Férias de Natal



Resumo do que aconteceu antes: Amanda Thornton mudou-se da Autrália para Londres e começou a estudar em Hogwarts. Lá, ficou amiga de Gina e Erick e ficou interessada em Draco Malfoy, mas tentou desistir ao descobrir que ele odeia trouxas. Próximo às férias de verão, Amanda fala sem querer que gosta de Draco, o que deixa os dois confusos quanto aos seus sentimentos.


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            - Ah! Graças ao pai entraremos de férias! – comentou Erick, ao caminhar junto com Amanda e Gina para o Salão Principal, todos de malas prontas.


            - Nem me fale, achei que nunca ia chegar. – concordou Gina.


            - Verdade. Pelo menos teremos alguns dias para espairecer. – Amanda disse.


            Encontraram-se com Harry, Rony e Hermione e foram tomar café rapidinho para não ficarem amontoados ao entrarem no trem. Os seis ocuparam uma cabine quase no final do trem. A viagem foi divertida, nenhum assunto desagradável. Amanda aproveitou para dormir à tarde, já que chegaria em Sydney 7h da manhã mais ou menos e Jade disse, em resposta a carta que Amanda enviara, que já que Amanda faria com que ela acordasse tão cedo, o mínimo que a garota podia fazer era ficar acordada com ela.


            Amanda acordou e o céu já estava escurecendo.


            - Quanto tempo ainda falta para chegarmos? – perguntou Gina, olhando para fora da janela e vendo o pôr do sol.


            - Uma hora mais ou menos. – respondeu Hermione.


            - Ah, bom dia flor do dia. – Gina cumprimentou ao ver que Amanda acordara.


            - Bom dia.


            - Nossa, Amanda, você está horrível. De cara amassada e o cabelo todo zoado. – Erick gargalhou e Rony e Harry o acompanharam.


            - Poxa, Erick, dá um desconto eu estava dormindo toda torta aqui. – Amanda explicou-se e sentiu dor no pescoço ao se mexer.


            O garoto não lhe deu atenção e continuou a rir da cara dela por mais uns 20 minutos.


            Amanda então lembrou-se que não sabia como chegar ao Ministério da Magia. Entrou momentaneamente em pânico e perguntou logo para os amigos.


             - Gente, como faz para chegar ao ministério? – perguntou Amanda, olhando para todos.


            - Ah, é fácil, o ano passado vivemos aventuras lá! – Gina disse animada. – É só você ir até uma cabine telefônica, discar uns números e pronto.


            - E onde fica essa cabine?


            - Boa pergunta. Eu não lembro, mas eu peço pro papai te levar, ele trabalha lá, mesmo. – Gina ofereceu.


            - Eu não quero incomodar. – Amanda disse meio insegura.


            - Não é incômodo nenhum! – Rony disse.


            - Tem certeza? Eu nem conheço o seu pai.


            - É sério, tudo bem, ele não vai se importar. – Gina confirmou.


            - Ah, ta bom então. – disse Amanda, sorrindo.


            Quase uma hora depois o trem foi perdendo velocidade até parar. Os seis desceram do trem. Despediram-se de Erick, que iria se encontrar com os pais ali mesmo, depois atravessaram a barreira.


            - Vem cá, vou te apresentar meu pai. – Gina disse, puxando Amanda. – Oi, pai! – disse ela, beijando o pai na bochecha.


            - Olá, Gina!


            - Pai, essa é minha amiga Amanda.


            - Prazer, Sr. Weasley. – disse ela, tímida.


            - O prazer é meu! – respondeu ele, apertando a mão de Amanda.


            - Pai, a Amanda precisa ir até o ministério para pegar uma chave de portal, você pode levar ela até a cabine?


            - Claro! Sem problemas. – respondeu o Sr. Weasley sorridente. – E cadê o Rony e o Harry? – perguntou ele, olhando em volta a estação.


            - Eu não sei, eles estavam perto da gente. – respondeu Gina, olhando também. – Ah, eles estão vindo.


            Um minuto depois os dois se juntaram e os cinco entraram no carro do Sr. Weasley. Por fora, parecia um carro normal de trouxa, mas por dentro era no mínimo três vezes maior.


            - Carro do ministério, pai? – perguntou Rony, já sabendo a resposta.


            - Sim. Uma maravilha não é?! – disse ele orgulhoso.


            - Papai adora coisas de trouxas. – Gina disse baixinho para Amanda.


