O Guardião das Chaves

O Guardião das Chaves



BUM!
Bateram outra vez. Duda acordou assustado.
— Onde está o canhão? — perguntou abobado.


-Meu deus, que criança obtusa! – exclamou Mione



Ouviam coisa cair atrás deles e tio Válter entrou derrapando pela sala. Trazia um rifle nas mãos, agora sabiam o que era aquele pacote fino e comprido que ele carregava.
— Quem está ai? — gritou. — Olha que estou armado!


-Oh! Que medo, gente. Ele está armado! – zombou Fred II enquanto Sirius perguntava:


-Rifle? O que é um rifle.


-É um tipo de arma trouxa, Sirius. Serve para atirar balas de pólvora. E pode matar. Por que diabos você faz estudo dos trouxas se não aprende nada? – respondeu Marlene.


-Eu tenho meus motivos. – desconversou e mandou James voltar a ler.


 — Silêncio. E em seguida...
TRAM!


-Meu deus! Quem é, pelo amor de deus? Vocês estão no meio do nada! – Alice exclamou


-Espere e verá! – disse Harry misteriosamente
A porta levou uma pancada tão violenta que se soltou das dobradiças e, com um baque ensurdecedor, desabou no chão.
Um homem gigantesco estava parado ao portal. Tinha o rosto completamente oculto por uma juba muito peluda e uma barba selvagem e desgrenhada, mas dava para se ver seus olhos, luzindo como besouros negros debaixo de todo aquele cabelo.


-Hagrid! – falaram todos


-Mas por que o Hagrid? – Hermione perguntou – Nada contra, mas ele não é o que podemos chamar de cuidadoso, não é?


-Eu acho que o Hagrid fez um ótimo trabalho, Mione – respondeu Harry. Hermione deu de ombros.



O gigante espremeu-se para entrar no casebre, curvando-se de modo que a cabeça apenas roçou o teto. Abaixou-se, apanhou a porta e tornou a encaixá-la sem esforço no portal. O ruído da tempestade lá fora diminuiu um pouco. Ele se virou para encarar todos.
— Não poderia preparar uma xícara de chá para nós, poderia? Não foi uma viagem fácil...


- Isso só é o Hagrid sendo Hagrid – comentou Ron fazendo muitos concordarem.



E dirigiu-se ao sofá onde Duda estava paralisado de medo.
— Chegue para lá, gordão — disse o estranho.


-É isso aí! Chegar botando moral! Esse é dos meus! – exclamou James Sirius



Duda soltou um guincho e correu a se esconder atrás da mãe, que parara encolhida, aterrorizada, atrás de tio Válter.


-E nós conseguimos ver um exemplo de família corajosa. Só que não. – disse Roxanne.



— Ah, e aqui está o Harry! — disse o gigante.
Harry ergueu os olhos para a cara feroz e selvagem em sombras e viu que os olhos de besouro se enrugavam em um sorriso.
— A última vez que o vi, você era um bebê — disse o gigante. — Você parece muito com o seu pai, mas tem os olhos da sua mãe.


-Eis a frase épica – resmungou Harry.


-Por quê? – indagou Lily


-Todo mundo que conhecia vocês quando me via, falava isso. Não que eu esteja reclamando. – preocupou-se em emendar e viu a mãe sorrir docemente para ele.


 



Tio Válter fez um som estranho e rascante.


-Se quiser ir ao banheiro é só pedir licença. Cadê a educação? – James falou arrancando risos de todos.


— Exijo que saia imediatamente! — disse — O senhor invadiu minha casa!
— Ah, cala a boca, Dursley seu cara de passa — disse o gigante, e esticou o braço para trás do sofá, arrancando a arma das mãos de tio Válter, vergou-a no meio como se fosse de borracha e atirou-a a um canto da sala.


-Aposto que ficou tremendo feito vara verde. – comentou George desgostoso.



Tio Válter fez outro som esquisito, como um camundongo sendo pisado.
— Em todo caso, Harry — disse o gigante, dando as costas para os Dursley —, feliz aniversário para você. Tenho uma coisa para você aqui, talvez tenha sentado nela sem querer, mas o gosto continua bom.
De um bolso interno do casaco preto ele tirou uma caixa meio amassada. Harry abriu, com os dedos trêmulos. Dentro havia um grande e pegajoso bolo de chocolate com a frase Feliz Aniversário escrita em glacê verde.


-Argh! Comida do Hagrid! – comentou Albus, torcendo o nariz – não pode se dizer que é a melhor do mundo.


