Em preto e branco



Alvo simplesmente não podia acreditar.

Tinha se apaixonada por sua melhor amiga.

Tudo bem, ela era completamente linda. Com seus longos cabelos negros, os olhos azuis escuros e as maçãs do rosto que se destacavam. E também era incrível, irônica, calculista, violenta...

Mas perder o controle e se declarar para ela já era demais. Alvo estava esperando ela rir ou bater nele. Ou, para encobrir a sua vergonha, que o chão se abrisse e ele fosse engolido. Em vez disso, Hope o encarava como se ele estivesse bebido vinho em excesso. E, para piorar, Alvo não conseguia sair dali ou dizer qualquer coisa, porque ela estava deslumbrante com seu vestido verde medieval que era o tema da festa de aniversário de Scorpius.

Aquela noite tinha começado tão bem...

Mãos suadas?

Confere!

Frio na barriga?

Confere!

Estômago embrulhado?

Confere!

Sensação de estar se expondo ao ridículo?

Confere!

Scorpius estava parado na frente do portão, com uma aparência de quem quer vomitar. Alvo riu internamente do estado do amigo, mas logo se lembrou de que devia estar muito pior.

Rose apertou a sua mão, encorajando-o. Por fim, tomaram fôlego e entraram. Por azar ou sorte, Howell ( a amada Hope) estava chegando bem naquele momento, magnífica com um vestido verde e seus longos cabelos negros caindo até a cintura, seus olhos azuis escuros, frios e cruéis...

- Al, acorda! - Rose estalou os dedos na sua frente.

- Hein? - Alvo perguntou.

- Ficou olhando pra Hope com uma cara estranha... Cara de asno.

- Então tá tudo bem! - disse Scorpius.

- Há! Há! Morri de rir. - falou Alvo com sarcásmo.

Ele entrou logo atrás de Hope, deixando Rose e Scorpius conversando do lado de fora.

- Oi, Al. - Hope o cumprimentou com um beijo na bochecha, o que provavelmente queria dizer que ela estava de ótimo humor.

- Você está bonita. - disse Alvo.

- Obrigada! Você também está incrível.

Ficaram em silêncio por algum tempo, constrangidos e sem assunto.

- Então... quer dançar? - chamou Hope.

- O quê? Ah, claro. - Alvo ficou um pouco supreso com a pergunta, também estava muito vermelho, pois ela fora feita no exato momento em que ele encarava Hope com cara de asno.

Ela segurou sua mão com delicadeza, o que, infelizmente, fez seu estômago afundar. Alvo a conduziu até o centro da pista de dança, colocou a mão direita na sua cintura...

- Você está bem? - Hope perguntou colocando a mão esquerda no ombro do amigo. - Está pálido.

- Não... Eu estou bem. Só um pouco nervoso... N.I.E.M.s

Hope não pareceu acreditar na mentira, mas continuou a dançar. Cada segundo ali era maravilhoso e uma tortura também. Eles dançaram duas músicas lentas. Dançavam tão mal que tiveram que parar várias vezes para rir ou massager os pés.

- Quer comer alguma coisa? - perguntou Alvo quando terminou a segunda dança.

- Claro. - respondeu Hope, ainda segurando sua mão.

Eles andaram até a mesa de comes e bebes e se serviram de vinho dos elfos salgadinhos de queijo. Seus dedos ainda estavam entrelaçados, mas Alvo não se importava, gostava de ficar perto de Hope. Beberam, comeram e conversaram por muito tempo. No final, eles estavam sentados num banco no jardim, rindo feito bobos, meio abraçados. Alvo começou a reparar em detalhes aleatórios, como a cabeça de Hope em seu ombro, as pernas dela sobre as pernas dele, o quanto ela era maravilhosa...

Quando ele ficou completamente insano, ele falou:

- Hope, você quer sair comigo?

- Claro, Al, somos amigos, não somos?

- Não Hope, não é como  amigos é assim, ó:

Ele segurou deu rosto e a beijou. Ela congelou, de olhos arregalhados, mais parada do que provavelmente ficara em toda a sua vida. Alvo se sentiu empurrado. Depois de estarem à quatro passos um do outro, ele se sentiu horrível, maravilhosamente culpado, arrependido, embora tivesse que adimitir que foi ótimo.