            No caminho para o ministério, o Sr. Weasley ensinou Amanda exatamente o que teria que fazer para entrar no ministério. Dez minutos depois, ela se despediu de todos e se dirigiu para uma cabine telefônica, localizada em uma rua com aspecto feio, que estava caindo aos pedaços. Amanda pensou se esse era o lugar certo. Ficou um pouco insegura e com medo por ser de noite, mas entrou na cabine e discou os números, rápido. De repente, sentiu o piso da cabine se mexer e viu a calçada ao lado de fora começar a subir, até que a cabine estivesse totalmente dentro do chão. Amanda congelou quando ficou no escuro. “E se algo acontecer? Como eu vou sair?” ela não parava de pensar com desespero, até que viu uma luz começar a aparecer a seus pés e percebeu que estava saindo.


            A cabine parou a um extremo de um saguão muito longo. Antes de a porta da cabine de escancarar, Amanda ouviu uma voz feminina: “O Ministério da Magia deseja à senhorita uma noite muito agradável.”.


            - Obrigada. – respondeu Amanda, para a cabine. Saiu e olhou para os lados para ver se tinha alguém, mas àquela hora não tinha muita gente andando pelo saguão.


            Foi até o átrio onde teve que deixar sua varinha e seu malão com o segurança. Andou até os elevadores e tinha apenas duas pessoas esperando. Uns dois minutos depois, Amanda ouviu um barulho de ferragens e um dos elevadores desceu. A grade dourada que estava à frente se recolheu e a porta do elevador se abriu. Dele, saíram cinco pessoas. Amanda entrou junto com os outros dois que também estavam esperando e logo depois o elevador começou a subir. Ela ouviu a voz da mulher da cabine telefônica:


            “Nível sete, Departamento de Jogos e Esportes Mágicos, que inclui a Sede das Ligas Britânica e Irlandesa de Quadribol, o Clube de Bexiga Oficial e a Seção de Patentes Absurdas.”


            A porta do elevador se abriu, mas ninguém saiu ou entrou. Este começou a subir novamente a voz feminina começou a falar:


            “Nível seis, Departamento de Transportes Mágicos, que inclui a Autoridade da Rede de Flu, o Controle de Aferição de Vassouras, a Seção de Chaves de Portais e o Centro de testes de Aparatação.”


            “É aqui mesmo.” Pensou Amanda e saiu quando as portas se abriram. Ela se viu em um corredor razoavelmente largo e comprido. Quase em frente ao elevador havia um balcão de informações para onde Amanda se dirigiu.


            - Com licença. – pediu para uma mulher de meia idade que estava sentada do outro lado do balcão. – Meu nome é Amanda Thornton e eu vim pegar uma chave de portal para ir à Austrália.


            - Ah, sim, a Srta. Thornton. – disse ela, fuçando em umas gavetas. – Estava só esperando você chegar para poder ir embora. – comentou ela, mas não mal-humorada.


            - Desculpa. – Amanda pediu sem jeito.


            - Não tem problema. Aqui está. – a mulher falou, por fim, entregando uma lata de refrigerante vazia a Amanda. – Agora, é só assinar aqui – e apontou para uma linha horizontal em uma folha de papel. – depois é só sair do Ministério que daqui uns – e olhou para o relógio de parede do corredor – vinte minutos você já estará indo para a Austrália.


            - Tudo bem. – Amanda leu o que estava no papel que a mulher lhe entregou. Era apenas um registro de que ela iria usar a chave de portal de acordo com as leis. – Obrigada. – agradeceu e voltou para o elevador. Desceu até o átrio, pegou seus pertences e saiu do Ministério quando faltavam apenas cinco minutos. Encontrou um lugarzinho escondido para que ninguém a visse desaparecer quando chegasse a hora.


             Do nada, Amanda sentiu seus pés deixarem o chão e um borrão de cores passou diante de seus olhos. De repente, ela caiu ao chão afofado pela grama. Cuspiu a grama que tinha entrado em sua boca, levantou-se e viu seu malão a um metro de distância de onde ela aterrissara. Olhou em volta, e viu que aterrissou na praça central do vilarejo onde Jade morava. Felizmente, era um vilarejo só de bruxos, então ninguém estranharia caso a visse surgindo do nada; mas como eram sete horas da manhã, ninguém estava por ali.


            Amanda sentiu um calor imenso e tirou o casaco e o cachecol. Nessa época do ano era verão na Austrália. Pegou seu malão e caminhou dez minutos até achar a casa de Jade. Viu que ela estava sentada em um banco de três lugares feito de madeira ao lado da porta de entrada da casa, com a cabeça apoiada na mão direita, aparentemente com sono. Quando viu Amanda ao pé da escada da entrada, deu um salto e pulou em cima dela.


            - Amanda! Que saudade!


            Amanda cambaleou para trás.


            - Oi, Jade! – Amanda respondeu, abraçando-a também.


