Amigos?



Capítulo Sete - Amigos?


 


Os fogos continuavam a estourar quando Harry e Gina se separaram. Harry achava que tinha saído de um sonho. Ele estava beijando a garota dos seus sonhos? Sim, mas não muito sóbrio. Ele afastou-se dela, com olhos arregalados.


Gina encarou Harry por alguns segundos e seus olhos voltaram para o chão? Será que ele se arrependeu? Como seria a relação dos dois agora? Gina não sabia. Mas ela sabia que resistira até demais. Estava apaixonada demais para recuar.


- Gina, eu...


- Não, Harry. Não peça desculpas. Sou eu que devo me desculpar. Eu não devia... – Gina desviou o olhar de Harry. Na verdade, não queria pedir desculpas por algo que desejava há algum tempo.


- Ei, espere. – Harry pegou no braço de Gina e fez ela o encarar. – Você não deve se desculpar. Na verdade, eu não iria pedir desculpas.


- Não? – O coração da garota deu um salto.


- Não – ele sorriu. – Acho que foi uma ótima maneira de começar o ano-novo: beijar a garota de quem você está afim.


Gina mal podia acreditar naquelas palavras. Harry estava mesmo afim dela, como as meninas falavam? Não era o álcool falando mais alto.


- Você está querendo dizer que... que está afim de mim?


E Harry viu que não dava mais para voltar atrás.


- Eu estou meio alto, mas sei o que estou fazendo ou falando. E sim, Gina, estou afim de você. Acho que faz algum tempo já.


As borboletas no estômago de Gina se agitaram. Ele confessara que gostava... não, que estava afim dela. Mas já era um começo, não?


- E você? Não vai dizer nada? – Harry estava ansioso. Gina também compartilhava desse sentimento?


- Eu... Harry, nós nos conhecemos há tanto tempo. Eu nunca imaginei que ficaria afim de você. – Pronto. Era melhor abrir seu coração.


- Então... você também está afim de mim. – Harry abriu um enorme sorriso


- Olha, Harry, vamos deixar as coisas acontecerem, ok? – Antes que Harry pudesse reagir, Gina cortou. – Agora, vamos.  Daqui a pouco, vão vim atrás da gente e não queremos que os outros perguntem.


Harry anuiu. Gina tinha razão. Era melhor deixar as coisas acontecerem. E não queria que ninguém ficasse no pé deles.


- Tem razão. Vamos.


Harry quis pegar na mão de Gina, mas desistiu do gesto. A relação deles ainda não estava definida. Só sabiam que se gostavam mais do que amigos.


 


Hermione afastou-se de Rony quando ele foi buscar uma bebida. Achou engraçada a teoria de que um beijo na virada traria sorte para o casal. No fundo, ela desejou que ele tivesse razão.


Os presentes ainda se abraçavam ou cantavam músicas de “ano-novo”, brandindo garrafas de champanhe. Muitos ali já estavam um pouco bêbados e a garota acreditou que a festa n duraria mais de duas horas.


Olhou ao redor procurando Harry e Gina. Já fazia algum tempo que Gina fora atrás de Harry e não voltara para a virada do ano. Será que os dois haviam se perdido?


Respirou aliviada quando viu os dois vindo. Não sabia se era apenas impressão, mas achou os 2 um pouco distante um do outro. “Será que haviam brigado de novo?” Falaria com Gina depois.


- Onde vocês estavam? Achei que tinham se perdido?


Harry e Gina se entreolharam e Hermione se perguntou se eles realmente tinham brigado.


- Fui procurar o Harry na praia. Então, vimos a queima de fogos juntos.


- Sozinhos? – Hermione ergueu uma sobrancelha.


- Sim... – Gina baixou a cabeça, mas a cunhada percebeu que ela havia corado.


- E...?


- E o que, Hermione? Vimos a queima de fogos e voltamos, só isso. Aliás, Feliz Ano-Novo – e abraçou a amiga.


- Feliz Ano-Novo pra você também, Harry. E Gina. – Abraçou a cunhada. – Depois você vai me explicar essa história direitinho – sussurrou pra ela, que corou ainda mais.


- Bom, vou procurar o Rony. – E, dizendo isso, Harry saiu para procurar o amigo.


- E então? – Hermione cruzou os braços, esperando que Gina falasse alguma coisa.


- Então, o que? – Tentou desviar o olhar da amiga.


- Vocês demoraram.


- Hermione, nós só demoramos 15 minutos. Não é como se estivéssemos perdidos ou algo assim.


- Mas vocês estão com uma cara estranha. Há algo que queira me contar.


Gina bufou. Hermione sabia que ela n conseguia esconder nada dela.


- Ok. Mas olha: não conte nada a ninguém, muito menos para o meu irmão.


