Um Visitante Imprevisível

Um Visitante Imprevisível



Capítulo um – Um Visitante Imprevisível


            Adam estava muito zonzo. Avistara o irmão que estava na parede do seu lado, tinha o olhar de espanto. O menino estranho continuava em pé, sem se mover. Adam se levantou mesmo bambo, fez força para se mantiver em pé. Felipe chegara ao quarto do filho, que se jogou em seus braços e antes de desmaiar escutou uma voz desconhecida falando “Onde está minha irmã?”. Caiu no colo do pai desacordado.


            Adam estava no sofá da sala quando acordou. Sua cabeça doía. Augusto estava deitado no outro sofá, ele ainda cochilava. A casa estava silenciosa, parecia que nada havia ocorrido naquela manhã. Adam pensou que tudo aquilo não se passava de um sonho maluco que tivera. Não acordou o irmão e subiu as escadas a caminho do seu quarto.


            A porta estava fechada. Adam a abriu com a mão na testa, olhando o chão. Quando levantou a cabeça se deparou com um garoto de face rígida, com vestes pretas, que o tampavam todo, do pé à cabeça. Seus cabelos eram loiro vivo que fazia grande contraste com as roupas negras. Apesar de ser bem branco seus olhos eram muito escuros, tão escuros quanto um túnel sem saída e sem qualquer iluminação. Adam ficou ali parado, abismado demais para fazer qualquer ação. O menino o encarou com aquele olhar perverso.


            - Onde está minha irmã? – disse o menino.


            - Quem... Quem é você? – gaguejou Adam.


            - Onde está minha irmã? – repetiu o garoto.


            - O que você quer?


            - Ora, minha irmã. – tinha a voz fria como a noite.


            - Eu... Eu não sei onde ela está. Na verdade nem sei como você veio parar aqui. – assumiu Adam para o desconhecido. – Quem é você?


            - Meu nome é Dramian Ponzio. Sou a escuridão. – ambos ficaram calados por alguns instantes. Adam fez uma cara de espanto para o ser que era uma bola. – Não sei quem escolheu esse nome para mim.


            - Não, não é seu nome que me espanta e sim a... a... outra informação. – Adam tentou procurar uma palavra menos direta.


            - Sou a escuridão. Posso comandar a escuridão. Por exemplo. – Dramian olhou para a sombra de Adam que obteve vida própria, saindo de seu devido lugar. Caminhou pelo o quarto independente e volto para seu devido lugar. – Posso controlar sombras, torna-las reais, físicas. Também posso deixar algumas áreas sem luz, frio, e consigo conversar com animais noturnos.


            - Incrível! – disse incrédulo o menino de cabelos castanhos.


            - Mas preciso de minha irmã. Onde está ela? Somente com ela existe o equilíbrio. Posso perder o controle sem ela por perto. Acho que por isso fomos transformados em esferas de cristal.


            - Então era melhor você não ter se transformado nessa forma de humano...


            - Mesmo sendo um objeto, eu tinha um pouco de mentalidade. – agora o estranho falava mais alto. O quarto começou a se escurecer. – Se não eu não tinha rolado até o frasco, ele me atraia e nem sei bem o por que.


            Augusto aparecera na porta do quarto escuro, pálido. Seu irmão mais novo contou lhe o que Dramian o disse. Ambos não acreditavam muito, mas era difícil de acreditar que uma bola havia virado um menino com poderes sobrenaturais. Adam pediu a Augusto para ficar com o visitante e emprestar Suloren, sua coruja, a ele, pois queria enviar uma carta. O menino charmoso e alto não reprimiu o irmão, e fez o que o caçula pedira. Ele ainda estava muito chocado com o ocorrido. Adam escrevera uma carta para Dimitri.


Caro Dimitri,


                Sei que esta cedo, mas podemos nos encontrar? Preciso urgentemente conversar com você. Então, posso ir na sua casa? Me responda o mais rápido possível.


Seu Amigo, Adam Perone.


            Adam prendeu a carta no pé de Suloren e a mandou para seu destino. Ele retornou ao quarto. Augusto se mantinha firme em pé, demonstrando autoridade para Dramian, que continuava sentado na cama, olhava com aqueles olhos negros e frios para um ponto fixo.


