Dançarina das Sombras



Capítulo 2 - Dançarina das Sombras




As semanas se passaram... e não se ouvia outra palavra pelos corredores: Blair. A menina tinha se destacado em todas as matérias, parecia que a magia fluía no sangue com uma naturalidade estonteante. Ela não cansava de olhar para Draco pelos corredores com um olhar superior e desafiador. O que o irritava e instigava profundamente.



Em um dia nublado e chuvoso, Draco prestava atenção em uma aula de poções...



“Eu vou divulgar a lista de alunos destaques hoje, logo ao final da aula.”, Snape falou com a sua natural voz arrastada.



Draco riu, em poções a impetulante sangue-ruim não lhe bateria. Snape jamais colocaria a menina acima dele na lista de destaques. A aula acabou. Ele quase passou reto pela lista, tinha certeza que estava no topo, quando escutou:



“A Blair! Está no topo da lista!” Um garoto comentou olhando para a lista. Draco serrou os punhos.



“Agora ela é destaque em todas as matérias.”, um outro falou.



“Ouvi falar que ela estuda a tarde inteira na biblioteca. É só uma comedora de livros!” Uma menina da sonserina falou.



“É impressionante assim mesmo... ela está batendo até aquela sangue-ruim da Grifinória...” Um garoto se colocou na conversa.



“A Granger?” A menina da sonserina perguntou.



“É. E agora bateu o Malfoy em poções...” o garoto continuou. “Não é Malfoy?”



Draco virou-se com os olhos fulminando de raiva. “Aparentemente.”



Hermione Granger se aproximou da lista. Leu e não disse uma palavra, mas seus olhos exclamavam: ódio. Harry e Rony a seguiram, olhando de relance para Draco que não retribuiu o olhar.



“O jogo é hoje...” Pansy falou para Draco. “Vamos para o almoço. Eu não quero perder este jogo por nada.”



“Muito menos eu.” Ele respondeu com frieza.



Draco sentou-se no seu lugar de costume na mesa da Sonserina e observou Brena ao longe. Hoje ela usava uniforme, mas ela continuava se destacando no meio de todos da lufa-lufa. Ela tinha um quê a mais, talvez os olhos, ele não sabia, mas a presença dela sobresaltava.



Ela riu sarcasticamente para ele como sempre fazia e Draco retribuiu com um sorriso torto.




















Pareceu uma eternidade até o jogo, mas o momento chegou. Draco estava sentado, suando as mãos. Finalmente ele viu Potter entrando em campo na frente do seu time como capitão. Brena entrava pelo outro lado, também na posição de capitão.



Draco virou-se para Pansy. “Você não me falou que ela era capitão do time!”



“Eu não sabia...” ela babulciou para responder.



“Eu não posso acreditar nisso...” ele resmungou para si mesmo.



Um menino pequeno da lufa-lufa cutucou timidamente o ombro de Draco, ele se virou. “O que?”



O menino gaguejou. “Brena... ela... bem... mandou te entregar...” o menino estendeu o bilhete e saiu correndo.



Draco desdobrou o bilhete, escondendo-o do olhar curioso de Pansy. ‘Olhe e aprenda.’ É o que estava escrito. Draco sorriu intrigado, olhou para o campo e viu que Brena o olhava. “Ela é muito ousada para uma lufa-lufa...” ele pensou em voz alta.



“O que?” Era a voz aguda e irritante de Pansy.



Draco ia responder, mas o jogo começou. Nada de inesperado, a Grifinória já marcou um ponto nos primeiros cinco segundos.



Brena desviava tranqüilamente dos balaços que vinham para ela. O cabelo negro preso se movia freneticamente ao sabor do vento forte. As nuvens se mesclavam no céu, formando uma tempestade. Não demorou muito para uma cachoeira desaguar.



Harry estava de um lado do campo, observando atentamente. Enquanto Brena fazia o mesmo do outro lado. O placar já estava disparando, 100 para Grifinória, 10 para Lufa-lufa.



‘Agora já é hora de se preocupar Blair...’ Draco pensou silenciosamente com um sorriso nos lábios.



Harry impulsionou a sua vassoura, voando a uma velocidade incrível. Brena observou-o sem se mover.



Malfoy logo percebeu. “Ou ela esta louca ou sabe que é uma finta de Wronski...” ele pensou alto.



Brena ficou de pé em sua vassoura. O pé direito na frente e o esquerdo atrás. Embicou a vassoura para o chão e deu uma rasante de praticamente noventa graus. Quando quase alcançou o chão, bateu o pé direito com força na ponta. A vassoura virou-se para o outro lado e ela continuou de pé, seguindo rente ao chão. Harry veio logo atrás dela. Brena agaixou-se, trançando as pernas na vassoura e segurando firmemente. Quando já estavam perto da platéia ela deu uma guinada para cima, sumindo nas névoas.



