Capítulo 1



 


Bibliomaníaco é uma pessoa que tem grande amor pelos livros, que se manifesta como mania de comprar e acumular livros.


Eu, Rose Weasley, 26, tenho uma casa cheia de livros, e consequentemente não tenho lugar para guarda-los, o que torna a minha pequena casa isolada do núcleo-de-casas-da-família, uma caverna cheia de poeira, pilhas de livros e aventuras inimagináveis (agora eu pareço uma aluna qualquer que não goste de ler e em todos os seus trabalhos sobre livros coloca que eles são um poço de aventuras, que nós viajamos lendo e todo esse blá-blá-bla que os professores acreditam. Ou fingem que acreditam. Enfim.)


Hoje, todo mundo que seja conhecido pelo sobrenome Weasley, Potter, e outros agregados devem se reunir na Toca para um almoço de família. Vira e mexe, meus avós, pais, e agregados dão a louca e fazem esse jantar enorme e chamam os 72478 Weasleys (e seus agregados, não se esqueça que meus primos foram arranjar esposas até em Beuxbatons, é sério.) às vezes eles fazem um jantar ou almoço para a “criançada” (meus sobrinhos e a filharada dos primos) e às vezes eu nem vou. Às vezes penso que eles me convidam por pena, sei lá, eles devem achar que só porque eu tenho 26 anos e não me casei eu sou uma solteirona que vive com 10 gatos. Poxa, eu nem tenho um gato, seu eu pudesse teria vários, mas o destino nunca está ao meu favor então eu acabei nascendo com alergia a pelo. De todo tipo de bichinho. E a poeira também, mas me acostumei com isso. Fazer o quê, a consequência é todo mundo achar que meu nariz vermelho é por causa de gripe. Talvez alguém ache que eu sou o Rudolph. Bom, se alguém acha, pelo menos nunca me falou.


Agora eu estou andando de carro para chegar à Toca, provavelmente muito mais adiantada que o planejado, não que eu esteja ligando, quem sabe eu possa ajudar mamãe e eles tirem um pouco da cabeça que eu sou uma solteirona desastrada e esquisita.


Ao chegar à toca, Lily e Hugo (pois é, meu irmão!) já estavam lá com meus 3 sobrinhos que correram para me dar um abraço. Fui falar com a minha mãe.


– Oi mãe, precisa de ajuda? – Falei abraçando-a.


– Não, minha querida. Como vão as coisas? Você não vai lá em casa me visitar a tanto tempo – Ela parecia triste. Não faço por mal, sabe. Eu moro um pouco longe e a minha casa é pequena e aqueles livros ocupam mais espaço que eu. E eu trabalho também.


–Ah mãe, desculpe... você sabe, eu moro longe...


–Ok, ok. Eu vou arrumar as coisas lá dentro. Fica por aí!


Depois disso eu entrei e fiquei por lá, não tenho muito para conversar com o pessoal e proibi a mim mesma de levar um livro para tentar me socializar mais. Fracasso total, eu só queria pegar O Hobbit e ler um pouco o meu livro trouxa favorito.


Tarde vai, tarde vem, eu percebi uma presença ilustre – e inesperada - Andando pela casa. Scorpius Malfoy. Alguém conhece? Não? Eu ajudo: Pensei num homem lindo, loiro e inteligente e agora multiplique. Multiplicou? Vamos lá, não é difícil. Pronto? Agora você sabe quem é Scorpius Malfoy. Ele foi meu namorado em Hogwarts. Mas isso faz muito tempo... nós terminamos no último ano, antes da formatura. Na verdade toda essa ideia de terminar foi minha... eu decidi trabalhar com os trouxas (sou professora numa escola trouxa) e sabia que ele não iria gostar disso. Quer dizer... eu não sabia, mas eu achava que sim. E também achava que nós não tínhamos futuro, ele gosta de festas e bebida e eu gosto de sossego e chá. Ele gosta de quadribol e eu sempre que vejo qualquer coisa que voe, tenha o formato de uma bola e esteja vindo em minha direção eu cubro o rosto.


Nós terminamos a anos, mas isso não me impede de o achar lindo e inteligente, né? Eu só queria entender por que raios a criatura tá na casa da MINHA família.