            Jade a soltou e olhou para ela com um sorriso radiante. Jade era uma pouco mais alta do que Amanda, tinha cabelos louros compridos e perfeitamente cacheados. Ela olhou com a testa franzida para as roupas de Amanda.


            - Você não está com calor, não?


            - Estou e muito. – Amanda disse, se abanando com cachecol que segurava. – Estava muito frio em Londres. Só espero que essa mudança de temperatura não me cause uma gripe.


            - Mas é claro que não vai. Ainda temos que ir à praia!


            - Ah, praia. – Amanda suspirou sorrindo. – Senti tantas saudades dela.


            Jade riu.


            - Teremos de ir mais tarde. Não posso deixar a Bela sozinha. – Jade explicou e fez careta.


            - Não tem problema. E eu preciso fazer umas comprinhas. Não trouxe protetor solar, roupa de banho e toalha.


            - Mas isso não é problema algum. Daremos uma passada em alguma loja a caminho da praia. – Jade disse. – Agora vamos entrando. Você tem tanto para me contar! Daqui a pouco meus pais e Alex saem para trabalhar e ficaremos sozinhas para conversar. Isto é, até a Bela acordar.


            - Tudo bem. – Amanda pegou seu malão e seguiu Jade para dentro na casa.


            A casa de Jade era uma típica casa bruxa. Sem nenhum equipamento eletrônico, mas com vários objetos enfeitiçados espalhados pela casa. Era uma bonita casa, um sobrado básico, mas muito charmoso.


            - Amanda! Que prazer em revê-la. – uma mulher de uns quarenta anos loura de cabelos ondulados até os ombros veio até ela e a abraçou.


            - Igualmente, Josie. – Amanda retribuiu o abraço. Josie era a mãe de Jade e odiava ser chamada de senhora, assim como seu marido, Oliver.


            - Está com fome? Quer tomar café da manhã? Jade estava te esperando para tomar café.


            - Claro. Obrigada. – Amanda agradeceu.


            Amanda e Jade seguiram Josie até a cozinha, onde Alex, o irmão mais velho de Jade, estava sentado, terminando seu café. Era bem mais alto que Amanda e loiro como a irmã, exceto que seus cabelos eram lisos. Terminara os estudos recentemente e agora trabalhava junto com seu pai no Ministério da Magia da Austrália.


            - Bom dia, Amanda. – ele a cumprimentou. - Seja bem vinda de volta.


            - Bom dia e obrigada. – Amanda sentou-se à mesa e Jade ao seu lado.


            - Beleza, pode começar a contar. – Jade pediu. – Como é Hogwarts?


            Josie e Alex também a olhavam, prestando atenção.


            - É muito bonita. É um castelo enorme, cheio de passagens secretas e escadas que mudam de lugar.


            - Como assim? – Alex perguntou, interessado.


            Amanda ficou a meia hora seguinte contando sobre Hogwarts e suas peculiaridades, enquanto os outros a abarrotavam de perguntas e comparações com Northwind.


            - Isso é fascinante. – Josie disse, maravilhada. – Quantas coisas diferentes. Tem até fantasmas rondando por lá.


            - É, mas eles não têm um meio vampiro como professor. - Jade disse como se estivessem em uma competição de “qual é a melhor escola”.


            - Isso é verdade. – Amanda riu.


            - Vamos indo, Josie? – uma voz grave veio da porta da cozinha e Oliver apareceu. – Ah, olá Amanda.


            - Olá. – Amanda cumprimentou-o. Mesmo sabendo que podia chamá-lo pelo primeiro nome, Amanda ainda se sentia insegura para fazê-lo, então evitava o máximo que podia.


            - Já está na hora de irmos, senão chegaremos atrasados. – Oliver disse para Alex e Josie.


            - Mas eu não estou pronta ainda! Nem escovei os dentes. – Josie reclamou levantando-se apressada.


            - Chupa uma bala e vamos embora, não dá tempo de escovar os dentes.


            Josie pegou sua varinha, fez um gesto e logo estava vestida de branco. Ela era curandeira no hospital local. Ela se despediu de Amanda e Jade, assim como Alex, e os dois se juntaram a Oliver para sair.


            Depois que todos foram embora, Amanda pensou que finalmente poderia tomar o café da manhã porque até então ela só tinha falado, mas Jade a interrompeu.


            -Ok, vamos ao que interessa. – Jade a encarou. – Você está namorando?


            - Jade, eu estou com fome, deixa eu comer. – Amanda pediu e completou. – Podemos conversar sobre isso quando a Nicole estiver aqui? Não quero ter que repetir tudo.


            Jade protestou.


