O OLHO DO TIGRE



Hermione estava na biblioteca, parada diante de um livro fechado: “IDENTIFICANDO TOQUES PREMONITÓRIOS” que finalmente achara na biblioteca. Algo fazia com que ela não sentisse a mínima vontade de abrí-lo... neste instante aconteceu algo que ela já esperava. Sheeba entrou na biblioteca e sentou-se bem na sua frente na mesa.
    ‒ Olá, Hermione.
    ‒ Hum, Oi, Sheeba!
    ‒ Eu acho, e não é pressentimento, que você está com um ciúme bobo de mim.
    ‒ Ciúme? Não eu...
    ‒ Não sabe se gosta ou não de mim, certo?
    ‒ Na verdade eu gosto de você, mas você me incomoda... desde que você chegou aqui hoje eu sei que está fazendo tipo para tocar o maior número possivel de pessoas e descobrir algo sobre quem pôs o feitiço em Harry...
    ‒ Se bem que você acha estranho porque quem fez o feitiço provavelmente não vai se deixar tocar por mim sem um feitiço de confusão idêntico. E você está certa. Eu não vim aqui apenas para isso.
    ‒ Não?
    ‒ Não. Eu vim lhe entregar isso ‒ Sheeba tirou do pulso uma jóia. Era uma jóia com duas grandes pedras amarelas com o centro negro, lembrando olhos, engastadas e unidas por duas fileiras de grossas correntes de prata. Sheeba separou os dois olhos, e agora tinha na mão duas pulseiras idênticas. Pôs uma no seu pulso, virada para fora, e a outra fechou em volta do pulso de Hermione, com o olho voltado para a parte de dentro de seu pulso. ‒ Olhe dentro da pedra, Hermione.
     Hermione olhou a jóia e fascinada viu um reflexo dentro da pedra... viu a si mesma, só que por outro ângulo... em primeiro plano via Sheeba, como se visse o que a pedra dela refletia.
    ‒ Com essa jóia, Mione, você vai saber sempre onde estou e o que estou fazendo. Quando não conseguir ver meu reflexo, é porque estou fazendo algo que não lhe diz respeito, e desativei a pedra. Para fazer o mesmo, gire a pedra assim ‒ Sheeba girou a pedra para a direita no engaste ‒ e eu não poderei ver você.
    ‒ Porque você está me dando isso? Harry é que é seu afilhado, por que não ele?
    ‒ Eu poderia dizer que estou fazendo isso porque Harry já tem coisas demais para se preocupar, o que é verdade. Ou talvez, porque quero conquistar a sua amizade, o que também é verdade... que estou te dando isso porque você é uma garota, afinal eu sei que garotas amadurecem antes dos rapazes... você não é mais uma menina, não é mesmo? Mas na verdade Hermione, o que acontece é que eu te escolhi para dar essa pedra, conforme a recebi de Viviane Lake quando tinha exatamente a sua idade, porque eu sei que você foi a primeira a perceber que Sirius era inocente, ao olhar para ele, mesmo lutando contra o que sua razão dizia.  Lembra que você  foi a primeira a perceber que Sibila Trelawney era uma farsa?... quando Harry ganhou uma firebolt de presente, você soube que era presente de Sirius, você também viu nos olhos de Lupin que ele escondia alguma coisa, e descobriu o que era... dizem que você é esperta... e você é. Mas você sabe que há algo mais, não sabe? Quando você olha nos olhos de alguém, você sabe, e você está exatamente na idade em que esse dom se desenvolve...
    Hermione olhou nos olhos de Sheeba e soube. Séria, esperou que Sheeba dissesse o que já sabia:
    ‒ Hermione, você é uma  farejadora da verdade.
    Hermione olhava Sheeba com os olhos totalmente arregalados. O pior era que agora, fazia realmente sentido, não era só esperteza. Hermione realmente sabia que tinha o dom.
    ‒ Sheeba, e quando eu achei que o professor Snape estava tentando matar o Harry?
    ‒ Na verdade, você ainda não sabia usar seu dom, mas você sabia que o Snape estava escondendo alguma coisa, não sabia?
    ‒ Acho que eu sabia... Mas agora não sei o que eu faço com esse dom.
    ‒ Hermione, eu estou em Hogwarts para te dizer que eu vou treinar seu dom. Vou ser sua mentora.
    ‒ Você vai dar aula aqui?
    ‒ Na verdade não. Você vai ter aulas particulares comigo. O seu dom não é como o meu. Em pouco tempo creio que ele vai estar totalmente desenvolvido, e você vai estar pronta. Quero te pedir uma coisa: abra o livro que você tem na frente. Procure na página “Premonitores identificados por categoria”, agora veja em “farejadores”, letra G.  ‒ Hermione deu um grito. “Granger, Hermione” ‒ Seu nome acabara de aparecer escrito no livro.
