UMA PAUSA NAS INVESTIGAÇÕES.



 Harry não sabia o que fazer com o que descobrira. Foi muito difícil esconder de Willy o quanto isso o abalara. Agora ele se pegava olhando para ela e pensando “Ela é neta de Voldemort! Como vou dizer isso para ela?”
‒ Harry? – a voz de Willy o fez dar um salto, estavam jantando no bar, agora fechado, ela preparara qualquer coisa para eles comerem
‒ Hã?
‒ Harry, onde você está? Eu estava te dizendo que agora vai haver uma grande modificação na Organização onde trabalho e você ficou olhando pra ontem... o que está acontecendo? De repente você ficou esquisito.
‒ Nada, eu estava pensando no que fazer quando voltarmos. Eu vou te deixar com Sheeba e Sirius.
‒ Porquê? Eu estou triste mas vou ficar bem.
‒ Não é isso – ele mentiu – eu não sei porque o Camaleão seqüestrou seu...tio e ele pode estar atrás de você. Sirius e Sheeba estão de férias, as aulas não começam antes de Setembro, se você preferir, eu levo a nossa casa para Hogsmeade. Você vai estar mais segura lá.
‒ Pensando bem... acho que será melhor assim.
‒ Claro, em algumas semanas Hermione e Rony vão estar lá, você sabe que vão começar o filme sobre a minha vida... acho que é melhor, enquanto eu estou envolvido neste caso que você fique perto de pessoas que eu confio.
‒ Está bem. Vamos amanhã?
‒ Assim que você se reunir com seu novo chefe. Eu preciso estar em Londres na sexta-feira, vou me reunir com a “comissão”  agora somos quatro, o Japonês pediu dispensa, mas vou ter a colaboração do seu amiguinho.
‒ Ah, Harry, não comece. Venha.
‒ O quê? – ela o puxou e levou-o para o lado de fora, estava uma noite límpida, a lua minguante e uma quantidade imensa de estrelas num céu arroxeado e luminoso. Os luons haviam ido atrás deles e cintilavam sorridentes à sua volta.
‒ Esse é o céu mais bonito do mundo, não é?
‒ Harry olhou primeiro para o céu, depois para ela. Era o céu mais lindo que já vira realmente. E agora? Ele contava para ela ou a deixava sem saber de nada? Os luons punham luzes e sombras no rosto dela, e ele lembrou-se novamente de uma noite há tanto tempo atrás, quando ela lhe roubara um beijo. Sorriu. Naquele dia ele achava que ela era filha de um Comensal da Morte, e isso não importara. Agora, também não importava se ela era neta de Voldemort. Ela a abraçou e decidiu que não contaria nada. Era melhor assim.

Dois dias depois, ele estava interno num esconderijo desativado desde a época em que Voldemort estivera no poder pela primeira vez. Cinco aurores discutiam sobre as últimas descobertas sobre o camaleão.
Olho tonto Moody descobrira que ele passara primeiro ano em que surgira sediado na França, mais exatamente no submundo de Paris, ali começara sua carreira de assassino. Em um ano seu preço subira absurdamente. Ele usava vários nomes, mas suas contas em bancos trouxas estavam em nome de Camyllo Ouif. Espalhou fotos com as aparências que ele normalmente usava sobre a mesa. Eles olharam curiosos. Realmente, quando resolvia sair de seu ostracismo para trabalhar, Moody era muito eficiente.
Stoneheart mostrou a aparência que ele assumira quando matara Hourke, que aparentemente era a mais usada: um jovem branco de olhos e cabelos negros, Troy confirmou que era a mesma que ele usara em Odessa. Moody disse que para isso ele provavelmente teria que possuir um determinado objeto bem raro, já que todas as comissões de investigação haviam concluído que ele não dominava a arte da transfiguração total. Moody tirou uma figura de dentro de sua pasta, ela fora retirada de um livro antigo. Parecia um pêndulo, com uma pedra azulada na ponta “A PEDRA DE LIMOGES”, dizia a legenda.
‒ Eu tenho para mim – começou Moody – que ele tem uma destas. Eu fiz um levantamento, no começo ele andava encapuzado, e lidava somente com trouxas, fazendo pequenos crimes. Daí concluímos que ele não poderia fazer transfiguração total. De alguma forma ele conseguiu uma pedra de limoges como essa e começou a usá-la.
‒ E como ele conseguiria uma pedra de limoges? – perguntou Troy com um olhar cínico – elas estão banidas. Matam quem as usa por muito tempo.
