COMO JOÃO E MARIA



A consciência de Sirius foi voltando aos poucos. Ele estava imerso até o pescoço numa substância que se movia ruidosamente ao seu redor... sentia às vezes algo beliscá-lo. Ouvia barulhos estranhos... sentia um cheiro repugnante. Azedo.
    Ratos. Sirius abriu os olhos e viu que estava mergulhado em uma espécie de piscina cheia até à boca de ratos. O peso dos ratos o impedia de se mover. Não estava mais na câmara circular, mas num lugar amplo, úmido e iluminado por um luz estranha e avermelhada. Era uma grande caverna subterrânea, alta como uma catedral. Ouviu uma risada nojenta e viu, parado na beira do buraco, O vulto baixo e gordo de Rabicho:
    ‒ Não é que o grande, arrogante e antipático Sirius Black caiu na minha armadilha pela segunda vez?
    ‒ Pedro... Como você está diferente da última vez que eu te vi. Se não me falha a memória, você naquela ocasião suplicou para que eu não te matasse...
    ‒ Como as coisas mudam, não Sirius? O mais chato é que você vai morrer como um renegado. Nenhuma redenção, sujo, esquecido e odiado como um cão vadio... não é irônico? Eu, o pulha, o medíocre estou vivo e tenho uma fama a que não faço jus... você, que sempre foi nobre, cheio de admiradoras nos tempos de Hogwarts é temido como um grande assassino.
    ‒ Quando eu sair daqui, não vou cometer os mesmos erros... espero que seu corpo seja suficiente para mostrar quem era o canalha... ainda mais com essa marca sinistra e esse seu bracinho novo... presente do seu mestre?
    ‒ O meu mestre honra àqueles que o obedecem. Onde está o seu querido mentor?
    ‒ Rabicho, eu gostaria de saber... todo esse aparato não é para me pegar, não é mesmo? Você nunca se preocupou com isso, sempre se preocupou mais em fugir de mim...
    ‒ Na verdade o importante são estes meus amiguinhos que estão aí te fazendo companhia. Eles são a chave de todo o problema.
    ‒ Como você fica feliz entre seus iguais!
    ‒ Sirius, estes ratos que você despreza vão destruir Londres.
    ‒ Como? Vão roê-la até cair?
    ‒ Eu demorei um ano aperfeiçoando uma praga perfeita para matar trouxas... e a coloquei nestes ratos. Cada rato deste consegue sugar a energia vital de dez trouxas... Quando eu tiver me livrado de você, irei soltá-los em Londres e chamarei meu mestre para ver a destruição que eu provoquei... mas antes, eu pegarei Harry Potter... pena que você não vai viver para ver, Sirius.
    ‒ Eu achava que Voldemort era o sujeito mais maluco que conheci... agora vejo que você é pior que ele...
    ‒ Daqui a algumas horas, quando meus ratos tiverem sugado sua energia, essa ironia toda vai ter desaparecido, Sirius.
    ‒ Não sinto nada, seu babaca. Seus ratos devem estar com problemas...
    ‒ Como a energia de um bruxo é diferente, eles demoram mais para matá-los. Eu vou dar uma ajuda a eles... Cru... ‒ Rabicho não terminou de dizer a palavra. Um grande vulto branco surgiu das sombras e saltou sobre ele. Antes que ele soubesse como, a pata de um grande tigre siberiano estava sobre seu pescoço. O tigre transformou-se em Sheeba, que apertava o pescoço dele. Com a mão direita, ela segurava a varinha diante de seu coração.
    ‒ Você não sabe como é bom segurar seu pescoço e saber que você tem um beijo de dementador no seu destino, Rabicho....
    ‒ Er... Sheeba...  gasp... solte-me. Eu não queria...
    ‒ Ah, sim, você queria sim, você sempre quis ferrar Sirius, não é? Inveja, como você tinha de Tiago Potter também. Até de Lupin você tinha inveja... daria tudo para trocar de lugar com ele, ser um lobisomem, não é mesmo? Qualquer poder para você serviria, até mesmo uma maldição.
    ‒ Sheeba. Piedade!
    ‒ Como eu tiro Sirius dali?
    ‒ Calma, eu explico!
    Neste momento, Sirius, que até então estivera rindo, viu um vulto encapuzado aproximando-se por trás de Sheeba. Era o outro Comensal da morte.
    ‒ Sheeba! Atrás de você!
    Não houve tempo. Antes que Sheeba pudesse fazer qualquer coisa, o Comensal da morte desarmou-a e arrancou sua máscara, mostrando o rosto.
    O rosto de  Severo Snape.

