Dei uma ultima olhada no espelho, checando pela décima vez meu look. Eu estava com uma calça jeans clara e justa (que realçava minhas pernas grossas e durinhas), meu moletom preto e de ombro caído que tinha uma caveira em dourado e meu all star de couro preto. Tentei achar mais alguma coisa para retocar, mas meu cabelo, que estava preso em um rabo de cavalo mal feito, estava lindo e minha maquiagem, mesmo que básica, estava ótima. Suspirei derrotada e desci.

– Bom dia – cumprimentei meus irmãos

– Bom dia – responderam Erick e Greg

– Cadê o resto do pessoal? – perguntei dando pela falta dos meus outros irmãos e minha irmã

– O Dean ainda ta se arrumando... – disse Erick e eu revirei os olhos

– E vocês ainda dizem que as mulheres é que demoram pra se arrumar...

– O Anthony ta na cozinha implorando por comida...

– Pra variar – murmurei me sentando no meio do tapete de costas para a lareira que estava ligada

– E a Charlie ta tentando encontrar uma bolsa que combine com a sua roupa

Dei uma risadinha. Isso é bem a cara dela

– Quantas vezes ela já desceu? – perguntei sorrindo

– Três – falou Greg levantando e parando em uma pose muito gay, fingindo que tinha uma bolsa em cada mão – Então pessoal com qual das duas vocês acham que fica melhor? – perguntou ele imitando a voz fininha e desesperada da minha irmã mais velha

– A verde com certeza – falei entrando na brincadeira

– A VERDE?? SERA QUE VOCE NÃO TA VENDO QUE EU TO DE ROXO?? SE EU FOR COM ESSA EU VOU FICAR PARECENDO UMA BERINJELA DE CABELO LOIRO!!! POR QUE VOCES NUNCA ME AJUDAM?? – gritava ele imitando a minha irmã enquanto eu e Erick rolávamos de tanto rir

– Qual é a graça?? Posso saber?? – perguntou uma garota loira de vestido azul e Scarpin bege parada elegantemente no alto da escada. Ela era a perfeição em pessoa com seus olhos verdes, seu cabelo dourado, sua pele branca e lisa como a de uma boneca de porcelana e seu corpo que causaria inveja em qualquer deusa.

– Nenhuma não maninha – disse Greg dando seu melhor sorriso de anjo

– Sei, sei... – disse ela lançando aos garotos um olhar de desconfiança, e depois se virou pra mim e suspirou – Você não tem jeito Lena

– Não começa Charlie – eu disse revirando os olhos, minha irmã acha que toda garota deve usar salto não importa a ocasião ou o local – Eu não to afim de brigar

– Mas não te custaria nada usar um sapato ou roupa decente de vez em quando né – disse ela de braços cruzados e eu apenas encarei a minha própria roupa

– Mas o que tem de errado com a minha roupa?

– Nada... Exceto que é masculina de mais, simples de mais, não atrai garoto nenhum, te deixa muito gorda, é muito...

– Já entendi... – eu disse me levantando irritada

– Ótimo!! – disse ela sorrindo – Então vá trocar – disse ela e dei uma gargalhada

– Eu não vou trocar de roupa só por que você não gosta de como eu me visto

– Então pelo menos coloque um salto – pediu ela com os olhos brilhando de expectativa

– Não, e não insista.

– Por favooor, porfavor porfavor porfavoor porfavor porfavor porfavor – pedia ela tão rápido que era quase impossível entender

– Não, não e não.

– AAAAH LEENA POOOR FAAVOOOR – insistiu ela, como uma criança mimada pede pra mãe um brinquedo

– NÃO – gritei irritada dando as costas para a minha irmã e cruzando os braços

– POOR FAVOOOOR POR FAVORZINHOO

– TA BOM – eu gritei, finalmente me virando e encarando ela, que sorria de orelha a orelha

– Obaaa!! – disse ela dando palimnhas – eu deixei um Scarpin preto separado pra você lá no seu quarto!! Vá logo, antes que agente se atrase!! – mandou ela, enquanto eu a encarava, incrédula com quão controladora ela podia ser

Depois de um suspiro, eu subi as escadas e fui até o meu quarto, me xingando ao ver a altura do sapato que minha irmã tinha deixado lá, e desci elegantemente com o sapato, fazendo uma pose dramática como as que Charlie fazia quando descia as escadas

– Muito engraçado – disse ela revirando os olhos, e dando um tapa no Erick que ria

Dei uma risadinha, quando ela começou a brigar com ele alternando os xingamentos do francês pro inglês. Depois do café, terminamos de levar as malas para baixo, e quando meu pai anunciou que já era hora de irmos embora, mal pude conter as lagrimas ao olhar a casa, as memórias dos últimos 3 anos passando rapidamente diante de meus olhos. Eu não queria ir embora, não queria voltar a Londres e estudar e Hogwarts, mesmo depois dos acontecimentos catastróficos que ocorreram ali nos últimos 2 anos. Senti um aperto no peito e abaixei os olhos. Todos perceberam a minha tristeza ao olhar meu antigo lar, mas nada falaram, Erick veio e me abraçou sussurrando um “não fique assim, de agora em diante tudo será melhor” e passando o braço por cima do meu ombro me conduziu até onde meus pais aguardavam, me juntei a eles e dei uma ultima olhada naquela casa, fechei os olhos e senti um puxão no umbigo e uma sensação de enjôo e quando abri meus olhos novamente vi que já não estávamos na França.


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