‒ Não é bem assim – disse Moody – elas matam a quem pertencem. Pedras de maldição... mas muitas famílias ainda tem pedras de limoges escondidas em seus sótãos e porões... elas valem muito dinheiro, mas só são consideradas de alguém se a compra é atestada por um registro no breviário de família. Ele pode ter roubado a pedra de alguém, que deve estar doente por causa disso...
Uma luz acendeu-se na cabeça de Harry... Draco, ele estava doente e a família dele era famosa por ter alguns objetos proibidos. Mas havia apenas um ano que estava doente, e o camaleão vinha usando a pedra há pelo menos cinco anos, não. Não podia ser Draco.
‒ Quanto tempo será que demora para uma pessoa ficar doente por usar a pedra? – perguntou Harry, pensando ainda em Draco.
‒ Depende da pessoa. Alguns podem adoecer gravemente logo, outros desenvolvem doenças por anos e anos.
‒ E para desfazer a maldição é preciso um feitiço?
‒ Sim, ou o dano permanece para sempre... mas é necessário destruir a pedra primeiro, depois que ela começa a sugar a vida da pessoa, só passa com um feitiço muito potente. Uma contramaldição poderosa.
‒ E o que nós vamos fazer agora?
‒ Vamos para Paris – disse Moody – descobrir como o Camaleão se tornou quem é...
Harry permaneceu calado, olhando para Troy, Moody, Stoneheart e Mr. Sandman. Era melhor não pensar em Draco por aquele momento.

Em Paris, Moody os abandonou e eles se separaram. Estavam todos transfigurados de forma completamente diferente, ele como seu alter ego “Joe” e Stoneheart como “Jack”... Troy fez uma minuciosa transformação de cabelo e pele, mas teve sérios problemas quando tentou mudar a forma do próprio nariz e acabou desistindo. Mr. Sandman disse que os encontraria num bar dentro de uma semana depois e deu a eles a missão de vasculhar o submundo de Paris em busca de indícios da vida do Camaleão entre os trouxas antes de se tornar quem fora. Descobriram muito pouco, não dava para investigar sem parecer suspeito, mesmo usando pílulas de francês para falar sem nenhum sotaque.
Ao final do quarto dia, Harry estava muito desanimado, sentado num café próximo ao centro de Paris. Fazia mais de uma semana que não via Willy, e não podia mandar nenhuma coruja para ela também, porque realmente tinha que ficar incógnito por ali. Não haviam avançado sequer um milímetro na investigação sobre o Camaleão. Sabiam que ele fizera contatos esporádicos no submundo de Paris há pouco mais de cinco anos, e logo cometera o primeiro crime, matando um juiz parisiense. Esse crime, que passou por acidente de carro, deu-lhe fama entre os assassinos de aluguel. De alguma forma, os trouxas interessados em matar alguém sempre chegavam a ele.
Ele tivera um intermediário por dois anos, um trouxa chamado apenas de Reubens, que desaparecera por completo. E isso era tudo que eles sabiam. Faltavam peças demais nesse quebra cabeça. Porque afinal de contas ele se tornara um assassino profissional de trouxas? Pelos cálculos dele (que entendia mais de dinheiro trouxa que qualquer um outro pelo tempo que vivera entre eles) ele já amealhara uma fortuna de cerca de seis milhões de Libras, o que dava uns dez milhões de dólares e cerca de um milhão de galeões. Era óbvio que ele matava por dinheiro, e matar sem deixar marcas como um bruxo sabia fazer era muito valioso. Mas para que um Bruxo ia querer dinheiro trouxa?
Passou  mão no rosto para espantar os maus pensamentos. Depois começou a pensar em como seria  bom dar uma desaparatada rápida para passar pelo menos um dia em casa, mas não podia estragar o seu disfarce, eram estes disfarces que impediam que aurores como ela acabassem com a cara como a de Olho Tonto Moody. Sentia falta de seus amigos, Rony, Hermione... quase não os via, e isso era chato. Suas vidas haviam se separado depois de sua formatura, os interessas de cada um haviam mudado. Por onde andariam Simmas Finningan, Dino Thomas, Lilá Brown? Estes realmente ele não tinha notícias há anos... até dos dois chatos irmãos Creevey, Colin e Dênis ele sentia alguma saudade. Mas sentia mais saudades era da época que vivera em Hogwarts, com todos os problemas terríveis que passara por lá.