-Foi meu primeiro presente de aniversário descente. – Harry deu de ombros.


James e Lily murcharam um pouco com essa informação.



Harry olhou para o gigante. Quis dizer obrigado, mas as palavras se perderam a caminho da boca, e em lugar disso o que disse foi:
— Quem é você?


-Nossa, como você é educado, Harry! – disse Ron.


-Por falar nisso, eu nunca entendi como o Harry consegue ser educado. – Hermione falou pensativa


-Você duvida da minha capacidade, ò humilde camponesa? – Harry indagou brincando.


-De modo algum, Vossa Majestade. – ela retrucou – Só me pergunto como você consegue ser assim, tendo vivido com os Dursley a vida toda.


-Nunca me perguntei isso, mas deixa pra lá.



O gigante deu uma risada abafada.
— É verdade, não me apresentei. Rúbeo Hagrid, Guardião das Chaves e das Terras de Hogwarts.
Estendeu uma mão enorme e sacudiu o braço inteiro de Harry.
— E que tal o chá, hein? — perguntou esfregando as mãos. — Eu não diria não a uma pessoa mais forte, se é que você me entende.


-Hahaha, esse é dos meus! – James Sirius repetiu


-Não começa a bancar o papagaio, James. – Albus o repreendeu – além do mais, você não pode se gabar da sua estrutura física não é mesmo, magrelo?


-Ó quem fala. Você consegue ser pior que eu , Albinho.


-Isso é genética, minha gente, genética. – Teddy tentou encerrar o assunto, fazendo sinal para continuar a leitura.
Seus olhos bateram na lareira vazia em que ficara o pacote carbonizado de cereal e ele soltou uma risadinha desdenhosa. Curvou-se para a lareira, não viram o que ele estava fazendo, mas quando se afastou um segundo depois, havia dentro dela um clarão ribombante. O fogo estrondoso encheu todo o casebre úmido com sua luz tremeluzente e Harry sentiu o calor envolvê-lo como se tivesse mergulhado em um banho quente.


-Eu pensei que ele não pudesse fazer magia. – Ginny estava confusa.


-Tecnicamente ele não pode. Mas ele faz. – Harry sorriu.



O gigante se recostou no sofá, que afundou um pouco sob o seu peso, e começou a tirar coisas de todo gênero dos bolsos do casaco: uma chaleira de cobre, uma embalagem amassada de salsichas, um espeto, um bule de chá, várias xícaras lascadas e uma garrafa de um líquido âmbar de que ele tomou um gole antes de começar a preparar o chá. Logo o casebre se encheu com o ruído e o cheiro de salsichas fritas. Ninguém disse nada enquanto o gigante trabalhava, mas assim que ele empurrou as primeiras salsichas gordas e suculentas, ligeiramente queimadas, do espeto, Duda se mexeu. Tio Válter disse com rispidez:
— Não toque em nada que ele lhe der, Duda.
O gigante deu uma risadinha ameaçadora.
— Esse pudim de banha do seu filho não precisa engordar mais Dursley, não se preocupe.


-Ah! Esse é –


-Não ouse terminar essa frase, James! – Lysa exclamou se irritando com o amigo.


-Calei! – o garoto se calou ao ver o brilho ameaçador nos olhos da garota.



E passou as salsichas para Harry, que estava tão faminto e nunca provara nada tão maravilhoso, mas ainda assim não conseguia tirar os olhos do gigante. Finalmente, como ninguém parecia disposto a explicar nada, ele disse:
— Me desculpe, mas continuo sem saber realmente quem você é.
O gigante tomou um grande gole de chá e limpou a boca com as costas da mão.
— Chame-me de Rúbeo, é como todos me chamam. E como lhe disse, sou o guardião das chaves de Hogwarts, você sabe tudo sobre Hogwarts, é claro.
— Ah, não — disse Harry. Hagrid pareceu chocado. — Sinto muito — apressou-se Harry a dizer.


-Quem devia sentir muito são esses Dursley imprestáveis! Como eles ousam deixar meu afilhado no escuro desse jeito! – Sirius exclamou exaltado


Harry sorriu sombrio enquanto se lembrava dos acontecimentos de seu quinto ano, e não pode deixar de perceber como aquilo era irônico.


-Padfoot! Se sente agora, e se aquiete. – Remus tentou acalmar a maroto


-Mas Moony, eles...


-Eles, nada. Sente-se.


-Moony...


-Eu não vou pedir outra vez. – deu o ultimato e o animago se sentou amuado, enquanto o resto da sala prendia o riso.



