Um Bom Motivo Para Tirar a Var

Um Bom Motivo Para Tirar a Var



Harry Potter acordava em mais uma manhã em Windmill, o sol rugia e as panelas tilintavam no andar de baixo. Levantou sonolento e perturbado, dormira pouco, e mesmo sabendo que não teria mais nada para fazer no restante do dia, se levantou e se aprontou para ver Gina e os filhos antes que eles pensassem que estava doente.


Abriu a gaveta e colocou os óculos, sentiu uma angústia ao ver a varinha trancafiada no fundo da madeira. Há algumas semanas, ele foi avisado pelo Ministério da Magia que todos os bruxos e bruxas estavam terminantemente proibidos de praticarem qualquer tipo de magia, e caso desrespeitassem a lei, estariam propensos a perderem a vida, pelos fatos acorrentes desde o inicio do mês, no qual assustaram todos, inclusive os trouxas.


- Não toque nesta varinha Harry Potter! – Gina se aproximou fechando a gaveta ferozmente.


- Eu... não... – Gaguejava o pobre Harry.


- Eu não quero ouvir desculpas, agora desça e coma a porcaria da comida que eu fiz para que as crianças comam também. – Desde que foram proibidos de praticarem magia, Gina cozinhava, e cozinhava muito mal.


- Você parece sua mãe, só que mais trouxa do que nunca.


As escadas rangiam enquanto desciam. A casa apesar de famosa por abrigar o famoso bruxo Harry Potter era velha e se envergava quando ventava, mas era ali que ele mais se sentia bem, em Windmill, um bairro gracioso e sujo, afastado da nova e agitada Londres.


Harpoon, a coruja da família, se remexia em cima da mesa, era uma coruja negra e orgulhosa, mas gostava do carinho das crianças, somente das crianças.


Na mesa, havia o mais básico café da manhã, que Gina havia transformado no mais trágico café da manhã, mesmo assim enquanto comiam, conversavam e brincavam um com o outro, era uma família feliz, porem assim como todos os outros, estavam passando por momentos difíceis, vivendo de uma forma que não eram eles.


Bang! Bang! Bang! A porta só não caiu porque era a coisa mais nova da casa.


- Quem poderia ser? – Harry olhou para Gina como se ela estivesse esperando alguém.


- Eu não estou esperando ninguém, pare de me olhar assim, eu... hm... não pode ser ninguém que conhecemos, todos moram tão longe, e sem magia é impossível chegarem aqui, a não ser que aprenderam a dirigir nas ruas.


Gina abriu a porta, sentiu como se o vento mais gelado que já sentira estava atravessando todos os poros do seu corpo, mas era um fantasma e com esse fantasma havia um anão, rechonchudo e atrevido, e falava como se tivesse uma aranha de estimação dentro da garganta.


- Como vocês podem deixar um homem da minha estirpe esperando?


- Eu disse que você deveria pedir ajuda a outra pessoa – disse a fantasma, uma mulher alta e magricela, que apresentava sérios problemas de verrugas pelo corpo, do qual só estava coberto por um mísero vestido de mundana.


- Eu não sabia que fantasmas poderiam andar por aí. – Gina afastou-se indo em direção a Harry. – Crianças, vão para o quarto – E então, as crianças correram, ainda eram crianças bem pequenas, menores que o próprio anão.


- Gina, eles devem ter seus motivos. – Harry tentava sorrir enquanto bocejava e Gina o olhava, zangada.


- Com todos esses problemas acontecendo, você vai se preocupar com uma alma depenada como essa? Oras! Pelas barbas de Dumbledore! Vocês me parecem cansados, e eu nem me atrevo a me perguntar o porquê. – A voz arranhada do anão arrepiava mais do que a fantasma, que olhava perdidamente a casa, que, aliás, estava escura, dizendo melhor, sem magia.


- Diga quem é o senhor e a... senhora – Gina sentava-se.


- Senhorita! Hm, que atrevida, eu nunca me casaria com um anão bobalhão como esse! – Ralhou a fantasma que tentava tocar a lâmpada morna.


- Mas ninguém disse que estavam casados.


- Eu sou Baggy, apenas Baggy. – O anão tirava o chapéu aveludado. – E essa é Hussy, apenas Hussy.