Não que a vida atual fosse ruim: tinha uma boa casa, tinha um bom trabalho, continuava trocando corujas com os amigos mais próximos, ainda via Sirius com uma boa freqüência, e sabia que o padrinho agora se sentia um tanto frustrado, talvez fosse a crise dos quarenta, ele não sabia ao certo. Mas sabia que embora Sirius amasse Hogwarts tanto quanto ele e gostasse de ser professor de defesa contra as artes das trevas (o primeiro que durara mais que um ano em muito tempo!), sentia falta de algo mais em sua vida. Algo que nem Sheeba e as crianças conseguiam lhe oferecer.
“Será que ninguém está satisfeito? Isso é que é afinal ser um bruxo adulto?” Ele pretendia quem sabe passar mais uns anos como auror e depois licenciar-se e tentar até ser professor de Hogwarts, mas não professor de defesa contra as artes das trevas ou outra coisa complicada... não. Queria ser professor de vôo. Seria muito mais divertido, com certeza. Às vezes se pegava pensando se não tinha sido um idiota ao recusar-se a ser jogador de quadribol profissional, ele teria sido grande e sabia disso “melhor que o imbecil do Adams, com certeza”... agora era tarde, ninguém começava uma carreira no quadribol aos 24 anos. Victor Krum aos 28 já estava pensado em aposentar-se, ele sabia porque às vezes o búlgaro lhe mandava um cartão os países que visitara. No momento ele estava na África, e disse que pensava em abrir uma escola de Quadribol por lá.
Mas tudo isso ele pensava para evitar pensar na sua recente descoberta sobre Willy. Um dia eles teriam filhos. E seu sangue se misturaria ao sangue de Voldemort... ao sangue de Slytherin. Imaginava um filho ou filha dele mandando uma coruja: “Papai, entrei pra Sonserina, não é legal?” Não, decididamente, não era legal imaginar que podia ter um filho na Sonserina. Era engraçado como ele nunca pensara nisso quando Willy era da Sonserina. Parecia para ele na época muito incoerente que ela fosse da Sonserina, ela era tão...boa.
Só os anos mostraram a ele que afinal isso não tinha a ver com bondade ou maldade, mas sim com as qualidades principais de um Sonserino: a ambição e a ousadia, e Willy tinha as duas coisas: ela era incansável ao trabalhar oito horas por dia nas suas invenções e ele sabia que o que ela queria era inventar algo que fosse importante. Isso era ambição. A ousadia ela sempre soubera que ela tinha, desde o dia que a vira entrar no campo de quadribol arrastando uma vassoura descabelada e enfiada numa veste grande demais pra ela.
E ela tinha o sangue de Voldemort... Atlantis também tivera, mas fora bom a ponto de morrer para libertar Luc.  E agora, maquinando, ele imaginava se ele não fizera isso justamente porque Voldemort se revelara como pai de Atlantis. Mas agora Atlantis não estava mais ali para dizer nada a ele. Era uma pena. Imaginava que grande avô não seria Atlantis, que era também um do homens mais justos e inteligentes que ele já conhecera. Será que ele e Willy teriam filhos bons?
‒ Se juntarmos a coragem de um grifnório à ousadia e ambição de um sonserino... provavelmente teremos um bruxo que ninguém vai querer ter como inimigo, sabia? – uma voz falou baixo bem próxima a ele. Harry deu um pulo e encarou uma pessoa que ele não vira sentar-se ao seu lado. Arregalou os olhos para encarar um velhinho de cabelos longos e barba idem muito prateadas,  sentado bem ao seu lado com uma xícara de chocolate quente à frente. Dumbledore! Ele usava uma veste longa e uma capa discreta (para padrões “dumbledorianos”) ambas de um azul muito escuro. A capa tinha um capuz.
‒ Professor.. desde quando o senhor lê pensamentos e aparece assim do nada?
‒ Eu não apareço do nada, Harry – Dumbledore sorriu – nem muito menos leio pensamentos. Mas sou bom em tirar conclusões. Quando Igraine foi morta eu imaginei que você acabasse descobrindo que Willy era neta de Tom Riddle. E me inteirei de seu paradeiro com Mr. Sandman, ele é um bom amigo e me disse que você andava meio calado... Quando eu te achei aqui e vi você olhando para o nada... bem, eu concluí que você só podia estar pensando sobre você e Willy. E obviamente, no futuro com os filhos que você pretende um dia ter. Acertei?
