Capítulo 15: Já vai tarde



Hermione foi acordada por um barulho vindo do banheiro. – Droga! – seguiu um sussurro frustrado logo depois. Ela rolou e jogou as pernas para fora da cama, esfregando os olhos enquanto levantava. Ainda estava escuro, mas ela podia ver o céu começando a clarear pela janela leste. Harry levantou os olhos, surpreso, quando ela apareceu na porta do banheiro. –Ah, droga – ele disse. – Não queria acordar você. Estava tentando não fazer barulho, então obviamente derrubei o porta-escovas. – ele estendeu a mão sobre os pedaços, o porta-escovas se reordenando e pulando pra mão dele.


- Que horas são? – ela perguntou, a maior parte de sua pergunta perdida num enorme bocejo.


- Cinco e meia.


- O que está fazendo de pé tão cedo?


- Vou para o ECOE agora de manhã, se lembra?


Hermione balançou a cabeça que sim, bocejando novamente. Encontro do Corpo de Oficiais Executores era muito conveniente quando acontecia em Londres, mas recentemente fora relocada como era necessário a cada três anos. A nova localização no Rio de Janeiro tinha um cenário muito mais bonito, mas menos prática. –Lembro, mas não achei que ia no meio da madrugada. – ela murmurou sonolenta, se apoiando contra a porta e observando enquanto ele colocava na mala seu kit de barbear. Sua mala estava no banco em frente a penteadeira dela. – Queria que não tivesse que ir.


- Não tanto quanto eu – só tinham passado duas semanas desde o retorno de Florença e nenhum dos dois gostava muito da idéia de terem que se separar mais tempo do que era absolutamente necessário. O trauma da separação deles, sem falar do quase encontro dela com a morte durante o serviço, deixara cicatrizes neles. –Volto amanhã à tarde.


- Que bom, porque temos uma reunião com o pessoal do bufê amanhã a noite.


- Qual deles? Os que têm...


- Não, os outros.


- Ah. Certo. Bem, eu volto cedo. Venho direto pra casa, não preciso passar no escritório antes. – ele sorriu pra ela, colocando a jaqueta do uniforme. – O que vai fazer hoje? – era sábado, então Hermione não tinha que trabalhar como ele.


- Vou fazer uma reunião com as damas-de-honra pra planejarmos nossa estratégia de combate. Ainda não sentamos todas juntas.


- Imagino o que nossos amigos vão achar de sua prima Sarah.


Hermione sorriu. – Ela é uma figura, com certeza. – Hermione pegou a capa roxa do uniforme de Harry e parou na frente dele pra prendê-la nos ombros. Ele ficou quieto e deixou-a fazer isso, era difícil deixar tudo reto sem ajuda. –Já decidiu o que fazer com a situação de Justino?


- Acho que sim – haviam decidido recentemente que Justino ficaria encarregado da música do casamento. Infelizmente, isso impedia que ficasse ao lado de Harry no altar. Isso deixava uma vaga na linha de frente (usando as palavras de Justino) e até então Harry ainda não decidira quem colocaria no lugar. – Conto pra você quando voltar.


- Certo.


Ele pegou a mala com a muda de roupas e foi para porta. –Ei, volte para cama. Ficou acordada até tarde.


- E de quem é a culpa por isso? – ela arqueou uma sobrancelha pra ele, de brincadeira, deixando a mão escorregar até apertar o traseiro dele. Harry virou e deu um sorriso maroto pra ela.


- Não era pra nós homens ficarmos excitados de manhã?


- Bem, é manhã. Está excitado? – ela o acuou contra a porta.


- Com você perto? Sempre. – ele a beijou com vontade, largando a mala para colocar os braços em volta dela.


- Argh, estou com bafo matinal – ela disse, sorrindo contra a boca dele.


- Eu não ligo – ele a beijou de novo e então recuou suspirando. –Infelizmente eu realmente tenho que ir.


- Boa viagem.


- Ha ha, muito engraçado. – ele pegou a mala e foi em direção a escada. – Vejo você amanhã à noite.


- Tchau, querido. Use sua bolha lá do ECOE.


- Te amo.


- Te amo mais.


- Não ama.


- Amo sim – ela respondeu enquanto ele desaparecia nas escadas.


- Não ama! – veio a resposta dele, por cima do ombro.


Ela esperou alguns segundos até que os passos dele sumissem. – Amo sim – ela disse, sorrindo pra si mesma.




Napoleon esperava por ele quando chegou no ECOE, um prédio moderno, brilhante e bem escondido, acessível apenas por aparatação ou pó de flu. Ele parecia, como sempre, extremamente desconfortável em seu uniforme da DI. Harry podia contar nos dedos de uma mão as vezes que o tinha visto de uniforme. –Bom dia, Jones – disse se aproximando da área de espera onde Napoleon estava jogado em um sofá, os pés para cima, lendo o que parecia um livro de bolso impróprio/indecente – Que bom ver que faz bom uso de seu tempo livre.


- Se eu tenho que estar aqui num fim de semana então decidi trabalhar o mínimo possível. – Napoleon resmungou.


- Onde está Remo?


- Ele e Isobel estão com o comitê de revisão.


Harry sentou, tirando os pés de Napoleon do caminho. – Que horas querem a gente?


Napoleon olhou o relógio. – Ainda temos mais meia hora de espera, no mínimo.


Harry se remexeu em seu lugar, se perguntando se agora era a hora certa de falar alguma coisa. – Diga, Jones...


Napoleon olhou pra ele. –O quê?


- Bem, a coisa é que. Eu... hã... o fato é... Tem uma coisa pra... hã... Discutir com você. Bem, de certa forma. Bem, é tipo uma coisa séria.


Napoleon se endireitou no lugar. – Ah, Deus. Vai me despedir?


- Não! – Harry respondeu, surpreso. – Não, não. Sem demissões.


- Ah, fiu. Você me assustou.


-Desculpe. – Harry respirou fundo e falou o mais rápido possível. – Justinovaitocaramúsicadocasamentoentaoprecisodeumoutropadrinhoquetal?


Napoleon apenas o olhou por algum tempo. – Como é?


Harry fechou os olhos e recomeçou. – Justino não vai poder ficar no altar, ele vai estar ocupado com a música. Esperava que você concordasse em ficar no lugar dele.


Napoleon ficou sentado de boca aberta. – Você quer que eu... Fique no altar com você? No seu casamento?


- Sim – Harry disse, se remexendo mais. – O que me diz?


- Seu casamento, seu casamento de verdade. O com Hermione e não em algum ensaio pré-casamento estranho ou algo do tipo.


Harry riu. – Sim, meu casamento de verdade, com a Hermione de verdade. Acho que a conhecesse.


- A mesma Hermione por quem tenho uma queda há quase um ano.


Harry franziu a testa. – Ah, céus... Não pensei nisso. Vai ser muito desconfortável pra você? Quero dizer, traumático? Deprimente?


Napoleon deu de ombros. – Acho que não. Já superei. Bem, não superei... Nunca vou superar isso completamente. Mas sei que ela está onde deveria... e está com quem deveria. Estou feliz se ela está feliz. – ele sorriu, parecendo quase comicamente tocado. – Não sei o que dizer, Harry. Estou honrado que tenha me pedido. Sei que não sou... sua pessoa preferida.


Harry olhou para as unhas. – Você não é um cara ruim, Jones. Tem sido um bom vice pra mim, apesar de meus protestos. Sempre serei grato por toda ajuda que deu a Hermione. E hei, arriscou sua vida pra salvar a minha, sem falar de ter me dado um bom chute na bunda quando eu precisava. Acho... que talvez tenha te julgado mal no passado.


- Isso significa que está realmente admitindo que somos amigos? – Napoleon perguntou, se inclinando pra frente.


Harry balançou a cabeça, sorrindo. – Vai me fazer dizer, não é?


- Com certeza.


- Certo, você venceu. É um bom amigo pra mim e gostaria que estivesse a meu lado no meu casamento. Vai aceitar ou não, seu bastardo cruel.


Napoleon deu um de seus sorrisos patenteados de alguns megawatts. – Vai ser uma honra.




- Olha a cabeça! – Laura falou bem quando uma jarra obscenamente grande de sangria flutuava pra seu lugar no meio da mesa da cozinha.


Hermione veio trazendo um grande prato de sanduíches. – Maldito Jorge disse que tinha feito almoço pra gente. Playoffs de quadribol idiotas.


- Se quer qualquer coisa de qualquer homem, não peça durante a temporada de quadribol – Cho disse.


- Como se você fosse melhor, srta. estou-em-casa-três-dias-por-mês! – Laura brincou.


- Bem, vocês me verão um monte no futuro próximo. – Os Minotauros foram eliminados das playoffs cedo, e Cho ficaria em casa até os treinos da primavera, pelo que Hermione estava secretamente grata... Mais uma pessoa a quem delegar tarefas do casamento.


- Onde está sua prima, Hermione? – Gina perguntou, comendo algumas bolachas de queijo. – Estamos todas morrendo pra conhecê-la.


- Disse pra ela chegar a uma – Hermione disse, olhando pra seu relógio. –Ela geralmente é pontual.


Como se fosse um sinal, a porta da frente abriu e se fechou com uma batida autoritária. – Oy, Hermione! – veio uma voz alta, acompanhada de pesados passos de bota.


- Na cozinha, Sarah! – Hermione disse, sorrindo. – Se preparem – ela disse as outras.


