APÊNDICE: OS FANTASMAS DO CAPÍ



 No capítulo “O breviário Malfoy”, Harry vai ao cemitério Pere Lachaise, que fica em Paris. Lá realmente estão enterrados gênios das artes, literatura e música, que foram homenageados por mim aparecendo na forma de fantasmas nesta fanfic, nessa ordem:

JIM MORRINSON Cantor, letrista, líder e vocalista da banda de Rock “The Doors”; Jim é um mito e junto com Janis Joplin e Jimmy Hendrix compõe a chamada "santíssima trindade" do Rock do final dos anos 60 e início dos anos 70 (embora a única coisa que realmente os una seja o fato de que os três morreram com 27 anos). Nasceu na Califórinia em 1943 e morreu numa banheira num pequeno apartamento em Paris, em 1971, de ataque cardíaco provocado por ingestão excessiva de drogas e álcool. Ícone máximo da filosofia "Sexo, Drogas e Rock'n'Roll, Jim foi de  estudante nerd estranho a símbolo sexual em apenas alguns anos de carreira, mas sua obra não musical, textos e poesias, é controversa e considerada por alguns até mesmo medíocre e "sem sentido".  Citei as letras de três músicas suas: “The end” (This is the end, my only friend, the end), Light my fire (come on baby light my fire) e People are strange (people are strange when you’re strange)

OSCAR WILDE: Poeta, cronista e escritor irlandês, célebre frasista, autor de livro “O Retrato de Dorian Gray”, entre outros romances. Nasceu em Dublin, Irlanda, em 1854. Muito jovem foi para a Inglaterra e teve uma sólida carreira literária, mas desastrosa vida pessoal: depois de casar e ter filhos, apaixonou-se por um jovem de 23 anos e foi condenado à prisão na Inglaterra por "corrupção da juventude e ofensa à moral", simplesmente porque o rapaz com quem teve o relacionamento era filho de um componente da câmara dos lordes. Na prisão escreveu o célebre poema "De profundis", dedicado a "Bosie", o amante que acabou por provocar sua desgraça. Foi libertado em 1897 exilou-se em Paris, já com o espírito aquebrantado e financeiramente prejudicado e morreu de meningite agravada por abuso de álcool e pela sífilis aos 46 anos, no ano de 1900.

FREDÈRIC CHOPIN é considerado o maior músico do período romântico, nasceu na Polônia em 1810 e morreu de síndrome da fibrose cística pulmonar, erroneamente diagnosticada como tuberculose, em Paris, aos 39 anos, em 1849. Foi o compositor dos famosos noturnos, música triste, profunda. Além da carreira, sua vida foi marcada pelo relacionamento com Geòrge Sand, escritora protofeminista com quem teve dois filhos. Antes de morrer pediu à irmã Ludowica que seu coração fosse arrancado e enterrado à parte, por medo de ser enterrado vivo. Ela atendeu ao pedido e enviou o coração em uma caixa lacrada para a Polônia, onde está até hoje, num monumento funerário que para os poloneses é o "verdadeiro túmulo de Chopin".

ISADORA DUNCAN – Bailarina, americana, nasceu em São Francisco, na California em 1877 e morreu de fratura no pescoço em 1927 em Nice, na França, quando passeava num conversível e sua echàrpe enganchou-se na roda do automóvel. Inventou o ballet moderno e dançava descalça, foi ardorosa defensora do amor livre. Teve uma existência trágica,  perdendo seus dois filhos ainda pequenos. Segundo sua biografia, suas últimas palavras foram: "Adeus, amigos, vou para a glória!" ou "Adeus, amigos, vou para o amor", mas, muitos creditam essas palavras ao biógrafo, porque essa era a forma com que Isadora usualmente despedia-se ao fim dos espetáculos.