    Harry, Rony e Hermione viram luzes surgindo no horizonte. Estava bem frio lá em cima. Rony sentia-se, um pouco a contragosto, excitado sentindo o seu corpo roçando-se no corpo de Hermione... Hermione, por sua vez, procurava não tomar conhecimento das vezes que sentiu com um certo arrepio a respiração de Rony esquentar-lhe ligeiramente a nuca...Harry à frente da motocicleta, não conseguia pensar em nada por muito tempo... já sentira isso algumas vezes... lutava contra a idéia de ver algo acontecer a Cho Chang, receava que ela estivesse em grande perigo.
     A moto aproximava-se de Londres rapidamente. Ocorreu a Harry que teriam problemas se os vissem voando nela, e , com ajuda de Hermione, cobriu o que pôde com a capa de invisibilidade... Não ficou realmente muito oculto, mas era melhor que nada... Passaram na frente do Big Ben e puderam ver a hora: dez da noite.  Harry disse à moto:
    ‒ Muito bem, você pode farejar o Sirius?
    A moto deu um grande ronco como resposta e mergulhou, fazendo que Hermione fechasse firmemente os olhos e apertasse com força o braço de Rony, que passava por sua cintura e prendia-se a Harry. Nada os preparou para o que veio a seguir. A moto pousou numa rua movimentada e acelerou mais ainda, passando como uma bala por entre carros, mas parecia que eles desviavam dela quando passava, Harry já havia visto isso antes em algum lugar... sim, claro, era como andar no noitibus, mas só que mais rápido! Deja vù de novo...
    A moto entrou por uma estação do metrô, aparentemente sem se importar que as escadas do metrô não eram para motos, ainda mais motos de dois metros de altura, e passou feito uma bala pela roleta... eles ficavam surpresos ao ver que nada acontecia à passagem da moto, as coisas simplesmente desviavam dela... Rony apavorado, disse, quando viu a moto rodar para dentro de um túnel:
    ‒ Isso decididamente não vai dar certo...
    Mas a moto empinou e começou a rodar empinada, para desespero dos três que gritavam na garupa de medo... quando luzes se aproximaram no fim do túnel, seus gritos se tornaram de puro terror, e não melhorou muito o fato de no último segundo antes de uma colisão com o trem que vinha em sentido contrário a moto enfiar-se por um túnel lateral que surgiu como por encanto à direita... ela continuou rodando mais veloz até que derrapou de lado em frente a um desabamento na parede. Os três caíram no chão. Hermione desmaiou. Rony debruçou-se sobre ela, que murmurou:
    ‒ Estou bem... mas acho que vou vomitar.
    ‒ Só você? ‒ disse Rony ‒ adivnha o que o Harry está fazendo neste minuto?
    Depois de alguns minutos, eles se ergueram e olharam para a moto que acelerou e morreu diversas vezes.
    ‒ Ótimo, vira latas! ‒ disse Rony ‒ Você nos trouxe para um beco sem saída.
    ‒ Não é um beco sem saída ‒ Hermione respondeu ‒ Eu vi Sheeba chegar aqui pelo olho do tigre... isso é uma barreira como a da plataforma 9 ½ ... Depois dela o olho de tigre apagou.
    ‒ Vamos entrar logo então! Harry correu em direção à barreira e a atravessou. Rony e Hermione fizeram o mesmo. Hermione viu que seu olho de tigre apagava também. Quando chegaram em frente à porta havia um bilhete flutuando no ar:
    “SIGAM AS INSTRUÇÕES!”
    ‒ Isso deve ter sido Sheeba ‒ disse Harry ela deve saber que viríamos atrás deles.
    Foram descendo a escada e encontrando bilhetes iguais que diziam palavras mágicas como “impedimenta”, que eles iam repetindo e desarmando feitiços que eles nem viam às vezes. Muito rapidamente chegaram ao lugar com os dois corredores. Um bilhete dizia: “PRIMEIRO À DIREITA ‒  FINJAM NATURALIDADE AO ENTRAR PELA PORTA VERDE E SAIAM DA SALA PELA PORTA DO ARMÁRIO”
    ‒ Ótimo!‒ Disse Rony animado.‒ Ela nos deixou instruções!
    ‒ Como na história de João e Maria, disse Harry, rindo.
    ‒ Que história é essa?
    ‒ Esquece ‒ Harry falou ao lembrar que na história de João e Maria a Bruxa era má.
    Entraram pela porta verde e havia um homem, um trouxa, limpando a sala:
    ‒ Ei, vocês vão arruinar minha limpeza! Já não basta um maluco ter soltado uma bomba aqui hoje de tarde?
    ‒ Tudo bem‒ disse Harry‒ nós só queremos entrar no armário.
    O homem observou eles entrarem na porta do armário e então sacudiu a cabeça:
    ‒ Ei vocês não podem entrar... ‒ abriu a porta e descobriu que os três adolescentes tinham simplesmente sumido.

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