RUN




Estava frio. Mais frio do que seria normal no mês de outubro. As janelas de vidro estavam embaçadas e as três pessoas que estavam ali dentro, agasalhadas com mais de uma blusa.   Lilian estava sentada em uma poltrona em frente aonde Tiago brincava com Harry. Ela os observava atentamente. O pequeno menino de um pouco mais de um ano tinha os olhos verdes como os dela.  Os cabelos, no entanto, eram como os do pai. Seus olhos seguiram até o homem ao lado do garotinho. Tiago soltava faíscas coloridas com a varinha e Harry se divertia com elas. Lilian sorriu observando a cena, então desceu da poltrona e sentou-se no chão ao lado deles. Harry olhou para a mãe e esboçou um sorriso.


- A mamãe quer participar da brincadeira também Harry. – Disse Tiago para o filho enquanto observava Lilian.


- Não fale como seu eu nunca participasse delas. – Disse Lilian sorrindo e chacoalhando um pomo de ouro para Harry. O garotinho esticou seus bracinhos para alcançar o brinquedo na mão da mãe.


- Olha, ele gosta do pomo. – Disse Tiago sorrindo para Harry que chacoalhava o brinquedo alegremente. – Ele vai ser jogador de quadribol, tenho certeza. – Ele observou Lilian rolar os olhos e riu baixo.


- Você vivia se machucando no quadribol, vai querer o mesmo pra seu filho? – Lilian olhou Tiago que chegou mais perto e deu um beijo em sua bochecha. – Harry querido, na boca não. – Lilian tirou o brinquedo da boca do filho e o colocou em sua mão.


- Como você acha que vai ser? – Perguntou Tiago observando Harry. Lilian desviou os olhos do filho e encarou Tiago. – Como você acha que vai ser quando o Harry estiver em Hogwarts?      


- Não sei. – Lilian seguiu o olhar do marido e observou Harry. – Só espero que ele não puxe você nas marotagens. – Lilian sorriu e beijou a pontinha do nariz de Tiago.


- Ah ele vai. – Tiago riu alto e Harry o encarou. O garotinho sorriu mostrando sua falta de dentes e bocejou em seguida.


- Você está com sono Harry? – A ruiva falou com o garotinho. Ela pegou Harry no colo e se levantou.  Ela começou a se mexer lentamente como se estivesse em uma dança lenta. Ele observava enquanto Lilian murmurava uma canção. Tiago sentou-se no sofá e pegou um jornal, revezando seu olhar entre as letras no papel e Lilian dançando com Harry.






I'll sing it


One last time for you


Then we really have to go


You've been the only thing


That's right


In all I've done


 


Eu cantarei


Pela última vez para você


Depois nós precisamos mesmo ir embora


Você foi a única coisa


Que foi certa


De tudo que eu já fiz






- Ele é tão igual a você. – Disse Lilian observando o garoto adormecido em seus braços. – Alguém poderia dizer que você fez esse filho sozinho. – Sorriu para Tiago que já estava ao lado dela.


- Só quando ele está de olhos fechados. – Ele disse passando a mão no cabelo de Harry. – Ele tem seus olhos, e isso é suficiente para que ninguém note a semelhança comigo. – Ele olhou para a esposa e beijou sua boca ternamente.


- Eu te amo. – Sussurrou Lilian abrindo lentamente os olhos e observando o marido.






And I can barely look at you


But every single time I do


I know we'll make it anywhere


Away from here


 


E mal posso te encarar


Mas toda vez que eu faço


Eu sei que faremos em qualquer lugar


Bem longe daqui






Um barulho fraco veio do lado de fora da casa. Lilian apertou Harry sem seus braços e fitou Tiago que corria para observar a janela.


- Escute Lily, eu quero que você suba agora com o Harry, e não saia de lá ok? – Tiago apertava o braço da esposa fortemente, o garoto nos braços de Lilian acordara devido à voz alta de Tiago.


- O que está acontecendo Tiago? – Os olhos de Lilian estavam molhados.


- Ele está aqui. – Tiago disse olhando para Lilian e para a porta simultaneamente. – Suba agora Lily. Eu vou atrasá-lo.


- NÃO. – Gritou. De seus olhos caiam grossas lágrimas. – Eu não vou sem você.






Light up, light up


As if you have a choice


Even if you cannot hear my voice


I'll be right beside you dear


 


Acenda a luz, acenda a luz


Como se você tivesse escolha


Mesmo se você não puder ouvir minha voz


Estarei ao seu lado, querido


 



 



 


- Me escute Lily. Voldemort está aqui. – Tiago tinha os olhos fixos nos de Lilian. – Não são os comensais que enfrentamos na Ordem. É ele. – Lilian chorava incessantemente. – Por favor, Lily – Implorou Tiago.