JACQUES-JOSEPH CHAMPOLLION (1778-1868) e JEAN-FRANÇOIS CHAMPOLLION (1790 - 1832) (ou Champollion & Champollion)  – Irmãos, foram professores de línguas antigas na frança e precursores da arqueologia moderna.  Foram pioneiros da conservação e tradução de manuscritos em grego antigo e latim, e o mais novo, Jean-François, decifrou a pedra de Roseta, um antigo artefato que continha correspondencias entre grego antigo, latim e hieroglifos egípcios, o que tornou possível decifrar a escrita hieroglifica das pirâmides e tumbas do antigo Egito.

ALEXANDRE DUMAS, PAI (1802-1870) e ALEXANDRE DUMAS, FILHO(1824-1895) –  São a única licença poética desta fanfic, uma vez que nenhum dos dois está enterrado no Père Lachaise. Foram grandes escritores franceses: Dumas, o pai escreveu os marcantes romances "O conde de Monte Cristo", "Os três mosqueteiros", "Os irmãos Corsos" e "O homem da Máscara de Ferro" e é considerado o grande inventor do romance de aventura. Foi marcado por ser filho de um general da aristocracia francesa e de uma escrava negra liberta. Está enterrado no panteão literário da França. Dumas, o filho, é autor do romance que inventou a moderna tragédia romântica: "A Dama das Camélias", que narra a história da paixão de um jovem aristocrata por uma linda cortesã que acaba por morrer de tuberculose. É um romance que influenciou várias gerações de escritores e foi recriado várias vezes tanto na literatura quanto no teatro e cinema. Influenciou escritores brasileiros como José de Alencar (no romance "Lucíola") e Machado de Assis (numa de suas primeiras obras, "Helena"). Mais de cem anos após sua morte, foi homenageado no filme "Moulin Rouge", cuja história guarda diversas semelhanças com o seu famoso romance. Está enterrado no cemitério de Montmartre, em Paris.

AMEDEO MODIGLIANI – Pintor ítalo-judeu, nascido em 1884, radicado em Paris onde morreu em 1920 aos 36 anos, Mondigliani era conhecido por sua terrível personalidade, que muitas vezes atrapalhou sua carreira: ao perguntar a opinião sobre cinco esculturas suas para Claude Monet, e ouvir este dizer: “Deveriam ser atiradas no Sena” ele realmente lançou as esculturas no rio, onde desapareceram. Até hoje existe uma recompensa para quem as resgatar. Depois de desistir da escultura, fez carreira como pintor, mas só foi realmente reconhecido como genial depois de sua morte por meningite tuberculosa, agravada pelo alcoolismo. Tendo morrido na miséria, seus quadros, notoriamente os nus, hoje chegam à casa dos milhões de Euros. Sua mulher, Jeanne Hébuterne, cometeu o suicídio dias após a sua morte, mesmo estando grávida de oito meses e deixando uma filha, que posteriormente seria biógrafa do pai e destaque na luta pelo feminismo no final dos anos 1930 e grande entusiasta da resistência francesa à ocupação alemã, a partir de 1940.

MATA HARI – Atriz, dançarina exótica e espiã durante a 1ª Guerra Mundial, Margaretha Gertruida Zelle nasceu na Holanda no ano de 1876, filha de um aristocrata com uma imigrnte javanesa. Depois de uma infância abastada, teve que encarar a pobreza aos 15 anos e  encarou um casamento de conveniência com um oficial do exército, que fracassou após a morte do filho mais velho aos dois anos de idade. Para criar a filha sobrevivente, adotou a profissão de dançarina exótica e o nome de Mata Hari, que em javanês quer dizer "raio de sol" ou "olho do sol". Nunca foi completamente esclarecido como ela passou de dançarina a espiã, mas o fato é que sua sorte acabou aos 41 anos, quando foi presa no Ritz em outubro de 1917, e, depois de breve julgamento, condenada ao pelotão de fuzilamento. Diz a lenda que antes da ordem de atirar, Mata jogou aos soldados um beijo e abriu a tunica, tendo sido fuzilada completamente nua.