O campo estava silencioso. Todos observavam extasiados aquele momento.



Harry foi de encontro com a platéia. Brena desceu perpendicularmente, descendo dos céus, contornando em altíssima velocidade o campo, quando aparentemente avistou algo. Ela pulou da sua vassoura...



Draco segurou a sua respiração, levantando-se. ‘Ela é louca...’ ele pensou.



Brena agarrou o pomo, caindo de pé em sua vassoura. Freiando aos poucos, chegou com levesa ao chão, descendo graciosamente da sua vassoura e levantantando o pomo.



A platéia foi ao completo delírio.



“Impressionante!” Draco escutou o narrador gritar. “De fato...” ele pensou em voz alta.



“Ela parecia estar dançando com as névoas!”, o narrador continuou.



Draco não sabia se ficava impressionado ou nervoso. Ele escolheu segunda opção. Malfoys não ficam impressionados...



Ele desceu até o campo e encontrou Harry, sujo e mancando.



“Que droga foi essa?” Draco gritou para ele, empurrando-o.



“Um jogo que eu perdi...” Harry respondeu como se não acreditasse nas próprias palavras.



Draco segurou-o pelos braços. “E como você deixou ela ganhar?”



“Eu não deixei ela ganhar!” Harry gritou. “Ela simplesmente ganhou!”



“Você foi patético!”



“Muito obrigado Malfoy, agora eu me sinto bem melhor!”



“Eu não falei isso para você ficar melhor!” Draco gritou, mas Harry já tinha dado as costas.



Rony e Hermione passaram por Malfoy, mas nem o olharam. Apenas correram atrás de Harry. “Quem essa garota pensa que é?”, ele pode ouvir Rony comentando. E pela primeira vez Draco concordou com ele.



Draco ficou parado por uns segundos, sem reação. Respirando profundamente, tentando organizar seus pensamentos. Foi a lagoa dar uma volta. Andar na lagoa sempre lhe clareava a mente.



Ele deixava a brisa bagunçar os seus cabelos enquanto andava com as mãos no bolso, observando a paisagem.



“Oi...” ele escutou. Parou e virou-se na direção da voz.



“Você.” falou apreensivo.



“Aprendeu alguma coisa hoje?” Brena respondeu displicentemente.



Draco riu forçadamente. “Você é muito abusada...” recobrou a seriedade. “Quem pensa que é?”



Ela desencostou da arvore em que estava sentada. Pestanejou um pouco e colocou a mão delicadamente no ouvido esquerdo dele. “Eu?” ela deu uma risada leve. “Sou alguém que está chamando mais atenção do que devia... não é mesmo Draco?”



Draco se afastou dela. “Não lhe dei a liberdade para me chamar assim.”



Ela piscou os olhos impacientemente. “Como quiser, Malfoy...”



“Sim, você está chamando mais atenção do que deveria.” Ele aproximou-se dela, encostando-a contra a árvore. Ele tirou as mechas que cobriam o ouvido dela e sussurrou, “Mas não por muito tempo...”



Draco pôde sentir uma respiração descompassada. Brena inclinou-se para frente: “Nós vamos ver.” Mas Draco não deixou ela sair, pressionando o seu corpo contra o dela.



Ele recostou a testa no ombro dela e falou quase que para si, com uma voz profunda e cheia de palavras não ditas: “Eu não terminei ainda...”



Draco escutou a respiração apreensiva de Brena no seu ouvido e riu docemente. Tirou a cabeça do ombro dela, olhando-a nos olhos. “Isso não vai ficar assim...” A voz dele não soava ameaçadora. Era, na verdade, um tanto quanto descontraída.



Draco desencostou o seu corpo do dela. “Tenha um bom dia...” Acenou e virou-se de costas.



Ela não respondeu e ele não esperou resposta alguma. Ele foi até um lugar que não visitava a muito tempo e que se achava bom demais para entrar.



Deu o seu primeiro passo pesaroso para dentro da biblioteca. Há quantos anos ele não entrava ali não sabia. Sempre mandava um de seus capachos pegar os livros que ele precisava.



Viu Hermione embrenhada em uma mesa entulhada de livros. Ele riu um sorriso torto. Aparentemente eles tiveram a mesma idéia. Draco não era tolo. Sabia que Blair, além de irritá-lo, havia incomodado muita gente. Em uma coisa ela estava certa, estava chamando muito mais atenção do que deveria, e isso não passaria em branco...



Draco foi até a estante de poções e pegou todos os livros didáticos que precisava, exceto um. Ele despejou cinco livros em cima da mesa e olhou para a pilha de livros de Granger. Respirou fundo e foi até ela:



“Se importa?” Pegou o livro que estava precisando de cima da mesa dela.



