Parem de Brigar!



Parem de brigar







- Cara...é importante dessa vez, ta? – informou Harry a Rony e Hermione que se encontravam em sua frente em uma sala Comunal nada cheia. O clima estava tenso. Harry estava evitando muito aquele assunto, apesar de a muito tempo querer conta-lo, mas poderia magoar os amigos.


- Pode contar qualquer coisa pra gente Harry, você sabe disso...- acrescentou Rony.

- Não evite. Nós podemos ajudar, sabe? Seja lá o que for, nós vamos te ajudar.

Harry olhou os dois e depois deu um suspiro.


- É que isso...pode machucar vocês...- disse Harry. A dupla se entreolhou com uma cara um pouco assustada.


- Nos machucar? – Hermione pediu confirmação.


- Tudo bem Harry, só conte logo, está bem? Somos fortes, mas eu to começando a ficar com sono...ce tá demorando muito....- disse Rony, bocejando.


- Não seja indelicado Rony! Pode demorar o quanto quiser Harry. Eu serei toda ouvidos, mesmo que ele não seja.


- Por Merlin Hermione! Eu vou ouvi-lo sim, não é como se eu fosse dormir no meio da explicação, mas sei lá, ta demorando demais...mas que suspense todo é esse...


- Deixe o Harry falar. Pode começar Harry. – pediu Hermione e Rony concordou após se espreguiçar na cadeira. Harry deu um suspiro, pensou um pouco em por onde começar e finalmente disse.


- O assunto é sobre vocês dois...


- Nós dois? – repetiu Hermione, apontando para si mesma e Rony.


- É...é porque..


- Calmaí Harry, você não tava querendo nos contar porque era sobre nós? – perguntou Rony. Harry respirou para responder, mas foi interrompido.


- Harry, é aí mesmo que tem que nos contar...lembre-se: verdadeiros amigos não omitem coisas um dos outros.


- Eu sei, mas...


- Ah, Hermione, pobre do Harry, ele vem aqui na maior boa vontade nos contar algo sobre nós e você ainda dá sermão no garoto? – acrescentou o ruivo.


- Não era sermão! Só o estava encorajando a nos contar as coisas.


- Soou como sermão...


- Mas não era sermão!


E os dois começaram a discutir de novo, como se Harry não estivesse ali. E o tom da voz dos dois ficava cada vez mais alto. Harry perdeu o controle e sobrepôs a voz dos dois.


- ERA SOBRE ISSO QUE EU QUERIA FALAR! – os dois pararam de discutir e olharam espantados para Harry.


- Harry, são onze horas...


- ...e você estava gritando.


- Como se vocês não estivessem...- acrescentou Harry com uma cara de tédio. Ficou um minuto calado, encarando os dois e depois disse – Vocês vão me escutar agora? – os dois concordaram – não vão começar a discutir e fugir da conversa? – e os dois prometeram ouvir tudinho sem contestar até o final. –Certo...bom...vamos lá. O ponto é...vocês brigam demais.


A dupla se entreolhou meio como discordando, mas não disseram uma palavra.

- É sério, por mais que não queiram e que não percebam, elevam a voz pelo menos três vezes por dia um pro outro e chamam muito a atenção. Todo o povo da grifinória ta comentando....quero que estejam cientes disso. E por isso...queria que vocês manerassem....tudo bem?


Eles assentiram com a cabeça, mas não falaram nada.


- Tudo bem mesmo? – eles balançaram a cabeça positivamente de novo. Ficaram um tempo em silêncio e Harry lhes permitiu a palavra. Os dois abriram a boca juntos para contestar, se olharam e fizeram um gesto com a mão, como dizendo “você primeiro”, e nenhum dos dois se decidiu quem falaria até que Harry se irritou e pediu para que Rony começasse.


- É sério que ta toda grifinória falando das nossas brigas?


- Não só a Grifinória, Rony....vocês fazem um espetáculo e tanto...


- Ah, ta, sua vez Mione.


- Só isso? Pediu a palavra para confirmar isso?


- E daí? Eu posso usa-la para o que eu quiser.


- Claro que sim, mas use-a de um modo mais produtivo.


- Há diferenças entre o que é produtivo para mim e para você.


- Claro que há, mas...há tantas coisas para perguntar que é absurdo ter escolhido essa.

- Se eu quiser fazer outra é só perguntar pro Harry, não é como se ele existisse só pra nos dizer que brigamos e depois ir embora.


