único



Depois de um treino particularmente esgotante, Harry subiu pelo buraco do retrato carregando sua Firebolt. Jogou sua camiseta lamacenta em uma cadeira, e se dirigiu ao dormitório dos garotos.


"Eu não faria isso se fosse você", avisou uma voz divertida próxima a janela. Harry olhou para cima
surpreso. Simas estava lá sentado, trabalhando em uma pilha de deveres escolares passados para o feriado. Normalmente, a esta altura da Páscoa, Simas estaria começando a perder o controle. Mas hoje ele parecia positivamente alegre. Ele falou de novo. "Como eu disse, Harry," sorriu, "eu não faria isso".


"Porque não?"


"Hermione Granger está lá em cima."


Harry mudou sua expressão de surpesa para choque. Pelo que sabia, Hermione havia entrado no dormitório dos garotos em uma única ocasião, na manhã de Natal do seu segundo ano em Hogwarts, quando a Grifinória estava praticamente deserta pelo feriado. O que ela estava fazendo agora lá em cima, em uma tarde de quinta feira, quando praticamente toda Casa estava ao redor?


"Por quê?" foi tudo que Harry conseguiu pensar em dizer.


Neville espiou por cima do seu ensaio de Poções. "Ela teve uma discussão com Ron. Uma das piores. E depois ele subiu as escadas, e ela... subiu atrás dele." Ele engoliu em seco. "Ela parecia pronta para mata-lo."


"E estaria certa em fazê-lo!" Interviu Gina de repente, girando em seu lugar com raiva. "Ele estava
atormentando ela sobre Krum novamente, e isso já está ficando chato! Porque você não faz nada a respeito disso Harry?"


Harry nunca tinha visto Gina tão volátil. "O que eu posso fazer?" perguntou ele. "Eu disse a ele para
esquecer Krum uma centena de vezes."


"Bem", retrucou Gina, "tente novamente." E voltou para o seu trabalho, não sem antes murmurar um "Humph".

Harry se virou para Simas, de queixo caído.


"Não foi legal", continuou Simas, sorrindo. "Você devia ter ouvido eles. Como cães e gatos esses dois."


"Sempre foram", disse Parvati com ar de sabedoria, fechando seu diário de Adivinhação e dando um aceno superior a Lilá. "E sempre serão."


Lilá riu. "Bem, nós sabemos que isso não é tudo, não é?" ela disse em tom conspiratório, olhando prazeirozamente de Parvati para Harry.


"É tão óbvio, não é? É-"


"Não é da sua conta!" finalizou Gina, girando o corpo novamente. "Não é Lilá? Você gostaria se eu dissesse que você e Si-"


"Não importa Harry!" guinchou Lilá com pressa, estreitando os olhos para Gina. "Apenas esqueça!"


"Bom". Gina moveu os olhos de Lilá para Harry, e ele sentiu que ficava um pouco quente com aquele olhar. Ela se manteve firme.


"O que?!" ele finalmente explodiu. "Você quer que eu vá lá e faça alguma coisa?" Gina assentiu, com a expressão dura. "A menos que você ache que eu deva subir para o dormitório dos garotos também", disse ela com um toque de humor na voz. Harry olhou para ela rapidamente, e viu, de algum modo, na expressão no rosto dela, que ela não estava brincando. E, por algum motivo, Harry não a queria em seu dormitório. "Tudo bem", ele murmurou finalmente. "Eu vou dizer a Hermione para descer."


"E então dizer a Ron para ele parar de incomodá-la", Gina insistiu. "Ele não tem o direito de dizer o que Hermione deve ou não fazer com Vítor. É constrangedor para ela, Harry. Ela tem todo direito de ser-... estar namorando, se ela gosta de alguém." Gina desviou o olhar, finalmente, um pouco nervosa. "De qualquer forma", disse ela rapidamente, "Ron está chateando Hermione com isso porque deseja-" Mas ela não pode continuar e corou, "Bem", disse brevemente.


Harry não pode deixar de sorrir, tanto pela confusão de Gina, como pelo que ela quase confidenciara. Ele tinha uma ideia muito boa do porquê Ron não queria deixar Hermione sozinha com Vítor Krum. "Sim" ele disse. "Bem". Gina corou ainda mais e se virou em sua cadeira.


