Olhos no papel







Todos, confusos olhavam para Marlene. Não, ela não tinha ideia do que estava acontecendo, mas não era algo bom. E outra, por que sua mãe chorava se seu pai não trabalhava na força aérea há anos?


-Ahn, mãe, pare de chorar. Por favor. Papai não trabalha mais na força aérea, ok? Vamos pessoal, temos que ir para o acampamento antes da meia-noite. – disse Marlene subitamente assustando a todos.


Depois de uma sessão de abraços e de um “Se cuida”, o grupo de jovens saíram. Marlene sentia-se deslocada entre o grupo de amigos, afinal ela já não era uma amiga para eles. Eles foram levados dentro de um carro até a orla de uma floresta onde dali tiveram que seguir a pé até o acampamento. Marlene andava quieta e de cabeça baixa, mas ouvia os cochichos de Dorcas e Lilian ao longe.


“Ela está muito estranha ultimamente...” falava Lilian.


“Deve estar com remorso depois da traição.” Ouvia-se Dorcas falando.


“Não sei, mas não acho que tenha sido por isso... Pra falar a verdade, tem uma grande parte de mim que não acredita que Marlene tenha nos traído... Ela parecia tão fiel a nós...”.


“Pessoas mudam Lilian, pessoas mudam”.


***


Depois de duas horas de caminhada, o grupo chegou a um espaço circular da floresta que não existia árvores. Decidiram acampar ali. Havia um pequeno riacho por perto, pois o barulho da água soava em seus ouvidos. Era um lugar bonito.


O grupo (com a ajuda do feitiço Lumos) conseguiu arrumar duas barracas, uma pros garotos e outra pras garotas e em menos de meia hora todos dormiam. Arrumariam as coisas no outro dia.


***


Marlene se encontrava em uma floresta verde e em sua frente havia uma garota. Pequena, cabelos pretos cacheados, pele clara e com um vestido branco. Ela usava uma fita no cabelo. Era quase uma réplica sua, mas menor.


A garotinha pequena tinha o rosto virado para uma árvore e contava.


-49, 50! Lá vou eu papai!


A garotinha virou-se e começou a andar sendo seguida por Marlene. A menina andou muito até que caiu em um barranco e ficou presa.


-Socorro! Papai? Socorro papai! Onde você está? Papai! Salve-me! Socorro!


Marlene estava apavorada. Até que algo surpreendente aconteceu.


-Moça, você me ajuda a sair daqui? Estou com medo e meu papai não me ouve... – falou a garota chorando olhando para Marlene.


-Você... Você consegue me ver?


-Ajude-me, por favor...


Marlene se inclinou e a mão da menina alcançou a sua. Um choque repentino ocorreu. Nas mãos da garotinha, havia um esmalte branco com algumas flores pintadas delicadamente na unha. As mãos de Marlene estavam pintadas com esmalte preto e eram bem maiores que a da garota. Marlene sorriu e falou:


-Segure firme minha mãe. Tirar-lhe-ei daí.


A garota parou de chorar repentinamente e sorriu com os olhos aguados. Parecia um anjo.


Marlene puxou a garota para cima com esforço e abaixou-se.


-Onde está seu pai? – a perguntou.


-Estávamos brincando, mas ele sumiu moça... Ajude-me, eu não quero me perder de meu pai. – falou a garota já chorando.


-Calma você sairá daqui sã e salva. Como você se chama?


-Marlene. Marlene Simmons McKinnon.


Marlene ficou boquiaberta. Ia falar, mas uma voz a impediu.


-Marlene? Marlene?


-Tenho que ir, é o meu papai me chamando. Tchau moça!


E do mesmo jeito que a garota apareceu ela sumiu.


***


-Espere, espere, não vá... É perigoso, pode haver um cisne, não vá por aí Marlene... Não vá...


-Marlene... Marlene... MARLENE!


Marlene deu um salto e acordou para a realidade. Estava rodeada por todas as garotas e garotos. Eles a olhavam de um jeito estranho.


-O que aconteceu? – perguntou Lilian.


-Não sei... Um sonho esquisito era uma garota... Era eu. Só que eu era pequena. Eu corria, e então eu caí... Eu caí em um barranco. E então veio eu e eu ajudei ao meu eu mais novo... E... Tinha um cisne negro. – repentinamente Marlene começou a chorar – É sempre aquele cisne! Ele é mau, e cruel, ele quer me persuadir, ele quer me matar, me persuadir e então me matar. Tire ele de perto de mim, tirem-no de mim! Por favor! – falou Marlene nervosa.


