O PASSEIO DE VASSOURA



Foi um grupo grande o que voltou aquela tarde a Hogwarts, John e sua filha acompanharam Sirius, Sheeba e os outros para o castelo. Embora fosse dia da festa do Dia das Bruxas, havia coisas muito sérias a serem tratadas. Nem bem chegaram a Hogwarts, Dumbledore apareceu, chamado Sirius e John para uma conversa. Sue aproveitou enquanto estava solta, e foi fuçar algum canto do castelo, desvencilhando-se dos outros jovens. Quando estava perto das masmorras da Sonserina, ouviu uma voz monótona e arrastada atrás dela:
    ‒ Acredito que realmente este é o fim de Hogwarts... ‒ Sue virou-se e deu de cara com um garoto mais ou menos da sua altura, cabelos louros muito claros e rosto comprido, uma expressão de tédio enquanto a olhava.
    ‒ Alguém te perguntou algum coisa?
    ‒ Você é uma trouxa! Não deveria estar aqui.
    ‒ Eu espero realmente que um vampiro te pegue, garoto... aí você realmente vai precisar que uma trouxa como eu esteja por perto...
    ‒ Ah, essa história de irmandade... meu pai me falou... ele diz que vocês são um bando de trouxas que pensa que é menos trouxa ‒ Draco não acabou de falar, Sue deu um golpe nele e derrubou-o no chão, prendendo-o com os braços
    ‒ Há! Idiota. Quero ver você me derrubar com um feitiço mais rápido que esse.. Nós somos bem treinados, se você fosse um vampiro, agora eu te virava assim ‒ Sue virou Draco de frente e seus olhos se encontraram, Draco sentiu-se atraído pelo brilho malicioso dos olhos da garota, ela parou um segundo, antes de completar ‒ Veja, com esta mão livre eu cravava uma estaca bem no seu coração, cretino. ‒ ela levantou, deixando-o no chão, com cara de bobo. Sem saber muito bem o que fazer, Draco foi atrás da menina.
    ‒ Ei, eu não quis te ofender...
    ‒ Tarde demais, já ofendeu. Bye bye, bruxinho...
    ‒ Quer dizer.. eu não sabia que vocês eram assim... entenda, eu sei muito pouco sobre trouxas ‒ Sue virou-se rindo.
    ‒ Vai me dizer que vocês crescem sem saber o que é mundo lá fora?
    ‒ Não é assim também... mas veja bem, famílias tradicionais de bruxos, como a minha...
    ‒ Ah, não enche, cara ‒ Sue saiu e Draco agora quase corria atrás dela. Repentinamente ele teve uma idéia.
    ‒ Quer voar numa  vassoura?
    ‒ O quê?
    ‒ Voar, na minha vassoura... eu te levo. Eu vôo muito bem...
    ‒ Vou pensar no seu caso...
    ‒ Se é assim ‒ Draco perdeu a paciência, finalmente ‒ Tchau.
    ‒ Ei, ei! Já pensei, eu quero.
    ‒ Não saia daqui, vou pegar minha vassoura.
    ‒ OK.
    Draco não demorou três minutos para voltar com a vassoura Nimbus 2001 que usava no Quadribol. Sue olhou-a incrédula:
    ‒ Você voa nisso? Parece meio ridículo...
    ‒ Claro, qual o problema?
    ‒ Não me parece possível... uma vassoura?
    ‒ Eu não disse que você era decididamente uma trouxa?
    No momento em que passaram pelo salão, Rony viu-os e disse a Harry:
    ‒ Lembra que você me prometeu deixar andar na sua Firebolt quando eu quisesse? Pois, bem Harry, eu quero, agora!
    Draco explicou a Sue algumas coisas básicas sobre vôo em vassoura e disse-lhe que não tivesse medo. Sue olhava-o incrédulo. Então, ele pediu que ela se posicionasse atrás dele e segurasse em sua cintura que ele faria o resto. Quando ele impulsionou para frente e o alto a vassoura e ela sentiu seus pés saírem do chão, deu um grito, olhando incrédula para baixo, para o campo que ia se afastando.