- É, é isso que vocês estão fazendo agora....- interrompeu Harry entediado, pedindo que abaixassem o tom. – pode começar Mione.


- Obrigada. Olha Harry, você também acha que brigamos demais? Porque, se for por você, nós paramos, mas se for pelo que as outras pessoas dizem, vamos continuar sendo o que somos...


- E depois a minha pergunta que não é construtiva...- cochichou Rony para si mesmo.

- A minha pergunta é sim construtiva...


- Eu acho....- Harry elevou a voz para que prestassem atenção nele. – que vocês brigam demais. Exageradamente muito. Absurdamente. O pessoal diz que são três vezes por dia porque não convivem com vocês o dia inteiro...qualquer coisinha é motivo de discussão. Desde coisas importantes como a derrota de Voldemort até coisas inúteis como o que Dumbledore comeu no almoço de sábado.


- Eu ainda acho que foi peru...-cochichou Rony olhando feio para Hermione.


- Deixe de ser bobo, foi frango, todo mundo sabe que Dumb...


- Olhem pra vocês, hoje ta demais...não pararam um minuto sequer.


- O que eu posso fazer? O Rony provoca...


- E você é provocada, deixa ele falar que um dia ele se cansa, pára e todos vivem felizes para sempre, sem brigas e sem discussões inúteis.


- Essa é a sua opinião Harry? – pedia confirmação Hermione.


- É sim, Mione. Por favor...parem um pouco...é doentio o modo como vocês brigam. Podem fazer isso?


Os dois se entreolharam, conversando por olhares, ignorando Harry por um tempo. Depois Hermione estendeu a mão para Rony e Harry deu um sorriso curto.


- Acho que dá pra nos agüentarmos. – ela disse para o ruivo.


- Não farei nada, mesmo se você fizer. – ele apertou a mão dela e Harry respirou aliviado, mas...


- O que está querendo dizer? Que sou eu que começo as brigas?


- Se a carapuça servir.


- Harry! Olha ele! – Hermione pediu como uma criança que pede para o pai defende-la.


- JÁ CHEGA! O QUE ACABARAM DE FAZER? UM ACORDO DE PAZ? AINDA ESTÃO APERTANDO AS MÃOS E JÁ ESTÃO BRIGANDO? QUANTO TEMPO ISSO VAI DURAR ASSIM? – berrou Harry.


- Harry...você está gritando de novo. – os dois disseram abaixando a voz a ruídos. Harry olhou indignado para os dois, para faze-lo calar-se os dois concordam.


- Já chega de vocês...foi demais por uma noite, vou dormir. – disse o moreno, irritado e sumiu depois de subir as escadas.


Os dois na sala o observaram subir a escada e depois ficaram um tempo em silencio.

- Pobre Harry....além de ter que agüentar todos os problemas que tem, ainda tem que suportar a gente brigando o tempo todo...- falou Rony ainda olhando para as escadas, agora vazias.


- É, a gente só dá mancada, né? – acrescentou Hermione.


Depois de um tempo perceberam que ainda estavam com as mãos juntas, do acordo de paz.


- Ei...que tal começarmos depois de soltarmos as mãos? – sugeriu Rony.


- Tudo bem pra mim. – concordou a menina, balançando as mãos juntas. Quando iam soltar, Rony se recusou.


- Só um minuto. Deixa eu ver se eu entendi. Esse tratado é para brigarmos menos ou para não brigarmos?


- De preferência a segunda opção.


- Então só mais uma coisa.


- Diga.


- Foi peru. – ela olhou desconfiando.


- Frango, Dumbledore ama frango.


- Mas a mesa dos professores estava cheinha de peru. Todos os professores tavam comendo.


- Nem por isso ele deveria estar comendo. Dumbledore sempre foi o diferente.


- Concordo, mas ele gosta muito de peru também. Não é como se frango fosse a única coisa que ele comesse.


- Mas naquele dia foi.


- Foi peru.


- Frango. É sério.


- É sério também. Peru.


- Frango.


- Peru.


- Rony, as minhas mãos estão começando a ficar suadas.


- Certo então. – eles a separaram e pararam de falar de Dumbledore.


Rony se jogou numa poltrona ao lado da lareira, que ainda tinha as chamas confortantes e aqueceu um pouco o seu rosto. Mione sentou-se no sofá ao lado dele. Ele a olhou.


- Não vai dormir? – ele perguntou voltando o rosto para o fogo.