    ‒ Para você ter aulas, eu preciso te dar a chave da minha casa. ‒ Disse entregando a Hermione uma chave idêntica a que possuía. Todos os sábados, às oito e meia, gire esta chave na fechadura e você vai ser transportada para minha casa. Obviamente saia de Hogwarts para conseguir isso, você leu “Hogwarts, uma história” e sabe perfeitamente que não se pode usar este tipo de artefato aqui dentro. Peça para Hagrid escoltá-la até fora do portão da escola, certo? Eu já combinei com ele e na hora de voltar ele vai esperar você lá. Começamos este fim de semana. Agora vamos descer. Preciso encontrar Harry.
    ‒ Você leu “Hogwarts, uma história”, Sheeba?
    ‒ Li. Rony também já leu, mas ele finge que não, só para irritar você...
    ‒ Eu gostaria de saber porque ele faz isso...
    ‒ Tem certeza que você não sabe, Hermione?
    Desceram rapidamente, para encontrar Rony e Harry subindo a escada para a biblioteca.
    ‒ Harry, precisamos conversar... ‒ Sheeba agora estava séria, do mesmo modo que Sirius quando havia algo realmente sério a dizer. ‒ Hermione e Rony podem vir também. Vamos para aquela sala vazia ali.
    Entraram numa sala à esquerda do salão principal, Sheeba começou a explicar-lhes o que descobrira:
    ‒ Alguns alunos estão previsivelmente sob feitiço de confusão, Crabbe, Goyle, Malfoy.
    ‒ Então Malfoy não vai ficar impotente aos trinta anos? ‒ Rony pareceu decepcionado. Sheeba riu e prosseguiu:
    ‒ Também alguns professores, a maioria que eu sinceramente não esperava: Minerva, Sprout,  Madame Pomfrey... até Hagrid! acho que ninguém por aqui confia muito em mim.
    ‒ E Snape? -Harry perguntou
    ‒ Também está sob feitiço. Eu não esperava isso dele, sinceramente. E acho que ele vai  para Londres, foi a única coisa que eu pude sentir...
    ‒ Então ele que vimos na penseira! ‒ Hermione lembrou.
    ‒ Não sei. Vou declarar a meus chefes que a investigação foi inconclusiva. Por enquanto fiquem por aqui e vigiem... Só mais uma coisa... Harry, onde você corta o cabelo?
    ‒ Aqui mesmo, com Madame Pomfrey. Por quê?
    ‒ Sabe para onde vai o cabelo depois de cortado?
    ‒ Que eu saiba, para o lixo.
    ‒ Rony, Hermione, vocês tem cortado o cabelo aqui?
    ‒ Bem, há mais de dois meses que eu não corto o cabelo... o meu não cresce tanto quanto o de Harry... e você, Hermione?
    ‒ Estou deixando meu cabelo crescer. Qual o problema com cortes de cabelo?
    ‒ Isso é que deve ser vigiado: para fazer um feitiço de confusão, é preciso ter uma mecha de cabelo, não um fio, como para poção polissuco, mas uma mecha.
    ‒ Isso torna Madame Pomfrey bastante suspeita. ‒ Rony disse ‒ Como é um feitiço de confusão Sheeba?
    ‒ Lembra que eu disse que ele tem uma durabilidade? O feitiço consiste em pegar uma mecha de cabelo e congelá-lo dentro de uma poção especial. O gelo não é como um gelo comum, demora muito mais para derreter, dependendo do tamanho do feitiço, ele pode durar até dez anos, na temperatura ambiente. Quando o gelo acaba de derreter, o efeito do feitiço cessa.
    ‒ Se é assim, onde estará este gelo com meu cabelo?
    ‒ Pode estar em qualquer lugar, mas acredito que esteja aqui,  Harry. Eu vou para casa, qualquer coisa, comuniquem Hermione. Ela sabe como me achar, certo?
    Harry e Rony olharam desconfiados para Hermione, que sustentou o olhar de uma forma nova.
    Ao despedirem-se de Sheeba, no grande salão, ela deu beijocas nas bochechas nos três, e, quando estava exatamente beijando Harry, Cho Chang passou e Harry notou chateado que ela era a única garota em Hogwarts que não tomara conhecimento da presença de Sheeba.
    ‒ Cuide-se, e não se meta em encrenca.
    ‒ Você não é a pessoa mais indicada para dizer isso, Sheeba. ‒ Disse Hermione sem sentir.
    Sheeba riu e virou-se para ir embora, a capa esvoaçando atrás de seu vulto. Um grupo de alunos da Sonserina abriu um clarão no exato instante em que ela passou.
    ‒ É ‒ disse Harry ‒  acho que Malfoy já espalhou sua história... lá se vai a popularidade da minha madrinha...
    ‒ Ô mulherão ‒ disse Rony, bem a tempo de levar um safanão de Hermione.
    Quando Sheeba chegou à entrada do castelo, encontrou Alvo Dumbledore que acabara de chegar de Londres. Harry, Rony e Hermione observaram de longe ele e Sheeba conversarem  por alguns minutos, e Sheeba sair correndo apressada em direção à saída.

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