‒ Em cem por cento – sorriu Harry
‒ Bem, está na hora então de esclarecer algumas coisas. Venha comigo – Ele o levou até um lugar deserto e disse: Vamos desaparatar juntos, pense: “Seguirei Dumbledore”.
 Harry seguiu as ordens do professor e o seguiu. Aparataram em um cemitério deserto e pequeno, àquela hora escuro como breu. Ambos acenderam as varinhas. Eram as primeiras horas de uma madrugada de Segunda feira e não se via nada muito além dali. Dumbledore andou com ele pelo cemitério até chegar em frente a dois túmulos idênticos, com pedras cobertas de hera e lápides iguais, escritas em baixo relevo. Harry teve um choque. Era a primeira vez na vida que visitava o túmulo dos pais. Ele olhou para Dumbledore.
‒ Onde estamos?
‒ No Cemitério de Goodrich’s Hollow. Eu não venho aqui desde o enterro deles, Harry. Mas tenho pago alguém para cuidar que seus túmulos estejam sempre bem.
‒ O que eles tem a ver com isso?
‒ Você lembra quando eu disse a você que Riddle era o último Slytherin?
‒ Lembro. E não era.
‒ Mas era o último que sabia ser um deles. Sabe, Harry, eu fui muito amigo de Aristóteles Hemerinos... quando ele era presidente da fundação cometeu um deslize.. ele era casado, mas não tinha filhos. Ele teve um romance com uma bruxa... desse romance nasceu Igraine.
‒ A avó de Willy.
‒ Sim. Hemerinos não a assumiu. A bruxa que era mãe dela a criou sozinha, mas Hemerinos pediu que eu olhasse por Igraine, e na época certa, ela foi para Hogwarts. Igraine foi uma menina inteligente e rebelde... exatamente como Willy. Quando ela estava em Hogwarts, seu pai ficou viúvo e tentou se aproximar dela. Ela não quis saber dele. Estava revoltada por nunca ter sido ajudada pelo pai... Ninguém sabia do romance dela com o jovem fenômeno Riddle, apenas eu.
‒ Desde que ele entrara para a escola eu o observava. Eu sabia que ele era especial e podia desvirtuar-se muito facilmente. Um gênio. Qual não foi minha surpresa quando notei que ele e Igraine estavam se apaixonando um pelo outro. Por algum tempo, achei que esse romance o salvaria. Então ele desapareceu, e deixou-a para trás. Ela se tornou uma bruxa solitária e reclusa, do mesmo tipo que a própria mãe fora um dia. E cinco anos depois de formada, desapareceu também, sucumbiu à tentação de seguir Riddle.
‒ Quando ela reapareceu me procurando e pedindo proteção, estava grávida e temia pela própria vida. Eu a levei para que seu velho pai cuidasse dela, mas ela me escondeu a história da garra da sombra, eu não sabia que ela a possuia. Tudo foi bem até ela resolver abandonar a fundação. E daí em diante, você já sabe a história. Em todos esses anos, imaginei que ela ainda amasse Tom Riddle, e estava certo.
‒ Então, quando Atlantis contou sua história... o senhor já sabia que ele era filho de Voldemort?
‒ Sim. Quando eu vi você e Willy entrando na minha sala arrastados por Snape no dia em que começaram a namorar – ele riu e Harry não pôde deixar de rir também – eu lembrei de uma velha história... quando os fundadores iniciaram Hogwarts, Slytherin ainda não era um bruxo das trevas, mas já não ia muito com a cara de Griffndor. E era correspondido nesta antipatia. Rowena Ravenclaw, que tinha o toque de Prometeu...
‒ Como Sheeba!
‒ Exatamente... tradicionalmente as bruxas pitonisas sempre acabam na Corvinal por isso. Bem, Rowena fez uma previsão que exasperou muito Slytherin e Griffndor. Ela disse que não adiantava eles brigarem, pois um dia teriam um descendente em comum. Curioso. Demorou mil anos para que isso acontecesse.
‒ O senhor está dizendo... que eu sou um descendente de Griffndor? – Dumbledore apenas assentiu com a cabeça.
‒ Foi por isso que Voldemort quis te matar, Harry. Historicamente, os descendentes de Griffndor sempre derrotaram os descendentes de Slytherin que desviavam-se para o lado das trevas... ele quis derrotar seu pai e não deixar sequer um único Griffndor vivo. Por isso quase poupou sua mãe.
‒ Harry digeriu as informações por alguns segundos e então encarou Dumbledore. O velho bruxo realmente continuava com o dom de surpreendê-lo.

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