CAÇA E CAÇADOR



O poder de mobilização e organização logística do Van Helsing impressionaram Harry. John mobilizou alguns membros da irmandade além dele e Steve para a caçada, os demais foram saindo, inclusive Draco e Sue, que infelizmente estavam afastados das caçadas porque tinham dois filhos ainda muito pequenos, e Sue estava grávida pela terceira vez!
‒ Malfoy, você não se cansa de fazer filhos?
‒ Devo ter pego a doença dos Weasleys, Potter... vejo você outro dia. ‒ Harry não pode deixar de pensar que Draco  depois de ter sido quase morto pelo próprio pai não era mais o mesmo.
Caius observava tudo com o habitual ar cínico, enquanto Lyra e Virginie procuravam se inteirar dos detalhes da caçada, tendo toda a atenção da parte de John Van Helsing. Este se aproximou de Harry e perguntou:
‒ Vem cá... não é por nada não, mas tem algo estranho com essa garota...
‒ Ah, você notou, então...
‒ Na verdade... bem, embora ela seja um pouco jovem para mim ‒ Harry deu uma risada ‒ qual a graça, Harry?
‒ Ela tem mais de 200 anos, John.
‒ Quando eu penso que me acostumei com as maluquices dos bruxos, vocês me vêm com coisas novas... pôxa, a cosmética de vocês anda avançada, hein?
‒ Não é nada disso... é uma história complicada, envolve maldições, demônios, esfinges... depois, com calma, eu te conto.
‒ Ok... mas você acha que ela teria algum tipo de preconceito com caras mais jovens?
‒ John, você não cansa de procurar novas esposas não?
‒ Na verdade, não. E com 52 anos, ainda não consegui me casar com uma bruxa...
‒ Pode me explicar uma coisa? Quem é essa tal de Lyra Bluhm?
‒ Na verdade, uma vampira de bom coração. Sabe, ela tem toda essa implicância com o Caius não é à toa...
‒ Tá, já entendi... ela foi vítima dele, certo?
‒ Exatamente... pensam que ela é maluca, porque está há cerca de 20 anos procurando o que eles chamam de "a cura".
‒ A cura?
‒ O fim da maldição vampira... não sei se há algo escrito naquele livro deles a respeito, mas todos dizem a mesma coisa: não tem volta. Mas ela não desiste. E ela tem conseguido alguns progressos.
‒ Como o que?
‒ Ela ainda é uma vampira crepuscular, ou seja pode andar desprotegida no amanhecer e no por do sol...
‒ Isso é possível?
‒ É, se eles nunca sugaram ninguém até a morte.
‒ Então... ela é como Caius e como estes da família.
‒ Sim, quase inofensiva... quase. Claro que ela precisa de sangue para sobreviver, mas até que ela não tem dificuldade de encontrar sujeitos pelos bares para lhe fornecer algum alimento. Talvez por isso ela seja assim tão magra.
‒ Realmente, ela é magra demais...
‒ Mas ela inventou algo que eu acho genial... vê essa roupa maluca? Ela tem um jeito de fechá-la de tal forma que nenhuma luz do sol penetra. Assim ela pode caminhar razovelmente bem durante o dia... obviamente ela não o faz pelas ruas... mas é um esforço considerável, não acha?
‒ Perfeitamente.
‒ Bem... você quer uma arma, certo? Eis aqui uma espada de prata, é meio curta, mas duvido que você tenha problemas usando-a.  Acho que agora estão todos equipados... vamos dividir as turmas.
John convocou todos os presentes, e dividiu-os em grupos. Steve lideraria seus três filhos mais velhos, num grupo armado com bestas de flechas de prata. John, aproximou-se logo de Virginie e convidou-a para seu grupo, com seus três filhos homens que se entreolharam maliciosamente. Finalmente, olhou para Harry e Sirius e disse:
‒ Acho que vocês vão se virar bem na companhia destes dois  vampiros malucos... Você se importa, Sirius, em formar um grupo com seu irmão?
‒ Não ‒ disse o bruxo secamente.
‒ Ótimo...
‒ E nós, pai? ‒ perguntou Melody, referindo-se a ela e Clara
‒ Não existe "Nós", mocinha... vocês duas vão com nosso motorista para casa... e ai das duas se eu desconfiar que andaram levantando da cama para nos procurar.
As duas meninas saíram contrariadas, enquanto John abria um mapa.
‒ Duvido que cubramos a cidade toda numa noite, mas de qualquer forma, acredito que em duas ou três noites vamos ter visitado todos os "lugares legais" de vampiros... ‒ ele foi demarcando as áreas que cada grupo verificaria, com breves explanações sobre cada lugar. As duas áreas mais extensas eram o porto e os túneis abandonados do Metrô, que John achava que eram mais próprios para um grupo como aquele se esconder.
‒ E se nós não os encontrarmos ‒ perguntou Harry preocupado.
‒ Nós vamos encontrá-los ‒ disse Caius olhando para o mapa ‒ nem que para isso tenhamos que revirar o estado de cabeça para baixo.
Sirius apenas olhou de relance para o irmão. Ele não confessaria jamais, mas sentiu uma ponta de orgulho por isso.
Antes dos grupos partirem, John revirou os armários de equipamentos de apoio e retirou os três melhores walkie-talkies que encontrou, dando um para cada líder de grupo e ficando com o terceiro. Sirius ficou olhando bastante intrigado olhando para o aparelho em sua mão. John riu e mostrou a ele como o aparelho funcionava:
‒ Aperte aqui para falar, quando quiser achar um de nós, bruxo ignorante... ‒ ele apertou um botão e um barulho de estática, porque os outros aparelhos estavam próximos, invadiu o ambiente.
‒ Humpf... coisa barulhenta, prefiro usar isso ‒ disse Sirius mostrando a varinha mágica
‒ Sim, mas temos um grupo meio heterogêneo, e enquanto você parece perfeitamente capaz de apertar um botão, eu e Steve jamais saberemos como fazer um graveto falar, portanto, aprenda a mexer nisso.
‒ Harry, fique com essa coisa, aparelhos assim conseguem me irritar ainda mais que os tais telefones celulares...
‒ Benvindo ao século XXI, Sirius ‒ disse Harry, rindo.
Os grupos partiram em silêncio, cada um para sua áerea. Quando saíram de perto dos outros, Harry perguntou a Sirius:
‒ Sirius... você é o Demolidor, não é?
‒ Do que você está falando?
‒ Não tente me enganar, posso ser tudo, menos burro, Sirius. Durante este último ano estive desconfiando disso, mas aparecer aqui desta forma, quando eu sei que o Demolidor está na cidade... não tente me enganar. Você é o Demolidor...
‒ Ok, qual o problema disso...
‒ Nenhum, mas porque você quis se tornar um auror?
‒ Por isso que estamos fazendo, para me sentir vivo, porque ficaria maluco levando uma vida de Hogsmeade para Hogwarts e de Hogwarts para Hogsmeade... e além do mais, é só nos meus horários de folga...
‒ Se você é o demolidor então o Sandman...
‒ Deixe a bichona fora disso.