Lilá e Parvati pareciam simplesmente triunfantes.


"Vá em frente Harry", disse Simas da janela, sua sobrancelha levantada em direção à Lilá. "Depois volte e nos dê todos os detalhes. Vamos querer saber se eles conseguiram se estrangular um ao outro."


"Honestamente", sussurou Gina sem se virar.


Harry deu de ombros para Simas e Neville, e olhou mais uma vez na direção de Gina, mas ela evitou olhar para ele. Então se virou e subiu as escadas até o seu dormitório, pulando dois degraus de cada vez. Ele imaginou se o que veria seria uma cena bonita.


Mas cinco anos de experiência com as brigas de Ron e Hermione lhe deram a confiança de que eles já poderiam ter feito as pazes em algum momento. Nada poderia ser pior do que as lutas habituais que ele estava acostumado.


Ele atravessou o corredor até a porta marcada "quinto ano", e teria entrado direto pela porta, se o que ele tivesse visto não fosse tão inesperado. Ele estacou.


Ron e Hermione estavam de pé, separados por quase dois metros, apontando as varinhas um para o outro. Nos seus rostos, Harry observou, havia uma determinação mortal. Ele enconstou o corpo contra a parede e ficou espiando pela porta, sentindo pânico subir pela garganta. Isso não era uma brincadeira. Ele nunca tinha visto dois grifinórios apontando varinhas um para o outro, exceto naquele patético Clube de Duelos do 2° ano. E ele certamente nunca viu seus dois melhores amigos ameaçando
uns aos outros com magia.

Harry procurou por sua própria varinha debaixo de sua camiseta de Quadribol. Ele tinha o hábito de mante-la lá desde o seu terceiro ano. Puxou-a para fora, e segurou-a erguida, só para o caso...


"Estou falando sério, Ron." A voz de Hermione era de aço. Claramente, este foi o meio, ou talvez o final da conversa. "Só mais uma palavra sobre ele, e eu vou te azarar. Só mais UMA palavra." Ela levantou a mão livre, mantendo o polegar e o dedo indicador ligeiramente separados. "Só pare com isso - na frente de todo mundo. Você não sabe o quanto isso é embaraçoso para mim?" Sua voz vacilou, mas ela se manteve firme. "Você não para de dizer coisas sobre eu e ele."


"Ele e você", sussurou Ron, apertando a varinha com mais força. "Eu já tive o bastante de vocês dois. Você diz que está envergonhada- bem, você deveria estar. Contando vantagem sobre todo mundo o ano inteiro -"


"Contando vantagem-!"


"Oh, não haja como se você não soubesse." Ron imitou um falsete. "A Bulgária foi INCRÍVEL... Vítor me ensinou tantas coisas... eu nunca tive um feriado tão agradável!" Ron estreitou os olhos. "Nojento."


"Cale a boca!" Os olho de Hermione faiscaram perigosamente. "Cala a boca! É exatamente o que eu
disse- O ano todo, na frente de todos! Nos corredores, nas refeições, na sala de aula, na frente dos
professores - porque você se importa se eu gostei ou não da Bulgária? Porque você se importa?


Com um estalo agudo, Hermione sacudiu o pulso e faíscas dispararam da sua varinha em direção a Ron. Ele saltou e Harry, atrás da porta, também.


"Vá em frente!" Ron gritou de forma imprudente, "Mostre o seu melhor! Não pode ser pior do que ouvir você falar sobre Vitinho, o grande idiota-"


"Ele é incrivelmente inteligente."


Ron retrucou com falsete, zombando dela "Ele é incrivelmente inteligente!"


"Cale a boca!" gritou Hermione com a voz embargada. "Pare com isso!"


"Você para com isso!" gritou Ron. "Eu não quero ouvir mais uma palavra sobre o seu namorado perfeito!" A última palavra saiu como um rosnado rouco. "Me faz querer...você não-"


"O que Ron? 'Eu não' o que?" Hermione gritou de volta, lágrimas embaçando a sua voz. "Me diz! Seja o que for que esteja pensando, só me diz!"


"COMO VOCÊ NÃO SABE?"


