Adeus!



N/A: Essa fic faz parte do Amigo Secreto Femme Slash 2012, o qual eu tive o prazer de ter sido convidada. Embora não tenha escrito nada, antes dessa, no shipper femme, declaro que eu adorei cada sensação que eu superei durante essa escrita e que foi gratificante chegar a umresultado final. 
Provavelmente vou continuá-la, não agora, mas era meu projeto inicial e tentarei concluir.

Espero que minha amiga, Lana Sodré, curta essa leitura assim como eu curti a escrita e agradeço a Michelly pelo convite e pelo incentivo ao desafio.


_______________________________________________________



Ela olhou novamente, pelo que achou ser a milésima vez naquele minuto. Estava confusa, tudo aquilo estava sendo muito sofrido, extremamente dolorido e a pressão que ela sentia ser colocada sobre seu coração era tão forte que ela poderia perder o ar e morrer a qualquer momento.


Tudo parecia um pesadelo assustador e as palavras que ela formulava em sua mente não tinham forças o suficiente para saírem por seus lábios e tentar, de alguma forma, acabar com aquela situação tão triste, tão incômoda, tão devastadora. Aquela dor que ela sentia... Queria conseguir fazer parar... Queria conseguir ser forte para poder verbalizar seus pensamentos, mas era fraca... Não conseguia.


Sentou-se novamente sobre o colchão da cama de casal e suspirou. O silêncio massacrava dolorosamente seus ouvidos. O estômago revirando dentro dela lhe dava uma sensação estranha... Lhe dava um desejo tremendo de parar o tempo e fazer tudo aquilo voltar atrás. Queria parar com tudo, mas não conseguia. Não sabia como.


Então, ergueu novamente os olhos, desta vez em direção à porta aberta do quarto. Lily estava ali. Linda, delicada, encantadora... E angustiantemente decidida, como sempre fora.


Sentiu novamente aquele desejo sofrido de lançar-se em seus braços e impedir de uma vez por todas que aquilo realmente acontecesse... Temia que aquilo não fosse apenas um pesadelo dolorido... Não sabia, não conseguia entender onde havia errado, onde poderiam ter errado... Como tudo pode ter chegado aquele ponto... Aquele lugar. Ao adeus que ela lutava com todas as forças para não dizer... Que ela ansiava não precisar dizer.


Então, a garota parada a porta entrou novamente em seu quarto e rumou em direção ao roupeiro. Esforçou-se novamente, sua baixa estatura lhe impedia de alcançar a mala sobre o móvel com facilidade, e ela sabia que, mesmo que Lene a pudesse ajudar, não o faria. Não ajudaria nada... Não a apoiaria a nada que levasse ao fim daquilo tudo.


Lene permaneceu sentada. Observava cada movimento que Lily realizava como se gravasse seus movimentos a fim de mantê-los vivos eternamente dentro de si, mas aquilo estava realmente difícil. Aquilo tudo estava tornando-se realmente assustador e ela não poderia, mesmo que reunisse toda a sua força e bravura, continuar contemplando aquilo.


Então, em silêncio, mais uma vez aquele silêncio frustrante e aterrorizador, ela levantou-se. O movimento chamou a atenção da outra, que rapidamente lhe fitou nos olhos... Os encontrou e perfurou sua alma como uma espada de aço afiada e estritamente devastadora... Aquilo doía nela também... Aquilo era realmente doloroso e a sensação de perder toda uma vida... Uma história percorreu pelas duas.


Talvez não tenha passado pela cabeça de nenhuma das duas o quanto aquilo iria ferir. Talvez, se houvessem pensado bem... E sensatamente, não haveriam chegado à conclusão de acabar com tudo... Talvez, se ao menos por um único momento, uma delas tivesse imaginado que a verdade é que não conseguiam viver longe, nada daquilo estivesse realmente acontecendo.


Então, abaixando os olhos e fitando o chão à frente, o caminho a sua frente, ela saiu e neste momento, duas lágrimas desceram pelas faces de Lily e Lene. As lágrimas que compartilhavam a dor que seus corações sentiam... A dor que tentavam, com toda a força controlar, mas que não seria morta tão cedo... Talvez, nunca... Por mais cruel que aquilo fosse... Era duro imaginar que não havia mais esperanças... Não havia mais uma forma de voltar a ser como antes... Não poderiam mais voltar.


Lily não suportou a dor da lágrima que escorria por seu rosto. Fechou fortemente os olhos na vã esperança que aquilo acabasse e que tudo voltasse a ser como era antes... Como fora quando estavam bem, quando o sentimento era o mais importante.


Aproximou-se da cama a qual dividiram por tanto tempo... Lembrou-se de tantos sonhos compartilhados, tantos projetos idealizados e realizados... Lembrou-se das juras, as promessas de amor feitas sobre aqueles travesseiros e da esperança de estarem sempre juntas, independente da situação, independente da dificuldade, independente das pressões ou dos medos.


Enxugou mais uma lágrima que desceu novamente de seus olhos verdes, tão doloridos por aquele ardor que se sente apenas quando os forçam para que as lágrimas que se formam não caiam e não inundem o rosto com o calor tão frustrantemente gelado que apenas elas conseguem transmitir.


A mesma mão acariciou delicadamente a colcha e parou por sobre o travesseiro que há pouco Lene tinha entre seus braços numa tentativa frustrada de permanecer forte e não voltar atrás naquela decisão tomada. O segurou entre seus braços e sentiu o aroma que ele exalava... O aroma dela.