- Não agora, e você?


- Não tem lareira no quarto...


- Entendo.


Ficaram em silêncio por uns dez minutos. Rony estava se segurando para fazer uma pergunta que ele tinha certeza que geraria uma briga, mas não fez. Se alguém tinha que desfazer o trato seria ela não ele.


Mal sabia ele que ela pensava a mesma coisa. Não estavam conversando porque toda vez que conversavam acabavam brigando. Por isso não iniciou uma conversa. E se iniciasse seria a culpada pelo início da briga, então preferiu o silêncio.


Um parecia esperar o outro começar. Hermione balançava as perninhas como sinal de nervosismo. Rony desviava o rosto do fogo de vez em quando para olha-la, ver se ela o estava olhando. O silêncio era tanto que, quando o relógio soou meia-noite, os dois pularam do sofá de susto.


- Quando você vai dormir, Mione? – perguntou Rony.


“Quando eu quiser” ou “Porque? Está me expulsando?” foram duas das possibilidades de respostas dela, mas não ia mesmo iniciar a briga.


- Não estou com muito sono. – ela levantou-se, pegou um livro e voltou ao sofá.

- Você vai ler agora? Mione, é meia-noite. – ela olhou pra ele como dizendo “está querendo começar uma briga?” e ele corrigiu sua fala. – O que você vai ler? – e pulou para sentar ao lado dela no sofá.


- É um romance bastante famoso lá no mundo trouxa, Romeu e Julieta, quer que eu te empreste? – ela ofereceu.


- Não mesmo! Er...quer dizer..agora não, obrigado, estou atolado de lição...


- Então você deveria...- ela fez uma pausa pensativa. - ..nada, esquece.


Ao abrir o livro, seu braço encostou no de Rony, que estava bem perto dela. Ele não se afastou. Na verdade, não pareceu ter notado. Estava com a cabeça jogada molemente para o outro lado, caiu de sono. Ele estava bem quentinho, ao contrário dela. Ela quis encostar a cabeça na barriga dele e se esquentar, enrolando-se em seus braços, mas não o fez.


- Acorde, Rony. Você está dormindo no sofá. – ela o sacudiu. Ele deu um gemido e a ignorou. – Por favor, Rony, acorde. É melhor você dormir na sua cama.


- Você também já vai dormir? – ele perguntou enquanto bocejava


- Não pretendia...


- Ah, então também vou ficar aqui...e voltou-se para o sofá.


- Mas...ele não estava mais escutando-a. Ela sentou-se ao seu lado e continuou a ler seu livro. Meia hora depois, ela o acordou de novo.


- Rony, vamos?


- Já é de manhã?


- Não, quinze pra uma da madrugada. Vamos, levante-se. Vá dormir na sua cama.

Ela o ajudou a levantar e o deixou no começo da escada que levava para o dormitório masculino. Sem mais palavras, ele subiu a escada e ela foi para o dormitório feminino.


Uma semana se passou após esse dia e Harry parecia muito mais feliz. Todos na escola pareciam. Conversavam mais com a dupla briguenta. Todos gostaram da mudança, menos os dois. Sim, eles pararam de brigar, fizeram a felicidade de todos, mas nem se falavam mais. Rony falava com Harry, Mione falava com Harry, mas quase não se ouvia troca de palavras entre Rony e Mione. Estava entediante para ambos os lados. Menos para quem estava assistindo. Todos estavam muito mais bem-humorados, inclusive e principalmente Harry. Estava muito melhor agora que podia falar sem ser interrompido por brigas bobas. Foi por isso que os dois tinham agüentado essa semana, mas não dava mais. Em uma tarde em que Harry foi chamado para conversar em particular com a professora McGonagall os dois puderam ter um tempo só pra eles enquanto esperavam Harry.


Ficaram os dois em silêncio, olhando para baixo. Eles queriam realmente começar a conversar, e brigar também, mas brigar não era bom pra Harry, por isso não faziam nenhum dos dois, nem brigar, nem conversar. A distancia estava comendo os dois por dentro.


- Já chega...- os dois cochicharam juntos e foram ouvidos um pelo outro, o que fez com que se olhassem espantados.


- Já chega o que? – falaram juntos de novo, agora em tom audível.


- Nada...- juntos


- Como nada –juntos.


- É sério Mione, pode falar.


- Só falo se você falar, Rony.


- Eu não vou falar se você não falar primeiro.


- Ótimo, então ninguém vai falar nada.