"NÃO SEI!" Hermione estava a beira das lágrimas e sua voz perdeu um compasso, enquanto seus ombros caíam. "Tudo o que sei é que eu estou cansada de você tirando sarro de mim que eu... eu... Ron, por favor", ela implorou. "Por favor, você só tem que parar com isso. Você está me acusando de coisas que não são minha culpa."


Ron olhou para ela ferozmente, mas não disse nada.


"Só me diga o que é," Hermione suplicou. Ainda assim, Ron permaneceu em silêncio, olhando com olhos apertados.


Hermione esperou mais um pouco pela resposta, mas nenhuma veio. Harry, que pensava saber o motivo da grosseria de Ron teve que se segurar para não gritar: "Eu sei!" Mas ele mordeu a língua e viu uma Hermione derrotada deixar cair o braço da varinha, olhando como se tivesse cansada."Tudo bem", ela disse calmamente. "Isso é tudo que eu posso fazer, então, é isso."


Mas, um segundo depois, como se estivesse fazendo uma súplica, ela olhou para Ron e todo calor voltou a sua voz. "Me diz," disse novamente. "Por favor Ron, o que quer que seja, mesmo que seja..." ela corou um pouco e mirou os pés.


Harry ergueu as sombrancelhas. Hermione parecia saber qual era o problema com Ron. "Você pode me dizer, eu juro," ela terminou ficando um pé mais perto dele.


Novamente, Ron não disse nada, nem levantou os olhos, e Harry podia vez que Hermione ia chorar. Em um esforço para esconder as lágrimas, ela se virou rapidamente, enfiou a varinha apressadamente nas vestes e caminhou em direção a porta, limpando os olhos com as pontas dos dedos.


Então Ron falou - tão abruptamente que assustou Harry, Hermione e, aparentemente, até ele próprio. "Não. Me diz você. Me diz o que você realmente sente pelo Krum."


Hermione virou-se boquiaberta. "O que-?"


"Isso é... você sabe... é sério... você e ele?" Ron continuou, com a mesma voz baixa. "Só me diga e acabe com isso. Vá em frente."


Hermione ficou tão supresa com o interesse repentino pela sua situação amorosa que não conseguiu responder. Mas agora que finalmente abrira a boca pra falar, Ron ficara impaciente pela resposta. Ele jogou sua varinha atrás da cama e se adiantou segurando as mãos de Hermione. Ela, que antes expressava surpresa, agora demonstrava absoluta descrença.


"Ron", começou ela lentamente, olhando para suas mãos entrelaçadas, "Eu não-"


"Porque se você realmente gosta dele", Ron esboçou uma careta como se essas palavras lhe causassem dor física ", então... eu vou parar. Mas se você..."


Hermione piscou. "Sim?" sussurou. "Se eu... se eu não...?"


Harry prendeu a respiração e esperou. Este era um momento bastante espetacular, e ele meio que sabia que não deveria estar ouvindo, mas sentia uma curiosidade imensa de saber o que ia acontecer. A tensão era palpável, e ele mudava rapidamente o peso de um pé para o outro.


"Bem, se você não fizer isso, então..."Ron parou. Parecia que ele estava tomando coragem. Seu rosto estava levemente indeciso e ele parecia muito nervoso. Ficou em silêncio.


"Então?" A voz de Hermione pareceu encolher. "Bem?" Ron parecia preso em sua inquietação e Hermione suspirou.


Mas ela nem chegou a lançar-lhe um ultimato. Ron se encheu de determinação, Harry podia ver a mudança no rosto do amigo e, em um puxão rápido, agarrou Hermione e pressionou seus lábios no dele em um beijo rápido e óbvio.


Harry enfiou a mão na boca para abafar um grito. Ele olhou rápido para o fim do corredor se certificando de que ninguém estava vindo e, em seguida, voltou a espiar a cena através da abertura na porta. Ron tinha soltado Hermione e estava próximo, esperando para ver o que ela faria, com um olhar um tanto selvagem no rosto.


Hermione, por sua vez, estava completamente atordoada. Quando Ron a soltou, ela ficou oscilando levemente. Sua boca estava parcialmente aberta, e ela pressionou os dedos ali, como se duvidasse do que havia acontecido.