-Marlene... Não tem nenhum cisne aqui. – falou Lily sorrindo de uma maneira estranha.


Marlene olhou para Lily e seus olhos tipicamente verdes... Estavam negros.


***


 


Dorcas e Lily estavam sentadas na beira do riacho conversando com Sirius e James sobre Marlene.


-Ela está estranha, muito estranha. Não come há dias e agora essa história de cisne. Que cisne?  - falou Lily.


Sirius então do nada se manifestou.


-Marlene me esfaqueou ontem. Ela estava estranha, seus olhos estavam sem cor e ela chorava gritando pra mim me afastar. Ela disse que eu era o cisne e que eu nunca iria pegá-la. Ela disse que o cisne queria pegá-la e que estava com medo. Com muito medo. Eu não acreditei nela. Eu não acredito pra falar a verdade. Acho que é farsa.


-Você acha que ela lhe esfaqueou de propósito? Você acha que para o fingimento ela lhe esfaqueou só para ser realista? Acha que ela seria capaz? – pergunta James.


-Eu não acho mais nada. De Marlene pode vir tudo.


-Desde o início do ano ela está assim.


-Assim como? – perguntou Lily.


-Confusa, se esquecendo das coisas, sem comer o suficiente... Sem falar daquele livro que ela não larga nunca.


-Que livro? – perguntou Sirius.


-Eu não vi o nome. Marlene não nos deixava nos aproximar dois metros do livro. Mas eu já via a capa. O nome estava fraco por isso não vi. Mas na capa havia uma bailarina com um cisne negro ao lado.  – falou Lily.


-Lago dos Cisnes? Minha mãe lia esse livro pra mim. Sou idiota, eu sei. Mas era minha favorita. A garota que conheceu um mundo diferente e se apaixonou pelo príncipe. Sua irmã gêmea com inveja a transformou em um cisne branco e tomou o lugar dela. A garota a cada dia de cisne ficava mais triste vendo o príncipe se apaixonar pela vilã, então um dia... Matou-se. Era um conto de ninar que me deixava cada vez mais aceso. A capa era surrada, uma bailarina com um vestido branco e um cisne negro. Há um efeito no livro, que quando você chega à parte em que o cisne negro vira pessoa e a pessoa um cisne branco a capa muda. Eu achava incrível.


Lilian ficara arregalada, mas logo voltou ao normal. O que pensara nunca seria concreto. Um fino pingo de chuva caiu em seu ombro a fazendo sair dali e ir pra barraca, onde tem uma surpresa.


 


***


 


Marlene que até então estava deitada, levantou-se e pegou sua caixinha de música e olhou. Observou cada detalhe e deu corda. E então começa a tocar a música do cisne. Marlene se concentra em ouvir o tom da música e bem baixinho, na parte obscura da música ouve: “Os desenhos”.


Marlene assustada corre para a sua mochila e pega a pasta de desenhos. Atira todos no chão e espalha. Em meio aos desenhos tinha uma fita branca com alguns detalhes brilhosos. A fita que a menina do sonho usava. Marlene guardou a fita no bolso e começou a olhar os desenhos. Todos estavam borrados e feios somente com rabiscos pretos, mas então Marlene achou um grupo de folhas juntas e começou a olhar uma por uma. A primeira era de um olho. Um olho grande e verde com cílios bem delineados e bonitos. Parecido muito com o olho de Lílian. O outro olho era um olho castanho claro igual ao olho de Dorcas. E então o terceiro desenho. Era um desenho diferente. Havia uma garota pequena com um vestido branco e sapatilhas de balé. É usava um coque prendido com uma fita com detalhes brilhantes. Na frente dela havia um espelho com algumas escrituras em cima na qual Marlene imaginou ser o espelho de Ojesed. No espelho apareciam duas coisas. Um olho azul e brilhante que na ponta dos cílios havia uma curva que lembrava um cisne. Os cílios estavam brancos lembrando muito ao cisne branco. E a outra imagem era outro olho. Um olho feminino com cílios bonitos. O olho era de uma escuridão imensa e na ponta dos cílios existia a mesma curva com um cisne negro.