            Felipe e Julieta chegaram em casa. Ela parecia muito fraca, mas se mantinha de pé. Tia Sabrina viera com eles, ela subiu a escada e olhou para o menino, sem acreditar no que via.


            - Parece que aquela sua história de alguns anos atrás era verdadeira tia. – comentara Felipe para Tia Sabrina que abriu um largo sorriso.


            - Sim, sim. Parece que sim. – olhou para Adam e deu um beijo na testa. – Adam não deve lembrar era muito pequeno. – beijou o rosto de Augusto. – Agora Augusto deve se lembrar.


            - Não. Na verdade eu nem presto muita atenção nessas histórias. – Augusto fizera uma cara assustada, não devia ter dito isso na frente da Tia Sabrina, que riu ao escuta-lo e após se posicionou na frente de Dramian. Adam achou que ela daria alguma bronca no garoto ou usaria um feitiço sobre ele, mas a senhora fez um grande esforço para se sentar no chão.


– Por favor, deixe-me aqui as sós com ele. Quero conversar um pouco com esse jovem bonito. – A idosa sorriu para Dramian. Os três, Adam, Augusto e Felipe, deixaram o quarto e desceram para a sala, onde Julieta estava no sofá, fraca.


            Essa conversa foi extensa. Tia Sabrina e Dramian conversaram no mínimo por uma hora. Julieta chegara até dormir no sofá. Felipe e Augusto a carregaram até o quarto. Depois os dois desceram e os três foram comer algo na cozinha. Só ai Tia Sabrina aparecera com Dramian ao lado.


            - Ele passara estas noites aqui. Depois ele irá lá para minha casa. Normalmente estou sozinha, será boa sua companhia.


            Felipe não questionou, somente aceitou a ideia da tia. Ninguém perguntou o que os dois haviam conversado no segundo andar, só fizeram um lanche silencioso e com muitas trocas de olhares entre pai e filhos. Tia Sabrina se despediu de todos na casa, até mesmo de Julieta que estava no quarto e foi embora.


            - Bom... Com quem ele irá dormir? – perguntou gentilmente Felipe para os meninos. Adam e Augusto se encararam, sem saber o que responder, pois Dramian estava ali presente.


            - É... Tanto faz, nenhum de nós dois se importará de recebê-lo no quarto. – falou Augusto com um sorriso forçado e olhou para o irmão.


            - É. É verdade. – confirmou Adam, também com um sorriso forçado e olhando para o irmão.


            - Vocês tem um sótão? Ou um porão? Gosto de lugares com pouca luz. – disse sutilmente o menino misterioso. Os moradores da casa se olharam assustados.


            - Temos sim. Mas por hoje durma com Adam e amanhã arrumamos o sótão para você. Tudo bem? – argumentou Felipe.


            Dramian aceitou a proposta. Adam arrumou a cama para o convidado que se sentou e daquele modo ficou. O dono do quarto logo pegou no sono e teve sonhos confusos com Dramian e outros três meninos que não conhecia.


            Acordou quase no amanhecer e levou um grande susto ao ver o menino ainda sentado do mesmo modo. Adam teve receio de falar alguma coisa, mas por fim perguntou:


            - Não conseguiu dormir? Já sei, sente falta da sua irmã, não é mesmo. Meu irmão é um chato, mas eu gosto dele. Detesto assumir, porém eu sentia falta quando ele ia para Strambo e eu ficava aqui. Mas sim, sei o que você sente.


            - Não é nada disso. – Dramian disse com uma voz fria. Adam sentiu seu rosto ferver, queria não ter dito sobre os seus sentimentos por Augusto. – Eu sou a escuridão. Então nada mais obvio do que eu gostar da noite.


            Não houve mais conversa. Adam voltou a dormir que agora tinha pesadelos similares com o que ele viu na ultima sala do alçapão do castelo, seus entes queridos se explodindo na sua frente, mas no final a carne deles se recompôs e todos riram da cara dele. Do meio do pessoal saiu Alen, seu primo falecido, com uma cara sombria e disse “Morri por sua causa!”. Adam acordou do pesadelo completamente suado.


            - Desculpa, minha presença causa pesadelos. – dissera Dramian Ponzio.

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Comentários (1)

  • Águia Solitária

    Muito bom esse primeiro capítulo, adorei o fato de a história continuar, e estou ansioso pra ler o segundo capítulo, voce é um ótimo escritor, parabens

    2013-12-22
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