            - Mas vai demorar, ela virá pra cá daqui só amanhã à noite.


            - Não é tanto tempo assim, você sobrevive.


            Amanda ouviu passos vindos da sala e uma menina que parecia a miniatura de Jade apareceu na porta da cozinha, de pijamas.


           - Bom dia. – ela cumprimentou sonolenta e se sentou à mesa.


           - Bom dia, Bela. – Amanda e Jade responderem em uníssono.


           - Você duas acelerem aí para terminar o café da manhã que nós temos que sair! – Jade apressou Amanda e a irmã.


           Depois que as duas tomaram café, Amanda foi até o quarto de Jade para deixar seu malão – que ela havia largado na sala – e tirar a calça jeans e as botas e colocar shorts e chinelo. Fazia tanto tempo que não colocava chinelo que se sentiu realizada ao fazê-lo. Não que ela não pudesse usá-los em Hogwarts, só preferia se vestir de acordo com os outros.


           Quando estava pronta, pegou sua carteira e desceu as escadas com Jade, que estava vestindo as mesmas coisas que ela e com uma bolsa de praia. Esperaram Bela se aprontar e saíram.


           Ao sair da casa, o sol estava mais forte. Amanda desejou ter óculos de sol e protetor solar. Logo, logo estaria vermelha como um pimentão nesse sol.


           As três andaram pouco até avistarem a praia. Felizmente, Jade morava bem perto. Passaram em algumas lojas de trouxas para comprar o que Amanda precisava – e algumas coisas mais – e foram para a praia. Jade pegou um guarda sol e enfiou-o na areia. Colocou uma toalha na areia e se ajeitou para tomar sol. Por outro lado, Amanda e Bela largaram as suas coisas de qualquer jeito com Jade e foram direto para o mar.


           Amanda sentiu-se felicíssima ao entrar na água. Assim como em Hogwarts tinha os passeios à Hogsmead, em Northwind tinha passeios à uma praia frequentada apenas por bruxos. Isso, é claro, no verão, então os estudantes iam dois dias por mês à praia, já que no inverno não ia ter passeio algum.


           As garotas passaram o dia inteiro na praia, só voltaram quando estava na hora do jantar.


           Na noite seguinte, Nicole chegou já metralhando perguntas à Amanda. As duas e Jade foram para o quarto para que Amanda pudesse contar suas novidades.


           - Caramba, tem mais pôsteres do que da última vez que estive aqui. – comentou Nicole, olhando em volta. Ela era da mesma altura de Amanda, tinha cabelos castanho-avermelhados e uma charmosa covinha no canto esquerdo da boca.


           - Não sei como, mas ela sempre arruma um espaço para por mais. – Amanda comentou.


           O quarto de Jade era cheio de pôsteres de garotos lindos e famosos, tanto bruxos quanto trouxas.


           - Meninas, querem coisa melhor do que dormir olhando para essas maravilhas? – Jade defendeu-se, admirando os pôsteres.


           - Você é doida, Jade. – Nicole suspirou e sentou-se na cama de Jade. – Mas deixa isso pra lá, não é o que importa no momento. Quero saber sobre você, Amanda! Conte-me tudo sobre Londres! E eu não estou nem aí se você vai ter que contar novamente e a Jade terá de ouvir novamente. – Nicole disse, parecendo mais uma ordem do que um pedido.


           - Não, tudo bem. Essa infeliz – disse Jade apontando para Amanda. – não me contou nada, exatamente para não ter que repetir. – Jade sentou-se ao lado de Nicole, enquanto Amanda se ajeitou na bicama. Os pais de Jade resolveram colocar uma cama extra no quarto dela porque, apesar de a casa possuir quarto de hóspedes, Jade gostava que as amigas dormissem em seu próprio quarto.


           - Então o que você está esperando? Desembucha! – Nicole pressionou.


           - Mas que impaciência a de vocês. – Amanda reclamou sorrindo. – O que vocês querem saber primeiro?


           - Como é Hogwarts. – Nicole pediu.


           - Como são os garotos. – Jade pediu ao mesmo tempo.


           Nicole encarou Jade como quem não acredita no que ouviu.


           - Dá um tempo, mulher, você só pensa nisso? 


           - E tem algo melhor em que pensar? – Jade perguntou como se fosse óbvio.


           - Vamos pelo começo, por favor.


           - Mas ela já falou como é Hogwarts ontem de manhã, que tem escadas que mudam e fantasmas. Vamos logo ao que interessa.


           - Fantasmas? – Nicole perguntou surpresa. – Conte-me mais. – Jade resmungou.