— Sente muito? — vociferou Hagrid, virando-se para encarar os Dursley, que tinham recuado para as sombras. — Eles é que deviam sentir muito! Eu sabia que você não estava recebendo as cartas, mas nunca pensei que nem ao menos sabia da existência de Hogwarts, para apelar! Você nunca se perguntou onde foi que seus pais aprenderam tudo?
— Tudo o quê? — perguntou Harry
— TUDO O QUÊ? — berrou Hagrid — Ora espere aí um segundo!


-EU VOU MATAR ESSE BANDO DE VAGABUNDOS! COMO ELES PUDERAM?! – James se exaltou


-Você também, James. Se acalme.


-Mas Lírio, eles deixaram nosso filho...


-E por enquanto você não pode fazer nada que mude isso. Agora se acalme, pelo amor de Merlin.



Ele se levantara de um salto. Na raiva parecia encher o casebre todo. Os Dursley se encolhiam contra a parede.
— Vocês vão querer me dizer — rosnou para os Dursley — que este menino, este menino! Não sabe nada, de NADA?
Harry achou que a coisa estava indo longe demais. Afinal tinha frequentado a escola e suas notas não eram ruins.


-Isso ele puxou à ruivinha, com certeza. – Sirius parecia ter esquecido os acontecimentos recentes e não perdeu a chance de zoar com o amigo.


-Fala isso por que tem inveja de eu ser o preferido da Minnie.


-Faça me rir, veado. Todo mundo sabe que eu sou o melhor aluno em transfiguração do nosso ano.


-Chega de ser iludido, pulguento, você sabe muito bem que...


-SIRIUS!


-JAMES!


-Desculpem. – eles murmuraram.



— Eu sei alguma coisa — falou — Sei, sabe, matemática e outras coisas.


- Que diabos é matemática?  - perguntou Neville


-É uma matéria trouxa parecida com Aritimância. – respondeu Rose



Mas Hagrid dispensou-o com um abano de mão e disse:
— Do nosso mundo, quero dizer. Seu mundo. Meu mundo. O mundo dos seus pais.


- Hagrid falando assim, parece até que nós somos de outro planeta. – comentou George


Alguns risos soltos foram ouvidos no Salão Comunal.


— Que mundo?
Hagrid parecia preste a explodir
— DURSLEY! — urrou ele.


-VAAAI HAGRID! BATE NAQUELE FILHO DA MÃE!! DÊ UM SOCO NA CARA DE LESMA DELE!! VAAAAI! – Sirius começou a gritar, apontando para o livro.


-Sirius, pelo amor de Merlin, cala a boca! Ou então não venha reclamar quando eu te der um estupore no meio da sua cara. – reclamou Remus


-Nossa, Moony, pra que se exaltar desse jeito? Eu já estou quieto, viu? Nem um pio. Boca calada. – disse Sirius com medo do namorado.


-Ligue não Sirius, você já deveria ter até se acostumado. O Moony está naqueles dias, não percebeu? – zombou James, se referindo à lua cheia que estava próxima.


-Acho melhor você não se meter se não quiser ficar debilitado, Prongs. Você sabe que eu posso te vencer fácil, fácil em um duelo, não sabe?


-Minha nossa, gente, pra que essa agressividade? Que tal  se nós voltássemos a ler o livro, hum? – intercedeu Dorcas.


-Concordo com a Dorcas – comentou Roxanne, fazendo sinal para Rose continuar a ler.



Tio Válter, que ficara muito pálido, murmurou alguma coisa ininteligível Hagrid olhou alucinado para Harry.
— Mas você deve saber quem foram sua mãe e seu pai — disse — Quero dizer, eles são famosos. Você é famoso.
— Quê? Meu pai e minha mãe eram famosos?


-Óbvio que somos famosos, Harry. O mais lindo e inteligente dos marotos e sua graciosa namorada. – falou James


-O mais lindo eu posso até aceitar, James. Agora, o mais inteligente com certeza sou eu. – brincou Remus


-De nerd você só tem pose, Remus. Os professores nem imaginam seus podres, meu caro amigo. – James sorriu diabolicamente.


-Vou até fingi que não ouvi o “o mais lindo eu posso aceitar”, viu, senhor Lupin? - reclamou Sirius, enquanto o resto da sala ria.



— Você não sabe... Você não sabe... — Hagrid correu os dedos pelos cabelos, fixando em Harry um olhar perplexo. — Você não sabe quem é? — perguntou finalmente.