- Desculpe, mas nós não os conhecemos. – Gina segurava a mão de Harry que os olhava atentamente, havia tempos que não tinham qualquer contato mágico.


- Eu sei que não nos conhece, viemos de muito longe, pra lá das terras de Ganglion, sim, viemos de lá... E não viemos à toa, lá também está acontecendo o mesmo que aqui, na verdade, em todo o mundo, fui ao Brasil alguns dias atrás e...


- Não precisamos de detalhes sórdidos, diga o que quer. – disse Gina.


- Tudo bem, desculpe-desculpe, Hussy, se comporte – Hussy vagava pela casa tentando mover os objetos que tinha certeza que nunca ira antes. – Eu e Hussy, moramos, bem, se vocês não querem detalhes sórdidos eu não preciso dizer de onde venho, como já disse viemos de muito longe, pra lá das terras de Ganglion, e pelas barbas de nosso santo Dumbledore, que jaz nesta terra ferida, lá está do mesmo jeito que aqui, sem nenhuma mágica, e em todo mundo os bruxos...


- Cale a boca, e fale antes que eu te coloque no forno para os porcos da vizinha! – Gina estava tremendo, viver sem magia a deixava irritada e Harry tentava se acalmar sem ratear.


- T-t-tudo be-em, Hussy, se comporte! Maldita alma! – O anão sacudia as vestes, Hussy estava dançando sem música do outro lado da cozinha, Baggy tirava de dentro de seu paletó um papel, na verdade um jornal. – Leiam.


 


O Profeta Diário


 


Mais uma bruxa queimada.


Por Sonea L. Bomfry.


 


 


Há meses, nós, bruxos e bruxas e qualquer outro ser mágico, temos passado dias difíceis, fomos proibidos “terminantemente” de praticar qualquer tipo de magia, e isso vem causando desgraças em todo o mundo, inclusive aqui, em nossa querida e ignorante Londres, que há meses vem descobrindo práticas “demoníacas” e queimando, literalmente, nossos iguais, nós ainda não sabemos os motivos, mas os bruxos e bruxas estão descontrolados, praticando magia em frente aos trouxas que nem conseguem viver sem uma bacia de porcelana, que chamam de vaso sanitário, não é engraçado? Bem, o Ministério da Magia tentou apagar a memória dos trouxas que viram o primeiro bruxo descontrolado lançando feitiços no Parlamento Inglês tentando destruí-lo, mas não conseguiram, os trouxas ainda se lembraram do episódio e ficaram enlouquecidos, houve alguns que acharam fantástico, e eu sei bem, porque eu estava lá, era meu irmão que estava amalucado, imagine se fosse eu? A melhor jornalista desse jornaleco? No entanto, houve mais episódios desses, e por incrível que pareça, quando os bruxos se descontrolam eles ficam se magia logo após, ficando a mercê dos trouxas, que deixou a multidão fazer o que quiserem com eles, eu não acredito que isto está acontecendo, nesta noite, que choveu horrores, mais uma bruxa foi vista fazendo isto, se descontrolando, e por culpa desses descontroles, estamos proibidos de praticar magia, Lilá Brown foi julgada pela população de Londres por flutuar enquanto praticava a maldição Cruciatus em uma criança num supermercado a oeste de Londres. Precisamos descobrir os motivos disso tudo, e retornarmos a nossa bela vida, incógnitos de nosso dom.


 


Harry Potter se lembrou por um breve momento de Lilá Brown, mas preferiu esquecer, era uma bruxa como ele, e ele sentia pela primeira vez na vida a dor de ser um bruxo.


- É uma pena que as imagens estejam tão... paradas. – Harry disse.


- Não é por causa das fotografias que não se movem que eu vim aqui, senhor Potter. – Baggy olhava-o com profundidade.


- É que já faz tanto tempo que não tocamos num jornal... como esse. – Gina falava tristemente.


- Senhora, não se preocupe, logo estaremos bem outra vez, não acha Hussy? – Baggy fingiu não se importar de ver a fantasma tentando beijar uma fotografia de Rony na parede.


- Hã? Ah, sim... Logo-logo-logo estaremos bem, preciso... vejamos... – Hussy se aproximava de Harry. – Fale logo para ele Baggy, precisamos acabar logo com isso, poupe-nos todos.


- Eu ainda não compreendo a sua visita, senhor Baggy do quê mesmo? – Gina cruzava os braços.


