a estória,  e como cada vez mais podemos reler e ter uma outra visão de quando lemos os livros pela primeira vez. Me senti muito mal pelo Sirius nesse capítulo,  mas pelo menos ele não vai se decepcionar inteiramente a respeito do Regulo, mesmo se unindo aos Comensais ele caiu em si e tentou fazer algo para destruir Voldemort. E quanto ao que está por vir, não consigo prever a reação da Lily na discussão entre o Sirius e a Molly, que claro,  sempre apoiou o Harry,  mas é extremamente protetora, em comparação com o Sirius, em um dos raros momentos que está presente na vida do Harry. Ah, já fiquei empolgada com a reação do Remo à menção da Tonks, que lindos! Pena que vai demorar muito até que algo aconteça entre em dois,  mas será que eles também adivinharão esse romance?  Lembro de não ter suspeitado de nada até o Snape destilar seu veneno quando houve um ataque à lobisomem, ele consegue ser intragável com tanta facilidade. Melhoras para sua vó! 

    2016-07-22
  • Maria Eduarda Baldança

    É incrível as coisas que eu deixava passar quando estava lendo a saga pela primeira vez, essa manipulação do Dumbledore era uma dessas coisas, mas os marotos não deixam nada passar!! Eu sinceramente não guardo rancor dele como alguns fãs e pra mim ele continua sendo o maio bruxo da atualidade (chupa Voldemort), mas que deu aquela raivinha lendo esse capítulo é inegavel.Já estou aguardando a treta do Sirius e Molly no próximo capítulo, prevejo que a maioria (se não todo) ficará do lado do Sirius pelo no que falaram sobre o Harry precisar saber das coisas e tal.Cara, ainda não superei a morte do Fred, sério, a cada gemealidade dos gêmeos eu solto uma risada e uma lágrima. (Só queria deixar isso registrado mesmo, Dona Joanne avacalhou).Precisamos falar da Tonks, que serumaninho maravilhoso! Sério, Lupin vai se apaixonar por ela antes mesmo do Lupin dos livros admitir (até porque demorou muuuito) seu amor. Não sei explicar meu amor pelo Teddy, acho que não da pra ser filho do Remo e da Tonks sem ser maravilhoso (mas tem o Sirius provando que família não define caráter, blá blá blá... não ligo, continuo amando) é tipo ter o nome do James E do Sirius, a gente acaba esperando uma coisa maravilhosa entende? Pra honrar o nome (chupa Alvo Severo).Precisamos falar de Gina e Harry porque eu sou apaixonada pela Gina (chupa filmes) e não preciso de muito pra falar dela, to querendo ver a reação do Harry quando o Michael Corner for citado, porque até agora só quem sentiu ciúme foi ela, queria ver uma ceninha do Harry também, ou terei que esperar até EdP? Perguntas, perguntas...Eeenfim, desvulpa a minha falta de organização no comentário e os muitos parenteses abertos, é que eu não consigo me controlar!!Ah, melhoras pra sua avó!Ah², adorei o grupo do Facebook!Até o próximo capítulo. 

    2016-07-18
  • Ana Marisa Potter

    Desculpa a demora mas tenho tido imenso trabalho, apenas passo leio os capítulos e saio sem falar. Desejo as melhoras da tua avó.Mais uma vez me surpreendes com a fic, mas concordo com o Harry se cada vez que falarem mal do Harry neste livro a lily vai ficar irritada vou ter imensa pena dela se não lhe derem uma poção calmante.Em relação a Dumbledore também tive essa dúvida sobre como ele protegia Harry mas penso que ele teve um motivo para isso, não acredito que ele queria manipular Harry e sim protege-lo. Tudo bem os tios não eram as melhores pessoas para Harry ficar mas ele era protegido de qualquer mal  que Voldemort lhe pudesse fazer.Bem término por aqui e espero ansiosamente pelo próximo capítulo  

    2016-07-13
  • cah silva

    Eu nunca tinha reparado que tinha esse quadro do Fineus Nigellus no quarto onde o Harry ficou, sério mesmo. Então o Harry estava mesmo sendo vigiado até no quarto. Eu realmente nunca tinha prestado atenção nesse detalhe. Cada capítulo eu fico com mais raiva de Dumbledore. Não é bem raiva, é mais uma chateação, uma mágoa. Pensar em tantas opções que ele teria pra ajudar mais o Harry e evitar tantas tragédias me faz ficar sem palavras, sem, sem.... Viu? Nem sei explicar o que estou sentindo com todas essas novas descobertas, ideias etc.... Por que? Por que? Por que ele não falou logo tudo para o Harry na noite da volta de Voldemort? Ou pelo menos no dia seguinte... Aaah, se eu começar reclamar aqui, não vai dar certo não rsrs. As pessoas são muito indelicadas. Harry perdeu a família, virou órfão na noite de 31 de outubro e as pessoas diziam que ele gostava de ser famoso por isso. Isso é algo que eu nunca tinha pensado bem. É horrível como as pessoas só levam em consideração as coisas que lhes são conveniente. Eu não entendi muito bem o que você quis dizer na teoria sobre o Feitiço Fidelius... Se puder explicar... Eu nunca tinha ouvido a palavra 'soturno' sério... Pode rir eu sei. Mas eu estou estudando e lendo para aprender novas palavras... Eu acho muito bonito e interessante quem usa palavras assim em conversas e textos. Eu uso palavras como 'especificamente' em conversas, meus amigos ficam me olhando com aquele olhar, como se eu fosse de outro planeta rsrs... Tinha esquecido que esse capítulo termina com a primeira aparição do Sirius, sei lá, estou ansiosa pelas cenas com ele, e ansiosa por mais histórias sobre a família Black... Esse tio Alphard eu não sei se já tinha ouvido falar dele. Ele é irmão do pai do Sirius? Que bom que pelo menos ele lembra de alguém bom na família... Amei o capítulo, mas já estou ansiosa pelo próximo com as cenas com o Sirius... Tomara que você consiga tempo para escrever. Mas senão, não se preocupe. Eu pelo menos compreendo que você tem a sua vida pessoal... Espero que sua avó melhore :) Até o próximo capítulo então ;)

    2016-07-11
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