Nenhum dos grupos tinha alguma ilusão que seria fácil achar o bando... mas a verdade é que estava sendo mais difícil que parecera no início, o metrô, que podia ser uma ótima opção, continuava sim, cheio de vampiros e mendigos e mendigos que acabavam como vampiros, mas nenhum deles parecia estar disposto a acabar com a ordem vigente na cidade. A incursão por lá, feita pelo grupo de Steve, foi quase infrutífera, apenas resultou na destruição de um pequeno ninho da aliança, que serviu para os rapazes treinarem, mas que a rigor nada tinha a ver com a missão.
A área do Central Park, coberta por John e seu grupo, tinha a velha turma de sempre, alguns que se escondiam durante o dia nas cavernas mais profundas, ocultas sob fontes e com outras entradas secretas, mas nada de mortais associados a vampiros. Também por ali os filhos de John treinaram um pouco, destruindo alguns escravos desavisados, o que na próxima reunião da irmandade jovem, renderia bravatas e discussões com os primos sobre qual era o grupo mais valente... John aproveitou-se também para se fazer de grande caçador dos vampiros e exibiu-se um bocado para Virginie (é, apesar da idade, ele ainda estava tão rijo quanto aos 27 anos, ele pensava) , talvez ele não capturasse nenhum grande líder vampiro, mas o que dizer de encontrar a Srª Van Helsing n° 10?
O porto parecia promissor, mas o grupo formado por Harry, Sirius e os vampiros, que tinha a vantagem adcional do sexto sentido vampiro de Caius e Lyra, também não logrou sucesso por ali. Sirius ainda transpassou um vampiro que saltou sobre Harry das sombras na primeira noite, mas não parecia haver realmente nada de tão estranho por ali, era como se sabendo que estava sendo caçado, o vampiro misterioso houvesse se encolhido, e não quisesse ser encontrado.
Mas a verdade era que ele queria ser encontrado, e mais precisamente por aquele grupo.
No meio da segunda noite de caçada, Caius o ouviu. Ele caminhava ao lado de Lyra, por uma viela do porto quando sentiu o chamado de um grande vampiro e parou. Algo disse a ele que ele conhecia quem o chamava, e bem.
‒ Lyra... você ouviu?
‒ Não... do que você está falando?
‒ De um chamado... um vampiro, acho que é o nosso homem... ele sabe que estamos caçando-o...
‒ Como ele pode saber, Caius?
‒ Não sei, mas tenho uma suposição... vamos procurar Sirius e Harry.
Naquele exato instante, Harry acabara de partir ao meio um vampiro de 1,90, dando graças a Deus que aprendera como manejar uma espada. Observando o que restou do vampiro encolher rapidamente, soltando uma fumaça enjoada ele soltou um suspiro profundo, um dia acabaria cansando desta vida... como os Van Helsing aguentavam? Olhou em volta procurando Sirius, e viu Caius e Lyra se aproximarem, voando como morcegos. Quando eles tomaram forma humana, Caius perguntou:
‒ Onde está meu irmão?
‒ Eu não sei... me distraí com um vampiro e quando vi ele havia sumido.
‒ Essa não...