- Gina, você sabe que eu sei guardar segredos.


- Beleza. Foi o seguinte: sai para procurar o Harry. Ele estava meio alto. Ainda tá. Daí eu fiquei com ele um pouco e ai... bem, nós nos beijamos na passagem do ano.


- O QUE?? – Hermione se exaltou, mas baixou a voz. – Então, vocês se acertaram? Estão ficando? Namorando? Anda, me conta!


- Nem uma coisa e nem outra. Mas ele falou que gosta de mim. E vamos deixar rolar.


- Então, vocês estão ficando, certo?


- Eu não sei, Hermione. – Gina deu de ombros. – Mas só o fato do Harry gostar de mim, já me deixa contente. – Sorriu radiante e Hermione ficou feliz pelos amigos. Algo lhe dizia que os dois se acertariam oficialmente, em breve.


Já eram quase 2 da manhã e metade das pessoas haviam ido embora. Muitas delas cansadas e bêbadas. Harry, muito alegre por beijar a garota de seus sonhos, havia, novamente, ultrapassado seus limites e bebeu além da conta. Não fez nenhum escândalo ou abordou Gina, mas estava tonto e não se aguentava mais em pé.


- Harry fez de novo. – Bufou Gina. – Espero que ele não dê escândalo.


- Que escândalo, Gina? É mais fácil ele cair desmaiado do que dar qualquer vexame – observou Hermione.


- É, acho que você tem razão – disse Gina, observando Harry sentar-se na areia. Ele estava zonzo pela bebida e ela sentiu tentada em ajudá-lo.


- Acho melhor levarmos Harry para casa – disse Rony.


- Eu também acho – concordou Hermione. – Vamos até ele.


Harry levantou-se quando os amigos chegaram perto dele.


- Você está legal, Harry? – Perguntou Gina, preocupada.


- Estou... – a voz de Harry estava embargada. – É que... a minha cabeça... parece que vai explodir.


- Isso deve ser efeito da bebida – concluiu Hermione. – Venha. Vamos te levar para casa.


- Não... não precisam se preocupar... eu, hic, estou, hic, bem.


- O senhor não me parece bem, mocinho. – Mesmo alterado, Harry gelou ao ouvir aquela voz. Virou-se e deu de cara com uma Lily Potter de braços cruzados e com cara de poucos - amigos.


- Oi mãe... – sorriu sem-graça.


- De novo, senhor Potter? Não disse que não ia mais beber?


- Eu sei... mas é ano-novo. Releve mãe. – Harry se jogou nos braços da Lily, que recuou. O garoto era mais alto e forte que ela.


- Ok. Mas que isso não se repita, senão te proíbo de beber.


- Mas mãe...


- Nada demais! Não devia deixá-lo beber! Ainda não tem 21 anos! Mas, se da próxima vez, você beber desse jeito... já sabe.


Harry não fez objeção. O olhar da mãe já dizia tudo.


- Nós o levaremos para casa, senhora Potter, se a senhora quiser.


- Obrigada, meus queridos. Eu não sei o que seria do Harry sem vocês.


- Pode deixar com a gente. – Rony fez Harry apoiar-se nele e, com a ajuda de Gina e Hermione, foram direto para a casa do amigo.


Já na casa de Harry, Gina preparou um café bem forte para Harry, enquanto Rony tentava enfiar o amigo embaixo do chuveiro.


- Acho que já sei por que o Harry está alegrinho desse jeito – disse Hermione sentando-se na mesa da cozinha. – Tem a ver com uma certa ruiva, que está agora, nesse exato momento, na casa dele e fazendo um café para ele.


- Ok, ele bebeu por minha casa. Porque nos beijamos e ele está todo feliz – ironizou Gina, colocando o café no bule.


- Sim, porque ele está apaixonado e feliz. E isso faz as pessoas exagerarem.


- Ok, se você diz... Agora, vamos levar esse café pro Harry. O Rony já teve ter ajudado o Harry.


Mas quando subiram as escadas, deram de cara com Rony saindo do quarto de Harry.


- Como ele está?


- Ele simplesmente apagou. Nem deu tempo de levá-lo pro banheiro.


- Amanhã ele vai acordar com uma ressaca daquelas.


- E agora? O que vamos fazer?


Uma idéia louca surgiu na cabeça de Gina. “Não, não posso. É loucura”. Mas ela queria fazer isso. Por ele. Pra não deixar aquele sentimento que envolvia os dois se esvair. Ela tinha que ficar com ele.


- Vocês podem ir. Eu fico tomando conta dele até a senhora Potter chegar.


Rony e Hermione olharam pra ela, que corou. Não tinha nada demais ajudar um “amigo”, certo?