- Eu te amo. – Lilian beijou Tiago entre lágrimas.


- Eu te amo.  – Tiago retribuiu o beijou e então beijou a testa de Harry no mesmo instante que a porta se abriu. – CORRE LILY. – Uma pessoa encapuzada adentrou a sala. Lilian virou as costas e subiu as escadas correndo.



 



Louder louder


And we'll run for our lives


I can hardly speak I understand


Why you


Can't raise your voice to say


Mais alto, mais alto


E nós correremos para nossas vidas


Mal posso falar mas eu entendo


Por que você


Não pode levantar sua voz para falar



 



 “Avada Kedavra” – Ouviu-se no andar de baixo. Lilian sabia o que tinha acontecido. Seus olhos estavam completamente molhados. O garotinho em seu colo não havia feito um barulho desde a hora que tinha acordado. Lilian o colocou no berço e ajoelhou-se ao lado.


- Harry, você é tão amado. A mamãe te ama. O papai te ama. – Mais lágrimas caíram de seus olhos. Harry estava sentado observando a mãe, parecia que estava entendendo tudo o que ela dizia. – Harry, cuide-se. Seja forte. – Os olhos de Lilian encontraram os de Harry que a fitava silenciosamente.


 



 



To think


I might not see those eyes


Makes it so hard not to cry


And as we say


Our long goodbye


I nearly do


Pensar que


Posso não ver esses olhos


Me dá uma enorme vontade de chorar


E como nós dissemos


Nosso longo adeus


Está próximo



 



 


Ouve-se um som de alguém tropeçando no corredor. Lilian desvia seus olhos do pequeno Harry e observa a porta. Fez-se um barulho alto e a porta foi arrancada. Da porta adentrou uma figura encapuzada. Lilian levantou-se e posicionou-se em frente ao berço onde Harry estava. Uma gargalhada aguda saiu da boca de Voldemort.


- O Harry não, o Harry não. Por favor, o Harry não. – Os braços de Lilian estavam esticados tentando impedir que Voldemort chegasse perto de Harry.


- Afaste-se sua tola. – Disse a voz aguda novamente. – Afaste-se agora. – Lilian continuou imóvel.


- O Harry não, por favor, me leve, me mate no lugar dele. – Harry que estava quieto desde então começou a chorar. Lilian fechou os olhos com força tentando abafar o som do filho chorando. – O Harry não! Por favor, tenha piedade. – Os olhos de Lilian estavam molhados. O som do filho chorando doía. – Tenha piedade.



 



Light up, light up


As if you have a choice


Even if you cannot hear my voice


I'll be right beside you dear


 


Acenda a luz, acenda a luz


Como se tu tivesses escolha


Mesmo que não consigas ouvir a minha voz


Eu estarei sempre ao teu lado, querido


 



 



Voldemort podia muito bem a tirar da frente, mas achou mais conveniente matá-la. Ele levantou a varinha em direção de Lilian, que prevendo o que vinha a seguir sussurrou pra si mesma “Eu te amo Harry.”


- Avada Kedavra. – E uma luz verde saiu da varinha e acertou Lilian. Um grito muito alto foi ouvido e gargalhadas saíram da boca de Voldemort.


Lilian caiu morta no chão. O pequeno Harry que estava de pé, segurando nas grades do berço, chorava. Seus olhos observaram a mãe no chão e então seguiram para o homem de capuz a sua frente.


Voldemort pulou o corpo de Lilian e parou em frente ao berço de Harry. O garotinho o encarava assustado e lágrimas caiam de seus olhos.  Voldemort apontou a varinha para o garoto e sem hesitar gritou:


- AVADA KEDAVRA. – Um lampejo verde saiu da varinha de Voldemort atingindo Harry.






Louder louder


And we'll run for our lives


I can hardly speak I understand


Why you


Can't raise your voice to say


Mais alto, mais alto


E nós correremos para nossas vidas


Mal posso falar mas eu entendo


Por que você


Não pode levantar sua voz para falar



 


 


O que era pra ser a morte de Harry Potter se tornou na quase morte de Lord Voldemort. O feitiço lançado por ele ricocheteou de volta. A casa ficara quase toda destruída, e o único som que vinha de lá era da voz baixa de Harry chorando. Harry. O garoto de apenas um ano de idade que pôs fim no que era considerada a Primeira Guerra Bruxa. O garoto que antes mesmo de nascer assustava o Lorde das Trevas. Harry, que acima de tudo era o garoto que sobreviveu. 

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