RATOS!



Harry, Rony e Hermione tentavam disfarçar para não chamar atenção de ninguém. Harry tinha a capa de invisibilidade oculta dentro do peito. Estavam sentados no salão comunal de Grifinória, imaginando o que iam fazer para sair dali sem serem vistos. Todos os alunos haviam sido terminantemente proibidos de sair de suas casas, e isso os deixava presos no salão, longe das duas passagens que poderiam levá-los  para fora de Hogwarts. O sol se punha lentamente atrás das montanhas em volta. Então, Hermione começou a pôr o plano em ação. Levantou-se da poltrona onde estivera e discretamente, pôs um feitiço na caneca de chocolate quente que Neville tomava (perdão, Neville, pensou, ainda bem que você concordou). Imediatamente o líquido dentro da caneca explodiu e Neville ficou coberto de chocolate quente, que Hermione esfriara o suficiente para apenas molhá-lo
    Imediatamente a Professora Minerva apareceu, vinda de sua sala, dizendo:
    ‒ Mas o que? Longbotton, como você consegue destruir tanto as coisas? Vamos, eu vou levá-lo para Madame Pomfrey para que ela veja se você se machucou. ‒ Mais que depressa, Harry que já havia se vestido com a capa de invisibilidade quando todos estavam assustados com Neville, saiu atrás dos dois, passando junto com eles pelo buraco do retrato. Minutos depois, viu a professora Minerva voltar para sua sala. Harry ficou esperando então que Neville voltasse. Cerca de dez minutos depois Neville passou por ele, que agradeceu sussurando e abriu o buraco do retrato. Hermione e Rony saíram bem a tempo de Harry cobrí-los com a capa e evitar que a Mulher gorda visse que eles haviam saído.
    ‒ E agora? ‒ perguntou Rony‒ Qual passagem usamos?
    ‒ A do salgueiro lutador é a mais indicada ‒ disse Harry ‒ a outra pode ter algum professor ou o Filch por perto. Obrigada por ter usado seu charme em Neville para fazê-lo aceitar, Hermione...
    ‒ Vamos rápido, Harry.
    Saíram do castelo pé ante pé sob a capa de invisibilidade como já haviam feito outras vezes antes (deja vù, pensou Harry de novo) Passaram por trás de Hagrid, que guardava o castelo pelo lado de fora e se aproximaram lentamente do salgueiro lutador, antes procurando um galho comprido o suficiente para tocar o nó que paralisava o salgueiro. Ao encontrarem, Rony tirou um braço de dentro da capa e esticou o galho até tocar no nó. O salgueiro parou e os três entraram rapidamente pela passagem. Ao livrarem-se da capa, desataram a correr pela passagem que saía na casa dos gritos.
    
    Sirius olhou desconfiado para os espelhos dentro da sala, que era circular. A porta atrás de si  fechou-se com um estrondo, tornando-se também um espelho. Entre os objetos mágicos mais perigosos que conhecia estavam os espelhos mágicos, capazes de mexer com as vontades, os medos e as frustrações, capazes de enlouquecer, de confundir. Ele olhou a sala e constatou que havia espelhos não só nas paredes como no teto e no chão. Quem fizera aquela sala tinha a intenção de fazer qualquer feitiço usado dentro da sala voltar-se contra quem o conjurara. “Pense, Sirius” ele pensou... e viu que ali simplesmente não conseguia raciocinar. Olhou para um dos espelhos e surpreendeu seu próprio olhar. Mas não era ele agora.
    Viu-se aos dezesseis anos  dançando num baile em Hogwarts, com Sheeba. Virou-se rapidamente e se viu em outro espelho, no fundo de uma cela em Azkaban, os olhos insanos encarando-o. Fechou rapidamente os olhos (pense, Sirius). Abriu-os de novo e reviu o dia que surpreendera Rabicho em um beco. Fechou-os de novo rapidamente (Pense! Pense! PENSE, DROGA!) Então, antes que seu raciocínio fugisse, transformou-se em cão. Abriu os olhos e viu que todos os espelhos refletiam a mesma coisa: um cão. Só então conseguiu ler uma inscrição que rodeava toda a sala: “CADA ESPELHO É UMA PORTA, CADA PORTA É UM ESPELHO. A PORTA CERTA É SUA PIOR ESCOLHA”. Tinha que voltar à forma humana.
    Sirius ergueu os olhos lentamente para cada espelho. Cada um deles tinha uma cena de que se recordava... uma cena da infância, quando recebia a carta de Hogwarts, uma cena da adolescência, com Sheeba, e cenas posteriores. Olhou para a cena em que surpreendia Pedro Pettigrew. Talvez aquela fosse sua pior escolha, afinal foi a que o levou a Azkaban... então prestou atenção no espelho anterior, que mostrava uma tarde muito bonita, antes da morte de Lílian e Tiago. Ele estava sentado diante dos dois, o pequeno Harry estava sentado nos seus joelhos, brincando com os botões de sua jaqueta... sua cabeça se iluminou e ele correu para este espelho: aquela cena era do dia em que convencera Lílian e Tiago a deixar Pedro Pettigrew ser seu fiel do segredo.