Um desejo maior que todas as suas forças se apoderou dela. O desejo de jogar tudo para o alto, correr até onde ela estava agora e lançar-se sobre seus braços, tentar novamente, apenas mais uma vez. A amava tanto. Doía muito agora.


Fechou os olhos novamente. Inspirou profundamente e fitou o teto. As lágrimas insistiam em lhe maltratar os olhos embargados e com a visão difícil, era difícil enxergar o que estava a sua frente, mas ela não permitiria... Não se permitiria chorar novamente. Não agora. Não mais.


Não poderia tentar novamente. Não novamente. Precisava quebrar aquele ciclo e ser forte. Precisava manter-se firme e concentrar-se em sua decisão de dar espaço as duas. Precisavam amadurecer mais. Precisavam viver e aprender a viver. Aquilo não poderia dar certo, não mais... Não agora.


Levantou-se. Começou a retirar as roupas do roupeiro e as depositar vagarosamente na mala. Não era fácil. Sabia que não seria fácil. Sabiam que seria massacrante, mas era preciso. Era necessário.


 


- O que eu preciso fazer para você parar? - assustou-se ao ouvir a voz de Lene irromper da porta onde ela estava minutos atrás.


- Não posso - Lily tentava não fitá-la nos olhos ou parar com o que fazia - Já conversamos sobre isto. Não dá mais para continuar como estamos. Você sabe disso tão bem quanto eu.


- Mas está doendo. Está doendo demais e eu quero que pare. Por favor, faz isso parar.


- Eu não posso. Por favor - Lily parou com tudo. O tempo parou. Mas ela temeu encarar a outra - Não me peça para que eu fique... Tenho medo de ficar.


- Então fica. Por favor. Não vai embora - um toque nos ombros de Lily e uma imensidão de sentimentos inundou as duas.


- Não posso.


- E por que não? - Lene forçou Lily a encará-la - Eu não acredito que isso está acontecendo com a gente. Não... Isso é demais pra mim. Não da pra entender o que está acontecendo... O que aconteceu com a gente? O que está acontecendo.


- Você sabe tão bem quanto eu que não dá mais para estarmos juntas - as lágrimas duramente contidas maltratavam o rosto - Estamos nos magoado à toa. Nunca vai mudar... Não vai melhorar enquanto estivermos juntas.


- Não fala... Não fala isso. Por favor. Eu te amo tanto...


- E eu a você. Você sabe. Não pense que isso está sendo fácil pra mim porque não está. Dói... Está doendo tudo dentro de mim, mas precisamos ser francas, não vai dar certo. Tudo está mais difícil agora. E vai ficar ainda mais. Por favor, não torne tudo mais difícil.


- Eu sei... Não precisa explicar... Tudo bem. Não precisa explicar mais nada. Mas isso tem me magoado muito, está doendo e eu não estou conseguindo suportar mais... Não dá pra aceitar que isso é um fim. Não consigo me imaginar sem você. Isso dói. Eu sei que você tem razão, eu sei o que você pensa sobre tudo, eu sei o que você precisa, mas não posso simplesmente aceitar... Não consigo!


- Eu sei. É assustador pensar em continuar sem você. É aterrorizador imaginar que vou acordar e não vou mais poder te ver abrir os olhos. Que não vou mais poder sentir seu aroma, que não vou mais sorrir de suas piadas sem graça ou de sua ira sem motivos... Mas por favor, não me peça para ficar... Não me convença a ficar, por favor. Não me peça para explicar... Você conhece o motivo e você sabe que é o melhor para nós duas.


- Sim... Eu... Eu vou embora agora. Vou deixar você sozinha, acho que vai ser mais fácil para nós duas. Eu volto à noite... Quando você não estiver mais aqui...


- Por favor...


- Tudo bem. Não fala nada. Não explica nada. Eu sei as suas razões, mas, por favor, não fala... Isso magoa.


- Sinto muito.


- Adeus.


- Isso não é um adeus. É apenas um até logo.


 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (2)

  • Lana Silva

    Ahhhhhhhhh tipo, uma coisa que eu achei muito engraçado é que eu não fico igual a Lene, não consigo dizer 'Adeus' eu sempre prefiro dizer Até logo, porque acho Adeus algo tão forte, algo que me faz querer chorar. Então é sempre até logo, até isso aqui eu achei lindo. Serio, muito perfeito Andye, mais uma vez obrigada querida *-*bjoos! 

    2012-12-25
  • Lana Silva

    Tipo, eu nem desconfiei disso kkkkkkkkkkkk, tipo durante todo o tempo do amigo secreto, não disconfiei mesmo. Quando eu vi o shipper eu pensei "OH eu acho que é pra mim..." ai quando eu li a dedicatoria tive certeza. Não sei se fiquei mais emocionada com a dedicatoria ou com a fanfic.  Realmente muito linda,  eu amei a fanfic, eu nunca tinha lido e Lene e fiquei apaixonada pelo ship, serio, ainda tô aqui bestinha. Andye te amo muito flr, queria agradece pela fanfic, pela dedicatoria e pelo carinho, eu espero um dia te encontrar mesmo e que a gente passe o tempo todo falando de HP, Glee e fanfics kkk Muiiito obrigada, espero que Deus te ilumine cada dia mais flr, que você continue sendo essa pessoa especia, engraçada e inteligente que é *-*Bjoos! 

    2012-12-25
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.