-Harry Potter, muito prazer. – brincou Harry


Tio Válter de repente encontrou a voz.
— Pare! – ordenou — Pare agora mesmo! Eu o proíbo de contar qualquer coisa ao menino!
Um homem mais corajoso do que Dursley teria se intimidado com o olhar furioso que Hagrid lhe deu, quando Hagrid falou, cada sílaba tremia de raiva.
— VOCÊ NUNCA CONTOU? NUNCA CONTOU O QUE DUMBLEDORE DEIXOU ESCRITO NAQUELA CARTA PARA ELE? EU ESTAVA LÁ! EU VI DUMBLEDORE DEIXAR A CARTA, DURSLEY! E VOCÊ ESCONDEU DELE TODOS ESSES ANOS?
— Escondeu o que de mim? — perguntou Harry ansioso.


-Você tem o mesmo espirito curioso da Lils, mini Prongs. – comentou Remus


-Isso daí não é nada comparado ao que ele já fez depois. E além de curioso é irresponsável. – falou Hermione


-A combinação perfeita do Jimmy e da Lily, então. – disse Marlene


-Eu não sou irresponsável! – indignou-se James


-Ah não, James, nem um pouco... – respondeu Marlene.



— PARE! EU O PROÍBO! — gritou tio Válter em pânico.
Tia Petúnia deixou escapar um grito sufocado de horror.
— Ah, vão tomar banho, vocês dois — disse Hagrid. — Harry, você e um bruxo.
O casebre mergulhou em silêncio. Ouviam-se apenas o mar e o assobio do vento.
— Eu sou o quê? — ofegou Harry.


-Hagrid não devia ter falado desse jeito, apesar de tudo. Para os trouxas, ser chamado de bruxo ou bruxa é uma ofensa. – falou Teddy


-Pessoas obtusas. – murmurou Scorpius, que foi repreendido por uma cotovelada da namorada.



— Um bruxo, é claro — repetiu Hagrid, recostando-se no sofá, que gemeu e afundou ainda mais —, e um bruxo de primeira, eu diria, depois que receber um pequeno treino. Com uma mãe e um pai como os seus, o que mais você poderia ser? E acho que já está na hora de ler a sua carta.
Harry estendeu a mão finalmente para receber o envelope meio amarelo, endereçado em tinta verde para:
Sr. H. Potter,
O Assoalho,
Casebre sobre Rochedo,
O Mar.
Ele puxou a carta e leu,
ESCOLA DE MAGIA E BRUXARIA HOGWARTS

Diretor: Alvo Dumbledore
(Ordem de Merlin, Primeira Classe, Grande Feiticeiro, Bruxo Chefe, Cacique Supremo, Confederação Internacional de Bruxos).

Prezado Sr. Potter,
Temos o prazer de informar que V.Sa. tem uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Estamos anexando uma lista dos livros e equipamentos necessários. O ano letivo começa em 1º de setembro. Aguardamos sua coruja até 31 de julho, no mais tardar.

Atenciosamente,
Minerva McConagall.
Diretora Substituta.


-Agora, uma coisa que eu sempre quis saber. Por que diabos a Minnie sempre assina as cartas, se ela é vice-diretora, e não diretora? – perguntou James


-Mas a Minerva é a nossa di... – começou James Sirius


-Cala sua boca, Potter. – repreendeu Lysa


-A Minnie é o que de vocês? – interessou-se James


-Depois a gente conversa sobre isso.  – interviu Hermione

As perguntas explodiam na cabeça de Harry como fogos de artifício, e ele não conseguia decidir o que perguntar primeiro. Passados alguns minutos, gaguejou.
— O que querem dizer com "estão aguardando a minha coruja"?



— Gárgulas galopantes! Isto me lembra uma coisa — disse Hagrid, batendo a mão na testa com força suficiente para derrubar um cavalo, e de outro bolso interno do casaco tirou uma coruja, uma coruja de verdade, viva, meio arrepiada, uma longa pena e um rolo de pergaminho. Com a língua entre os dentes, ele rabiscou um bilhete que Harry pôde ler de cabeça para baixo:
"Prezado Sr. Dumbledore
Entreguei a carta a Harry. Vou levá-lo amanhã para comprar o material. O tempo está horrível. Espero que o senhor esteja bem.
Hagrid.”

Hagrid enrolou o pergaminho, entregou-o à coruja, que o prendeu no bico, depois ele foi até a porta e lançou a ave na tempestade. Quando voltou, sentou-se como se aquilo fosse tão normal quanto pegar o telefone.
Harry percebeu que sua boca se abrira e fechou-a rapidamente.
— Onde é que eu estava? — disse Hagrid, mas naquele momento, tio Válter, ainda cor de cera, mas parecendo muito furioso, adiantou-se até a luz da lareira.
— Ele não vai — falou.