            Amanda contou rapidamente como é Hogwarts, os professores, sobre seus novos amigos Gina e Erick e sobre Harry Potter. Deixaria o assunto Draco Malfoy por último.


            - Não acredito que você conheceu Harry Potter, o Menino-que-sobreviveu! – Jade falou empolgada.


            - Conheci sim. Até fazemos parte do mesmo clube. – Amanda riu.


            - E como ele é? Heroico? – Nicole perguntou curiosa.


            - Na verdade, ele é bem normal. E bem reservado. – Amanda disse. – Eu não posso dizer muita coisa, ele passa a maior parte do tempo só com os amigos, Rony e Hermione.


            - E ele é bonito? – Jade perguntou sem conseguir se segurar.


            Amanda pensou por um momento. Ela nunca havia reparado de verdade em Harry.


            - Ah, os olhos são muito bonitos.


            - Ok, os olhos da Nicole também, mas nem por isso ela é bonita. – Jade disse.


            - Ei! Você só está com inveja porque eu tenho olhos verdes e você não. – Nicole gabou-se, empinando o nariz.


             Jade ignorou-a. Ergueu as sobrancelhas para Amanda para que ela respondesse direito.


            - Eu não o acho bonito. Ele não tem nada de mais. – a garota confessou.


            - Ah... – Jade pareceu desanimada. – Mas ele é Harry Potter, você terá de falar de mim para ele!


            - Não posso, Gina gosta dele também.


            - Ah, não! Mais uma concorrente.


            - É, um milhão mais uma... – Nicole caçoou Jade.


            - Mas Amanda, responda, pelo amor de Deus, a pergunta que não quer calar: você encontrou algum rapaz? – Jade perguntou. Nicole se mostrou interessada no assunto dessa vez.


            - Claro que sim. Vários, passo por eles todos os dias. – Amanda respondeu fingindo-se de inocente.


            - Não, fofa, você não se interessou por ninguém? – Nicole perguntou.


            Amanda respirou fundo.


            - Mais ou menos. Está tudo meio confuso ainda.


            - Pode começar a falar e não me esconda nada. – Jade praticamente ordenou. – Começando com o nome do sujeito.


            Amanda levou alguns segundos para revelar o nome, parecia que estava engasgado em sua garganta.


            - Draco Malfoy.


            - E vocês já se beijaram? – Jade perguntou logo em seguida, emanando curiosidade em sua voz.


            Amanda ficou vermelha, mesmo que não tenha acontecido.


            - Nossa, Jade, não dá pra ser mais indelicada? – Nicole censurou-a. – Espera um minuto. Malfoy? Não me é estranho esse nome. – ela comentou pensativa.


            - A família dele é bem influente na Grã-Bretanha.


            - Ah, certo. – Nicole ainda pensava. – Um Malfoy não foi preso um tempo atrás naquela prisão... não lembro o nome.


            - Azkaban. Sim, foi. Era.. o... pai dele.


            Nicole e Jade se entreolharam.


            - Amanda, você está gostando de um aprendiz de comensal? – perguntou Jade, sem acreditar.


            - Pode-se dizer que sim. – respondeu ela, culpada.


            - E como isso aconteceu? – Nicole perguntou.


            Pelo resto na noite, Amanda contou a elas o que havia acontecido entre ela e Draco.


            - Hum, é o destino! – Jade disse, tentando parecer profunda.


            - É né... com tanto garoto naquela escola e eu fui gostar justo do mais complicado. – Amanda disse meio arrependida.


            - Ah, mas isso é tão lindo! – Jade comentou sonhadora. – Dois jovens que pertencem a grupos diferentes se apaixonam! – suspiro.


            Amanda revirou os olhos e disse:


            - Eu não estou apaixonada. “Pelo menos ainda não...”.


            - Ah, é só esperar um pouco que você e o Junior ficarão! – falou Jade com um sorriso travesso.


            - Mas os Malfoy não são preconceituosos quanto a trouxas? – Nicole perguntou incerta.


            - Trouxas e grifinórios, no caso eu sou os dois.


            - E ele não se importa? – Nicole perguntou, achando estranho.


            - Eu não sei, não conversamos nada. Eu nem sei se um dia conversaremos. – Amanda respondeu confusa. Deu um enorme bocejo e olhou para o relógio. – Jesus, são 22h30. To morrendo de sono.


            - É, eu também já estou pescando. Vamos dormir. – Jade disse levantando-se e começando a arrumar as camas.



            Amanda e Nicole ajudaram Mel a arrumar as camas em que elas iriam dormir, o que levou meia hora, por causa das gracinhas que elas faziam enquanto isso. Colocaram os pijamas e desceram. Josie tinha preparado um lanchinho para elas e até elas comerem e irem dormir já eram quase meia noite.