    ‒ Muito bem, Hermione, o que a gente faz agora, já que você tem um plano ‒ Rony perguntou, estavam dentro da casa dos gritos, em Hogsmeade.
    Hermione tirou a chave da casa de Sheeba da mochila e pediu que dessem as mãos. Girou-a e em um instante estavam dentro da casa de Sheeba.
    ‒ Intrusos! ‒ era a voz de Smiley, o elfo doméstico que vinha correndo na direção deles, a fúria nos olhos azuis gigantescos.
    ‒ Smiley! Sou eu, Harry!
    ‒ Harry? Harry Potter? Ah, sim perdões perdões senhor, Smiley é um elfo mau ‒ Harry já conhecia muito bem este tipo de imprecação, Dobby, o elfo doméstico que era seu amigo fazia-as o tempo todo.
    ‒ Muito bem, o que os senhores querer? ‒ Harry e Rony olharam para Hermione, afinal, o plano era dela.
    ‒ Smiley ‒ disse Hermione ‒ Precisamos que você nos mostre onde fica a garagem.

    Sirius entrou pela porta em um corredor escuro de paredes úmidas, como os corredores de Azkaban. Do teto pendiam grandes  fios de musgo negro, todo ele cheirava a mofo. Mal dava para enxergar um passo a sua frente.
    ‒ Lumos! ‒ As paredes iluminadas mostravam centenas de insetos andando juntos, baratas, traças, lacraias. Sirius avançava com os olhos fixos à sua frente. O corredor era reto, e não dava para ver nada a sua frente. De repente o chão cedeu debaixo de seus pés, e ele deslizou por alguns minutos, até que caiu numa câmara circular com paredes de pedra. A câmara era alta como um silo de moinho, e ele viu que as paredes eram cheias de buracos exatamente iguais aos de onde ele caíra. A câmara parecia totalmente deserta, mas ele sentia o cheiro de Rabicho, sentia o seu cheiro azedo de rato. Uma névoa fria e estranhamente escura cobria o chão.
    Um guincho alto e agudo ecoou pela câmara. Sirius sentiu que o chão tremia. Imediatamente de cada buraco na parede começaram a cair dezenas, centenas, milhares de ratos gordos e negros, alguns do tamanho do antebraço de um homem adulto. Rapidamente, eles começaram a correr na direção de Sirius, que apontou a varinha para o chão e gritou:
    ‒ Aeros! ‒ Imediatamente ele levitou cerca de três metros, perscrutando em volta para saber de onde viera o guincho de Rabicho, o que era inútil, pois agora se ouvia guinchos por todos os lados.
    ‒ Expelliarmos! Disse uma voz nas sombras. A varinha de Sirius voou de sua mão e ele despencou do ar, ainda balançou cerca de um segundo, porque vestia a veste mágica de Sheeba e então caiu no chão, de costas. Antes que  pudesse fazer qualquer coisa, centenas de ratos o cobriram. Ele ainda viu um homem saindo de uma capa de invisibilidade num canto da câmara. Então, tudo ficou escuro.

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