-Não é como se um trouxa retardado pudesse impedir Hagrid de fazer alguma coisa. – comentou Marlene
Hagrid resmungou.
— Eu gostaria de ver um grande trouxa como você impedi-lo. — respondeu


-Do jeito que você está indo daqui a pouco vai poder substituir a professora de adivinhação, Lene. – disse brincando, Alice


-Hahaha, muito engraçada você, Lice. – revirou os olhos enquanto os outros riam


-Com certeza seria melhor do que aquela retardada. – resmungou Lily ao que todos do futuro a encararam assustada


-Pra que tanto ódio no coração? – perguntou George


-A professora disse a ela que ela não tem a visão interior adequada para frequentar a aula. – disse Remus sorrindo


-Já aconteceu isso comigo. Ela é uma completa idiota. – falou Hermione



— Um o quê? — perguntou Harry interessado.
— Um trouxa — disse Hagrid — é como chamamos gente que não é mágica como nós. E você teve o azar de ser criado na família dos maiores trouxas que já vi na vida.
— Juramos quando o aceitamos que poríamos um fim nessa bobagem — disse tio Válter —, juramos que erradicaríamos isso nele. Bruxo, francamente!


-Francamente digo eu! Eles pensavam que podiam tirar a magia de uma pessoa? Sério isso? – indagou uma Dorcas



— Você sabia? — perguntou Harry. — Você sabia que sou um... Bruxo?
— Sabia! — guinchou tia Petúnia de repente. — Sabia! Claro que sabíamos! Como poderia não ser, a maldita da minha irmã sendo o que era? Ah, ela recebeu uma carta igual a essa e desapareceu, foi para aquela... Aquela escola, e voltava para casa nas férias com os bolsos cheios de ovos de sapo, transformando xícaras em ratos. Eu era a única que a via como ela era. Um aborto da natureza! Mas para minha mãe e meu pai, ah não era Lílian isso e Lílian aquilo, tinham orgulho de ter uma bruxa na família!


Lily se encolheu ao sentir o ódio que escorria das palavras da irmã. Severus lançou um sorriso forçado e cansado para a garota ruiva, já que não poderia fazer muita coisa com namorado da melhor amiga o espreitando e lançando olhares desconfiados a cada minuto.



Ela parou para suspirar profundamente e aí continuou seu discurso. Parecia que estava querendo dizer aquilo havia anos.
— Então ela conheceu Potter na escola e eles saíram de casa, casaram e tiveram você, e é claro que eu sabia que você ia ser igual, esquisito, anormal e então ela vai e me faz o favor de se explodir e nos deixar entalados com você!


James colocou os livros nas mãos de Sirius, desistindo de ler o livro e abraçando com força, a garota que estava sentada em seu colo.


Sirius continuou a leitura


Harry ficara muito branco. Assim que encontrou a voz, disse:
— Se explodir? Você me disse que eles morreram num acidente de carro!
— ACIDENTE DE CARRO! — rugiu Hagrid erguendo-se com tanta raiva que os Dursley voltaram correndo para o canto da sala — Como é que um acidente de carro poderia matar Lílian e Tiago Potter! Isto é um absurdo! Um escândalo! E Harry Potter não conhecer a própria história, quando qualquer garoto no nosso mundo conhece o nome dele!


Harry sorriu triste. Não é como se orgulhasse de ser famoso pelo o que era.
— Mas por quê? O que aconteceu? — perguntou Harry ansioso.


-Se eu soubesse a verdade, não ficaria tão ansioso na época – Harry falou e lançou um olhar culpado para os pais.


-Não se culpe Harry. Seu pai e eu sempre faríamos o possível e o impossível para manter você a salvo. – disse Lily oferecendo um sorriso confortante ao filho.