- Apenas Baggy, eu já lhes disse. Senhor Harry... – Olhou para Harry posicionando os braços atrás das costas. – O motivo de estarmos aqui também não se diz respeito somente a esses acontecimentos, nós, da... bem, o nome não importa, nós estamos dispostos a banir o mal, e precisamos da sua ajuda, senhor Harry, mais do que tudo.


- Quando começamos? – Vociferou Harry.


- Harry Potter, não se atreva a ir se aventurar com um anão que nem conhecemos, e... ainda não entendi o que o senhor está querendo dizer.


- Explique Baggy-yy – Hussy assoprava o cabelo de Gina, mas era indiferente.


- Vou explicar, dessa vez serei direto. Pois bem, Sou de um lugar, como já disse, distante, o nome, bem, eu  não posso lhes informar o nome da Casa em que “trabalho”, Todos nós temos um fantasma conosco, eles apesar de mortos podem nos ajudar e muito, Hussy ainda nunca provou o que sabe, é tão estúpida e absurda que eu deveria bani-la... Hm, bem, ninguém sabe da nossa existência, e nunca deixamos que saibam, no final da nossa “ajuda”, nós fazemos uma coisa, nada importante no momento, pois bem, há semanas, nós, regentes da Casa, estamos pesquisando, da nossa maneira, os motivos desses descontroles, exigiram que eu viesse até o senhor Potter para que convocássemos a sua ajuda, um apoio nato de sua fama, é claro.


- Mas como vocês descobriram o que realmente está acontecendo?


- Somos bruxos! – Hussy levantou os dedos ao falar.


- Sim, nós sabemos, é que nunca ouvimos dizer sobre esta “Casa” cujo nome é desconhecido... – Gina estava se acalmando.


- Já disse que ninguém é capaz de lem... saber. – Baggy se sentou numa das poltronas, especificamente na cinza – Há dois dias, quando cheguei do Brasil tentando descobrir sozinho onde estava o que estamos procurando, nosso comandante me informou que estava aqui o que precisamos, bem nos nossos narizes, acreditam? Pois bem, me disse ainda que só a ajuda de um bruxo tão bom quanto a fama que tem poderia me ajudar, esse serviço foi posto exclusivamente a mim, e então decidi escolher o senhor Harry Potter, o mais famoso nos últimos anos, pelos motivos que nem preciso mencionar. O senhor aceita?


- Sim, é claro – Os olhos de Harry quase atravessaram o vidro de seu óculo, estava eufórico.


- Harry! Você não pode, você pode ser morto... – Gina atropelava seus pensamentos angustiantes.


- Não é tão ruim estar morto, olhe para mim, mais bela do que nunca, adoraria ter alguém que prestasse do meu lado. – disse Hussy.


- Eu. Não. Vou. Morrer! – Harry enfurecia – Acalme-se Gina, agora me diga Baggy, o que realmente estamos procurando?


- Então o senhor aceita, oh, mas que honra! – Baggy se levantou, sem fazer diferença se estava sentado ou não – Estamos procurando A Força Maior, eu sei que é um nome um tanto tolo, porém, é como o apelidamos. Deixe-me explicar, no mundo dos bruxos e bruxas, temos um ser inanimado que faz com que o mundo dos bruxos e o mundo dos trouxas não se liguem, é a ordem corretas das coisas, é claro que existem por aí milhares de trouxas brincando de serem mágicos, mas não passa de balburdia, e vou ser direto – Baggy os olhava atentamente, alguém o pegou e esse alguém é quem está fazendo tudo isso, o motivo, nós não sabemos, e não sabemos como pegaram essa Força Maior, pois nunca sabemos onde ela estava e como era, sempre achávamos que era impossível só de vê-la, além de nos proteger, essa Força Maior controla o mal e o bem, ditados pelo Mago Buxom que foi o verdadeiro mestre da criação dela, cuja vida foi tirada por um de seus elfos domésticos, eles não eram como hoje em dia, sabem...


- Nunca ouvimos falar nisso, o senhor está biruta... amalucado... não acha Harry? – Gina falava passivamente em tom de deboche. – Harry? Aonde você vai? Volte aqui.


Mas Harry Potter já estava correndo contra a escada, preparando sua vassoura e pegando sua varinha, era o momento certo de recomeçar a fazer alguma coisa.


 


 

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