"Ah..." suspirou. "Ron...". E então, se jogando para frente, ela o beijou da mesma forma impetuosa. Quando ela se afastou, Ron soltou uma risada sem fólego. "Hermione!" Ambos ficaram assim, por um instante, respirando um pouco ofegantes e então, num instante, Hermione virou-se e saiu do quarto, mal evitando bater em Harry no corredor, olhando corada, mas radiante e um pouco assustada.


Felizmente, para Harry, ela estava muito imersa em seus próprios pensamentos para reparar nele e perguntar se ele não tinha visto ou ouvido nada. Ela correu escada abaixo e saiu de vista.


Harry escutou um momento, ouvindo os sons da sala comunal. Parvati perguntou alguma coisa, e Lilá riu... e, então, Gina murmurou alguma coisa que soou como "Calados. Nós vamos para cima... nos deixem sozinhas."


Harry balancou a cabeça ligeiramente para limpar os pensamentos que estavam cruzando sua mente e, em seguida, passou pela porta.


Ron tinha se jogado de costas sobre a cama, com os olhos fechados e uma expressão de choque no rosto.

Ron tinha beijado Hermione.

Na boca.

Harry sentiu uma onda de choque passar sobre ele também, mas negou-o. Ele queria saber o quanto Ron lhe contaria, sem que ele tivesse que pedir. Resolutamente ele enfiou a varinha sob a camiseta e, assumindo uma expressão de inocência, entrou no dormitório.


"Hey", ele disse casualmente. "O que foi?"


Ron manteve os olhos fechados e não se moveu. Harry fez uma pausa, se perguntando como poderia perguntar sobre o que tinha acabado de ver, sem revelar que tinha visto. "Você está dormindo, ou o quê?", ele disse em voz alta.


Ron abriu os olhos e olhou para o dossel. "Estou acordado."


Harry considerou, em seguida disse: "Er-era Hermione aqui? Eu vi ela passando pelo corredor".


Ron virou o rosto. "Sim, ela estava aqui," murmurou.


"Como assim?" Harry perguntou, esperando desesperadamente não soar óbvio demais. "O que ela
estava fazendo no dormitório masculino?"


Ron permaneceu imóvel. Harry se tornou impaciente, mas se esforçou para controlar a ansiedade. "Você vai me responder?" disse ele, no que esperava ser um tom de voz
indiferente. "Aconteceu alguma coisa?"


Ron riu. "Eu vou dizer", disse em voz baixa. Mas Harry não esperou. "E então?" disse, um pouco rápido demais, mas Ron não pareceu notar.


Ele rolou e sentou-se de repente, de frente para Harry, suas mãos apertando as cobertas. "Eu não sei como te dizer isso, Harry ..." ele disse lentamente. Harry prendeu a respiração. "... Mas eu ... bem, Hermione .... estávamos lutando ... ela estava ficando chateada...." Ron balançou a cabeça rapidamente, como se estivesse limpando a mente. "Eu a beijei, Harry."


"O que ..... Hermione?" disse Harry, tentando soar espantado. Não foi difícil. Afinal, foi ... Hermione.


Ron riu novamente, breve. "É. Pode acreditar ... eu acho .... eu acho que eu gosto dela!"


"Eu acho!" Harry bufou, deixando escapar um profundo suspiro de alívio. Ron lhe tinha dito. Ele não teria que fingir que não sabia. Ele não estava sendo mantido no escuro. Seria ruim o suficiente ter seus dois melhores amigos se beijando, mas seria muito pior para ele se eles tivessem mantido segredo sobre isso. Pelo menos não seria desconfortável entre os três. Sentindo-se de repente, muito caridoso e, realmente, bastante impressionado com o que Ron havia conseguido fazer, ele saiu de sua própria cama, olhou para Ron, e sorriu. "Então ...?" , disse.


As orelhas de Ron virou ficaram vermelhas. "Então?" ele murmurou. "O que?"


"Será que ela ..." Harry teve que sufocar uma risada incrédula, pois mesmo que ele soubesse a resposta para a pergunta que ele estava prestes a fazer, ainda era bastante surpreendente ouvir isso da boca de Ron. "Ela te beijou de volta, ou algo assim?" A boca de Harry estava torcido em uma espécie de esgar, suprimindo um sorriso em consideração ao seu amigo. Ron parecia absolutamente perplexo.