A raiva desapareceu do rosto de Hagrid. Ele pareceu repentinamente aflito.
— Eu nunca esperei isso — disse numa voz contida e preocupada. — Eu não fazia idéia do quanto você desconhecia, quando Dumbledore me disse que eu poderia ter problemas para encontrá-lo. Ah, Harry, não sei se sou a pessoa certa para lhe contar, mas alguém tem de contar, você não pode viajar para Hogwarts sem saber.
Ele lançou um olhar feio aos Dursley.
— Bom, é melhor você saber o que eu puder lhe contar, mas não posso lhe contar tudo, é um grande mistério, algumas partes.
Ele se sentou, fitou o fogo durante alguns segundos e então falou:
— Começa, eu acho, com.. Com uma pessoa chamada, mas é incrível você não saber o nome dele, todo o mundo no nosso mundo sabe...
— Quem?
— Bom... Não gosto de dizer o nome dele se puder evitar. Ninguém gosta.
— Por que não?
— Gárgulas vorazes, Harry, as pessoas ainda estão apavoradas. Droga, como é difícil. Olha, havia um bruxo que virou... Mau. Tão mau quanto alguém pode virar. Pior. Pior do que o pior. O nome dele era...
Hagrid engoliu em seco, mas não conseguiu dizer nada.
— E se você escrevesse? — sugeriu Harry.
— Não, não sei soletrar o nome dele. Está bem, Voldemort. — Hagrid estremeceu. — Não me faça repetir. Em todo o caso, esse... Esse bruxo faz uns vinte anos agora, começou a procurar seguidores. E conseguiu alguns por medo, outros porque queriam ter um pouco do poder dele, sim, porque ele estava ficando poderoso. Dias funestos, Harry, ninguém sabia em quem confiar, ninguém se atrevia, a ficar amigo de bruxas ou bruxos desconhecido. Coisas horríveis aconteciam. Ele estava tomando o poder. E claro que algumas pessoas se opuseram a ele, e ele as matou. Terrível. Um dos únicos lugares seguros que restaram foi Hogwarts. Acho que Dumbledore era o único de quem Você-Sabe-Quem tinha medo. Não ousou se apoderar da escola, não no começo, pelo menos.
Ora sua mãe e seu pai eram os melhores bruxos que eu já conheci. Primeiros alunos em Hogwarts no seu tempo! Suponho que o mistério era por que Você-Sabe-Quem nunca tentou convencer os dois a se aliar a ele antes... Provavelmente sabia que eram muito chegados a Dumbledore para querer alguma coisa com o lado das Trevas. Talvez ele achasse que podia convencê-los... Talvez quisesse tirar os dois do caminho. Só o que sabemos é que ele apareceu na vila em que vocês estavam morando, num dia das bruxas, faz dez anos. Na época você só tinha um ano de idade. Ele foi à sua casa e... E...
Hagrid puxou depressa um lenço muito sujo e manchado e assoou o nariz, fazendo o barulho de uma buzina de nevoeiro.
— Desculpe — disse. — Mas é muito triste, conheci sua mãe e seu pai e não podia existir gente melhor, em todo o caso... Você-Sabe-Quem matou os dois. E então, e esse é o verdadeiro mistério da coisa, ele tentou matar você. Queria fazer o serviço completo, acho, ou então tinha começado a gostar de matar. Mas não conseguiu. Você nunca se perguntou como arranjou essa marca na testa? Isso não foi um corte normal. Isso é o que se ganha quando um feitiço poderoso e maligno atinge a gente, destruiu os seus pais e até a sua casa, mas não fez efeito em você, e é por isso que você é famoso, Harry. Ninguém nunca sobreviveu depois que ele decidia matá-lo, ninguém a não ser você, e ele já havia matado alguns dos melhores bruxos da época, os McKinnon, os Bone, os Priuet, e você era apenas um bebê, e sobreviveu.


Marlene soluçou alto e começou a chorar quando descobriu que sua família toda ia ser morta.  Dorcas, abraçou a amiga e a consolou, imaginando quantas pessoas queridas a guerra iria tirar dela, e se ela mesma não seria uma das vítimas



Algo muito doloroso passou pela cabeça de Harry. Quando a história de Hagrid ia terminando ele viu de novo um lampejo ofuscante de luz verde, com mais clareza do que se lembrava antes e se lembrou de mais uma coisa, pela primeira vez na vida, uma risada alta, fria e cruel.
Hagrid o observava com tristeza.
— Eu mesmo o retirei da casa destruída, por ordem de Dumbledore. Trouxe você para essa gente...
— Um monte de baboseiras antigas — disse tio Válter.


-Baboseiras antigas o caralho a quatro, seu filho da puta! Se não aceita pelo menos respeite, idiota... – se exaltou Frank
Harry se assustou, quase esquecera que os Dursley estavam ali. Tio Válter, sem dúvida, tinha recuperado a coragem. Olhava ameaçador para Hagrid e tinha os punhos fechados.
— Agora, ouça aqui, moleque — vociferou —, aceito que você seja meio estranho, provavelmente nada que uma boa surra não pudesse ter curado, e quanto aos seus pais, bem, eles eram excêntricos, não há como negar e o mundo está melhor sem eles, receberam o que mereciam por se meter com essa gente dada a bruxarias, foi o que previ, sempre soube que iam acabar mal.