– Malfoy. – Foi a única coisa que eu pensei em dizer quando ele passou por mim. Talvez eu estivesse querendo parecer aquelas personagens anti-sociais-e-misteriosas-que-te-tratam-pelo-sobrenome (sempre tem dessas)


– Pensei que me chamasse de Scorpius, Rosita – O que eu queria dizer nesse momento: “quem te deu essas intimidades, queridinho?” mas eu me controlei.


– Não te vejo a muito tempo, sabe. Porque tá aqui? Isso é uma reunião Weasley – Acho que eu fui meio grossa.


– Calma Rose! – E com isso ele se sentou do meu lado no pequeno sofá situado no Jardim da Toca. – Foi sua mãe que me chamou, na verdade. Ela me disse que ia adorar rever um “antigo amigo”. Só que o estranho é que eu nunca fui esse “graaande amigo” da sua mãe – E riu.


E nessa hora eu entendi qual era a desse convite da minha mãe... Ela, a tia Ginny, a tia Fleur e todas-as-outras-tias-que-eu-não-vou-listar vivem reclamando que eu moro sozinha naquela casa longe e devem ter combinado que convidar o meu EX NAMORADO para um almoço de família e pra ver ser me arranjam um namorado. (Eu disse que elas me acham uma solteirona esquisita, só que invés de morar numa casa com um monte de gatos, eu moro numa casa com um monte de livros.)


–alô, rose – Acho que eu viajei, por que agora Scorpius estava estralando os dedos na frente do meu rosto.


–oi, tô aqui, calma criatura. Então?


–Então o que?


– Então, ué! Tá fazendo o que da vida? E as namoradinhas? – Credo Rose, você disse isso mesmo?


– Nunca achei que você ia falar isso – Nem eu, meu caro – Eu trabalho no St. Mungus,e ...


–Achei que você jogasse quadribol – Interrompi na cara dura mesmo.


–Pare de me interromper! – Ele disse rindo, o que me fez rir junto. – Eu trabalhei com quadribol mas desisti, sabe, eu sempre gostei muito do esporte, mas não queria trabalhar com isso. E continuo solteiro. Pois é, Scorpius, devastador de corações, está solteiro aos 26 anos.


– Acho que a sua humildade assusta as candidatas. – e nós rimos juntos novamente.


– E você, Rose? Tá fazendo o que da vida? Continua enchendo os lugares de livros como você fazia em Hogwarts?


– Continuo solteira e continuo colecionando livros. –Dei ênfase no “colecionando” – Sou professora numa escola trouxa, e também sou tutora de crianças cegas, adapto alguns livros para o Braille e tal. – Ele me olhou confuso – Deixa pra lá, é muito complexo pra sua cabecinha de vento.


–Ei! – Nós rimos de novo. – Pra falar a verdade, eu só entendi a parte dos livros. Então você continua colecionando eles?


– Sou meio obsessiva com livros, e isso faz minhas tias acharam que eu sou uma solteirona esquisita. Minha casa é uma caverna cheia de livros, tem pilhas para todos os lados. Você devia ver! – Ops.


– Rosinha, rosinha. Esse é um convite para ir na sua casa? Eu não ligo de ir numa caverna cheia de livros, contanto que eles não desabem em mim! – Nessa hora eu resolvi entrar no joguinho e mandar uma de personagem-sedutora-e-misteriosa.


– Quem sabe um dia, né? Bom, agora eu vou pra casa porque já deu de ruivos por hoje. – Peguei minha bolsa e levantei – Foi bom te ver. Nos vemos qualquer dia. – Andei até a porta para me despedir da minha avó.


– Peraí, Rose! – Virei para ver o que era (eu realmente senti vontade de virar batendo cabelo como aquelas garota de filme, mas me controlei por que sabia que ia parecer um papagaio tendo um ataque epilético) – Quando vamos nos ver?


– Quando quiser. – E saí


E nesse fim de tarde eu dirigi pelas ruas de Londres cantando alguma música desconhecida no rádio, mexendo a cabeça e me sentindo, sei lá, alguma personagem de comédia romântica.

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