    ‒ Nossa! essa coisa voa mesmo!
    ‒ Não se empolgue... ela só voa com um bruxo de verdade pilotando-a...
    ‒ Cara, você é muito chato... e eu não sei seu nome.
    ‒ Draco. Draco Malfoy
    ‒ Draco? Que nome esquisito! O meu é Sue Anne, mas pode me chamar só de Sue.
    ‒ Seu nome não é muito melhor que o meu. ‒ Draco estava começando a se sentir bastante satisfeito quando algumas silhuetas surgiram lá embaixo, para seu grande descontentamento. Ele viu um grupo composto por Harry, Rony, Nevile, Hermione, Gina e Willy chegar, alguns trazendo vassouras.
    ‒ Ah, não... lá vem a troupe do Potter.
    ‒ Quem?
    ‒ O garoto de ouro, o famoso... só porque tem uma cicatriz...
    ‒ É o afilhado do Sirius?
    ‒ Ele mesmo...
    ‒ O que ele tem de tão especial além daquela cicatriz idiota? Achei ele um saco, e a namoradinha dele é pior ainda! ‒ Aquilo soava como música aos ouvidos de Draco... pela primeira vez na vida ele via alguém falando que Harry Potter era chato! Ficou tão feliz que deu um rasante com a vassoura sobre o grupo. Aquilo fez Rony subir na Firebolt e ir em seu encalço. Hermione, que já estava contrariada, deu a volta e foi refugiar-se dentro do castelo, morrendo de ciúmes.
    ‒ Ei, Malfoy ‒ Rony provocou, emparelhando com Draco ‒ Você já disse a ela que sempre perde no quadribol para o Harry?
    ‒ Não, mas já falei que sua família é tão pobre que dorme dentro de uma caixa de sapato!
    ‒ O que é quadribol?
    Draco e Rony voavam de um lado para o outro se provocando, sob as risadas de Sue, de vez em quando Harry olhava preocupado para sua vassoura, mas não ligando muito. Neville pegou uma das vassouras que havia trazido e chamou Gina para um passeio. Willy perguntou a Harry:
    ‒ Quer dar uma volta na Sieglinda?
    ‒ Não. Quero aproveitar que o Snape não está olhando para poder te abraçar. ‒ Harry abraçou Willy e os dois ficaram sentados na grama, ora olhando os outros voando no céu, sentindo o frio da tarde que caía , ora dando beijos discretos, porque ninguém garantiria que Snape não pudesse aparecer a qualquer momento. Nem eles nem os outros repararam que anoitecia rapidamente.
    Ninguém também reparou, quando a noite finalmente caiu, numa névoa esbranquiçada e brilhante que veio deslizando de dentro da floresta proibida, deslocando-se sinuosamente próxima do chão, como se fosse uma gigantesca cobra de fumaça... nenhum deles viu que a névoa se adensava rapidamente na orla da floresta, tapando a visão das árvores mais próximas... muito menos eles notaram quando dois grandes morcegos negros levantaram vôo do meio da névoa.
    Rony e Draco continuavam sua pequena guerra no céu quando Sue deu um grito. Um dos morcegos voava rapidamente na direção de Rony e antes que ele pudesse desviar a vassoura, surgiu na sua garupa uma mulher loura, de cabelos curtos e olhos vermelhos. Draco parou horrorizado a cerca de dez metros dele, Sue dizia:
    ‒ Rápido, rápido Draco, chegue perto dele, não deixe que ela morda o pescoço! ‒ Draco arremeteu com a vassoura na direção de Rony, que lutava com a vampira, que já tentava cravar seus dentes enormes nele, segurando sua cabeça, Draco conseguiu bater com o cabo no rosto da vampira, que virou para ele furiosa dando um grito assustador. Sue tentava tirar de dentro da jaqueta seu punhal de prata sem cair da vassoura
    No chão, Harry e Willy só notaram o que estava acontecendo quando a vampira deu o grito, Harry pegou a vassoura de Willy e rapidamente levantou vôo, disse a ela que fosse buscar John, passou por Nevile no céu, pedindo a ele que desse a volta e entrasse com Gina o mais rápido possível, enquanto ele tentava fazer alguma coisa. Neville desceu rapidamente, puxando Gina e Willy na direção do Castelo
    No céu, ficava cada vez mais difícil para Draco evitar que a vampira mordesse Rony, ela lutava com ele e cada vez que batia em sua vassoura, Draco descia cerca de um metro, Rony virava a vassoura descontroladamente tentando fazer a vampira perder o equilíbrio. Harry então, montado em Sieglinda, acertou a vampira, que gritou mais uma vez. Agora eram duas vassouras a atacá-la.