Marlene jogou o desenho longe e começou a chorar e naquele momento Lilian entrou.


-O que houve Marlene? – perguntou ela preocupada com a garota.


-Aquele cisne está me perseguindo novamente! Ele fez um desenho! Olhe! É o meu olho e o olho dele! Ele quer me matar Lilian.


-Calma Marlene, não tem nenhum cisne, até agora eu, James, Dorcas e Sirius estávamos no riacho e nenhum mísero pato apareceu. Não existem cisnes por aqui.


E então Marlene se acalmou e suspirou.


“Lilian tem razão. Devo estar doida. Aqui não tem cisnes” pensou Marlene. Mas foi outro desenho que chamou sua atenção. 


E naquele desenho que todos os seus pesadelos se tornaram realidade. No desenho havia outro olho escuro, desta vez, masculino. Dentro do olho havia a imagem perfeita do riacho ao lado da barraca. Na imagem havia um garoto de costas sentado.


-Lilian... Você disse que... Que você, James, Dorcas e Sirius estavam sentados no riacho, né?


-Sim Marlene, eu disse. – confirmou Lilian um pouco envergonhada de estar com Marlene.


-Tem mais... Tem mais alguém lá?


-Bom, quando eu disse que ia sair de lá Dorcas saiu junto para ir falar com Remus e James saiu para uma caminhada com Emmy. Então resta só Sirius lá.


Marlene olhou para o papel e sussurrando falou:


-Não... Sirius...


E então saiu correndo.


Lilian tentou chamar Marlene, mas esta não a atendia. Então Lilian decidiu olhar o desenho na qual Marlene estava olhando. E se assustou com o que viu. No desenho havia uma frase bem abaixo escrita: “E o garoto tanto pensou que se esqueceu de olhar o perigo. Nunca se sabe quando tem um lobo esperando pela chapeuzinho.”


Dentro do olho que aparecia no desenho havia um riacho, um garoto e bem ao fundo, escondido entre as sombras um cisne. Um cisne negro.


“Nunca se sabe quando o lobo espera pela chapeuzinho.”


 


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N/A: Aqui está o outro capítulo! Luhna, desculpe-me pela demora muito grande mas cê não sabe a dificuldade que tenho passado, problemas familiares, emocionais e escolares. Tava tudo terrível! E isso realmente ia deixar a história mais melancólica do que já está. Desculpe-me estar lhe confundindo, mas vou esclarecer tudo. Não, ela não sabe do que está acontecendo, mas está confusa e está tendo especulações adiantadas sem entender ou pensar realmente no que está acontecendo. Além do mais, ela sabe que a música Swan Lake (lago dos cisnes) faz mal para ela, mas ela insiste em ouvir e totalmente sem querer ela acaba descobrindo mais coisas que podem botar a vida dela e a vida dos amigos dela em perigo. Bom, quanto aos traidores eu não posso falar nada, mas existe em um personagem que nem passou em sua cabeça que pode ser o vilão. E pra falar bem a verdade você me parece muito esperta e logo descobrirá, mas enquanto isso, vamos manter segredo e deixar sua mente trabalhar mais um pouquinho hsuahusha. Bom, se ele estava ou não no avião eu não sei mas que a mãe dele sabe de algo ah, isso você pode ter certeza. O acampamento é o centro da história, os segredos do passado da Marlene e os segredos dos pais dela (que como você disse, guardam um grande segredo). Espero que não esteja brava mas prometo que o próximo cap vem logo! Beijos e obrigada por comentar!  Juh_Lynch

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Comentários (1)

  • Luhna

    Juh, me desculpe pela demora em ler e comentar, mas a gente acabou se desencontrando. Você postou o capítulo logo que eu viajei para minha semana anual de "retiro sem internet". Mas de qualquer forma, vamos ao capítulo: AMEI! Apesar de que achei curtinho. :( E você deu um nó na minha cabeça quando falou da pessoa traidora. Não se a Lene anda imaginando coisas e tals com todo o masoquismo dela com a música, mas essa pessoa pode ser a Lily, o James, a Dorcas, o Sirius, o Remo ou a Emmeline. De todos, acho mais improvável que seja o Sirius. Mas vai saber, né? Espero o próximo capítulo. LOUCA PARA SABER MAIS SOBRE ESSE ACAMPAMENTO! ;)

    2013-07-23
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