Na cozinha entrou Sarah Forester, a prima de primeiro grau de Hermione por parte de sua mãe. Hermione ficou olhando as expressões de suas amigas enquanto viam Sarah, resplandecente com sua jaqueta de seda negra coberta orgulhosamente coberta por emblema de mérito, sua calça de pêlo falso de leopardo. Seu cabelo loiro-cinza estava preso num simples rabo-de-cavalo e Hermione viu que ela usava suas botas de combate especiais pintadas de spray verde para a ocasião. Ela entrou e foi até Hermione, abraçando-a calorosamente, tirando os óculos espelhados enquanto fazia isso. – Certo, querida – ela disse sua voz marcada com um estridente sotaque do leste de Londres.


- Sarah, fico feliz que pôde vir – Hermione falou, virando para mesa. – Conheça as outras damas-de-honra. Essa é Gina Weasley, e que dividem a casa comigo temos Cho Chang... – Sarah apertou as mãos delas, sorrindo – e essa é Laura Chant, a madrinha.


- Ah, a chefa, hein? – Sarah riu, apertando a mão de Laura. –Isso é sangria? – ela se jogou na cadeira, colocando os pés na cadeira junto dela. Colocou um grande copo pra si mesma. – Um pouco da sabedoria dos tempos, minhas queridas. As tarefas de dama-de-honra ficam um pouco mais fáceis se você se mantiver bem lubrificada – ela secou metade do copo. – Certo, então. Como parte da organização do casamento, temos algumas coisas a discutir... ah, quieta, Hermione. Eu cuido disso. Você é apenas a noiva, isso não tem a ver com você. – Hermione, que ia falar alguma coisa, cruzou os braços e se apoiou na cadeira, dando espaço a sua prima. Sarah se inclinou pra frente e encarou cada uma dela por vez. –Me contem. O que achamos desse cara com quem Hermione quer casar?


As outras damas-de-honra trocaram olhares. – Bem, nós... Nós todas gostamos do Harry. – Laura respondeu, um pouco hesitante.


-Gostam, é? Acho ele muito sexy, se querem minha opinião. Na verdade, se eu não amasse minha garota aqui – ela disse, apontando Hermione com o queixo. –Talvez tentasse roubá-lo. O que me leva ao próximo ponto. Como todas sabem, não há nada mais atraente para os membros mais furtivos da população feminina do que um cara que vai se amarrar. Temos que ficar a espreita, principalmente porque o carinha de Hermione é famoso e tudo mais. Então como representante dos parentes de sangue de Hermione, me delego a tarefa de guardar as virtudes do noivo. Não tenho dúvidas sobre ele... Parece que ele só tem olhos pra minha garota... Mas conheço as mulheres e não confio nelas... Bem, não na maioria delas. Tenho olhos de uma águia implacável e consigo ver o bater de asas a cinqüenta passos de distancia. Agora, sem ofensas, queridas, mas tenho que começar de dentro. – ela virou para Gina, que ainda estava paralisada pelo choque e parecia completamente sem ação.


- Você, Gina – Sarah disse, cruzando as mãos sobre a mesa. – É bem bonita, não é? Ele era seu parceiro, certo?


- Ah.. sim, correto. Isso foi há muito tempo. E não acho que ele era realmente meu, hã, parceiro.


- Já superou isso?


- Ah, sim, completamente.


- Porque você sabe, namoradas antigas às vezes começam a ter aqueles pensamentos de "última chance".


- Ah, não. Sem pensamentos. Nenhuma ameaça as virtudes do noivo desse lado. – a essa altura Laura e Cho estavam dobradas com as risadas silenciosas... Mas Cho parou na hora que o olhar firme de Sarah caiu sobre ela.


- E você, Cho. Parece bem furtiva. Creio que você também saiu com ele... E ainda estava meio doce com ele até recentemente no ano passado!


- Não mais – Cho se apressou pra responder. – Eu, hã... foi só um momento nostálgico. Não queria de verdade... não foi realmente, hã... – Sarah simplesmente esperou, a sobrancelha arqueada. – Já superei.


- Se você diz. – Sarah disse devagar, mas parecia em dúvida. – Mas vou manter um olho em você.


- Certo – Cho disse, parecendo incomumente acuada.


- E quanto a você, Laura? – Sarah disse. – Alguma paixão secreta enterrada profundamente que a gente precise saber?


- Bem, se há, está escondida muito lá no fundo, porque nem eu mesma sei dela.


- Está bem. Agora temos mais duas outras ex-namoradas pra lidar, certo? – Sarah perguntou virando pra Hermione.


- Certo. Uma delas, Ronin está fora do país, não está na lista de convidados, não vai estar por perto. A outra... Bem, ficaria muito surpresa se ela aparecesse. Mas se ela fosse, Sarah, tenho completa confiança que você a derrubaria.


- Com certeza – Laura murmurou.


Sarah sorriu animada. – Ótimo! Maravilha! – ela de repente mudou de expressão. – Ah, droga. Trouxe um presente pra você, amor. Deixei no maldito carro. Volto já. – ela pulou e saiu com largas passadas da cozinha, suas botas fazendo um barulho autoritário. Três cabeças viraram pra olhar Hermione, que apenas olhava pra elas com um sorriso divertido no rosto.


- Meu Deus, Hermione! – Laura exclamou. – Aquela mulher é a criatura mais abrasiva, boca-grande, sem noção que eu já conheci e meu Deus, eu simplesmente a amo.


- Vou ter pesadelos hoje – Cho resmungou, mas também sorria.


- Eu quase desejo que Allegra tentasse alguma coisa – Gina disse – apenas pelo prazer de ver sua prima reduzi-la a uma pilha tremendo no chão somente com algumas palavras bem escolhidas.


- Sarah desafia qualquer descrição. – Hermione disse. – Ela provavelmente vai querer usar as botas de combate com o vestido de dama-de-honra.


Sarah voltou, trazendo um livro bem antigo. Ela sentou ao lado de Hermione e entregou a ela. – Lembra disso?


O queixo de Hermione caiu. –Ah céus... é nosso antigo diário de bordo– ela começou a passar as páginas, animada.


- O que é isso mesmo? – Laura perguntou.


- Ah, hum...Uma coisa sobre a qual não pensava há anos – Hermione disse. – Sarah e eu passávamos muito tempo juntas quando mais novas, por isso somos tão próximas. Os pais dela eram correspondentes de guerra e quando estavam fora do país ela ficava com a gente.


- Como irmãs, nós éramos. – ela deu um sorriso nostálgico. – Sinto falta disso, Hermione.


- Eu também – ela disse, apertando a mão de Sarah. – Bem, esse era o livro onde escrevíamos os resultados de nossas explorações. Coisas bobas, a maioria. – ela balançou a cabeça. - Quando fui para Hogwarts não nos víamos mais tanto assim. Já tinha esquecido completamente desse diário.


Sarah pegou o livro de volta da mão dela. – Trouxe isso por causa de uma promessa que fizemos quando tínhamos oito anos.


- Mesmo?


- Claro. Lembra da brincadeira do copo?


- Hã.. Vagamente.


- Eu fazia a brincadeira do copo, achava ótimo. – Sarah disse as outras. – Hermione achava idiota, mas eu estava convencida que nos traria qualquer resposta do outro lado. Um dia finalmente consegui que ela brincasse comigo. – ela olhou pra Hermione. – Perguntamos com quem você casaria. Lembra disso?


- Não, nem um pouco – Hermione respondeu perplexa.


- Também não lembrava até que vi a anotação no diário dizendo as respostas. Não li, apenas marquei a página. Achei que seria divertido ler agora e ver o quanto deu certo. Não lembro nenhuma das respostas, e você?


- Não lembro nem disso ter acontecido – Hermione disse, completamente interessada.


- Bem então. Vamos testar a visão dos Espíritos Misteriosos. – Ela virou para página marcada no diário e começou a ler. –Hmm. Eu escrevi a pergunta e depois a resposta. Primeira. Hermione vai conseguir se casar? Resposta: sim.


- Até aqui tudo bem – Gina disse sorrindo.


- Quantos anos ela vai ter? resposta: 23. ohh, empate difícil aqui. Claro que minha letra não está boa, pode ser um 3 ou um 8.


- Quem eu estava namorando quando tinha 23? Ah, Abel, é claro. Ah não! Era pra eu casar com Abel! Vamos cancelar tudo!


- Não vai acontecer, meu bem. Já disse que quando colocar os olhos naquele cafetão de novo vou soltar meus cachorros em cima dele. Com quem Hermione vai casar? Resposta: ah, essa não faz sentido nenhum... Ah droga, não consigo nem ler meus garranchos. Acho que diz Roman.


As outras começaram a murmurar se divertindo, mas pararam quando viram a expressão de Hermione. – Hermione, o que foi? – Gina perguntou.


Hermione puxou o diário das mãos de Sarah, e olhou para página. – Realmente diz isso?


- Bem aqui – Sarah franziu a testa surpresa com a reação intensa de Hermione. – Por que, conhece algum cara chamado Roman?


-Hã, na verdade, vou casar com ele – ela olhou para as expressões confusas. – Esse é o codinome de Harry. No trabalho.


- Vocês têm codinomes? – Laura perguntou, mas as outras se preocupavam com o acontecimento maior.


- Isso é assustador – Cho disse.


- O que diz o resto? – Gina perguntou.


Hermione deu apenas uma olhada no diário. – Bem, mesmo que diga que vou casar com alguém de pele roxa que trabalha como mecânico, só essa referência a Roman é o suficiente pra me assustar. Quer dizer, sinceramente, quais as chances?


- E você sempre achou que adivinhação fosse besteira – Laura disse. – Isso vai te ensinar a não brincar com os mistérios da magia das previsões.


- A brincadeira do copo não é magia, é uma brincadeira trouxa. – Hermione disse.