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 Enquanto isso, na Mansão Malfoy...


20h


 


            Draco estava em seu quarto deitado na cama. Estava quase adormecendo quando ouviu algumas batidas na porta. Sentiu-se enraivecer por alguém ter atrapalhado seu momento de sossego.


            - Entra. – disse ele, de má vontade, sem se mexer direito.


            - Draco? – a porta se abriu e Narcisa entrou no quarto. – O jantar está pronto.


            - Não estou com fome. – respondeu ele de olhos fechados.


            - Que pena, porque você virá jantar. – Narcisa lhe lançou um olhar firme.


            - Mas eu não estou com fome! – ele abriu os olhos e olhou para a mãe. Ela estava parada ao lado da porta olhando para ele séria. Draco descansou a cabeça novamente no travesseiro. – Está bem. – e foi se levantando.


            - Ótimo. – Narcisa disse saindo do quarto.


            Draco odiava quando ela falava e olhava daquele jeito para ele. Irritado, demorou um pouco para se recompor da preguiça e dez minutos depois estava descendo para a sala de jantar. Chegando lá, observou a mesa comprida com uns cinco tipos de comidas diferentes. “Tem muita comida pra pouca gente.” Pensou ele. Sentou-se de frente para Narcisa.


            - Então, Draco, você nem conversou comigo quando chegou. – Narcisa disse, sem tirar os olhos de seu prato.


            - Sobre o que você quer conversar? – Draco perguntou, claramente sem vontade.


            - Como foi o primeiro semestre de aula?


            - Do mesmo jeito de sempre: chato.


            - Hum. E o que você me diz das aulas? Você tem prestado bastante atenção?


            - Como sempre. – respondeu Draco, ainda sem vontade. – Por que está tão preocupada?


            - Recebi uma carta de Dumbledore a seu respeito. – Narcisa respondeu olhando para ele.


            Draco levantou a cabeça e olhou para ela espantado. “O que será que o Potter falou de mim dessa vez?”.


            - O que eu fiz? – Draco perguntou sem fazer idéia do que poderia ser.


            - Seu desempenho nas aulas caiu e você recebeu trabalhos extras por falta de atenção na aula? Tudo em duas semanas? O que há com você? – Narcisa estava visivelmente chocada.


            Draco ficou sem reação. Até nisso ela tinha atrapalhado? “Ninguém merece... da minha mãe eu não escapo.”.


            - Nada mãe. Acho que foi só distração. – Draco respondeu voltando a prestar a atenção em seu prato.


            - Mas até em poções?


            Draco ficou sem responder. Quaisquer coisas poderiam ser usadas contra ele.


            Narcisa respirou fundo.


            - Filho, você sabe que pode conversar comigo. Eu não vou brigar, só quero te ajudar. Se estiver com algum problema e quiser falar para mim, você pode, está bem? – Narcisa olhava para o filho com olhar quase de súplica.


            Draco afirmou levemente com a cabeça. Mães eram mais difíceis de evitar do que amigos. Draco terminou de jantar e foi para seu quarto. Era bom estar de volta, mas se sentia meio desanimado, não era a mesma coisa que antes. “Claro que não, meu pai não está mais aqui.”. Draco olhou para seu malão que ainda estava fechado e pensou em arrumar, mas resolveu deixar essa tarefa para Dot, afinal, era para isso que ela estava aí.


            Apesar de não ter feito nada, Draco estava cansado. Resolveu vestir o pijama e dormir. Não queria ir se despedir de Narcisa, pois ele sabia que ele acabaria falando algo que não devia. Iria pensar no assunto e aí talvez, falaria com ela, mas por enquanto ficaria quieto.


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            - Feliz Natal!


            Amanda ouviu alguém dizendo. Abriu os olhos devagar e viu Jade ao lado de sua cama com um presente.


            - Ah, obrigada Jade! – agradeceu ela, sentando-se na cama, a de baixo da bicama, e pegando o presente. – Também tenho um pra você e para Nicole, me deixa pegar. – e foi fuçar em sua mala.


            - Ai, quem ta falando logo de manhã? – Nicole resmungou, ainda de olhos fechados.


            - Acorda, dorminhoca, é Natal! – Jade falou toda alegre pulando na cama de Nicole.


            - Pára, sua louca, quero dormir. – Nicole reclamou.


            - Vamos, Nicole, levanta! – Amanda pediu. – Aqui está o seu presente Jade. A Nicole só vai ganhar o dela quando ela acordar.


            - Obrigada! – Jade agradeceu e sentou-se na cama para abrir.