Cai na real, Gina. Ele já ultrapassou o status de amigo.


- Tem certeza, Gina? – Disse Hermione me olhando de esguelha. – Podemos ficar aqui com ele também...


- Não precisa! – Falei percebendo meu tom de voz. E acrescentei: - Eu fico aqui até a mãe dele chegar. Depois vou pra casa. Avisa a mamãe, Rony?


- Olha não sei... – hesitou Rony. – Vocês dois aqui sozinhos. Não acho uma boa idéia e... ai, Hermione. – O ruivo massageou o braço no local onde Hermione o havia beliscado.


- Rony, o Harry está apagado. Com certeza, ele vai acordar só amanhã. E Gina nem vai estar aqui – disse Hermione com aquele ar de quem diz uma coisa óbvia.


Gina olhou agradecida para a cunhada. Claro que não aconteceria nada. Afinal, Harry estava desmaiado lá encima.


- Ok, ok – falou Rony derrotado. Não adiantava discutir mais. – Mas olhe, Gina. Assim que a mãe dele chegar, você vai pra casa, entendeu? – Apontou o dedo para a irmã. O ciúme de irmão era evidente.


- Ok, Rony. Pode deixar. Assim que dona Lily chegar, eu vou. Prometo. - Fez um gesto de escoteiro.


- Vamos embora, Rony. A festa já deve estar terminando – disse Hermione empurrando um Rony ainda hesitante para fora. – Tchau, Gina.


- Tchau – falou Gina quando Hermione chegou a porta. Respirou fundo. Lá estava ela com um Harry desmaiado.


Resolveu, então, subir as escadas para ver como ele estava. Com certeza, estaria do mesmo jeito: um porre total.


Entrou no quarto dele e observou. Harry ressonava na sua cama. Parecia dormir um sono tranqüilo. Pelo menos, não deu escândalo como da outra vez, pensou, ao se aproximar da cama.


Sentou-se nela e logo imagens dos dois se beijando vieram a tona. Como seria a relação deles dali em diante? Seriam amigos com benefícios? Ficantes? Ou apenas amigos que só “ficaram” numa noite e tudo voltaria ao normal? Gina não sabia. Mas ele dissera que estava afim dela, certo? É, eles tinham que conversar sobre o assunto, pra nenhum dos dois sair machucado daquela história.


Num gesto automático, tirou alguns fios que cobria o rosto dele. Harry parecia um anjo dormindo. Livre dos problemas. Gina lembrou-se que, quando o pai de dele morrera, ele passava as noites em claro e só conseguia dormir quando ia para sua casa. Levou algum tempo para voltar ao normal. Embora a morte de Sirius o devastara novamente, a recuperação iria ser rápida.


Gina não resistiu e deitou-se ao seu lado. Harry não acordaria tão cedo. Ficaria ali até a mãe dele chegar. Queria ficar. Precisava ficar.


Mas sentiu as pálpebras pesadas e fechou os olhos. Só esperava acordar quando a mãe dele chegar


- Será que foi uma boa idéia deixar a Gina lá? – Perguntou Rony pela enésima vez, fazendo Hermione revirar os olhos.


- Rony, esquece isso. Logo, a festa acaba, dona Lily vai pra casa e Gina volta pra casa. – disse uma Hermione convicta. Esperava mesmo que Gina fosse para casa depois.


- Só quero ver – disse Rony cruzando os braços. Ao ver quem estava se aproximando fez uma careta. – E por falar nisso... – cutucou a namorada pra ver quem chegava.


Cho Chang caminhava até eles com ar superior. Hermione escondeu a cara de nojo. Que garota mais fresca, meu deus.


- Olá, vocês viram o Harry? – Perguntou Cho com aquele seu ar arrogante.


- Sim. Ele está desmaiado na cama dele. Bebeu muito, sabe – completou Hermione ao ver o olhar intrigado de Cho. – Quer deixar recado?


Rony quase riu do jeito debochado que a namorada respondeu. Cho ficou vermelha como um pimentão.


- Olha aqui... – apontou o dedo para Hermione. – Quem você pensa que é...


- Hermione Granger, prazer. Amiga de Harry, o cara que você procura. Mas... como eu te disse, ele não está aqui. Se quiser ir até a casa dele pra confirmar...


- Idiota... – murmurou Cho e Hermione n sabia se era para ela ou pro Harry o “idiota”. – Tá bom, então. Eu falo com ele depois.


Cho se afastou e Rony olhou para a namorada, que ria baixo.


- Que foi?


- Devia ter dito com quem ele está, mas acho melhor não arriscar – falou piscando pro namorado, que fechou a cara.


- Espero mesmo que a Gina volte pra casa o mais rápido possível – disse o ruivo, já não muito convicto daquilo.


 


 

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