- Mesmo assim, te faz pensar, não é? – Sarah disse. – Mesmo que a brincadeira do copo não seja mágica você é. Talvez você tenha visto alguma coisa em seu futuro e na brincadeira refletiu isso.


- Então o que isso quer dizer? – Cho perguntou.


- Não quer dizer nada. – Hermione disse firmemente. – Talvez eu tenha assistindo Ben Hur naquela noite e estava com os gladiadores na cabeça. Talvez tenha sido aleatório... Ou talvez a letra de Sarah esteja tão ruim e nem esteja escrito Roman.


- Ou talvez você e Harry nasceram um para o outro – Gina disse sorrindo.


Hermione sorriu em resposta. – Bem, não preciso de uma brincadeira do copo pra me dizer isso não é? – as cinco mulheres ficaram em silêncio por um tempo, ponderando seus pensamentos. – Certo então – Hermione finalmente disse. – Vamos em frente. Vamos falar de flores.




Harry entrou no restaurante barulhento olhando em volta. – Vou encontrar umas pessoas – ele disse quando a recepcionista se aproximou dele. Nesse momento, viu Napoleon quase de pé no lugar e acenando pra ele. Harry foi em direção a mesa onde já estavam sentados Napoleon, Remo Lupin, Diz Taylor e Isobel Hyde-White.


- Tudo bom, Harry? – Napoleon perguntou.


- Sim – Harry disse. – Nada como um dia cheio de reuniões para me colocar no clima de festa. – ele olhou para os outros que ainda estavam sentados inclinados sobre suas bebidas, parecendo sérios. – Vejo que não sou o único.


Napoleon virou o resto de sua bebida. – Acho que vou pegar outra rodada pra essa conversa.


- Eu pego – Diz disse, levantando. – Minha vez de pagar. O mesmo pra vocês dois? – Napoleon e Isobel fizeram que sim. – Harry?


- Só um Tom Collins, obrigado.


Napoleon fez uma careta. – Eca, isso é bebida de mulher.


- Eu gosto de Tom Collins. Cala boca.


Diz virou pra Lupin. – Quer alguma coisa, Remo? – ela sorriu pra ele de uma forma que deixou Harry de orelha em pé.


Ele balançou a cabeça que não. – Não, obrigado. Não gosto de beber quando está tão perto da lua cheia.


- Certo – ela foi em direção ao bar com um rápido olhar pra trás. Napoleon e Harry se entreolharam.


- O quê? – Lupin perguntou, olhando de um para o outro.


Napoleon se inclinou na direção dele e falou num tom baixo, conspiratório. – Acho que ela gosta de você.


Lupin piscou. – Você acha o quê?


- Diz gosta de você. Harry, me apóie nessa.


- Vou ter que concordar com o Jones, Remo... Por mais estranho que seja dizer isso.


- Não sejam ridículos. Sou velho demais pra ela.


- Ah, não é não. Ela não é tão nova assim, é mais velha que Harry e eu. Isobel, dê a opinião de uma mulher nessa.


Isobel pensou por um momento. – Humm. É difícil dizer... Ela não está flertando abertamente... Mas acho que pela personalidade dela qualquer sinalzinho significa muito. Ela gosta de você. Falando como uma profissional de observação, é claro.


Remo fez um muxoxo, ficando roxo de vergonha e parecia desconfortável como Harry nunca o vira. – Acho que estão todos malucos – ele disse, fazendo um gesto com a mão para deixarem de lado.


- O tempo dirá – Napoleon disse aéreo, com seu sorriso patenteado de "sei algo que você não sabe".


Diz voltou pr mesa, segurando quatro copos entre as mãos. Ela sentou, conseguindo não derramar nada. Aos olhos de Harry, a teoria de Napoleon foi apoiada quando ela sorriu um pouco tímida para Remo enquanto entregava a bebida dele, mas Lupin manteve os olhos calculadamente desviados. – Queria te perguntar – Isobel disse para Diz enquanto aceitava sua bebida. – Seu nome é por causa de Benjamin Disraeli?


Diz balançou a cabeça que sim. – É sim. Minha mãe é historiadora.


- È nascida-trouxa então?


- Sim.


- Quem é Benjamin Disraeli? – Napoleon perguntou. Harry fez um tsk com língua enquanto Diz fazia uma expressão exageradamente "chocada". –Hei, não sei nada de história trouxa, amigo! Pergunte-me qualquer coisa da rebelião geblic de 1274 ou da insurreição mandelawana, mas não tenho idéia sobre esse tal de Disraeli.


- Ele foi primeiro ministro da Grã-Bretanha. – Diz respondeu. – Meus pais resolveram colocar os nomes dos filhos de personalidades históricas britânicas. Tenho duas irmãs e dois irmãos, todos penaram da mesma maldição de sofrer na escola com nomes estranhos.


- Ninguém aqui vai ser o primeiro a atirar pedras – Harry disse. – O mundo bruxo é cheio de nomes estranhos. Posso ter um dos nomes mais comuns do mundo, mas meu padrinho é Sirius, meu melhor amigo é Remo, meu vice se chama Napoleon, meu ex- arquiinimigo Draco, tenho três ex-namoradas com nomes estranhos e estou noivo de uma mulher chamada Hermione.


- Como se chamam seus irmãos? – Isobel perguntou a Diz.


- Minha irmã gêmea é Churchill, a chamamos de CT. Minha irmã mais nova é Dickens. Meus irmãos se chamam Tennyson e Darwin.


- Uau. Imagina colocar tudo isso num cartão de natal. Espero que seus pais tenham a mesma dificuldade.


Diz balançou a cabeça que não. – João e Maria.


Todos caíram na risada. – Isso não parece justo! – Remo disse. – Simples João e Maria sobrecarregando seus pobres filhos com rótulos tão complexos.


- Admito que parecia ruim quando era criança, mas agora gosto de meu nome. É... Único, diferente. Todos nós usamos nossos nomes verdadeiros na vida, menos CT e só porque está acostumada a ser chamada pelo apelido. Eles são encurtados, é claro, pela conveniência... deve ser estranho ouvir a gente se apresentando. –"Ah, sim, sou Diz, essas são minhas irmãs CT e Dickie e meus irmãos Tenny e Dar". Pelo menos na forma normal os nomes têm algum sentido. – ela olhou para Harry. Harry é apelido para algum nome? Haroldo ou Herny ou algum outro nome?


Ele balançou a cabeça que não. – Não. Sou apenas Harry. É desse jeito na minha certidão de nascimento. E não é por causa de ninguém. Até onde sei não tem significado nenhum além de meus pais gostarem dele. Meu segundo nome é Tiago, em homenagem a meu pai.


- Nunca liguei pra meu nome – Remo disse. – Só que a primeira reação de todos é perguntar se tenho um gêmeo chamado Rômulo.


- Não tem, tem?


- Sou filho único.


- Acho um nome legal – Diz disse sorrindo pra ele. Remo se remexeu em sua cadeira e seu rosto corou mais uma vez.


- Hã... obrigado – ele disse, conseguindo dar um pequeno sorriso em resposta. Um silêncio carregado caiu sobre os cinco agentes.


Harry pegou sua bebida e tomou um gole. – Não quero deprimir ninguém novamente, mas temos coisas mais importantes a discutir. – ele olhou para Diz do outro lado da mesa. –E então?


Ela suspirou. Fora designada por Argos para conduzir uma análise completa sobre a missão em Florença e postular o que havia dado errado. –Apresentei minhas descobertas finais no ECOE e eles concordam comigo.


- Bem, não mantenha o suspense.


- Duvido que fique surpreso com isso, Chefe. O alto nível de organização e segurança em volta dessa missão, somado a complexidade dela e sua queda repentina leva a apenas uma explicação plausível para seu fracasso.


Harry concordou. – Alguém de dentro. – essas palavras caíram como um bloco de cimento, dando voz e realidade a o que cada um deles só se permitira pensar. Todos sabiam que essa era a única possibilidade real, mas de alguma forma parecia que não seria verdade se não dissessem em voz alta.


Diz concordava. – Tem que ter sido. Não há alternativa viável.


Todos pensaram em silêncio por um momento. – Acho que não... – Harry começou, mas Diz o interrompeu.


- Até agora não há nenhum vestígio de qualquer coisa que sugira um suspeito – ela disse. – Cada pessoa envolvida na missão tem a mesma chance de ser culpada, e posso completar que a lista de possíveis suspeitos inclui todos sentados aqui nessa mesa.




-Não havia muito o que falar depois daquilo... – Harry disse . – Só a idéia que... – ele não continuou, girando sua xícara sobre o pires.


Hermione sentou ao lado dele na mesa da cozinha. – Eu sei – ela respondeu. – É difícil até pensar nisso.


- Alguém na DI não é o que ele ou ela aparenta ser. – ele disse. – E nesse exato momento, pode estar Deus sabe em que tipo de reunião para sabotar ou passar informação. Não temos idéia de quem seja. Pode ser alguém que eu nem conheça ou alguém que conheço e confio.


- Já houve alguma suspeita de infiltração na DI antes dessa missão de Florença? – Hermione perguntou.


- Não, mas isso não quer dizer que já não existia. Alguém com habilidade suficiente pra ter sabotado uma missão tão grande enquanto escondia perfeitamente seus rastros pode ter feito a mesma coisa numa escala menor dezenas de vezes e a gente nunca saberia.


- Talvez a operação em Florença tenha sido a última. Alguém sumido?


- Ninguém além dos quatro agentes que perdemos. Cada uma das mortes foi investigada e verificada. Se foi um deles, então Florença foi uma missão suicida.


- Se há um agente duplo no nosso meio... Quem o mandou? O Círculo?