            O presente que Jade deu a ela era um livro intitulado “Como lidar com Comensais”.


            - Jade, aonde você arrumou isso? – Amanda perguntou olhando o livro.


            - Numa livraria. Pensei ser o livro perfeito para você.


            - Adorei. – Amanda disse, rindo. – Pensou rápido.


            - Eu sei. Sorte que eu não tinha comprado seu presente ainda.


            - Nossa, Jade, outro estojo de maquiagem? – Nicole tinha acordado e desembrulhado o presente que Jade tinha deixado ao lado dela na cama. Olhava desanimada para um caixa não muito grande cor de vinho cheia de divisões.


            - Você precisa se arrumar melhor para conseguir um namorado!


            - Mas eu não quero um namorado...


            - Agora vai querer! – Jade disse e voltou-se para seu presente.           


            - Ah, olha o presente dos meus pais. – Amanda disse lendo uma carta. – Eles me mandaram uma carta me dando um sermão! Falaram que eu preciso prestar mais atenção nas aulas que meu rendimento está caindo. Mas eu fiquei meio avoada por duas semanas, como meu rendimento pode ter caído? – Amanda falou olhando para a carta, como se estivesse argumentando.


            - Relaxa, você recupera agora. – Nicole a tranqüilizou.


            - Espero que sim. – pondo a carta de lado e olhando pacote que veio junto.


            Os pais de Amanda tinham dado a ela um perfume delicioso. Andy, sendo o irmão que é, mandou um CD com as novas músicas dele. “Como ele quer que eu ouça isso?”, Amanda pensou. Não existe rádio na casa de Jade nem em Hogwarts. Gina havia lhe mandado vários produtos das “Gemialidades Weasley” e algumas tortinhas de frutas secas. E Erick lhe enviara uma caixa cheia de doces. Nicole lhe dera uma gargantilha com um pingente escrito ‘Amanda’.


            O dia de Natal foi bastante agradável. Amanda, Jade e Nicole ajudaram Josie a fazer o almoço e arrumar a mesa. À tarde Amanda, Nicole e a família de Jade foram à praia que estava, infelizmente, bem cheia. Mas isso não impediu que todos se divertissem.



            O restante das férias de Natal foi quase do mesmo jeito: praia, passeio pela cidade e casa da Jade. Amanda estava feliz por ter revisto suas melhores amigas e estava triste por ter que partir novamente; mas Hogwarts era ótima e ela estava pronta para voltar.


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            Dois dias antes de voltar a Hogwarts, Draco resolveu que já era hora de contar para alguém o que havia com ele. Precisava discutir sobre o que ocorrera com Amanda e, meio a contra gosto, admitiu que precisava de conselhos. E a melhor candidata era sua mãe. Então, foi até a sala de estar onde estava Narcisa lendo um livro de magia. Sentou-se na poltrona de frente para o sofá onde ela estava acomodada e ficou esperando.


            - Oi, Draco. – Narcisa cumprimentou desviando por um momento os olhos do livro.


            - Oi.


            - Você precisa de alguma coisa?         


- Não, só estou aqui te fazendo companhia. – Draco respondeu indiferente, batendo os delos nos braços da poltrona.


Narcisa ergueu uma sobrancelha, descrente. Draco nunca ia lhe fazer companhia por pura e espontânea vontade.


            - Você quer me contar alguma coisa? – perguntou ela olhando o filho por cima do livro.


            - Ahn... eu acho...


            - Tudo bem. – dizendo isso, fechou o livro, colocou-o em cima de uma mesinha que estava ao lado do sofá e olhou para Draco com o olhar mais doce e maternal que ele já viu. – Pode falar.


            Draco estava nervoso. Não sabia ao certo se queria mesmo dizer ou o que dizer. Todo aquele tempo que ele planejou para conseguir falar, agora, não serviu para nada. Ficou um tempo pensando no que diria.


            - Bom, mãe... Primeiro queria dizer que eu vou melhorar na escola e que aquilo foi uma coisa de momento.


            - Que bom. Que mais? – Narcisa perguntou, delicadamente.


            - Ahn... sabe... tem uma... – Draco engasgou, mas conseguiu falar. – garota na escola...


            - Hum. E você está gostando dela.


            Draco olhou para os lados para ter certeza de que ninguém estava vendo e apenas balançou a cabeça, mas tão pouco que mal dava para perceber a resposta.


            - Já entendi tudo. Você andou distraído na aula por causa dela, não é?


            Draco apenas olhou-a como se pedisse desculpas.


            - Não precisa se sentir culpado, isso é supernormal. – Narcisa tranquilizou-o sorrindo. – E quem é ela? A Srta. Parkinson?


