Encontro não esperado

Encontro não esperado



 Estava voltando da biblioteca depois de uma longa seção de estudos para entender o que havia acontecido no dia anterior, mas a extensa pesquisa não resultou em nada além de dor de cabeça e horas desperdiçadas.
 Entrei na torre da Grifinória esgotada, mas apenas para ficar estupefada. J. estava cercada de admiradores abobalhados de ambos os sexos enquanto cantava e tocava uma música composta por ela.
 - Rosie! Meu Deus, achei que você tivesse sido espancada até a morte! Eu e Hugo estávamos indo procurá-la! - disse ela me envolvendo em um abraço apertado ao ponto de deixar alguns hematomas depois - que nunca mais se repita Weasley! As garotas da sonserina estão atrás de você, Malfoy parece ter feito uma palestra virando todos contra mim e quem me acompanhe. Ele vai se arrepender disso, é claro, mas você é o principal alvo dele, obviamente, afinal, é a única que ele pode usar pra me machucar... Bom... Que não se repita.
 Todos olharam de maneira protetora para ela. Ela tinha algo em sua beleza que a fazia parecer frágil a todos, até, é claro, ela quebrar a cara de alguém. Com ou sem magia.
 - Junte-se a nós, Rose - disse Al com um sorriso encantador nos lábios. Não que eu me interessasse , ele era como um irmão para mim, mas a beleza dele era uma combinação perfeita da tia Gina e o tio Harry. Muitas garotas gostavam dele, principalmente as da Lufa-lufa. Em especial Larissa Diggory, também da Lufa-lufa, por quem Alvo tinha um tombo enorme, mas ambos os pombinhos ficavam vermelhos como tomates à menção do nome do outro.
 - Tenho assuntos a resolver. Vou tomar um banho e trocar de roupa, volto em duas horas. É o máximo de tempo que tenho antes que eu esteja agindo contra as regras.
 - Que fofa, seguindo as regras - disse Thiago, pegando meu queixo e erguendo meu rosto e sussurrando ao meu ouvido - elas vão acabar com você, não deveria ter mexido com Malfoy, ele é legal, ao contrário da sua amiga gótica e esquisita. A beleza esconde o que ela tem por dentro, ela é podre, espero que ela se arrependa quando vir seu rosto enxarcado de sangue, sua vadia. Assustada? É, eu não pareço com meu pai, não é? Me arrependo de ter pedido para ir para a Grifinória, eu teria ido para a Sonserina, e estou indo falar agora com Minerva sobre isso. Vai se arrepender, Weasley, vai pagar caro - disse ele com uma voz fria encharcada de crueldade.
 Minhas pernas estavam bambas e eu estava enjoada. Sempre suspeitei da crueldade de Thiago, mas isso? Todos ficariam chocados. Algo dentro de mim me disse que isso era uma ilusão, uma brincadeira de mal gosto, afinal, ele poderia querer interpretar um papel para ser aceito em um lugar em que ele seria o centro das atenções. É era uma boa hipótese, ele era perceptívelmente narcisista, mas a atenção que recebia diminuiu quando Al e eu entramos em Hogwarts. Fazia sentido. Tinha que ser isso.
 Depois de um banho rápido, já estava com um dos looks esconhidos por J. e correndo para a sala Precisa.
 Queria um refúgio, escuro e pequeno, para me encostar e chorar. Eu não chorava, mas cada palavra proferida por Thiago se repetiam com constância na minha mente. Minha visão estava embaçada pelas lágrimas.
 Não percebi que não estava sozinha em meu esconderijo. Uma mão pálida secou minha lágrimas. Pisquei várias vezes até o mundo entrar em foco. Um rosto estava tão próximo do meu que podia sentir o calor e o cheiro intenso de cedro emanando de sua pele, seus olhos em um tom de prata líquida, transbordando preocupação. Apenas alguns segundos para reconhece-lo e me afastar instantâneamente. Malfoy.
 - O que você está fazendo aqui? - disse com a voz rouca pelo choro
 - O mesmo que você. Me escondendo do mundo. Não há ninguém aqui, não preciso fingir ser ninguém que eu não sou Rose... - disse ele com um olhar sincero, eu podia sentir que ele falava a verdade em cada átomo de meu corpo - eu estou tão cansado de fingir... as pessoas esperam que eu seja arrogante e cruél, eu nunca quis isso, mas eu não queria ficar sozinho ou ser humilhado - disse ele com uma fragilidade vacilante na voz que eu nunca vi, e desmorou ao meu lado, tremendo e visivelmente com medo - o que eu vou fazer? Rose, guarda esse segredo pra mim?  - disse ele já de pé e segurando meu rosto - guarda?
 - Guardo, é claro - disse sem pensar, perdida naquela imensidão prateada
 - Rose... - disse ele como um suspiro rouco - Rose... eu... nunca disse seu nome antes de hoje - alisou meu rosto com os dedos calejados. Pelo que eu ouvi falar, ele tinha uma obcessão por luta corporal e fazer coisas com madeira, por isso suas mãos eram tão ásperas, porém, a aspereza de seus dedos e palma nunca foram tão sexys - Rose... - suspirou meu nome antes de me beijar com um desejo sufocante, que para minha surpresa eu revidei com mais intensidade. Ele se colocou acima de mim, me envolvendo com seu corpo de forma que sentia seu calor através de nossas roupas. Meus lábios estavam famintos, e minhas mãos também, meu corpo todo ardia de desejo. Scorpius  retribuia com ainda mais intensidade, uma mão agarrando meu pescoço e a outra em minha cintura com força. Não havia espaço entre nós. E o desejo chegava a ser doloroso. Uma cama confortável apareceu, afinal era a sala Precisa, ao contrário de nossas roupas que foram deixadas de lado ainda no chão.
 Scorpius me carregou até o colchão ainda mais faminto. A tensão estava no ar. Então aconteceu. O sentimento nos envolveu até o auge, e fomos dominados por ele.
 Ninguém voltaria atrás, alimentando esse desejo furioso que nos possuiu ficamos eu e Scorpius pela uma hora e quarenta e cinco minutos restantes.

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