- Esse é meu instinto. – ele olhou pra ela. – O que seu instinto diz em relação às ligações de D'Agostino com o Círculo, baseada em suas observações na casa de Wainwright?


- Todas minhas conclusões estão nos meus relatórios.


- Ainda não recebi minha cópia deles.


- Bem, então não podemos discutir isso.


Harry olhou pra ela de queixo caído. – Por que não?


- Harry, como você sabe muito bem, o conteúdo de meus relatórios é confidencial.


- Ah, qual é. Tenho a maior abertura de segurança depois de Argo!


- Não pra meus relatórios. Minhas ordens são bem claras. Só posso discutir o conteúdo de meus relatórios com Isobel, Argo e mais ninguém. Desculpe – ela deu um sorriso irritante pra ele.


- Tudo o que tenho que fazer é falar com Isobel via bolha e conseguir uma cópia agora mesmo! – ele exclamou.


- Então faça isso! Harry Potter, não comece a achar que só porque é meu companheiro quer dizer que tenha acesso extra-especial a meu trabalho. Não sou membro de sua divisão, você não manda em mim. Se quiser copias de meus relatórios, consiga pelos malditos canais legais como todo mundo!


Ele a encarou por um instante e então relaxou na cadeira, rindo. – Você está absolutamente certa. Desculpe, errei em pedir.


- Está certo – ela disse. – Querido, é importante que a gente mantenha nosso relacionamento pessoal separado do trabalho. Especialmente com a possibilidade de falhas de segurança, não podemos ser acusados de nada impróprio. Depois que tiver acesso a meus relatórios, por alguém que realmente tenha autoridade de te dar acesso, adorarei discutir minhas observações com você, com detalhes excruciantes!


- É justo – ele pegou o bule de chá e encheu novamente as xícaras. –Você gostou disso, não foi? – ele disse, olhando de lado pra ela. – De jogar o regulamento na minha cara, por assim dizer.


- Ah, querido, de onde você tirou essa idéia? – ela perguntou, piscando pra ele.




Hermione achava que nunca tinha visto a grande biblioteca tão cheia. Laura e Cho estavam perto da mesa de Justino, arrumando e rearrumando pequenos pedaços de papel mapa de mesas Claire organizava a grande pilha de cartões de confirmação e fazia anotações na lista de convidados. Justino estava revendo seu grande livro de partituras, procurando várias peças e quando achava, descartava e começava a procurar de novo. Jorge discutia o cardápio com Mel McDaniels, a organizadora do casamento, que constantemente era distraída pra resolver outros assuntos. Sarah estava em um canto com Gina, que dava algumas instruções mágicas que Sarah ia precisar para participar do casamento.


Hermione tentava ficar calma acima desse caos, o que era mais fácil pelo fato de estar literalmente acima do caos, de pé em um banco, sendo alfinetada, puxada e ajustada pelo designer do vestido. – Não pode colocar Cornelius Fudge na mesma mesa que os Weasley! – Laura falou.


- Por que não? – Cho perguntou. – Achei que eles... você sabe, teriam muito o que conversar!


- Ah, sim, muito. Fudge vai passar o jantar inteiro falando a Artur sobre o que está fazendo e como ele está fazendo, o tempo todo deixando implícito que faria tudo melhor e com mais eficiência se ele ainda fosse ministro!


- Coloque Fudge junto de Percy. – Jorge falou. – Isso vai resolver o problema.


- Hermione, a gente realmente precisa guardar um lugar para o Chanceler? – Laura perguntou, mudando o assunto. – Todos sabem muito bem que ele não vai aparecer.


- Ou ela. – Cho completou.


- É uma formalidade – Hermione disse. – Somos mais ou menos obrigados a fazer o convite, mas claro que o Chanceler não virá. Mas ia ficar estranho se não tivéssemos um lugar guardado pra ele.


- Coloque ele ao lado de Fudge – Cho disse animada, mudando o papel com o nome do Chanceler.


- Chang, dá pra esquecer Fudge? Só um momento?


Justino passou por ali, deixando um rastro de paginas de um livro velho e batido. Ele parou e olhou pra ela. – Amorzinho, Jorge e eu não devíamos estar aqui. Não devíamos ver seu vestido.


- Não seja bobo, Justino. Não importa se vocês me virem, vão ver mais cedo ou mais tarde. A única pessoa que não pode me ver é...


- Hermione? – veio uma voz do corredor lá fora, acompanhada por passos se aproximando.


- Maldição! – Laura sibilou.


Hermione olhou em volta, mas não havia onde se esconder. – Sarah! – ela disse. – Vai, vai! Pare ele!


Sarah, que era quem estava mais perto da porta, pulou de pé e saiu do cômodo... bem a tempo pelo barulho da colisão quando ela encontrou Harry lá fora. – Ah, não vai não – eles a ouviram dizer. – Dá azar.


- Do que está falando? – Harry respondeu.


- Azar! O noivo ver a noiva antes do casamento! – todos na biblioteca riram.


Hermione quase podia ver Harry revirando os olhos. – Sarah, o casamento é daqui a dois meses. Está me dizendo que não posso ver Hermione por dois meses?


- Ah, droga, quero dizer o vestido. Não pode ver o vestido antes do casamento, ela está vestida nele então você não pode entrar, maldição.


- Preciso pegar uma coisa de minha mesa!


- Eu pego pra você!


- Apenas me deixa entrar, está bem? Preciso falar com Hermione. Prometo que não vou olhar.


- Pode ter certeza que não vai. Certo. Mas aqui... vamos assim. – Hermione ouviu uma confusão lá fora e um gemido de frustração de Harry.


- Isso é mesmo necessário, Forester?


- É sim, seu tolinho. Não ache que não estou de olho em você. Só quer dar uma espiadinha. Bem, não vai conseguir. Anda, vamos lá.


Eles apareceram na porta, caminhando justos. Sarah seguia atrás de Harry com as duas mãos firmes sobre os olhos dele. Harry estava com as mãos esticadas a sua frente como um homem tentando tatear as coisas num quarto escuro. –Hermione? – ele chamou hesitante.


Hermione cobriu a boca com as mãos, segurando a risada. –Estou bem aqui, Harry. O que foi?


- Hã... tem um bruxo na porta te chamando. Ele diz que é de uma empresa de feitiços.


- Ah! – Mel disse. – Deve ser o feiticeiro que contratei pra fazer os campos de percepção seletiva para cerimônia. Vou falar com ele, Hermione.


- Obrigada, Mel. – Hermione disse. – Estou um pouco ocupada no momento. – Mel se apressou saindo do cômodo, seus saltos batendo no chão de madeira.


Harry ficou parado ali, com as mãos na cintura, as mãos de Sarah ainda sobre os olhos. –Posso ir até minha mesa agora? – ele disse por cima do ombro.


- Qual delas? – Sarah perguntou. Laura apontou pra mesa de Harry no canto. – Certo, vamos se mexendo, cicatriz. E esquerda, direita, esquerda, direita. –Sarah comandava enquanto marchava com Harry pela biblioteca. Todos olhavam o lento progresso com expressões de diversão.


Hermione se achou no meio de uma estranha mudança de perspectiva enquanto olhava Harry caminhando às cegas até a gaveta de sua mesa pra pegar o que quer que precisasse. Tinha sido legal discutir o casamento em termos abstratos, fazer os convites, contratar uma organizadora, escolher damas-de-honra e escolher um vestido. Fora tudo um tanto... acadêmico. De repente, ela ficou totalmente ciente do fato que estava no mesmo cômodo que ele e estava usando o vestido. De alguma forma, isso fazia parecer bem real, em um instante. Em questão de meses, ela ia andar mesmo até o altar, usando o mesmo vestido, encontrá-lo lá, segurar sua mão e casar com ele. Não em um sentido sonhador, teórico, mas no sentido bem real e legal. Eles saíram de lá e ele seria seu marido, e ela seria sua esposa. Sua esposa. Hermione sentiu um pequeno calafrio subindo sua barriga. Realmente ia acontecer.


- Ahá! – Harry disse vitorioso, segurando seu pergaminho de escrita rápida. – Peguei. Certo, Forester, vamos marchar de volta ao corredor pra que eu possa recuperar o uso de meus olhos.


Hermione sorriu quando eles passaram, Sarah protegendo-a vigorosamente da mítica, porém bem persuasiva, má-sorte. – Harry? – ela disse.


Ele parou. – Sim?


- Você é adorável.


Ele sorriu sem direção certa. – Obrigado. Você está linda, falando nisso.


- Hei! – Sarah reclamou, olhando por cima do ombro dele. – Não pode... Consegue ver alguma coisa?


- Apenas a parte de dentro de minhas pálpebras.


- Então como sabe que ela está linda? – Sarah quis saber.


Harry virou para porta, a cabeça erguida enquanto Sarah o manobrava como um pônei. –Não preciso vê-la pr saber disso – ele disse enquanto saia do quarto. Um coro de "ahhhhh"seguiu a saída dele.


Laura ficou de pé, abanando a mão freneticamente em frente a seus olhos. – Acho que vou chorar – ela falou num tom agudo.


Gina esticou a mão e apertou os dedos de Hermione. – Ele pode ser tão doce às vezes. – ela disse baixo.


Hermione concordou, travando uma luta corajosa pra manter sua postura irônica enquanto por dentro o que mais queria era derreter-se em suspiros sonhadores. – É... – ela disse um tanto rouca.- Ele dá pro gasto.




Na sala de um apartamento no centro da cidade, a um oceano e um continente de distância, Cassandra Theodorakis passava os canais da tv, sem ânimo. Era um daqueles dias. Ela tinha perdido uma pilha de testes corrigidos e passara uma hora inteira procurando freneticamente em seu escritório pra então encontrá-los dentro da pasta onde deveriam estar. Um de seus monitores ficara doente e ela teve que conduzir as sessões de problemas dele e recebera uma lista de comentários ridículos sobre seu relatório mais recente do comitê de revisão.