SARAH BERNARDT – A “diva” considerada a maior atriz teatral de todos os tempos, nasceu em 1844, em Paris, e teve uma longa carreira teatral, notabilizando-se em papéis tanto de tragédia como de comédia. Foi tão famosa no seu tempo, que chegou a fazer turnês mundiais tendo percorrido toda a Europa, as Américas e até mesmo a Austrália encenando peças como "A Dama das Camélias", "Medéia" e "Fedra". Considerando-se que na sua época não havia mídia de amplitude global, sua carreira mundial é um feito a ser registrado como único. Ficou notório o registro de sua imagem nos cartazes litograficos de suas peças, desenhados pelo artista Alphonse Mucha. Oscar Wilde ficava tão impressionado com suas performances que para ela escreveu sua única peça teatral: Salomé. Pioneira do Cinema, foi protagonista de filmes rodados entre 1900 e 1916, entre eles "Hamlet" e  "A Dama das Camélias".   Morreu no ano de 1923, aos 78 anos, de uma uremia aguda decorrente dos problemas de uma infecção na perna esquerda, que fora amputada em 1915. Por acaso, o acidente que gerou a infecção que custou a vida de Sarah Bernardt aconteceu no Brasil no ano de 1905, dizem, que por imprudência de uma criada que teria esquecido de por uma escada  atrás de um muro cenográfico que ela deveria pular. Na época, boatos diziam que ela recusara-se a enterrar sua perna, guardando o membro amputado embalsamado em sua casa para que fosse enterrado junto com ela. Esse boato nunca foi confirmado.

EDIT PIAF – Cantora Francesa, a voz da França, Piaf é celebrada até hoje como uma das maiores cantoras de todos os tempos. Sua gravação mais famosa é “La vie en Rose”. Nasceu no ano de 1915 e era filha de um acrobata de rua e uma cantora de bordel. Para que sua mãe trabalhasse, as prostitutas do bordel tomavam conta da pequena Edit, que ficou cega entre os sete e oito anos de idade, e jurava ter sido curada por milagre após ter sido levada ao túmulo de Santa Terezinha de Lisièx pelas suas "mães emprestadas". Aos 15 anos tornou-se também artista de rua, como o pai, e foi descoberta cantando no ano de 1935. Apesar do sucesso, teve muitas tragédias na vida pessoal: perdeu sua filha única antes mesmo de fazer sucesso e seu grande amor, o pugilista e campeão mundial de boxe Marcel Cerdan num acidente de avião na década de 1940. Morreu em 1963, aos 47 anos, deblitada por uma vida de excessos e vícios. Seu túmulo é um dos mais visitados e cultuados do Père Lachaise. O "dueto inusitado" citado na fanfiction, entre Piaf e Maria Callas, seria improvável na vida real, uma vez que Piaf era uma cantora popular de1,42m de altura e Callas uma cantora lírica com mais de 1,70.

MARIA CALLAS - Considerada a grande diva da ópera do século XX, nasceu nos Estados Unidos em 1923, filha de imigrantes gregos muito pobres. Em 1937 regressou com a mãe para a Grécia, onde estudou canto, ingressou na Ópera de Atenas em 1941 e em 1947 estreou num papel secundário da ópera "La gioconda", com grande repercussão como soprano, chegando ao papel de protagonista no ano seguinte, com a ópera "Norma". Teve uma carreira de altos astronômicos e baixos abissais, tendo sido perdidamente apaixonada pelo armador grego Aristóteles Onassis, com quem teve um filho, morto ainda na infância. Com a carreia destruída pela insegurança após ter sido abandonada por Onassis (que a deixou para casar-se com Jackeline Kennedy), ela morreu depois de dez anos de auto-exílio em Paris, no ano de 1977 aos 54 anos. Apesar de ter sido cremada e de suas cinzas terem sido espalhadas no mar Egeu, Maria Callas tem um monumento dedicado a ela numa ala do Père Lachaise.

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