"Sabe o que, Harry?" ele disse, seus olhos voltados para dentro, como se assistindo a cena novamente, "Ela ... ela fez." Ele arregalou os olhos e piscou com força, obrigando-se a concentrar de novo.


Com a expressão um pouco confusa, ele olhou para Harry. "Acho que ela gosta de mim também", ele murmurou, olhando para seus dedos, que ele abria e fechava.


"Acho que sim!" disse Harry novamente. "Ela parecia, er, muito feliz, você sabe, quando eu a vi no corredor."


"Será que ela?" perguntou Ron imediatamente, olhando o amigo muito grato por esta notícia. "Ah, bom. Quer dizer, eu estou feliz ... quer dizer ..." Ron encheu o pulmão de ar e soltou-o. De repente, ele parecia petrificado "O que eu faço agora?" gemeu. "Eu não tenho nenhuma ideia!"


"Nem eu", disse Harry, sorrindo. "Talvez você deva escrever-lhe um poema", sugeriu, em um não-tão sério tom de voz.


Ron olhou para ele rapidamente sorrindo de volta antes que pudesse fazer outro comentário. "Ok, cala a boca, você", respondeu jogando um travesseiro para Harry, que pegou com facilidade e jogou de volta para Rony, que o deixou bater nele e cobrir o rosto. Ele ficou lá por um momento e, em seguida, com uma voz abafada, Harry ouviu: "Você sabe, Harry, você deveria tentar. É brilhante."


Harry sorriu. "O que?" ele disse, "Beijar Hermione?"


Ron apareceu por debaixo do travesseiro e deu a Harry um olhar que lhe dizia para não fazer essa piada novamente. "Não", disse brevemente, "Alguém".


"Certo", riu Harry, revirando os olhos, fechando-os, e recostando-se em seu travesseiro com a imagem de uma garota em particular em sua mente.
"Cho?"
Ele suspirou com desdém. "Esqueça isso. Nós sabemos que não vai acontecer."


"Alguém, em seguida", repetiu Rony, encolhendo os ombros e caindo facilmente em seu travesseiro, como se beijar uma garota fosse a coisa mais fácil do mundo, agora que ele já tinha feito. "Há um milhão de meninas nesta escola, tenho certeza de que você vai encontrar. Enfim, você tem praticamente um fã-clube."


Mas, com esse comentário, Ron sentou-se de novo, um pensamento parecendo ocorrer em sua mente."Fique longe da minha irmã, certo?" ele disse, cruzando os braços e levantando uma sobrancelha de alerta simulado para Harry. Seu tom de voz era muito leve. Mas Harry conhecia Ron suficientemente bem para saber que seu amigo não estava totalmente em tom de brincadeira.


Harry estremeceu imperceptivelmente sentindo-se, de alguma forma, culpado. No momento que Ron tinha dito 'alguém', a imagem habitual de Cho Chang tinha sido substituída sem aviso prévio pela de Gina Weasley, corando obstinadamente para ele.


Ele sentiu o coração dar um salto engraçado, e piscou os olhos de surpresa. Ron ainda estava olhando para ele, de braços cruzados, aguardando uma resposta. Harry se sentiu perdido, mas não queria se trair. Em vez disso, ele forçou uma risada. "Certo, Ron", disse ele descuidadamente, acenando com a mão como se essa idéia fosse idiota. "Eu vou ficar longe de Gina." Ron parecia satisfeito, e voltou para sua posição de costas, olhando para o dossel, provavelmente refletindo sobre o que fazer com Hermione, agora que ele conseguiu beijá-la.


Harry, por outro lado, estava altamente instável. Outra lembrança de Gina tinha acabado de lhe ocorrer - ela estava pálida e fria, quase sem vida, do jeito que ele a tinha visto na Câmara Secreta.


Um pensamento passou por sua mente- não pela primeira vez - que Gina Weasley era a única pessoa que ele conhecia, além de si mesmo, que havia enfrentado Voldemort sozinho e saído do confronto vivo. Seu coração perdeu um compasso.


Harry tirou os óculos, fechou os olhos, sentindo-se um pouco apreensivo por Ron. Embora o pensamento tenha o surpreendido totalmente no começo, ele não tinha certeza de que ele iria querer ficar longe de Gina Weasley depois de tudo.

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