E pra completar, ela chegara tarde para descobrir que seu fiel cão, Milo, um airedale terrier geralmente de comportamento irrepreensível tinha urinado no chão da cozinha. Ao menos ele teve a decência de parecer envergonhado.


E ela perdeu "trading spaces". Droga.


Ela levantou e foi para cozinha, sabendo muito bem que não havia comida em casa e ela teria ou que pedir ou reunir forçar pra fazer uma viagem até o supermercado. Levou uns cinco segundos para se decidir. - Vai ser pizza.


- Peça com cogumelos – veio uma voz sem corpo na cozinha.


Outra pessoa provavelmente sairia correndo do apartamento se isso ocorresse, mas a Drª Cassandra Theodorais nem piscou. – Odeio cogumelos – ela disse. – E você não come.


- Gosto do cheiro – North respondeu, entrando na cozinha através da parede. – Pedindo comida de novo? Sozinha?


- Como pode ver.


- Onde está... hã... Como era o nome dele?


- Stan – ela disse suspirando. – Stan e eu decidimos ficar longe um tempo.


- Ah, lamento ouvir isso.


- Não lamenta não, odiava Stan da mesma forma que odeia todos com que eu saio.


- Não diria dessa forma. Não sendo ninguém do mal já é uma evolução.


Ela voltou para sala e se jogou no sofá. North se escorou no umbral da porta com os braços cruzados. – O que está fazendo aqui? – ela finalmente perguntou.


- Só um encontro social.


- Não estou em serviço, vá embora.


- Não posso visitar uma amiga quando parece que ela precisa de um ânimo?


Ela olhou pra ele. – Somos amigos, North?


- Por que não?


- A última vez que fiquei amiga com um associado ao Guardião terminou mal.


- Não sou Seth.


- Não, mas poderia ser. Qualquer um poderia. E quanto mais eu gosto da pessoa, mais ela vira um alvo. – ela arqueou uma sobrancelha. – Não me diga que está desenvolvendo sentimentos de luxúria errados.


- Sou um dos guardiões, não experimento as emoções da mesma forma que humanos.


- Que alívio – ela murmurou. Ela olhou de repente pra ele, tendo se lembrado de uma coisa. – Você viu o relatório que te mandei? Sobre Hermione?


- Vi sim. Fico feliz que ela e Harry tenham resolvido as coisas.


- Eu também. Vi algumas linhas de tempo alternativas onde eles não resolviam. – ela tremeu. – Bizarro. Havia um caminho possível no qual ela se casa com Jorge Weasley e Harry foge com... ouça isso... Draco Malfoy.


North balançou a cabeça que sim devagar. – Huh. Imagine isso.


- Obrigada, essa é uma imagem mental que não preciso que passe por minha cabeça.


- Já decidiu quanto tempo pretende tirar da vida dela? Preciso escrever no arquivo do caso.


Ela sorriu. – Ah, North. Você deve me conhecer melhor que isso.


Ele riu e balançou a cabeça. – Não vai tirar nenhum segundo, não é?


- Não há motivo. O sacrifício estava na mente dela, não nas minhas requisições. Terá o mesmo significado eu tirar ou não tirar parte de sua vida.


- Vai contar a ela?


O Guardião o olhou nos olhos. – Um dia.




Harry e Hermione andavam pelas trilhas atrás de Bailicroft de mãos dadas. Hermione estava esperando que Harry dissesse o que estava em sua cabeça. Ele geralmente não ficava tão quieto durante essas caminhadas, que fora idéia dele. – Vamos tomar um ar – ele disse. – Venha andar comigo. – ela concordou. Uma caminhada depois do jantar era sempre bom, e estava uma noite agradável. Quente para o meio de setembro, mas frio o suficiente pra que ficasse grata de estar usando um casaco.


Chegaram ao ponto onde o caminho se curvava e tocava a margem do riacho que cruzava a propriedade. Várias grandes pedaços de rocha estavam ali, remanescentes de um caminho que fora há muito tempo atrás mais gelado. Harry parou. – Sente - ele disse. – Preciso falar com você.


Ela sentou numa rocha maior, intrigada. – Qual o problema?


Ele balançou a cabeça. – Nada. Eu apenas... Bem, vamos nos casar em dois meses.


- Vamos sim.


- Nunca conversamos de verdade sobre o que isso significa exatamente.


Ela franziu a testa, ainda mais intrigada. – Bem, eu... Não tenho certeza. Eu... – ela parou quando uma idéia ameaçadora se intrometeu. – Não está querendo desistir, está?


- Não! – ele disse, horrorizado. – Não, claro que não. Eu... – ele riu. – Desculpe, não queria parecer tão sério. Só pensei que pudéssemos discutir algumas questões práticas.


- Ah, entendo – ela disse aliviada. – Claro.


Harry sentou ao lado dela na rocha. – Primeiro, quer continuar aqui depois que casarmos? Podemos ir pra um lugar só nosso. Uma casa, talvez. Ou talvez voltar pra Londres.


- Humm. Poderíamos fazer isso. Mas sinceramente, ficaria feliz de ficar aqui.


Ele sorriu. – Eu também.


- Não vejo motivos pra nos mudarmos... Até que haja razões mais... fortes pra fazermos isso. – eles se olharam nos olhos um momento. – Mas não é sobre isso que queria falar? Sobre as... Razões mais fortes?


Ele desviou os olhos. – Bem, nunca discutimos isso, não é mesmo?


- Não. Sempre achei que ia surgir na hora certa. – ela deu uma risada nervosa. – Acho que acabou de surgir.


- Hesitei porque não tenho certeza de como se sente sobre isso – ele disse.


- E eu não tinha de como você se sentia sobre isso. – ela esticou a mão e segurou a dele, precisando da segurança de seu toque. – Harry... Você quer ter filhos?


- Você quer? – ele retornou. Por um longo momento eles apenas ficaram sentados, duas perguntas não respondidas pairando no ar entre eles.


Finalmente Hermione abaixou os olhos, sorrindo um pouco. – Querido, um de nós vai ter que responder primeiro.


Ele apertou a mão dela mais forte. – Certo, lá vou eu. – ele olhou pra ela. – Não estou pronto.


- Nem eu – depois de uma pequena pausa os dois suspiraram aliviados. – Minha nossa, que alívio.


- Estava com medo de você querer começar imediatamente.


- Eu estava com medo de você querer.


- Por Deus, por que não falamos sobre isso antes? Poderíamos ter nos economizado tanto medo.


- Somos franguinhos. – ele olhou pra ela, surpreso. Ela afirmou com a cabeça. – Franguinhos.


- Está absolutamente correta. – ele balançou a cabeça, rindo. – Afinal, passamos e derrotamos forças terríveis que tentavam nos separar, não seria horrível se uma coisa do cotidiano, como crianças, nos separasse?


- Não estou dizendo que nunca vou estar pronta – ela disse.


- Nem eu.


- Eu só... bem, nunca tive certeza se queria filhos. Nunca tive essas inclinações maternais que as mulheres tanto falam. Nunca tive um desejo desesperado de ser mãe. – ela sorriu. –A idéia de um ter um filho com você é definitivamente atraente. Só... Não agora. Ainda não.


- Sempre tive vontade de ser pai um dia, mas sempre num sentido um tanto abstrato. Nunca pensei concretamente sobre isso até que nós dois aconteceu, porque você foi a única com quem imaginei criar um filho. Mas não posso ver completamente claro no futuro próximo.


- Sem falar que existem considerações práticas que não podemos ignorar.


- Eu sei – ele suspirou. – Se já ruim que nosso relacionamento te faz um alvo de meus inimigos. Imagine como seria tentador nosso filho pra qualquer um que queira nos machucar, ou nos manipular.


- Não devemos deixar que isso nos impeça completamente.


- Não, claro que não. Não podemos viver nossas vidas regidas pelo medo de possíveis ataques, nunca sairíamos de casa. Mas é algo a se pensar. Quando a hora chegar.


Ela se aproximou dele, colocou a cabeça em seu ombro. – E se a hora nunca chegar, Harry.


- Como assim?


- E se eu nunca quiser ter filhos?


- Então não teremos filhos.


- Mas... Você pode querer ter. –ele não disse nada por um instante. Hermione continuou apesar de temer a resposta. – Casamentos terminam todos os dias por isso.


- Hei – ele disse, colocando os braços em volta do ombro dela. – Nosso casamento não vai terminar, e certamente não por causa disso. Estou me casando com você por amo você, não porque estou apostando que um dia terei acesso a seu potencial reprodutivo. – o jeito que ele falou a fez sorrir. Conte com Harry pra ir direto ao assunto. – Minha prioridade é sua felicidade. Eu... – ele hesitou - não vou negar que quero ser pai um dia. Não estou nem perto de estar pronto, mas tenho certeza que estarei no futuro. Mas ouça, isso é importante. – ele virou e a olhou nos olhos. – Tudo o que sempre precisarei pra ser feliz é você. Somos um time, meu amor. O que faremos de nossas, vidas, faremos juntos. – ele deu de ombros. – E hei, talvez seja eu que não mude de idéia. E se eu nunca estiver pronto?


- Impossível. – ela disse. – Se e quando decidirmos ter um filho vai se porque nós estamos prontos, como um casal. Então, por definição, se um de nós não está pronto o outro não pode estar.


Ele concordou com o pensamento. –Quanta lógica, Drª Granger.