-Olha gente, - se auto interrompeu, Sirius – se vocês quiserem que eu pule essa parte, tudo bem, viu? Não acho que vocês precisem ficar ouvindo essa agressão gratuita.


Murmúrios de concordância foram ouvidos.


-É sempre bom saber o que pensam da gente, Sirius – respondeu James – pode continuar, Padfoot.



Mas naquele instante, Hagrid ergueu-se de um salto do sofá e puxou um guarda-chuva cor-de-rosa e arrebentado de dentro do casaco. Apontou-o como uma espada para tio Válter, e disse:
— Estou lhe avisando, Dursley, estou lhe avisando, nem mais uma palavra...
Ameaçado de ser furado pela ponta de um guarda-chuva por um gigante barbudo, a coragem de tio Válter fraquejou outra vez, ele se achatou contra a parede e ficou em silêncio.
— Assim está melhor — disse Hagrid, arquejando e tornando a se sentar no sofá, que desta vez afundou de vez até o chão.
Harry, nesse meio tempo, continuava a ter perguntas e a fazer centenas dela.
— Mas o que aconteceu ao Vol... Desculpe... Quero dizer, Você-Sabe-Quem?
— Boa pergunta, Harry. Desapareceu. Sumiu. Na mesma noite em que tentou matar você. O que faz você ainda mais famoso. É o maior mistério, entende... Ele estava ficando cada dia mais poderoso, porque foi embora? Tem quem diga que ele morreu. Besteira, na minha opinião. Não sei se ainda tinha humanidade suficiente para morrer. Tem quem diga que ainda está lá fora esperando, ou coisa parecida, mas não acredito. Gente que estava do lado dele voltou para o nosso. Uns pareciam que estavam saindo de uma espécie de transe. Acho que não teriam feito isso se ele fosse voltar. A maioria de nós acha que ele ainda anda por ai, mas perdeu os poderes. Está fraco demais para continuar. Porque alguma coisa em você acabou com ele, Harry. Aconteceu alguma coisa, naquela noite, com que ele não estava contando, eu não seio que foi, ninguém sabe, mas alguma coisa em você o aleijou, para valer.
Hagrid fitou Harry com calor e respeito iluminando seus olhos, mas Harry, ao invés de se sentir contente e orgulhoso, teve a certeza de que tinha havido um terrível engano. Bruxo? Ele?
Como era possível? Passara a vida dominado por Duda e infernizado pela tia Petúnia e pelo tio Válter, se era realmente um bruxo, por que eles não tinham se transformado em sapos toda vez que tentaram prendê-lo no armário? Se uma vez derrotara o maior feiticeiro do mundo, como é que Duda sempre pudera chutá-lo para cá e para lá como se fosse uma bola de futebol?


-Se as coisas fossem tão fáceis assim, a vida não teria sentido, padrinho. – Teddy falou para o padrinho



— Rúbeo — disse calmo — acho que você deve ter cometido um engano. Acho que não posso ser um bruxo.
Para sua surpresa, Hagrid deu uma risadinha abafada.
— Não é bruxo, hein? Nunca fez nada acontecer quando estava apavorado ou zangado?
Harry olhou para o fogo. Pensando bem... Cada coisa estranha que deixara os seus tios furiosos tinha acontecido quando ele, Harry estava perturbado ou com raiva... Perseguido pela turma de Duda, pusera-se de repente fora do seu alcance, receoso de ir para a escola com aquele corte ridículo, conseguira fazer os cabelos crescerem de novo, e da última vez que Duda batera nele, não fora à forra sem perceber que estava fazendo isto? Não mandara uma cobra atacá-lo?
Harry olhou para Hagrid, sorrindo, e viu que ele ria abertamente para ele.
— Viu? — disse Hagrid — Harry Potter não é bruxo? Espere, você vai ser famoso em Hogwarts.


-Como se eu quisesse. – revirou os olhos
Mas tio Válter não ia ceder sem brigar.
— Eu não já disse que ele não vai? — sibilou. — Ele vai para a escola secundária local e vai me agradecer por isso. Li aquelas cartas e dizem que ele precisa de um monte de lixo, livros de feitiços, varinhas mágicas e...
— Se ele quiser ir, um trouxão como você não vai poder impedir. — resmungou Hagrid raivoso. — Impedir o filho de Lílian e Tiago Potter de ir para Hogwarts! Você enlouqueceu. Ele está inscrito desde que nasceu. Vai frequentar a melhor escola de bruxos e bruxedos do mundo. Sete anos lá e ele nem vai se reconhecer. Vai estudar com garotos iguais a ele, para variar, e vai estudar com o maior mestre que Hogwarts já teve, Alvo Dumbledore...