            - Não! – Draco exclamou, espantado por ela ter dado essa alternativa. Ele nunca se distrairia por causa de uma garota como Pansy.


            - Verdade? Achei você se desse bem com ela.


            - Isso foi há um século. Eu a detesto. – Draco respondeu sentindo enjoo.


            - Então quem é?


            - Hum... ela é uma aluna nova. Entrou esse ano em Hogwarts.


            Narcisa arregalou os olhos.


            - Nossa, Draco, eu não esperava que você gostasse de garotas muito mais novas.


            Draco tombou a cabeça tentando entender o que a mãe dissera. Quando caiu a ficha e Draco se explicou imediatamente.


            - Não, não é isso! Ela não é do primeiro ano, é do quinto. Ela foi transferida da Austrália.


            - Ah, ta. – Narcisa riu pelo seu engano, mas parecia de certa forma aliviada. – Conte-me mais cobre ela.


            - Ela é da Grifinória. – Draco disse, esperando que a mãe fosse gritar com ele.


            - Da Grifinória? Como isso pôde acontecer? – Narcisa perguntou, não brava, mas achando estranho.


            - Estou tão espantado quanto você, mãe.


            - Tudo bem. Me conte como você se interessou por ela. – disse Narcisa, se ajeitando para ouvir.


            Depois de algum tempo, de Draco contando desde o primeiro dia de aula quando ele viu Amanda pela primeira vez até o incidente no corujal, Narcisa olhou-o com um sorriso de compreensão.


            - Eu não entendo como puder ficar tão desligado do mundo. É muito estranho, estou muito perdido.


            - Draco, isso não é ruim, não se preocupe. E daqui a pouco você se acostuma e começa a se “controlar” melhor. – Narcisa acalmou o filho.


            - Mas não podia ser alguém da Sonserina? – Draco perguntou, suplicando para a mãe uma resposta para aquilo.


            - Não somos nós quem decide.


            - Isso é muito chato. – Draco reclamou, encostando-se na poltrona com força. Como assim ele não podia escolher de quem gostava?


            - Esquece isso. Quando você voltar para Hogwarts você falará com ela? – perguntou Narcisa, incentivando.


            - Eu não sei. Acho que não dará certo.


            - Não custa tentar.


            - Mas eu não poderia sair com ela em público.


            - Por que ela é da Grifinória?


            - E porque ela é amiga daquele bando. – Draco disse com uma expressão de repulsa, se referindo ao Trio Maravilha. “Só faltava ela ser trouxa para fechar o pacote”.


            - A solução é bem simples: se encontrem escondidos.


            Draco olhou Narcisa, sem acreditar. Sua mãe estava sugerindo a ele como se encontrar com uma garota? Do time oposto? Escondidos? Por essa ele não esperava.


            - Que foi? Eu também já fui adolescente. – Narcisa se defendeu com um meio sorriso.


            - Não consigo imaginar. – Draco teve vontade de rir.


            - Hum. – Draco notou o tom de ofensa na voz da mãe. - O que você tem que fazer é se encontrar com ela depois do horário de aula em uma sala vazia.


            - Não, eu já sei o lugar perfeito. – disse Draco, pensativo.


            - Maravilha.


            - Mas e se eu for falar com ela e ela não aceitar?


            - Draco, depois do que ela te disse é só você insistir que ela vai aceitar.


            - Como sabe?!


            - Filho, você talvez não tenha percebido, mas eu sou uma mulher! Eu sei o que se passa na cabeça das garotas. Ah, e você não pode ser grosso, tem que ser gentil com ela.


            Draco fez uma careta.


            - Mas eu não sou gentil.


            - Ah, é... bom, tente ser o menos grosso possível. – Narcisa disse mandando.


            - Vou tentar. – Draco disse.


            - Ah, estou tão feliz, Draco! Meu filho está apaixonado! – Narcisa disse emocionada.


            - Mãe! Eu não estou apaixonado, pode parar com essa conversa. – Draco repreendeu.


            - Shh. A mamãe sabe o que está dizendo.


            Draco fez uma careta ao ouvi-la falando desse jeito. Levantou-se da poltrona e foi em direção à porta.


            - Você não tem nada a dizer para mim? – Narcisa perguntou olhando-o sair da sala.


            Draco parou à porta e virou-se de má vontade para a mãe.


            - Obrigado.



            - De nada. – Narcisa respondeu satisfeita.


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Comentários (1)

  • Rebeca_Potter

    Sempre imaginei que a Narcisa fosse maternal. Eu sentia isso nos livros, sabe? Ela só não teve tempo de expor isso.Gostei desse capítulo :) 

    2016-01-01
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