- Mas sério, Harry. A coisa mais importante que temos que lembrar é que quanto mais abertamente falarmos sobre isso, menos stress teremos nessa decisão. Então proponho que a gente marque uma data, um dia marcado mesmo no calendário pra falar nisso uma vez ao ano, no mínimo.


- Com a condição de a gente poder falar sobre isso em outro momento se quisermos.


- Claro. Mas vamos nos certificar de fazer ao menos uma discussão anual.


- Que data quer marcar?


- Algo errado com hoje?


- Nada. – ele riu. – Certo. Então... na mesma hora ano que vem?


Ela fez que sim, devolvendo o largo sorriso. – Com certeza. – ela esticou os braços e o abraçou com força. –Ah, fico tão feliz que a gente tenha conversado sobre isso.


- Eu também – ele disse, abraçando-a de volta. Ele virou e a beijou na bochecha. – Tenho que escrever pra Neville pra agradecer a ele. A maior sorte que eu dei na vida foi Trevor ter fugido dele e ter te trazido até a cabine do Expresso de Hogwarts em que eu estava.


Ela suspirou e recuou. – Vamos voltar pra casa. Estou com um desejo incontrolável de rasgar toda sua roupa.


Ele levantou, puxando-a consigo. – Aposto corrida até lá.




-Fica quieto – Hermione brigou. –Deixa o homem terminar.


Napoleon trocava de um pé para o outro enquanto o alfaiate lutava com a bainha da calça do terno. – Me sinto um maldito cantor de louge nessa fantasia de pingüim.


- Quer uma folga? – o costureiro perguntou.


- Sim! Com certeza quero uma folga! Deixa eu ir lá fora e fumar um cigarro e pegar... – ele começou a andar, mas o alfaiate o segurou, parecendo irritado.


- Na calça. Quer uma folga na calça? – ele apontou para bainha da calça. Hermione sorriu.


- Ah – Napoleon disse constrangido. – Ah, sim... Acho que sim. Tanto faz. Mas se perguntar se me visto pra esquerda ou pra direita vou ter que rearrumar seu rosto.


- Não sonharia com isso, senhor – o alfaiate disse, voltando ao trabalho.


Harry entrou na biblioteca, parecendo agitado. – Querida, viu meu pergaminho de escrita rápida? –perguntou.


- Sinceramente, Harry. Vou prender essa coisa em seu braço com grampos industriais. Você o perde umas cinco vezes por dia.


Harry parou no meio de sua busca no meio da bagunça de sua mesa. – Por favor, não brigue comigo agora. Ou viu ou não viu, é uma pergunta simples.


- Não vi. Procure nos bolsos de sua capa.


- Já olhei nos bolsos de minha capa. – ele bateu na mesa frustrado. – Droga, tenho uma reunião com Argo hoje de tarde e todas minhas anotações estão lá.


- Harry, por que eu preciso vestir essa coisa? – Napoleon choramingou.


- Porque seria estranho se você fosse pelado – Harry respondeu.


- Por que não posso ir com meu uniforme de gala? Você vai usar o seu!


- Ele é o noivo, tem que parecer especial – Hermione disse. –Você tem que estar como os outros padrinhos. Se isso for possível – ela completou baixo.


Harry de repente deu um tapa na testa. – Maldição, acho que deixei no escritório de Sirius. Ah, agora tenho certeza disso. – ele foi para porta, parando pra dar um beijo na bochecha de Hermione. – Tchau, querida. Vejo você mais tarde.


- Não esqueça de pegar o vestido de Laura quando voltar.


- Não vou esquecer. Tente fazer com que Jones volte na hora do almoço, certo? Se ele não entrar em combustão espontânea antes.


- Sem problema – ele se apressou pra sair do cômodo, e alguns segundos depois a porta da frente abriu e fechou.


- Acho que estamos quase terminando – o alfaiate disse. – Só vou pegar o terno, esta na minha van. – ele os deixou sozinhos.


Napoleon virou e ficou de frente para Hermione. – Como estou? – ele disse, esticando os braços.


Ela sorriu. – Está muito atraente.


- E sabem só porque é você, vou tirar todos meus pierciengs, bem quase todos, e vou pintar o cabelo de uma cor legal e inofensiva. Castanho ou vermelho pra combinar com Jorge.


- Ah, não, eu proíbo. – Hermione disse. – Bem, pode tirar os pierciengs se quiser, mas ínsito que seu cabelo esteja rosa ou verde ou de algum tom escandaloso.


Napoleon ficou intrigado. – Achei que queria que eu...


- Harry e eu queremos você no casamento, não uma versão light. Se ficar muito respeitável... bem, não vai ser você.


Ele sorriu, não seu sorriso quase ofensivo de costume, mas um sorriso doce, de quebrar o coração, quase tímido. – Você é maravilhosa, sabia disso? – ele disse.


Ela deu um murrinho no ombro dele. – Como você continua – ela disse rindo um pouco.


- Não, não me escute um segundo. – ele disse em tom sério. Ele esticou a mão e segurou a dela. – Nunca tive coragem de perguntar isso porque tinha medo da resposta, mas... Se não existisse Harry e se você e eu tivéssemos nos conhecido de alguma forma... você acha que, que nós... – ele deu de ombros, deixando a frase no ar. – Não sei o que estou falando.


Ela abaixou os olhos suspirando um pouco. – Ah, Napoleon. Você é um amor, um homem doce e eu te amo. Tenho sorte de ter um amigo como você. Mas... Bem, não sei se poderia ser outro senão Harry. Se não existisse Harry não seria a pessoa que sou. Seria outra pessoa completamente diferente, talvez alguém que você nem gostasse. O fato é que existe Harry e eu o amo com todo meu coração. – ela o olhou. – Vai ser estranho demais pra você? Ficar lá assistindo enquanto eu me caso com Harry? Porque nós dois entenderemos se você quiser desistir.


- Ah, não! – ele exclamou. – Não, mal posso esperar. Vai ser uma honra estar lá pra vocês. – ele arqueou uma sobrancelha pra ela. – E não ache que não percebi que você gentilmente evitou responder minha pergunta – ela corou e desviou os olhos. – Mas tudo bem. Não há resposta e mesmo a pergunta era sem sentido. Mesmo assim, acho que sei a verdade.


- E qual é?


- Que eu e você nunca poderíamos ter um relacionamento. Não sou seu tipo e quando você olha direito, você também não é meu. Posso te amar de longe, mas não acho que conseguiria de mais perto ou por muito tempo. Então é melhor que a gente continue amigos, o que com certeza podemos ser. Posso até ser amigo de Harry. Não consigo vê-lo como rival, porque seria uma rivalidade de um lado só. – ele se inclinou pra frente e a beijou na bochecha. – Ótimo. Isso está fora de nosso caminho. Agora deixa eu sair dessa fantasia horrorosa. Onde estão minhas calças?




A casa estava quieta mais tarde na mesma tarde enquanto Hermione cortava alguns tomates pra fazer uma omelete. Ninguém tinha chegado do trabalho ainda a não ser ela. Fora um dia curto no trabalho porque Isobel estava de férias e Hermione tinha uma consulta marcada com Sukesh, que tinha cancelado. Então ela simplesmente viera pra casa, aproveitar um pouco de paz e tranqüilidade.


Ela ouviu a porta da frente abrir e fechar e então passos. Era incrível, ela pensou consigo mesma, que pudesse reconhecer Harry pelo barulho de seus passos. Doc Martens no piso de madeira, passadas largas, mais pesadas nos calcanhares. Ele não disse nada, mas ela o ouviu entrar na cozinha. Não virou quando o ouviu entrar, e então parar na porta. –Oi, querido – ela disse, mantendo os olhos nos tomates. –Lembrou de pegar o vestido de Lau...


As palavras dela foram interrompidas por um pequeno ofego. Ele estava logo atrás dela, tendo cruzado a cozinha em um silêncio completo. Era uma habilidade horripilante que ele tinha e ela sempre se perguntava como ele a conseguira. Ele pressionou contra as costas dela, prendendo-a gentilmente no lugar. Ela começou a virar. –Harry, o q...


A mão dele no pescoço a maninha olhando pra frente. – Shh – ele sussurrou em seu ouvido. – Não vire – ele esticou o braço e tirou a faca de sua mão, colocando na bancada. Passou as mãos pelos braços dela, levantando as mãos dela e colocando-as na borda da bancada. Ela estava começando a sentir o corpo formigando pela proximidade e por causa da respiração dele em seu pescoço. – Apenas relaxe – ele sussurrou.


Ele pressionou gentilmente na nuca dela, fazendo com que abaixasse a cabeça, o queixo contra o peito. Hermione não tinha idéia do que ele pretendia, mas tinha uma sensação que ia gostar, então se deixou levar. O cabelo dela estava preso em um rabo de cavalo, expondo seu pescoço. Ele tirou alguns fios e soprou devagar contra o pescoço dela, perto das raízes do cabelo. Ela escorregou as mãos para se apoiar até que estavam o mais longe possível de seu corpo, deslizando sobre a bancada. Harry cobriu as mãos dela com as suas, seus braços repousando sobre os dela do ombro até o pulso.


Hermione tremeu sem poder evitar quando Harry soprou seu pescoço de novo, dessa vez um pouco mais forte, passando desde o cabelo até onde o pescoço encontra os ombros. Ela resistiu à vontade de arquear o pescoço, deixando a cabeça abaixada, impressionada com como uma coisa tão simples, nem mesmo um contato direto, podia deixar seus joelhos tão moles.