— NÃO VOU PAGAR A NENHUM VELHO BIRUTA E PATETA PARA ENSINÁ-LO A FAZER MÁGICAS! — gritou tio Válter.
Mas ele finalmente fora longe demais. Hagrid agarrou o guarda-chuva e girou por cima da cabeça.
— NUNCA — trovejou — INSULTE... ALVO DUMBLEDORE NA... MINHA FRENTE!
E girou o guarda-chuva no ar baixando-o até apontar para Duda, houve um lampejo de luz violeta, o estalo de uma bombinha, um grito agudo e, no segundo seguinte, Duda estava dançando no mesmo lugar com as mãos apertando a barriga banhuda, guinchando de dor. Quando Duda virou de costas, Harry viu um rabo de porco enroscado saindo de um buraco nas calças dele.
Tio Válter urrou. Puxando tia Petúnia e Duda para o quarto, lançou um último olhar aterrorizado a Hagrid e bateu a porta ao entrar.


-Já foram tarde.


-Considerando que eu tive que voltar para a casa deles até o dia do embarque e todas as férias de verão, não foi tão inspirador assim. – falou Harry


-O que nos leva de volta a pergunta. Onde eu estava? – insistiu Sirius


-Depois, Sirius, depois.



Hagrid olhou para o guarda-chuva e coçou a barba.
— Não devia ter perdido as estribeiras — disse arrependido —, mas em todo o caso saiu errado. Queria transformá-lo em porco, mas acho que ele já parecia tanto com um que não pude fazer muita coisa.


A sala explodiu em risadas.



E olhou de esguelha para Harry, por baixo das sobrancelhas peludas.
— Fico agradecido se não contar isso para ninguém em Hogwarts — falou. – Não... Hum... Tenho permissão para fazer mágicas, rigorosamente falando. Permitiram que eu fizesse alguma coisa para seguir você e entregar as cartas e coisas assim, uma das razões por que eu queria tanto este trabalho.


-Na nossa época ele pode fazer mágicas... – comentou intrigado Hugo
— Porque você não pode fazer mágica? — perguntou Harry.
— Ah, bom... Eu estive em Hogwarts, mas... Hum... Fui expulso, para falar a verdade. No terceiro ano. Eles partiram a minha varinha ao meio e tudo o mais. Mas Dumbledore me deixou ficar como guarda-caça. Grande sujeito o Dumbledore.
— Por que você foi expulso?


-Você não devia sair fazendo perguntas indelicadas assim, Harry. – ralhou com o garoto, Hermione


-Mas eu só queria saber! – defendeu-se


-Garotos. – resmungou e balançou negativamente a cabeça
— Já está ficando tarde e temos muito que fazer amanhã — disse Hagrid em voz alta. — Temos que ir à cidade, comprar os seus livros e etc.
Ele tirou o grosso casaco preto e atirou-o a Harry.
— Pode ficar com ele. Não se assuste se ele se mexer um pouco acho que ainda tenho uns ratos do campo em um dos bolsos.


-Argh! Ratos... – Lily Luna estremeceu


-Por falar em ratos, você não acham melhor avisar o Peter que estamos lendo? Acho que ele não gostaria de perder. – James perguntou


-Acredita em mim, você não vai pensar o mesmo depois do terceiro livro. – Harry respondeu


-O que acontece?


-Melhor saberem lendo.


-Mas vocês são chatos, hein?


-Ah, pai. Deixa em paz...

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Comentários (3)

  • Giovanna Pinheiro

    Por favor continue!!!! Estou muito ansiosa em saber da piração que vai acontecer quando o Sirius descobrir que estava preso! E respondo que seria melhor escrever as partes dos livro importantes e engraçadas, seria menos cansativo para voce. Bom espero que continue! Kiss amei mesmo

    2017-01-16
  • MionGinnyLuna

    Gente, que cáp lindo! Tava om sdds da fic, tÔ feliz que você voltou!

    2013-11-11
  • Clenery Aingremont

    Dois capítulos em um dia! Desculpe não ter comentado ontem, mas deu meu horário e tive que sair do computador sem ter terminado de ler o capítulo.

    2013-11-11
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