Sirius ouvira o chamado. E respondera com uma ameaça. Sentiu que em algum lugar, o grande vampiro gargalhava em resposta. Aquilo o irritou profundamente. Não gostava que rissem dele, especialmente quando se tratava de vampiros. Olhou para o anel protetor, firmemente apertado em seu anular direito. A pedra de sangue cintilou por um instante. Estavam na pista errada, todos eles. O monstro que procuravam estava longe, não tão longe assim, mas fora dos limites da cidade de Nova Iorque.
Sirius sorriu. Exatamente como o irmão, ele adorava encrencas.

Caius olhou para Harry e disse:
‒ Chame John e Steve, agora... se eu estou certo, corremos perigo, mas Sirius corre mais perigo ainda...
‒ O que você está escondendo, Caius?
‒ Harry, ouça, eu não tenho certeza... mas algo me diz que esse sujeito tem fortes motivos para me odiar, e adoraria cumprir a velha maldição dos Black... eu sou inteiramente culpado do que pode vir a acontecer com Sirius. Lyra ‒ ele encarou a vampira e seus olhos cintilaram por um instante ‒ não me perca por um minuto daqui em diante, eu vou na frente, mas em breve vou precisar de reforços... muitos reforços, entendeu? Você é capaz de me seguir?
‒ Lógico, esqueceu que eu fui criada por você?
‒ Eu sei... por favor... tome cuidado, eu posso estar indo ao encontro de uma enorme armadilha, mas não gostaria que você caísse nela também.
Nesse meio tempo, Harry tentava chamar os outros pelo rádio, mas parecia que havia alguma interferência forte. Caius olhou pela última vez para ele e disse:
‒ Continue tentando, Harry...
‒ Caius ‒ ele perguntou antes do vampiro transformar-se em morcego ‒ onde ele está afinal?
‒ No melhor lugar para um vampiro que queira tomar Nova Iorque poderia estar sem ser notado ‒ ele transformou-se em morcego e sua silhueta desapareceu rapidamente no céu sem lua ou estrelas.
‒ Nova Jérsei ‒ murmurou Lyra, olhando para Harry ‒ Um dos Black antigos sobreviveu à armadilha de Caius.
‒ Essa não ‒ Harry disse apertando novamente o botão do rádio para  chamar os Van Helsing.
 
Sirius aparatou no lugar de onde achava que viera o chamado. Olhou em volta. Era o que um dia fora um parque de diversão, mas parecia abandonado, havia um carrossel em escombros, e todos os brinquedos tinham faixas que impediam o acesso, com palavras como "AFASTE-SE" e "CONDENADO".  Ele viu um cartaz, o anúncio de uma das atrações do falecido paque, por sinal a única que não tinha uma faixa de aceso restrito. No cartaz, um vampiro branco de cabelos negros estava prestes a sugar uma bela mulher, ao lado de lobisomens e outros clichês de terror.
Achara o esconderijo.

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