Pareceu que uma eternidade passou com ele sem fazer mais nada além de respirar sobre ela, apesar de provavelmente não ter passado nem um minuto. A essa altura, ela já estava pronta para derreter em seus sapatos, e quando ele pressionou os lábios contra o pescoço dela, ela suspirou longamente, sua excitação aumentando abruptamente. Ela torcia que ele a deixasse virar, mas ele não estava misericordioso, mantendo-a presa contra os armários da cozinha enquanto passava os lábios pelo seu pescoço com uma lentidão agonizante. Ele levantou os braços dos dela e os passou pela cintura dela, enfiando-os sob a blusa, deixando-os sobre a barriga dela e puxando-a contra ele. A respiração dela agora estava ofegante, as mãos apertavam a bancada pra se manter firme quando ele achou um ponto particularmente sensível no pescoço dela, logo atrás de sua orelha e selou sua boca sobre ele, fazendo uma pequena sucção quando a língua passava pela pele.


- Ah meu Deus – ela disse ofegante, pensando que logo teria que rever as lista de cinco experiências mais eróticos de sua vida, três delas já com Harry. Só teria que dedicar um tempo a pensar qual das cinco atuais sairia da lista pra dar lugar a esse pequeno episódio na cozinha quando Harry pressionou um último e gentil beijo e se afastou. Graças a Deus, ela pensou consigo mesma, ele vai me deixar virar. Ela respirou fundo algumas vezes e virou, pronta pra pular nele... mas ele sumira. A cozinha estava vazia, o único sinal que ele estivera ali era o calor que ainda permanecia nas costas dela.


Ela o encontrou sentado no jardim de inverno, os pés repousando em um banquinho,lendo um livro casualmente. Ele parecia perfeitamente composto como se tivesse acabado de chegar de uma massagem ou algo assim. Ele olhou pra ela quando entrou. – Hei – ele disse. – Parece meio corada. Está se sentindo bem? – o pequeno brilho nos olhos o entregou.


Ela estava quase sem palavras, gaguejando um pouco antes de poder responder coerentemente. – Ah... você... eu... seu monstrodiabólico! – ela falou. – Depois de me deixar daquele jeito!


- Que jeito?


- Na cozinha!


- Não tenho idéia do que está falando. – ele disse aéreo, mas parecia meio corado também.


Ela arqueou a sobrancelha pra ele, as mãos na cintura. – Você é mal, deve ser destruído.


Ele fechou o livro e o colocou de lado. –Você e mais que exército? – ele perguntou, os olhos brilhando com malícia.


Hermione avançou, deixando que seus quadris falassem por ela. Ele acha que está em vantagem? Vamos ver, ela pensou. Segurou a bainha da camisa e a tirou com um único movimento fluido. Os olhos de Harry se enevoaram um pouco. Ela chutou o banquinho de lado, e se inclinou sobre ele, se apoiando nos braços da cadeira. –Sabe de uma coisa? – ela disse, se surpreendendo com o tom sexy de sua voz. – Acho que vou te fazer implorar – Harry olhava pra ela, corando. – O que tem a dizer sobre isso, senhor?


Ele expirou, os olhos passeando pelo corpo dela. – Vamos cancelar o casamento e viver em pecado. Você talvez seja sexy demais pra casar.


Ela riu. – Mantenha isso em mente.




Bruxos e bruxas se acuavam contra as paredes, dando a chefe deles bastante espaço enquanto ela passava pelo corredor com sua capa lhe seguindo e seus olhos brilhando como o fogo do inferno. Ainda bem que fizeram isso porque se qualquer um estivesse em sua frente agora, Allegra o jogaria pro lado como um fio de cabelo.


Ela não olhava pra esquerda ou direita, indo direto para a câmara do Mestre, nas profundezas de Lexas Kor. Era um antigo salão de preparação de poções, completo com uma plataforma para caldeirão e extensas prateleiras para ingredientes e para livros. Ela não sabia porque o Mestre escolhera usar esse cômodo para se comunicar, e não achava que a resposta teria qualquer importância.


Ela entrou de vez, sem se preocupar em bater na porta pra mostrar educação. Virou e encarou o portal do Mestre.


O portal era o único objeto na vida de Allegra sobre o qual não exercia nenhum tipo de controle. Flutuava sobre a antiga plataforma onde um grande caldeirão já estivera, um tipo de buraco no ar que brilhava com um branco uniforme. Por esta abertura vinda de... algum lugar... ela ouvia a voz do Mestre e às vezes via sua forma indistinta. O que exatamente era e de onde vinha ela não sabia e nunca quis perguntar. Já vira demonstrações de poder do mestre e quando não tinha dúvidas que este portal, qualquer que fosse sua origem e como era gerado, estava dentro de suas capacidades.


Mas no momento ela não estava particularmente impressionada. Estava irritada e seria ouvida, droga. O fato dela ter entrado ali dezenas de vezes igualmente irritada e igualmente determinada a ser ouvida e ainda assim tivesse se sentindo acovardada eintimidadanão passou por sua cabeça. Allegra não gostava de remoer o passado. – Hei, mestre! – ela gritou, jogando a capa no chão. – Alô, alô... Câmbio, câmbio!


A voz suave, baixa dele veio do portal como sempre, imediatamente e sem nenhum sinal de emoção. – Boa noite, Allegra. Como foi a missão?


- Acho que sabe muito bem como foi a missão, seu insuportável. Perdi quatro bruxos, quatro de meus melhores bruxos, devo dizer. Os executores estavam lá e estavam esperando por nós. Não é a primeira vez que somos mandados para uma emboscada e quero saber por que.


-Vai falar isso de novo? – o mestre perguntou. – Já te disse, minha querida. Meus planos nem sempre...


- ...vão parecer fazer sentido. – ela completou por ele. – Sim, sim. Já sei isso tudo. Manter o método até a loucura, confie na força, blá, blá blá. Bem, eu estou cansada disso! Quero respostas e quero saber qual é seu Grande Plano, quero saber o que estou fazendo quando sacrifico meu pessoal pelo plano qualquer que você tem!


- Foi isso que disse a seu amigo Potter? – o mestre perguntou, um traço de irritação aparecendo em sua voz.


Todo o sangue do corpo de Allegra parou de fluir por um instante, parando nas veias. – Oq.. quê? - gaguejou.


- Achou que eu não saberia que foi vê-lo, minha querida?


- Ele não sabe de nada – ela disse, reganhando alguma compostura.


- Talvez não. Mas... como ele falou?... o dilema moral que confessou a ele. Creio que não seja mais um problema pra você.


- Cuidei dele sozinha – ela disse. – Não pode haver dilemas morais para aqueles que não possuem moral. Fico feliz de não me preocupar com tais considerações.


- Uma resposta esperta. – o mestre disse. – Você não tem tais desilusões sobre você mesma.


- Tudo com que precisa se preocupar é se cumpro ou não suas ordens e eu cumpro.


- Eu mesmo julgo o que é ou não minha preocupação. – a voz dele ainda era suave, ainda calma, ainda quase confortante. – Não tenho preocupações com você, Allegra. Ultrapassou muito minhas expectativas. Tudo o que esperamos conquistar está mais perto do que imagina.


- Me escute – ela disse, lembrando do que fazia ali. – Acho que é hora de você compartilhar alguns detalhes comigo. Fiz tudo o que me pediu, algumas vezes com altos custos pessoais. Perdi muitos de meu melhor pessoal em sua missão. Eu tive de fato um dilema moral, e coloquei de lado, mas não foi fácil. Não acho que posso suportar mais suas ordens quando nunca nem mesmo vi seu rosto.


Ela esperava a resposta enigmática de costume pra esse pedido, que já fora feito antes. A resposta do mestre, quando veio, a surpreendeu. – Está certa – ele disse. – É hora de você saber mais.


O portal escureceu um pouco, uma vaga forma humana aparecendo em seu vazio nebuloso. Allegra deu um passo pra trás, apreensiva. Ela realmente veria o rosto do mestre hoje, finalmente? E como seria pra ela? Poderia não atingir suas expectativas. Seria humano? Seria... algo completamente diferente?


Ela percebeu que todas suas perguntas seriam respondidas quando a forma passou pelo portal e se materializou em uma figura humana usando uma capa, um capuz obstruindo o rosto. Ela ficou olhando, a boca aberta, quando desceu os degraus da plataformae parou a alguns metros diante dela. O homem... pois era um homem, podia saber pelas mãos dele... levantou as mãos e tirou o capuz, e manteve os olhos abaixados como se ele tivesse medo de olhar pra ela nos olhos.


O primeiro, estranho pensamento foi Meu Deus, ele parece meu pai. A impressão passou rapidamente mas a semelhança era inegável. Ele parecia ter uns cinqüenta anos, mas estava bem inteiro, o cabelo preto bem escuro, como o dela, salpicado por algumas mechas cinza. O rosto dele quase não tinha linhas e marcas. Ele realmente lhe lembrava o pai, que estava morto há quase dez anos.


Então ele levantou os olhos até os dela, e todos os pensamentos lhe deixaram a mente no mesmo instante, um instante que ela sempre acharia que fosse pura insanidade. Ele falou, mas ela já sabia o que ele dizer, e quem ele realmente era.


Ele sorriu, e sua voz era como o dobrar de um grande sino. – Que bom finalmente te conhecer... Mãe.


Pela primeira vez em sua vida, Allegra desmaiou. Enquanto as forças deixavam suas pernas e a escuridão inundava sua visão, tudo que ela ouviu foi a última impossível e ainda assim inegável palavra e tudo que podia ver era o olhar distante, quase divertido nos olhos dele, seus olhos que preenchiam o mundo, bom Deus, seus olhos tão familiares.


Seus brilhantes e inconfundíveis olhos verdes.