Ela terminou de escrever alguma coisa e olhou para cima sem mover a cabeça. Molhou a sua pena olhando novamente para o seu pergaminho. “Para quê?”



“Não te interessa sangue-ruim.” Ele respondeu rispidamente.



“Você não está sendo educado...”



Draco parou um segundo, reflexivo. “E porque raios eu estou te pedindo?” Ele se criticou como se fosse um absurdo.



Sentou-se na sua mesa com o livro em mãos. Abriu as primeiras páginas e sentiu alguém do seu lado. Suspirou impaciente. “Agora não Granger.”



“Sou eu, Potter.”



“Oh...” Ele olhou para cima. “E o que você quer? Eu estou meio ocupado agora...” Draco abriu um pergaminho, desviando o olhar.



“Preciso falar com você” Harry sentou-se a mesa.



Draco paralisou e olhou criticamente para Harry. “Eu falei para você sentar?”



Harry rolou os olhos. “É sério Malfoy. É sobre a garota.”



Draco olhou para Harry, sem muito interesse. “E daí a garota?”



“Ela ganhou de mim...” Harry falou para dentro com uma voz pesarosa.



“Fale alguma coisa que eu não sei Potter.” Draco molhou sua pena na tinta.



“Você nunca ganhou de mim!” Harry continuou falando para dentro.



“E você não precisa jogar isso na minha cara, não é mesmo?”



“Eu não sei...”



“Não precisa falar mais nada Potter.” Draco olhou para Harry. “A garota não tem nada contra você, a rincha dela é comigo.”



“Mas ela ganhou de mim!” Ele constatou como se fosse óbvio que a menina tinha algo contra ele. “Ela poderia ter só ganhado, mas não! Ela me humilhou! Me jogou na arquibancada!”



Draco riu. “Isso foi bem engraçado.”



“Malfoy...” Harry o encarou severamente.



“Você tem que aprender, Potter, que nem tudo é sobre você...”



“E vai me dizer o quê? Que ela quis te humilhar me jogando na arquibancada?”



“Precisamente...” Draco deu um último olhar para Harry e começou a escrever em seu pergaminho.



“Você tem noção que isso não faz sentido nenhum?” Harry falou sobressaltado. A bibliotecária lhe deu um olhar critico.



“Faz sentido Potter...” Draco o olhou novamente e fez uma cara de nojo: “E não precisa ficar excitado com a situação. É vergonhoso...”



Harry respirou fundo e cruzou os braços. Abriu a boca para falar alguma coisa, mas Draco o interrompeu sem nem olhá-lo. “E não se preocupe. Eu cuido da garota.”



Harry riu e imitou a voz de Draco. “Eu cuido de tudo.”



Draco o olhou criticamente.



“Sem ofensas, mas... como pretende cuidar dela? Ela é muito melhor que você em quadribol.”



Draco o encarou furiosamente. “Não te interessa o que eu pretendo fazer.”



“Me desculpe, mas interessa sim!”



“Não, não interessa.”



“Interessa sim!”



“Não.”



“Sim!”



“Não... Harry...” Draco falou impacientemente. “Não vou ficar brincando de sim e não com você. Já falei que isso é entre eu e a menina.” Ele apontou o dedo para Harry. “E não se meta nisso.”



“Eu achei que você tinha mudado alguma coisa depois de me salvar...” Harry resmungou e depois se virou para Draco. “Você me salvou! Isso tem que ter significado alguma coisa!”



“Ei, ei, ei, ei! Eu salvei sua vida, não te pedi em casamento. O fato de ter salvado a sua vida significa apenas...” Ele pensou com a mão no queixo. “que eu salvei a sua vida.”



“E só?”



“Correto.” Draco molhou a sua pena.



“Você nunca vai me falar porque me salvou não é?” Harry falou tristemente.



“Exato.”



Harry rolou os olhos, impacientemente. “Que seja...” bateu as mãos na perna e se levantou da cadeira. “Vamos ver se você dá conta dela Malfoy...”



Draco riu. “Você está duvidando de mim, Potter?”



“É claro que estou.” Harry disse antes de virar-se de costas e ir para a mesa de Granger.



Draco pôde escutar o começo da conversa deles. Nada de importante. Harry estava tentando convencê-la a dormir. ‘Esta Blair vai me dar trabalho...’ ele pensou. Molhou a pena mais uma vez, apoiando sua cabeça com a mão esquerda.



Draco consultou os livros de poções que tinha estudado em todos os seus anos em Hogwarts, folheando página a página, exaustivamente. Ele esfregava os olhos constantemente. Resolveu que era hora de parar quando não conseguiu focar mais as palavras do livro. Recostou-se na cadeira pesadamente e a viu inclinada na sua mesa. Observou também que a biblioteca estava deserta.



“O que você quer... Blair?” Ele perguntou com uma voz leve e disfarçadamente desinteressada.

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