    Quando Neville e as meninas estavam quase alcançando a porta do castelo, deram de cara com um vampiro enorme, de ombros largos, negro, o cabelo crespo arrepiado sobre a cabeça, ele tinha os olhos saltados e amarelos, e ria, conforme avançava para eles, os dentes arreganhados, ameaçadores.
    Sue teve uma idéia. Como não conseguia alcançar a vampira com o punhal de prata, deu um talho fundo com ele em seu antebraço, um jato de sangue espirrou, para espanto de Draco. Quando ele se aproximou novamente da vassoura onde Roni estava, Sue esticou o braço e fez com que seu sangue caísse direto nos olhos da vampira. A vampira levou a mão aos olhos e deu um grito. Harry conseguiu então dar um encontrão nela pelo outro lado, a vampira começou a cair, mas antes de tocar o chão transformou-se num morcego e saiu voando na direção da floresta, meio desorientada.
    Lá embaixo o vampiro avançava para Neville, que mesmo amedrontado, mantinha Gina e Willy atrás de si, numa atitude protetora. Quando o vampiro deu um salto para frente, algo o atingiu com força, e ele rolou para o lado. John viera correndo de dentro do castelo e se jogara sobre ele, lutaram  por uns instantes até que John conseguiu cravar no coração dele a estaca de prata que reluzia em sua mão, levantou-se rápido, jogando-se sobre os jovens:
    ‒ Não olhem para ele!
    Com um grito de gelar os ossos o vampiro começou a se liqüefazer, borbulhando pela grama, virando uma massa disforme de sangue. Enfim, a massa evaporou deixando um cheiro enjoado no ar. John levantou-se e pegou no chão sua estaca de prata. Nesse momento, Harry e os outros pousavam, Sue segurava o braço ferido, amparada agora por Draco. John virou-se olhando furioso para a filha, mas antes de dizer qualquer coisa enxotou brutalmente os jovens, levando-os para dentro do castelo.
    ‒ Muito bem, mocinha, quantas vezes eu tenho que te dizer que onde existem vampiros não se deve ficar dando sopa ao ar livre durante a noite? Você tem idéia de quantas pessoas você pôs em risco hoje? E se um vampiro pegasse um deles? Que você espera que o professor Dumbledore dissesse aos pais? Eu vou mandar você hoje mesmo para a casa do seu avô, e quando eu chegar lá...
    ‒ Não brigue com ela, John ‒ a voz calma de Alvo Dumbledore interrompeu-o. Ele olhou para o bruxo, que o encarava serenamente ‒ Se sua filha não estivesse lá fora, a essa hora provavelmente o jovem Weasley já teria sido vampirizado... ela demonstrou muita coragem... claro que foi uma grande imprudência DE TODOS ‒ os jovens se encolheram ligeiramente sob o olhar severo de Dumbledore ‒ ficar lá fora depois de anoitecer... mas não havia ainda nenhuma prova de que eles estavam por aqui... vou baixar uma circular e a partir de hoje todos estão proibidos de sair da escola depois do anoitecer. Agora, vamos esquecer isso um pouco... lacrei as portas do castelo,  quem está do lado de dentro só vai poder sair amanhã pela manhã... acredito que isso nos permita ter uma festa de dia das bruxas menos deprimente.

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