E novamente a situação inicial. (Page up!)

Howell murmurrou alguma coisa que deveriam (mais não pareciam) ser palavras e saiu em desparada na direção oposta. E ele ficou ali, parado, se sentindo um iludido.

Deitou no banco e fechou os olhos. Não soube quanto tempo ficou ali, mas em certo momento, Scorpius chegou e disse:

- Já é meia-noite. A Rose está te esperando e mandou eu te chamar.

- Desde quando você faz o que Rose manda? - Alvo retrucou.

Scorpius corou e não disse nada, apenas deu de ombros. Vendo que não tinha escolha, Al se despediu do amigo e foi para casa.

Ele acordou na manhã seguinte com a sensação de tinha um gambá na sua boca. Se levantou e foi até a cozinha.

- Acordou, a Bela Adormecida! - debochou Lílian, sentada à mesa, tomando café com Tiago.

- Como foi com a Hope? - perguntou Tiago.

- Como sabe? - Alvo perguntou, sabendo que não adiantaria mentir para o irmão.

- Tenho minhas fontes. - ele respondeu, misterioso.

- E a Rachel?

- Lá em cima.

Alvo parou. Percebeu que não estava em sua casa, e sim na casa do irmão mais velho, que morava com a namorada, Rachel,  e o amigo, Josh. Terminou seu café e se arrumou o mais rápido possível. Gostava de ficar na casa do irmão, mas queria ficar um pouco sozinho. Vagando pelas ruas, passou por um beco quase vazio onde havia uma lojinha e uma garota fotografando-a. Levou um tempo para perceber que era Hope. Já estava quase dando meia-volta quando ela percebeu sua presença.

- Al, o que está fazendo aqui? - ela perguntou.

- Dando uma volta. - respondeu.

- Vamos tomar um café? - Alvo estranhou a pergunta. Achou que Hope não quisesse vê-lo nunca mais, e não tomar café. Ou, ela estava aprontando alguma coisa, como a sua camiseta sujestiva (onde estava escrito Let‘s kiss and say goodbye) dizia.

- Tudo bem.

Eles andaram em silêncio por alguns minutos. Por fim, Hope apontou para um cafezinho e disse:

- Vamos ali.

Alvo entrou sem discutir. O lugar era bonitinho, de um jeito simples e retrô, com um chão de madeira, cadeiras em estilo romântico em mesinhas quadradas, algumas flores e garçonetes usando vestidos fofinhos. Sentaram-se em uma mesa perto de uma janela.

- Um expresso, um capuccino ligth, um croissaint de queijo e um bolo de limão. - Hope pediu para a garçonete, que logo voltou com o pedido.

- Então - Alvo puxou assunto bebericando seu café expresso -, o Howell Gabon fazia fotografando uma vitrine trouxa quando poderia estar em qualquer lugar do mundo.

Hope suspirou e comeu um pedaço do seu bolo.

- Eu acho legal. É diferente, icônico. Sonserinos gostam se coisas diferentes.

Ela olhou para ele com um olhar nada sutil sobre a caneca de capuccino. Alvo olhou para ela.

- Me desculpe por ontem. - ele falou enquanto pagavam a conta.

- Não tem que se desculpar. Eu é que devo pedir perdão por sair correndo daquele jeito.

Os olhos deles se encontram. Andaram até uma praça e sentaram-se em um banquinho.

- Eu fiquei um pouco nervosa, entende? - Alvo na verdade não entendia. Hope sempre fora tão confiante. - Nós sempre fomos amigos. Eu gosto muito de você.

- Claro, amigos... E a sua camisa sujestiva?

- Eu disse que gostava de coisas icônicas e criativas.E não, seu bobo eu também gosto de você daquele jeito.

Alvo sorriu.

- Você quer dizer assim:

Ele passou os braços ao redor da sua cintura e a beijou. Dessa vez, Hope não ficou parada.

...

...

...

Poreque em preto e branco nós vemos a beleza em sua excência.

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