Hermione estava lendo na sala quando Harry entrou carregando uma caixa embrulhada pra presente. Ela sorriu pra ele e colocou o livro de lado. –O que é isso?


Ele sentou ao lado dela. – Pode dizer que é um presentinho de casamento.


- Ahh, presente. – ela esfregou as mãos e pegou a caixa dele. Abriu a tampa e puxou uma esfera de vidro. Um simples brilho de luz lilás piscou dentro dela. Hermione levantou os olhos pra Harry, intrigada.


- É uma penseira. – ele explicou. Ele a encarou uma expressão séria. –Sei que sempre lamentou não ter visto o corpo de Rony e que eu você não pudemos compartilhar aquele momento, um dos momentos mais importantes de nossas vidas. Então... coloquei minha lembrança da hora que o encontrei nessa penseira. Entendo se nunca quiser olhar isso. Mas achei que você gostaria... mesmo que não agora, algum dia... de tentar. Você estava certa. Devíamos ter compartilhado o momento. Talvez a gente ainda possa.


- Ah, Harry – ela disse, seus olhos se enchendo de lágrimas. – Realmente aprecio o gesto.


- É meio estranho dar alguém um presente com um momento tão horrível, mas...


- Sei o que quer dizer – ela disse, enlaçando os dedos dela nos dele e olhando a penseira. – e sei o que significa compartilhar algo tão particular, tão pessoal pra você. – ela o soltou e segurou o vidro com as duas mãos. – Acho... que devo olhar isso agora mesmo. Posso perder a coragem depois e acho que devo isso a ele. Temos que nos certificar que nós dois estamos em paz com o que aconteceu com Rony antes de nos casarmos. Sei que ainda tenho algum trabalho nesse assunto. Parece um bom lugar pra começar.


- Você... quer que eu vá com você?


- Hum, não. Melhor me deixar ver por mim mesma primeiro. Mas fique por perto. Tenho a sensação que vou precisar de companhia quando voltar. – ele concordou.


Hermione levantou e foi até a mesa de jogos no canto. Colocou a penseira diante de si e tocou a superfície com a varinha. O conteúdo começou a girar e Hermione olhou pra ele, deixando-se ser puxada para lembrança. Ela se sentiu caindo pra frente enquanto o vidro ficava cada vez maior...


... e então ela estava de pé na grama da clareira. Era noite e estava frio. Uma noite que ela lembrava bem.


Uma vassoura aterrissou a sua direita e ela estava vagamente ciente que era ela e Harry, chegando para descobrir o corpo. Ela não ligou, não era ela que queria ver ali. Avançou, sem precisando procurar ou seguir, pois sabia onde ele estava.


A princípio, ele parecia uma pilha de roupas no chão, mas a medida que ela se aproximava, seu peito apertava cada vez mais e ela podia ver que era ele. Logo a frente dela, Harry alcançou o corpo e gritou angustiado. Ela fez o máximo pra não ouvi-lo, mas era difícil. Sabia que ele não podia vê-la ou ouvi-la, e estava ocupado com outras coisas. Harry ouviu o ela da lembrança se aproximando e correu para segurá-la, deixando o corpo. Ela sabia que na continuação da lembrança, agora teria vários minutos durante os quais ninguém chegaria perto de Rony, um tempo que ela poderia vê-lo em paz.


Ela se ajoelhou na grama ao lado dele, o peito apertando... mas surpreendentemente ela não sentia vontade de chorar. Já tinha chorado por Rony centenas de vezes. Esse momento era pra encontrar a paz, pra compartilhar um fim com ele e com Harry.


Era como uma vez Harry descrevera. A garganta dele estava cortada, um raio marcado em sua testa. Não havia tanto sangue quanto ela temia e os olhos dele estavam piedosamente fechados. Parecia quase em paz. Ela levantou a mão até o rosto dele e tocou seu rosto frio. – Ah, Rony – ela sussurrou. – Eu lamento. Devia estar aqui.


Não podia evitar de lembrar a última vez que se viram, quando se deram um ao outro, pela primeira e última vez. Fora tímido, hesitante, apaixonado e doce ao mesmo tempo e quando acabou eles se cumprimentaram como jogadores de quadribol. –Bem, isso está feito e acabado – ele dissera. –Umacoisa a menos pra fazer na vida.


- Mal posso esperar pela próxima vez – ela disse antes de se separarem... Só que não aconteceu uma próxima vez, não pra eles e nunca pra Rony. Ela nunca mais o vira, não até agora. Ela questionava a realidade do que vira, ou sua precisão. Relembrar era imperfeito, mas as memórias em si eram absolutas. Tiradas da mente de alguém e colocadas em uma penseira, eram como fotografias... Imutáveis e fiéis.


Ela se inclinou pra mais perto do rosto de Rony, imaginando como ele estaria se estivesse vivo. Seria alto como Gui ou mais baixo como Jorge? Como ficaria seu rosto quando completasse aquela transição de garoto para homem? Nunca saberia.


Olhou do horrível machucado que estava pescoço e virou para clavícula, claramente visíveis, pois a camisa estava desabotoada pela metade e puxada para o lado. Ele sentia tantas cócegas ali. ela não usara isso em seu favor da última vez porque...


Hermione de repente descobriu que não conseguia respirar. Olhou para o peito de Rony durante um longo momento, seu cérebro se recusou a processar o que via. Quando foi desbloqueado e a verdade saiu como uma onda, apesar dela tentar evitar, ela descobriu que não conseguia gritar.


Ela se arrastou para trás e pulou de pé e pra fora da penseira, caindo de volta em sua cadeira na sala. Ela levantou tão rápido que a cadeira caiu. Harry estava ao lado dela num segundo. – Está bem? Está branca feito papel!


Ela olhou pra ele. Ele era real? Ela era? Estavam mesmo ali na sala? – Harry, hã... – ela se recompôs. Era muito importante que se mantivesse calma. – Preciso que veja uma coisa. Venha comigo...


- Eu não... o que você...


- Só venha comigo! – ela disse, segurando a mão dele. Em alguns segundos os dois estavam de pé ao lado do corpo de Rony. Harry estava tenso, confuso.


- Hermione... Já vi isso. Não entendo...


- Harry, quero que escute com calma. – ela disse, virando o rosto dele do corpo de Rony pra que se concentrasse nela.


- Certo – ele disse, olhando um tanto preocupado pra ela. Ele provavelmente acha que estou louca, ela pensou. Que inferno, talvez eu esteja.


- Lembra do que aconteceu com Rony no dia antes dele morrer? No campo de quadribol?


- Sim – ele disse, mesmo que só tivesse se lembrado porque ela falou. – Claro que eu lembro. Estávamos treinando e um balaço o acertou. Quebrou a clavícula. Madame Pomfrey consertou, mas deixou um hematoma enorme.


- Exatamente – ela disse, mantendo o tom normal. – Ele estava com esse hematoma no dia que morreu. Lembro porque quando ele e eu... você sabe, fizemos amor naquele dia, acidentalmente toquei no lugar e ele disse que estava doendo.


- Certo... – ele disse, claramente sem entender onde ela queria chegar.


- Harry – ela disse, segurando a mão dele com força. – Quero que me responda uma pergunta – ela o virou em direção ao corpo. – Vê algum hematoma no corpo dele?


Ele piscou na hora e então se inclinou e olhou, vendo o que ela viu mais cedo... nada. Apenas a pele de Rony sem marcas no peito e ombros. O lugar onde estava uma horrível marca roxa e onde deveria ser bem visível.


Harry devagar, bem devagar se endireitou e olhou pra ela. Os pensamentos de Hermione giravam numa ordem maluca em sua cabeça como se atividade demais pudesse manter a horrível verdade longe por mais um instante. Ela ficava se lembrando daquele outro corpo, daquele corpo falso de Harry. Parecia uma jogada tão impensada de... quem quer que fosse. Seth, o Mestre, quem quer mais... Como ousavam fazer isso? Agora ela sabia como ousavam.


Já tinha funcionado antes.


Ela não percebeu como saíram de novo, mas de repente estavam de volta na sala. O rosto de Harry estava tão branco que parecia cinza. Hermione não conseguia respirar, seu peito batia mais forte que um tambor. Era horrível demais pensar isso, horrível demais pra falar. Se eu não disser pode ser que não seja verdade, ela pensou loucamente.


A boca de Harry abriu e fechou algumas vezes como se tentasse dizer alguma coisa. Na mesma hora o peito dele se encheu e ele colocou uma mão sobre a boca e correu da sala, quase se batendo com Jorge quando ele entrou. Hermione cobriu os olhos com as mãos e ouviu o barulho de Harry vomitando no banheiro do outro lado do hall. Jorge estava confuso.


- Hermione... Harry está bem? Ele está doente? O que está acontecendo aqui? Ouvi um barulhão! – os dois tinham derrubado as cadeiras na agitação, Hermione percebeu.


- Jorge, Jorge, Jorge – ela repetiu, sua voz parecendo vir de quilômetros de distância.


- Meu Deus, Hermione... o que está acontecendo com vocês? – ele avançou e segurou o braço dela, preocupado.


Ela abaixou as mãos. Tinha que dizer. –J orge... é sobre.. é sobre... – ela engoliu e continuou. – É sobre Rony.


Jorge recuou um pouco, franzindo as sobrancelhas. – O que tem Rony?


O mundo estava ficando cinza em volta dela. Ela se agarrava a sua coerência desesperadamente, mas era como tentar segurar uma corda oleosa. Ela olhou Jorge nos olhos, achando uma estabilidade bem-vinda em seus olhos castanhos. Talvez eu possa dizer, ela pensou. Vamos tentar.


- É Rony, Jorge. Ele está vivo.


 


                                                                        FIM

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