- Mas eu quero saber.


- Então conte primeiro.


- Não é justo, eu pedi primeiro para que você contasse.


- Os últimos serão os primeiros.


- Mas se agora eu sou o primeiro, então eu sou o último.


- Não é um ciclo sem fim. Talvez o ditado não funcione nesse caso...mas se você quiser saber o que eu ia dizer vai ter que contar antes o que você ia dizer.


- Não, então prefiro não saber.


- Ótimo.


- Ótimo.


E cada um virou pra um lado, morrendo de curiosidade. Não passou nem trinta segundos e os dois falaram juntos:


- Tudo bem, eu conto.


- Então conte – pediu Rony.


- Mas você cedeu, conte você.


- Você cedeu junto.


- Então, acho que deveríamos falar juntos.


- Então ta.


- No três, um, dois, três...


- ......


Nenhum dos dois falou.


- Ei! Era pra ter falado! – reclamou Rony.


- Você ia ficar quieto só pra me ouvir e não ter que contar, né?


- Bom, na verdade...não.


- Não?


- Não, é que eu esqueci o que eu ia falar. Mas você também ficou quieta. Porque está me acusando?


- É que eu também esqueci.


- Mentirosa, é só porque não quer contar.


- É sério, eu esqueci.


- Duvido!


- Pois então duvide.


Silêncio. De novo cada um virou pra um lado e calou-se.


- Ah! Lembrei! – disse Mione.


- Você não ia dizer que é frango, né?


- Ia, e daí?


- Porque você insiste nisso, é Peru, P-e-r-u.


- Não, Rony, tenho certeza que é frango.


- E eu que é Peru.


- Não dá pra conversar com você!


- Nem com você! Cadê o Harry?


- Conversando com a McGonagall.


- Eu sei, mas já deveriam ter saído. Estamos que discutindo a uns 15 minut...- o cérebro dos dois estacionou na palavra “discutindo”. Cada um pulou pra um lado, se entreolharam com raiva e saíram correndo em direção a sala da McGonagall, onde avistaram ao longe Harry sair sorrindo da sala e a professora o acompanhando. Pararam em frente ao moreno e ofegantes começaram a berrar:


- Foi ele que começou Harry!


- Que mentira! Foi a Mione, foi ela, ela ela!!!


- Não foi, não foi não foi!


- Foi sim, foi sim, foi sim!


- Pára! Harry! Olha ele!


Harry olhou com uma cara meio besta...pareciam criancinhas de cinco anos.


- Mas como vocês dois gritam! Granger, Weasley, há classes em aula por aqui, tenham um pouco de educação e postura de doze anos.


- Desculpe Professora McGonagall. – disseram juntos, abaixando a cabeça, se sentindo idiotas...E saíram o corredor de aulas e forma os três para o jardim. Rony e Hermione saíram com a cabeça baixa e continuaram até o jardim. Harry se adiantou e os parou antes de chegarem na árvore do lago da Lula-Gigante.


- E então? O acordo está desfeito? – ele perguntou dando um sorriso, o que ambos estranharam.


- Eu acho que sim...- Mione olhou para Rony.


- Está sim Harry, tava muito estressante essa semana.


- Desculpe, nós não conseguimos mesmo ficar sem brigar, mas prometemos que...


- Tudo bem! – respondeu Harry, sorrindo, o que gerou interrogações na cara do casal – essa semana tava muito chata e silenciosa, é bom que algumas pessoas façam barulho de vez em quando!


- Sério mesmo? Então podemos brigar? – Rony perguntou e Harry confirmou. – ufa! Não me leve a mal Mione, mas eu prefiro brigar com você a não falar com você.


- Eu também, Rony! – ela sorriu!


- Sabe a única coisa que eu não entendi, quem afinal começou a briga?


- A Mione, claro.


- Eu? Até parece, se fui eu, então foi você também, pois falamos juntos aquela hora.


- Não, depois você que lembrou o que a gente tinha esquecido.


- Mas não fui eu que disse, foi você.


- Ah, nem vem com essa, Mione. – disse Rony tapando os ouvidos e indo em direção a arvore de lago da Lula-Gigante. Ela foi pisando forte e Harry apenas os seguiu de longe.


Bom, Harry se arrependerá de pedir para voltarem a brigar e os três acabaram descobrindo, através de McGonagall, o que Dumbledore tinha comido no jantar de alguns sábados atrás, e não era nem frango e nem peru: era peixe!







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